domingo, 31 de março de 2013

MACACOS, OU MELHOR, PEIXES ME MORDAM

 

A Igreja Católica Apostólica Romana concita seus fiéis para que façam sinais de penitência na Semana Santa, em respeito e veneração pela morte de Jesus Cristo– O salvador da humanidade. De modo que, convida os cristãos católicos para a prática do jejum, senão, da abstinência da carne, pelo menos na Sexta-feira Santa. É bem verdade, que em tempos idos, não comer carne vermelha foi prática constante por toda a Quaresma. Mas passar 40 dias sem comer carne vermelha, era sacrifício demasiado, diferentemente de Jesus, que passou uma quarentena no deserto, em jejum absoluto. Então, reduziram a gula para os três dias que antecedem à Sexta-feira Santa. Mesmo assim acharam muito e decidiram reduzir para um dia apenas: jejum, só na Sexta-feira Santa e ponto final. Mas passar o dia inteiro disciplinando o comer, seria muita penitência. Foi quando alguém disse que poderia sim, se alimentar, desde que, não fosse de carne vermelha. De tal modo que a sociedade moderna convencionou que os fiéis católicos se alimentassem de carne branca – especificamente o peixe. Se não se deve comer carne vermelha, então por que não comer frango? O bípede emplumado é carne branca, assim como o suíno também o é. Dizem, à boca miúda, que não se deve comer carne vermelha na Sexta-feira Santa, e sim, peixe, como se peixe fosse um vegetal ou coisa do gênero. Peixe também é carne. Então, por que comer peixe na Semana Santa? Sou cético por natureza e penso que tudo isso não passa de mera simbologia, associada ao comércio desfreado. A mim me parece, que o pior ainda está por vir. A Sociedade Protetora dos Animais, e tantas outras associações similares, exemplo a UIPA – União Internacional Protetora dos Animais fundada em 1895, bem como, as autoridades sanitárias competentes, coadunam com critérios técnicos para abate dos animais destinados ao consumo humano. Isto significa dar garantias legais para que esses animais sofram o mínimo possível ao serem sacrificados. Vocês já imaginaram, que, com o peixe não acontece o mesmo? Eles, os peixes, morrem de duas formas, cruéis e brutais: a primeira, na pesca industrial e comercial com embarcações em alto mar, que ao serem pescados, imediatamente são acondicionados em grandes câmaras frigoríficas, com temperatura constante abaixo de 0º, portanto, morrem de hipotermia; a segunda, na pesca artesanal, aquela de subsistência, ocasião que o aquático falece por asfixia. Nos dois casos, as mortes são lentas e agonizantes. E alguém ainda tem a insensatez de dizer que:“sim, é aconselhável comer peixe na Semana Santa”. Macacos, ou melhor, peixes me mordam.

Ferreirinha é cronista e escritor - Semana Santa 2013.

Por Aldênis Fernandes

Grifo meu: Concordo e se não tivesse com sono, iria acrescentar mais algumas coisas.

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