domingo, 26 de janeiro de 2014

Morre em PE Bruno Maranhão, um dos fundadores do PT

 

Por Ângela Lacerda | Estadão Conteúdo

Um dos fundadores do PT, o engenheiro mecânico Bruno Maranhão, morreu neste sábado (25), no Recife, aos 74 anos. Seu corpo foi cremado na manhã de hoje, no Cemitério Morada da Paz, no município metropolitano de Paulista.

Ele estava hospitalizado havia duas semanas e morreu por falência múltipla dos órgãos. Passou os últimos dias sedado e respirava com ajuda de aparelhos. Militante histórico da esquerda política, Maranhão pertencia a uma tradicional família de usineiros da zona da mata pernambucana, mas desde jovem passou a defender a causa popular e teve sua vida misturada à ação pela reforma agrária.

Militante do Partido Comunista Revolucionário Brasileiro (PCBR) no final da década de 60, lutou contra a ditadura militar, foi exilado - morou na França - e no seu retorno, em 1979, se dedicou à fundação do PT e do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), uma dissidência do MST (Movimento dos Sem-Terra).

O espírito de luta, a coragem, a coerência e a determinação de Bruno Maranhão foram destacadas por políticos e militantes de diferentes partidos, no velório. "Fui visitar Bruno na sua casa, há pouco mais de um mês, e ele, já muito debilitado, mal falava", contou o deputado federal e ex-presidente do PT-PE Pedro Eugenio, que, antes de deixar a residência, recebeu dele a recomendação: "segure firme". "Isto era Bruno, este era o seu espírito de luta".

O dirigente do MST, Jaime Amorim, destacou a dedicação de Maranhão a uma causa oposta a da sua família, dona de terras e de plantações de cana de açúcar. "Ele abdicou das vantagens da sua classe para dedicar sua vida à causa da reforma agrária, o que foi muito nobre", afirmou. Juntos, participaram da invasão da Usina Salgado, uma das mais produtivas de Pernambuco, em 2007, exigindo desapropriação por desrespeito ao meio ambiente.

Em junho de 2006, Maranhão foi um dos protagonistas da invasão de movimentos sem terra à Câmara dos Deputados, que resultou na sua prisão e de 40 integrantes do MLST. A principal reivindicação era a votação imediata da PEC do Trabalho Escravo.

"Ele formulava e executava", observou o vice-presidente do PT-PE, Bruno Ribeiro, advogado da reforma agrária por mais de 20 anos. "Tínhamos uma boa relação e admirava nele a junção de militante partidário e de defensor da causa social, o que é raro na política hoje".

Sua última atuação pública ocorreu em 2011, quando participou da Marcha da Reforma Agrária do Século 21, realizada pelo MLST, que percorreu 250 quilômetros entre Goiânia e Brasília. A marcha, iniciada em 21 de agosto, foi encerrada no dia 5 de setembro e reivindicava a implementação de empresas agrícolas comunitárias como alternativa ao modelo de reassentamento de reforma agrária no País.

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