O deputado Emiliano José (PT-BA) destacou em plenário, ontem, duas matérias jornalísticas que revelam um caráter obscuro da presença da empresa Chevron no Brasil, responsável pelo recente vazamento de óleo na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. A edição desta semana da revista Carta Capital, além de relatar as tentativas da empresa de mascarar a dimensão do vazamento e de esconder informações estratégicas à sociedade e ao governo, mostra relações escusas entre o PSDB e a empresa.
O petista destacou trechos da matéria, segundo a qual, o site Wikileaks vazou, em dezembro do ano passado, um documento revelador de relações íntimas entre o PSDB e a Chevron, mais especificamente, entre o ex-governador José Serra e a empresa. O documento é um despacho diplomático enviado em 2009 da Embaixada dos EUA para o Departamento de Estado em Washington.
O site revela conversa entre José Serra e Patrícia Pradal, diretora de Desenvolvimento de Negócios da Chevron Brasil, que demonstram a preocupação da petroleira com as mudanças do marco de exploração do pré-sal. Emiliano José destacou, a partir da publicação, que “Serra, obsequioso com os americanos, como sempre em tempos recentes, e alimentando a expectativa de ser eleito presidente, deu esperanças à Chevron: deixa esses caras (do PT) fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava, e nós mudaremos de volta”.
Emiliano também ressaltou trechos do livro “Crime de Imprensa, um retrato da mídia brasileira murdoquizada”, de Palmério Dória e Mylton Severiano, que reproduz matéria publicada pelo jornal fluminense Correio do Brasil, de 14 de maio de 2011, cuja manchete foi: “Serra ia entregar Pré-Sal à exploração norte-americana”. No texto, há detalhes sobre as tratativas que levariam ao predomínio privado no pré-sal na hipótese de vitória do tucano.
No despacho diplomático, segundo o Correio do Brasil, consta que a executiva da Chevron, Patrícia Pradal, relatou a conversa com Serra ao representante de economia do consulado dos EUA no Rio. O cônsul Dennis Hearne repassou as informações no despacho e fez uma pergunta: “A indústria do petróleo conseguirá derrubar a lei do pré-sal?”.
“Não conseguiu”, disse Emiliano. “O Brasil soberano de agora não é o mesmo da época de Fernando Henrique Cardoso, o povo brasileiro esteve sempre alerta nos últimos tempos, e elegeu Dilma em 2010 para levar à frente o terceiro mandato de um projeto que está mudando o Brasil e que, nesse caso, sempre procurou fortalecer a Petrobras”, completou.
Para o petista, após a revelação desse episódio, fica mais fácil entender a dedicação do PSDB em tentar evitar as mudanças nas regras de exploração do pré-sal e o esforço do governo Fernando Henrique Cardoso para privatizar a Petrobras.
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