quarta-feira, 23 de maio de 2012

Silêncio de Cachoeira serve a quem?

Por Altamiro Borges

O mafioso Carlinhos Cachoeira comparecerá hoje para depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura seus esquemas criminosos e suas ligações com políticos, empresários e setores da mídia. Seus advogados já anteciparam que ele permanecerá “calado”. Eles até tentaram adiar o depoimento, mas o ministro Celso de Melo, do STF, negou o pedido de habeas corpus.

O ex-demo Demóstenes Torres e o sargento Idalberto Matias, o Dadá, peça-chave no esquema mafioso, também já anunciaram que permanecerão em silêncio quando forem convocados pela CPMI. “Qualquer coisa que ele falar vai servir para incriminá-lo”, reconhece Leonardo Gagno, advogado do policial. Demóstenes tomou chá de sumiço; nem posta mais mensagens no seu twitter.

"Um silêncio retumbante, gritante"

Diante desta estratégia, os parlamentares que integram a CPMI pretendem provocar o mafioso na sessão de hoje. “A ideia entre os senadores e deputados é fazer afirmações em vez de se restringir a perguntas. Eles acreditam que, assim, Cachoeira tende ao menos a se esforçar para desmentir o que considerar inverdades”, revela o jornal O Globo de hoje.

“Nosso empenho será para que o silêncio dele seja retumbante, gritante, confirmando as perguntas assertivas que vamos fazer sobre suas atividades ilícitas. Serão perguntas com afirmações. Assim, na medida em que se cala diante de fatos contundentes, ele os está aceitando, assimilando, abrindo mão do direito de se defender”, afirma o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).

“Cachoeira pode até não falar algo que entenda que possa incriminá-lo, mas acredito que ele irá falar. Se não falar, quando não rebate uma afirmação, a dá como certa”, acrescenta Paulo Teixeira (PT-SP). Com certeza, o silêncio do mafioso provocará muito barulho hoje no Congresso Nacional. Demóstenes Torres, Marconi Perillo, Policarpo Junior, Bob Civita e muitos outros amigos de Cachoeira sabem disto!


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