quinta-feira, 28 de junho de 2012

WikiLeaks: impeachment de Lugo era planejado há anos

 

EUA conheciam plano da oposição para derrubar ex-presidente desde 2009

Ex-general Lino Oviedo teria planejado destituição de Lugo desde a sua posse

Ex-general Lino Oviedo teria planejado destituição de Lugo desde a sua posse (Marcos Brindicci/Reuters)

Um documento vazado pelo site WikiLeaks e posto em evidência nesta terça-feira pelo canal de notícias TN, da Argentina, reforça o que já se sabia: que o impeachment do ex-presidente Fernando Lugo vinha sendo planejado há anos pela oposição do Paraguai. O texto, datado de 28 de março de 2009, foi enviado pela embaixada dos Estados Unidos em Assunção com destino ao Departamento de Estado em Washington.

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"Correm rumores de que o líder do partido Unace (União Nacional de Cidadãos Éticos), o senador e ex-general Lino Oviedo, junto ao ex-presidente Nicanor Duarte Frutos, buscariam destituir Fernando Lugo com um impeachment dentro do Parlamento", dizia o texto. "Seus objetivos comuns: capitalizar qualquer erro de Lugo que resulte na quebra da aliança política no Congresso, submeter Lugo a um impeachment e assegurar a supremacia política", afirma ainda o documento reproduzido na segunda-feira.
O plano incluía a posse de Federico Franco como presidente. Frutos ficaria no Senado e em terceiro lugar na linha de sucessão do governo, com a possibilidade de voltar à Presidência. O documento também informa que, na época, sem o apoio dos liberais (classificados de "tubarões políticos cercando Lugo" pela embaixada), era impossível conseguir a maioria necessária da oposição para derrubar o ex-presidente no Parlamento.
Pouco depois de assumir a Presidência, Lugo foi informado de que Oviedo e Frutos estariam articulando sua queda, o que levou o presidente deposto a denunciar o encontro e pedir as "credenciais democráticas" do ex-general. A partir deste incidente, Lugo e Oviedo travaram uma guerra declarada pelo poder. Oviedo teve um papel fundamental na queda do regime do colorado Alfredo Stroessner, enquanto também foi acusado de orquestrar um golpe de estado em 1996, quando se recusou a deixar o comando do Exército.

Perda de apoio - Em entrevistas ao site de VEJA na semana passada, analistas políticos observaram que discussões sobre o impeachment de Lugo atravessaram todo o seu período de governo. A ideia ganhou força agora porque ele se viu destituído de aliados e apoio popular. "Lugo se afastou do Congresso, das promessas de campanha e da população. Permitiu que grupos de insurgentes de cunho quase terrorista e outros dedicados ao tráfico de drogas se instalassem no campo, trazendo ameaça à paz social", resume Alberto Pfeifer, professor da Universidade de São Paulo.

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