Izabella Teixeira criticou discussões sobre indicadores socioambientais que não levam em conta questões de gestão e defendeu medidas para estimular o consumo
Luciana Nunes Leal, do Rio de Janeiro
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, criticou nesta segunda-feira, 11, as discussões sobre indicadores socioambientais que não levam em conta questões de governança e gestão, ao defender as medidas do governo para estimular o consumo, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros. “Tem limite para a miopia ambiental”, disse Izabella a uma plateia formada principalmente por ambientalistas.
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Segundo ela, as medidas de estímulo ao consumo não são incompatíveis com o debate da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que começa amanhã, no Rio, e reunirá mais de cem chefes de Estado.
“Temos de debater como gente grande. Está na hora de debatermos as unidades de conservação, a regularização fundiária, o acesso à informação com conhecimento técnico e científico. Vamos acabar com o achismo ambiental”, disse a ministra durante o seminário Brasil Sustentável – O Caminho para Todos. Izabella repetiu a expressão que usa com frequência para designar as teses radicais de defesa do meio ambiente que não consideram aspectos de governo, administrativos, econômicos e políticos.
Sobre as medidas para estimular que a população consuma, a ministra afirmou, em entrevista, que “medidas de curto prazo não podem ser confundidas com a discussão de médio e longo prazo da Rio+20, em que será feito um debate para os próximos 20 anos sobre o futuro do planeta sem falar em crise, em guerra”.
Izabella justificou: “A questão do IPI é para solução de crise de curtíssimo prazo, temos empregos, a indústria que está em jogo”. Para a ministra, essas medidas emergenciais não impedirão um esforço dos países para “pactuar um novo padrão de consumo, já que é insustentável repetir os modelos atuais”.
Há dois meses, a presidente Dilma Rousseff também foi enfática ao advertir ambientalistas de que o governo não mudaria seu projeto de aumento da oferta de energia e de desenvolvimento, ao defender a construção de hidrelétricas na Amazônia. “Pessoas contrárias (às hidrelétricas) vivem num estado de fantasia”, disse ela em maio, durante reunião com os integrantes do Fórum do Clima.
A posição do governo vai na contramão do que o Brasil precisa fazer para atingir as metas de redução das emissões de gases de efeito estufa – é justamente o crescimento do consumo de gasolina que deverá fazer o governo rever esses números.
Izabella defendeu que após a conferência o País se volte para seus próprios problemas e discuta, por exemplo, o uso dos recursos de fundos de meio ambiente e o papel das instituições. Ela criticou o fato de o Serviço Florestal Brasileiro estar voltado apenas para florestas da Amazônia. “É um equívoco”, declarou.
A ministra minimizou a ausência na Rio+20 de importantes chefes de Estado, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Ângela Merkel e o primeiro-ministro britânico David Cameron. “A presença dos líderes é importante, mas veja que os Estados Unidos (que foram representados na Rio 92 pelo então presidente George Bush) até hoje não ratificaram a conversão da biodiversidade. Os países mandarão pessoas de alto nível, com poder de decisão. Entendemos o momento que os países estão vivendo, a crise.” / COLABOROU HELOISA ARUTH STURM
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