domingo, 31 de março de 2013

Nos distinguimos por aplicar modelos de desenvolvimento econômico com inclusão social, afirma Dilma

 

Dilma Rousseff discursa durante café da manha em homenagem aos chefes de Estado e de Governo dos Brics. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante café da manhã em homenagem aos chefes de Estado e de Governo e empresários dos BRICS, oferecido pelo Presidente da África do Sul, Jacob Zuma - Durban/África do Sul

Bom dia a todos.

Queria cumprimentar presidente Zuma, presidente Putin, presidente Xi Jinping, ministro Sharma, senhor Davies – ministro da Indústria e Comércio da África do Sul, senhoras e senhores ministros de Estado e senhoras e senhores empresários.

O Brasil saúda, com grande satisfação, o lançamento do Conselho Empresarial dos Brics. A criação desse Conselho complementa os nossos esforços, dos governos que integram os países Brics, para empreendermos a discussão dos principais temais globais. O Conselho é, sem dúvida, um mecanismo muito inovador e vai contribuir para a consolidação de uma comunidade de negócios entre nossos países. Essas relações já vêm existindo de forma espontânea, o Conselho permitirá que elas se expandam e ultrapassem esse padrão inicial. O Conselho surge num momento marcado por profundas mudanças econômicas que tornam os países Brics, em particular, atores fundamentais para o futuro da economia mundial.

Pela primeira vez, em 2012, os países em desenvolvimento atraíram mais investimentos externos diretos do que os países desenvolvidos. Somente os países Brics receberam US$ 263 bilhões em investimentos, o equivalente a 20% dos investimentos externos diretos. O Brasil ficou na quarta posição, recebeu em torno de US$ 65 bilhões. Os países Brics, nós somos detentores de consideráveis reservas internacionais, que se situam na faixa de US$ 4,5 trilhões. Resistimos à crise global, que afeta os mercados dos países desenvolvidos, com políticas que reforçam nossa capacidade e nossa estabilidade econômica, nossa capacidade de crescimento. Das 500 maiores empresas do índice da revista Fortune em 2012, 96 originavam-se nos países Brics. Nosso intercâmbio comercial com o mundo cresceu 482% nos últimos dez anos, alcançando a cifra de 6 trilhões. No mesmo período, as vendas intraBrics cresceram 944%, chegando ao montante de US$ 282 bilhões. Nós também temos vendas intrabloco bastante significativas, por isso a importância do aprofundamento dos nossos laços econômicos e comercias é uma realidade cada vez mais presente, presente para os países e para as empresas. No caso, presente para o Brasil e para as empresas brasileiras.

Acreditamos que os países Brics vêm participando de projetos de infraestrutura, de energia, na área da agricultura e na área da cooperação científica e tecnológica. Nós, da nossa parte, estamos procurando renovar e expandir a infraestrutura brasileira, e assim como a China tem um projeto de infraestrutura, o Brasil também tem um projeto bastante significativo, em torno de US$ 250 bilhões. Várias empresas de outros países estão atuando no Brasil, eu queria citar a sul-africana Airports Company South Africa, que dá uma contribuição para a modernização e ampliação do aeroporto de São Paulo, como sendo uma dessas participações em andamento.

O Brasil, por sua vez, tem um programa de investimento em logística e energia que eu me referi, no montante de US$ 250 bilhões, e pretende atrair parceiros para esse investimento que vai contar necessariamente com recursos privados, recursos privados nacionais, recursos públicos nacionais e também recursos internacionais. A crescente participação dos nossos países como destino de investimento mostra a importância desse Conselho como forma de ampliar e acelerar essa integração estratégica dos países Brics.

Nós nos distinguimos também porque temos aplicado modelos de desenvolvimento econômico com inclusão social. Para se ter uma ideia, com três anos de antecedência, a meta do desenvolvimento do milênio de diminuir pela metade a proporção de pessoas vivendo com menos de US$ 1,25 por dia já foi alcançada. Segundo o PNUD, esse resultado em relação à pobreza extrema se deve, em boa medida, aos avanços das políticas econômicas e sociais dos nossos países. Em todos os países Brics ocorreu uma sensível redução das pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. No Brasil, nós temos, num horizonte próximo, a superação completa da miséria, da pobreza extrema.

Nós temos consciência de que a superação da miséria é apenas um começo, o fim da miséria é apenas um começo, e isso vai exigir infraestrutura, bens, equipamentos, máquinas, vai exigir políticas públicas para que essas pessoas que saiam da pobreza se tornem cidadãos e consumidores. E nós sabemos também que isto amplia os nossos mercados, os nossos mercados domésticos, e traz a eles também uma grande contribuição. Além de ser uma questão ética, é também uma questão econômica aumentar e ampliar os nossos mercados internos.

Nós, países Brics, apesar de estarmos em regiões diversas, termos histórias diferentes e enfrentamos, cada um, desafios próprios, nós temos muitas afinidades, a principal delas, talvez o elemento que nos une com maior vigor, são as responsabilidades que temos para com esse novo mundo que está surgindo. Nós temos responsabilidade com o presente e também é esse futuro cada vez mais concreto que aglutina os nossos países. Por isso, esse Conselho Empresarial, esse Fórum Empresarial dos Brics, e a sua visão generosa para a África tem um momento especial nesse V Fórum dos Brics. Nós apoiamos de forma determinada essas iniciativas porque, como eu disse, elas estão amparadas numa visão de futuro. O Conselho Empresarial dos Brics faz parte dessa visão do futuro, um futuro no qual nossos países vão ocupar papeis cada vez mais relevantes, um futuro no qual investir em infraestrutura, ter condições de melhorar a agregação de valor tanto na agricultura quanto na indústria, cooperar na área de ciência e tecnologia, cooperar na área de educação e, sobretudo, estreitar cada vez mais os nossos vínculos, vai definir, eu tenho certeza, os rumos da história.

Muito obrigada.

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