Por Rodrigo Viga Gaier | Reuters
O desemprego brasileiro registrou leve alta em setembro, mas ainda continua nos menores níveis históricos, dando suporte ao consumo e, consequentemente, à atividade econômica.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quinta-feira, a taxa de desemprego do país foi a 5,4 por cento no mês passado, ante 5,3 por cento em agosto.
Trata-se do melhor resultado para setembro desde o início da série histórica, em 2002, apesar de o número ter vindo um pouco pior do que o esperado pelo mercado.
Pesquisa da Reuters mostrou que, pela mediana das previsões de 31 analistas consultados, a taxa permaneceria em 5,3 por cento no mês passado. As estimativas variaram de 5,0 a 5,4 por cento.
"O que se configura é uma estabilidade no mercado de trabalho", afirmou a jornalistas o coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo, lembrando que, entre junho e julho, a taxa deu uma queda significativa --de 5,9 para 5,4 por cento--, considerada um ponto de inflexão.
O comportamento do emprego na região metropolitana de São Paulo --principal área da pesquisa com peso de 40 por cento-- foi determinante para o ligeiro acréscimo na taxa global. Na região, o desemprego subiu de 5,8 por cento em agosto para 6,5 por cento em setembro.
Isso ocorreu pelo maior número de pessoas procurando emprego em São Paulo, e não por perdas de postos. Segundo o IBGE, o número de desocupados --aqueles que não têm emprego mas estão à procura de uma vaga-- chegou a 601 mil em setembro, o maior contingente em pelo menos um ano.
O total de ocupados na região metropolitana ficou em 9,6 milhões pessoas, também uma das melhores dos últimos meses.
"Houve um estímulo das pessoas em buscar emprego agora...São em sua maioria mais jovens, estudantes e até aposentados que buscaram vagas ao visualizar uma oportunidade de emprego", explicou Azeredo.
No geral, a população ocupada cresceu 0,9 por cento em setembro na comparação com agosto e 2,3 por cento ante o mesmo período do ano anterior, totalizando 23,164 milhões de pessoas nas seis regiões metropolitanas avaliadas.
Já a população desocupada chegou a 1,326 milhão de pessoas, alta de 3,0 por cento ante agosto e queda de 8,6 por cento sobre um ano antes.
Entre setembro e agosto, informou o IBGE, o setor que se destacou em contratações foi o de comércio, com alta de 3,7 por cento. Houve ainda contratações nos setores de educação, saúde e administração pública (alta de 0,7 por cento); serviços domésticos (1,2 por cento) e outros serviços (2 por cento).
Por outro lado, cortaram postos de trabalho o setor da indústria, com queda de 1,3 por cento, movimento também concentrado na região de São Paulo (-2,6 por cento).
Azeredo disse que ainda é cedo para concluir se esse movimento é uma tendência, lembrando que, em agosto, as contratações no setor haviam crescido 1 por cento.
RENDA
O IBGE informou também que o rendimento médio da população ocupada subiu 0,1 por cento em setembro ante agosto, e 4,3 por cento sobre setembro de 2011, atingindo 1.771,20 reais.
"Foram resultados positivos", afirmou o técnico do IBGE, acrescentando que a alta poderia ter sido melhor não fosse a entrada de muitas pessoas no comércio, que costuma pagar salários mais baixos e puxa a média para baixo.
Em setembro, o Brasil criou 150.334 postos formais de trabalho, acima do resultado de agosto mas o pior desempenho para setembro desde 2001, segundo dados do Ministério do Trabalho divulgados na semana passada.
O baixo nível de desemprego e o aumento da renda continuam ajudando na atividade econômica brasileira, que começou a dar sinais de aquecimento no segundo semestre após um início de ano cambaleante devido à crise internacional.
"O emprego sólido e os ganhos salariais reais médios devem continuar a dar suporte ao consumo privado", afirmou, por meio de nota, o economista-chefe para a América Latina do banco Goldman Sachs, Alberto Ramos.
Em agosto, houve avanço de 0,98 por cento ante julho no Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central, considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB). .
Isso depois de uma alta de 1,5 por cento na produção industrial e avanço de 0,2 por cento nas vendas no varejo em agosto.
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