Andrei Fediachin, Alexei Liakhov
EPA
Possivelmente, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, não conseguirá terminar a construção do "socialismo do século XXI" no seu país. Chávez encontra-se novamente em Cuba, para enfrentar mais uma cirurgia contra um câncer. Esta será a quarta intervenção cirúrgica desde 2011.
O "líder socialista" da América Latina já tinha sido sujeito à terapia do câncer em Havana. Infelizmente, os prognósticos são pouco consoladores. É pouco provável que os médicos cubanos possam fazer um milagre, embora a medicina cubana seja considerada uma das melhores no hemisfério ocidental.
O diagnóstico exato mantém-se em segredo. Mas os peritos já fazem prognósticos tristes à base de sintomas indiretos. Chávez está doente incuravelmente e a enfermidade já se encontra na etapa final. Uns predizem-lhe dois ou três meses de vida, outros - não mais de dois anos, mas com a perda da capacidade de desempenhar suas funções. Por exemplo, o médico venezuelano José Rafael Marquina, residente nos Estados Unidos, reserva ao presidente alguns meses de vida. Nas suas palavras, o fim fatal terá lugar em abril.
De fato, o desfecho está aproximando-se, considera Mikhail Beliat, perito independente russo em assuntos latino-americanos:
"A quarta cirurgia oncológica não promete nada de bom. É muito provável que o fim seja triste ou agora, ou nos próximos tempos. Pelos vistos, na Venezuela irão decorrer as presidenciais antecipadas. A oposição tem hipóteses reais para vencer estas eleições. Naquela altura, o país enfrentará grandes problemas".
O caráter muito sério da situação é confirmado pelo fato de Chávez ter anunciado oficialmente o nome de seu sucessor antes de partir para Cuba - Nicolas Maduro, de 50 anos, que é vice-presidente e ministro das Relações Exteriores da Venezuela. É difícil, contudo, imaginar como isso possa acontecer. A Constituição da Venezuela não prevê um instituto de sucessão. No caso da morte do presidente ou da incapacidade de desempenhar suas funções, as eleições devem ser efetuadas dentro de 30 dias, o mais tardar. Hugo Chávez já governa a Venezuela durante 14 anos. Pela última vez, venceu as eleições em outubro deste ano. A cerimónia oficial de tomada de posse deve decorrer só em 10 de janeiro de 2013.
Representantes da oposição já declararam que a nomeação de um sucessor é anticonstitucional. Tudo pode ser resolvido só através das eleições. Tais advertências no pano de fundo da doença do presidente são um sinal alarmante, testemunhando que a oposição não pretende ceder o poder a um sucessor. Isso não promete estabilidade ao mais rico país petrolífero do hemisfério ocidental.
Pode ser que a saída de Chávez não leve a uma guerra civil, mas desestabilizará com certeza a situação na Venezuela, sustenta o politólogo russo, Alexei Tcherniaev:
"O principal problema consiste em que Chávez não tem um sucessor capaz de manter o poder após sua morte ou demissão antecipada. As personalidades, cujos nomes são anunciados hoje, são políticos fracos que não têm um sério prestígio para continuar a política de Chávez".
A oposição do país ganhou considerável força. Nas presidenciais de 7 de outubro, o principal candidato oposicionista, Henrique Capriles, obteve quase 44% dos votos. A oposição não conheceu tal sucesso durante todo o governo de Hugo Chávez.
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