quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Depois do desfile, Esplanada é tomada pela marcha; ministro da Justiça apoia movimento contra corrupção

 

Camila Campanerut
Do UOL Notícias
Em Brasília

 

 

Foto 1 de 24 - Presidente Dilma Rousseff assiste ao desfile cívico-militar de 7 de setembro acompanhada do neto Gabriel, e da filha, Paula, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília Fabio Rodrigues/Agência Brasil

Depois de quase 2h de desfile cívico-militar em homenagem ao Dia da Independência, a Esplanada dos Ministérios começou a ser tomada por milhares de manifestantes que participavam da marcha contra a corrupção. Apesar de considerar que o ato não poderia interferir na programação oficial, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, considerou a manifestação como “legítima”.

“O desfile tradicional é uma coisa programada, organizada. É legítima a mobilização pela democracia. É um dever [do governo] combater a corrupção. A presidente da República respalda isso”, afirmou o ministro petista pouco antes de sair da tribuna de onde acompanhava o evento.

Mesmo sob o calor de 30ºC e a umidade relativa do ar beirando os 15%, milhares de manifestantes vestidos de preto com narizes de palhaço não se sentiram impedidos de expressar sua indignação com os sucessivos escândalos políticos que ocorrem nos últimos anos nos palácios que compõem a Esplanada. A marcha realizada em Brasília é a primeira e a maior organizada pela internet, via a rede social, Facebook.

O caso da deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF), que escapou recentemente da cassação e a saída de três ministros --Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes) e Wagner Rossi (Agricultura) por suspeita de corrupção foram algumas das principais críticas tratadas no protesto.

RDC

Entre os mais de 30 ministros presentes, o titular da Pasta do Esporte, Orlando Silva, que também terá de lidar com multidões com a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas, não demonstrou preocupação com o anúncio do procurador geral da República, Roberto Gurgel, de que entraria com uma ação no Supremo Tribunal Federal pela inconstitucionalidade da nova lei sancionada pela presidente, o RDC (regime diferenciado de contratações).

“O Brasil vai fazer a Copa seguindo a lei vigente no país. Hoje, o RDC é a lei sancionada pela presidente. Nós propusemos o RDC porque estávamos convencidos de que era uma boa medida”, defendeu Silva. O ministro não quis comentar a possibilidade de se iniciar as obras dentro do modelo anterior ao RDC.

Recursos para Saúde

Os ministros Edison Lobão (Minas e Energia) e Alexandre Padilha (Saúde) reforçaram o discurso feito ontem (6) pela presidente de que a discussão sobre mais recursos para a saúde preocupa o governo federal. Lobão destacou que o Planalto estuda outras medidas em curto e médio prazos, sem contar diretamente com a possibilidade de utilizar os lucros da produção de petróleo da camada pré-sal.

“[Usar os recursos do pré-sal] é uma solução distante. O pré-sal só vai produzir daqui a sete, oito anos. Estamos falando de recursos que não existem hoje, só daqui a sete, oito anos. A saúde precisa de recursos já e o governo está preocupado com isso”, afirmou Lobão.

O ministro da Saúde disse que espera que a discussão sobre o projeto possa ser concluída no Congresso Nacional. Na Câmara dos Deputados, tramita a proposta que regulamenta a emenda 29, a que fixa percentuais mínimos a serem investidos no setor pela União, Estados e municípios. “Confio no Congresso Nacional para garantir a aprovação de regras estáveis e fontes de recursos para a saúde”, resumiu Padilha.

Os líderes partidários da Câmara marcaram para o próximo dia 28 a tentativa de retomar a apreciação do tema em plenário. O principal entrave é criação de um novo imposto para destinar recursos para a saúde, uma versão “renovada” da CPMF - o antigo imposto do cheque. Ainda não há uma posição unânime nem do governo nem da oposição para o assunto

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