quarta-feira, 8 de maio de 2013

Sindipetro-SP, centrais e movimentos sociais realizam ato nesta quinta-feira na Paulista contra leilões do petróleo

 

08/05/2013

“Nosso petróleo deve ser explorado pela Petrobrás. Leilão é retrocesso”, afirmou Vagner Freitas

Escrito por: Leonardo Wexell Severo

O Brasil diz não aos leilões do petróleo

O Brasil diz não aos leilões do petróleo

Centrais sindicais e movimentos sociais realizarão um ato público em frente à sede da Petrobrás, na avenida Paulista, 901, nesta quinta-feira (9), a partir das 10 horas, contra a 11ª Rodada de leilão de petróleo.

Convocada pela Agência “Nacional” do Petróleo (ANP) para os próximos dias 14 e 15 de maio, a rodada vai leiloar 289 blocos, em 11 bacias sedimentares que, conforme cálculos da própria ANP, possuem 30 bilhões de barris, um patrimônio da ordem de três trilhões de dólares. Quanto a Agência pretende arrecadar? Um bilhão de dólares.

“Apenas em três destas bacias, localizadas no Pará, Maranhão e na Foz do Amazonas existem cerca de 30 bilhões de barris, mais do que o dobro das reservas provadas pela Petrobrás ao longo de décadas”, alertou o petroleiro Roni Barbosa, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), condenando “a alienação da soberania nacional ao cartel estrangeiro”. Vale lembrar, salientou Roni, que as multinacionais nunca construíram uma única plataforma no Brasil e são contrárias a priorizar o conteúdo nacional na indústria petrolífera, “só pensam mesmo é em ampliar a exploração, seja das nossas riquezas naturais ou da mão de obra, tudo para transferir recursos para as suas matrizes lá fora”.

Como a Petrobrás está em fase de grandes investimentos, “pois tem que explorar blocos já arrematados, desenvolver campos já descobertos e investir em refinarias, oleodutos e gasodutos para abastecer o país” - uma vez que é a única que assume esta responsabilidade - ela pouco poderá participar desta rodada, explicou Paulo Metri, conselheiro do Clube de Engenharia.

“Compreendemos que o petróleo é um bem público, estratégico ao desenvolvimento nacional, e que não pode ser entregue às transnacionais. O próprio fato de haver mais de 60 grupos transnacionais habilitados para participação do leilão, com a Petrobrás debilitada neste momento para intervir, dá a dimensão do problema, pois são áreas extremamente lucrativas, de comprovada riqueza”, advertiu o presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas.  “Não dá para aceitar que a Petrobrás tenha feito todo o trabalho e que agora, quando é o momento de colocar o fruto de tantos anos de pesquisa e empenho em favor do povo brasileiro, seja deixada para trás pela ANP para beneficiar gigantes como a Shell, Chevron, Exxon e British Petroleum. Esse petróleo é do povo brasileiro”, sublinhou Vagner.

“NÃO HÁ JUSTIFICATIVA”

Conforme Luiz Felipe Grubba, da direção do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo, “o leilão significa um retrocesso para o povo brasileiro, pois são áreas com as maiores expectativas possíveis”. “Não há justificativa para entregar nas mãos das transnacionais tamanha riqueza. É um potencial imenso que deve ser utilizado para gerar emprego de qualidade, garantir salário digno, investir em saúde, educação, reforma agrária e moradia”, acrescentou Gruba.

Para o presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil, Ubiraci Dantas, "o objetivo de colocar à venda tamanho volume de petróleo é prejudicar a participação da Petrobrás e entregar o óleo para as multinacionais". “O leilão se dará com base na Lei 9.478, implantada pelos tucanos, que tira a propriedade do país e dá para quem produz", condenou.

“Por esta lei, quem descobre petróleo é o dono dele e faz dele o que bem quiser”, acrescentou Paulo Metri, lembrando que “nenhuma empresa estrangeira demonstra interesse em construir refinarias no país, quer seja para abastecer o mercado interno ou exportar derivados, como também não tem intenção de vender o petróleo produzido à Petrobrás”. Então, explicou, fica claro que o objetivo do cartel transnacional é “unicamente exportar o petróleo in natura”.

Além dos 14 bilhões de barris que já possui, a Petrobrás descobriu mais 54 bilhões de barris na camada do pré-sal, o que garante ao país uma autossuficiência de mais de 60 anos. Diante disso, defendem as entidades, a prioridade deve ser produzir o petróleo que já foi descoberto, investir em refino de derivados (gasolina, querosene, diesel etc.) e no desenvolvimento do Brasil.

O coordenador da FUP, João Antonio Moraes, recordou que desde 2008, após muita luta e pressão dos movimentos sociais, o governo brasileiro havia suspendido os leilões do petróleo”. “Ao retomar essa agenda, equivocadamente, o governo atende aos anseios das multinacionais, ávidas por abocanhar nossas valiosas reservas de óleo e gás”, concluiu Moraes.

PETROBRÁS X PETROBRAS

Há diferenças imensas entre a nossa Petrobrás (com acento na sua grafia) e a Petrobras do mercado (sem acento e que quase virou Petrobrax). A Petrobrás que defendemos é uma empresa 100% pública e estatal, com compromisso social. A Petrobras do mercado (sem acento) é aquela que aplaudiu o fim do monopólio; que afundou a P-36, matou trabalhadores e provocou os maiores desastres ecológicos que o país já viu; que retalhou a companhia através da Transpetro e da Refap SA; que puniu e perseguiu trabalhadores, investindo em uma política de RH autoritária e discriminatória, entre tantas outras mazelas que ainda hoje encontram eco em parte significativa do corpo gerencial da companhia.

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