O líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP), destacou ontem a importância estratégica do ingresso da Venezuela no Mercosul, ratificado em Brasília. “O Mercosul ganha um parceiro de peso e uma nova dimensão estratégica do ponto de vista econômico e comercial, além de consolidar o processo de integração da América do Sul”, disse o líder.
Ele rebateu críticas da oposição e de setores da mídia pelo fato de o Mercosul ter aceitado a Venezuela como sócio pleno. “A direita brasileira tem uma estreiteza ideológica que não lhe permite ver a importância da parceria econômica e comercial com a Venezuela e tampouco o fato de o novo parceiro do bloco não contrariar as regras do figurino democrático”.
O líder lembrou que, do ponto de vista brasileiro, a Venezuela é um parceiro de primeira linha. No ano passado, as exportações do Brasil para a Venezuela somaram US$ 4,6 bilhões, contra US$ 1,3 bilhão de importação, perfazendo um superávit comercial de US$ 3,3 bilhões.
As relações econômicas e comerciais são intensas. “Há muitos investimentos vultosos de empresas brasileiras na Venezuela. É essa realidade da crescente e irreversível integração bilateral que recomenda pragmaticamente o nosso apoio ao ingresso de nosso vizinho no Mercosul como membro pleno, independentemente da chiadeira da oposição conservadora”, disse Tatto.
O líder lembrou que não se trata de uma mera decisão pró-governo Hugo Chávez, como se fosse torcida Fla-Flu. “Não está em jogo votar a favor de quem é favorável a Chávez e contra quem não gosta dele. São interesses de Estado, independentemente de governos. Indiferente às manchetes oportunistas e distorcidas, o governo Dilma, tal qual fez o governo Lula, vem pautando a política externa pela defesa da democracia e respeito aos países vizinhos”.
Democracia – A formalização do ingresso da Venezuela ocorreu ontem durante reunião extraordinária de cúpula do bloco, em Brasília, com a presença dos presidentes Dilma Rousseff , Hugo Chávez (Venezuela), Cristina Kirchner (Argentina) e José Mujica (Uruguai). O Paraguai foi suspenso do bloco até a realização de eleições presidenciais no ano que vem, em razão da destituição sumária do presidente Fernando Lugo. Os líderes do Mercosul entenderam que o impeachment do ex-presidente paraguaio feriu a cláusula democrática do bloco. Na prática, a suspensão do Paraguai abriu espaço para a entrada da Venezuela no Mercosul.
Dilma, que neste semestre exercerá a presidência pró-tempore do Mercosul, afirmou que o Paraguai só será novamente aceito no grupo quando “normalizar sua situação institucional”.
Segundo o Itamaraty, com o ingresso da Venezuela, o Mercosul contará com uma população de 270 milhões de habitantes (70% da população da América do Sul), um PIB a preços correntes de US$ 3,3 trilhões (83,2% do PIB sul-americano) e um território de 12,7 milhões de km² (72% da área da América do Sul).
A incorporação da Venezuela, ainda de acordo com o Itamaraty, altera o posicionamento estratégico do bloco, que passa a estender-se do Caribe ao extremo sul do continente e torna-se potência energética global tanto em recursos renováveis quanto em não renováveis.
Fonte: PT na Câmara dos Deputados
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