Diário do Nordeste
A sessão ordinária de ontem teve que ser suspensa em razão do clima tenso entre a base aliada e a oposição
Bandido, ficha podre, mentiroso e cara limpa foram algumas das expressões ouvidas ontem, no plenário da Câmara Municipal, entre os vereadores. A confusão foi grande quando os vereadores discutiam os trâmites legais para a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que deve investigar possíveis casos de irregularidades no programa Bolsa Família.
Os vereadores Plácido Filho e Ronivaldo Maia em pontos opostos do plenário da Câmara trocam insultos. Colegas deles ficaram atentos para evitar que os dois fossem realmente ao confronto físico FOTO: JL ROSA
Os trabalhos da sessão ordinária tiveram que ser encerrados, porque vereadores petistas discutiram durante toda a sessão com parlamentares da bancada de oposição, inclusive, quase partindo para agressões físicas. O embate teve dois momentos distintos. Um envolvendo Guilherme Sampaio, líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara e a vereadora Toinha Rocha (PSOL), e um outro, com trocas de acusações por parte de Ronivaldo Maia (PT), líder da prefeita Luizianne Lins, e o pedetista, Plácido Filho.
Os vereadores chegaram a faltar com o decoro parlamentar e se trataram por insultos e palavras de baixo calão, como: "bandido", "ficha podre", "mentiroso" e "cara limpa". Por conta dos ânimos alterados, o presidente da Mesa Diretora, Acrísio Sena (PT), resolveu levantar a sessão, ainda que não tenha resolvido por completo, o impasse sobre a instalação da CPI do Bolsa Família, apesar do acerto do dia anterior entre os 23 vereadores que participaram de um café da manhã, organizado por Acrísio.
Sobre o café da manhã realizado na manhã da terça-feira, o vereador Guilherme Sampaio disse serem "inverídicas" as informações de que ele foi contrário à instalação da CPI, ainda que tenha votado favorável por sua instalação. Ele informou que foi, desde a primeira discussão, favorável ao requerimento de Ciro Albuquerque (PTC), mas que deveria este respeitar a cronologia das outras investigações já colocadas. Acrísio Sena, também do PT, defendeu o posicionamento do colega, e afirmou que Guilherme havia apenas levantado a questão regimental e nada mais.
A vereadora Toinha Rocha, no entanto, durante seu Pela Ordem, disse que ouviu quando Guilherme se colocou contra a instalação da CPI. Ela, nesse momento, foi interrompida pelo petista que pediu "respeito" e chamou a vereadora de "mentirosa". "Você me respeite, deixe de ser mentirosa. Estou impressionado com sua má fé. Lamento, profundamente, porque o que a senhora fez, me faz olhar para a senhora sem nenhum respeito. Isso não é postura, você vem aqui e distorce o discurso com essa cara lisa", atacou.
Assuma
Toinha Rocha, por outro lado, disse que Guilherme Sampaio sempre a aborda, querendo saber se ela teria passado informações para os veículos de imprensa e disse que as reuniões em que ela participar não serão mais secretas, pois irá dar ciência sobre o que ocorrer nos encontros. "Assuma suas palavras, vereador. Se quer blindar o Leonelzinho, assuma. O problema aqui é bem maior, não me venha com historinha para passar a mão na cabeça de vereador. Querem colocar um pirulito na minha boca, mas não vão fazer isso. O senhor disse que era contra a CPI e depois levantou a mão", disparou.
No outro momento, Ronivaldo Maia estava reclamando da falta de compromisso de alguns vereadores quando determinada CPI é instalada, mas não tem a devida participação desses, e citou um exemplo em que, segundo ele, Plácido Filho, não teria participado das reuniões da CPI de Exploração da Criança e do Adolescente, no ano passado.
Mentiroso
O líder da oposição, levantou-se e passou a chamar o vereador petista de mentiroso ao que esse revidava. Plácido disse ainda que Ronivaldo é "Ficha Suja" e "bandido", pois já foi condenado pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), devido a irregularidades quando era presidente da Emlurb.
Os dois por pouco não partiram para agressão física, e isso só não aconteceu porque alguns vereadores seguraram Plácido e Ronivaldo. Nos bastidores, Plácido Filho disse ainda que Ronivaldo Maia respondia a um processo na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) por agressão física a uma senhora. "Ele não é apenas ficha suja, é ficha podre. Bate em mulher. Não era para estar nessa Casa, mas sim, preso, na cadeia", disse o pedetista ainda alterado, enquanto era chamado de "preguiçoso".
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