Um fundo de investimentos bilateral entre o Brasil e a China, aprovado por
ambos os governos em meados do ano passado, começou a sair do papel e promete
realizar uma série de investimentos no setor produtivo brasileiro. Com o
objetivo de desenvolver projetos industriais e de infraestrutura, o fundo deve
contar com aporte inicial de capital de US$ 15 bilhões por parte dos chineses e
US$ 5 bilhões por parte do Brasil.
Os recursos chineses devem vir de um redirecionamento de suas reservas
internacionais, enquanto a parte brasileira pode ser alocada gradualmente por
bancos públicos, uma vez que a gestão de reservas internacionais no Brasil é
mais limitada e restritiva. A empresa que irá gerir o fundo já foi criada e será
chamada Claifund (China Latin America Industrial Cooperation Investiment Fund),
com sede em Pequim. Técnicos e engenheiros chineses já estudam as opções de
projetos de investimento no Brasil, com ênfase na ferrovia que interligará os
oceanos Pacifico e Atlântico e outros projetos industriais.
A criação do fundo cooperativo de investimento com a China é apenas um
exemplo de como o Brasil pode buscar fontes alternativas (não orçamentárias) de
recursos para financiar grandes projetos de investimento que viabilizem a
retomada do crescimento econômico e aumentem a produtividade do capital
nacional. Com as dificuldades fiscais, profundamente agravadas com o ajuste
recessivo e a queda de arrecadação pública dele decorrente (além do aumento do
pagamento de juros, que eleva substancialmente o déficit nominal e a dívida
bruta do país), é necessário encontrar outras formas de financiar os
investimentos produtivos e em infraestrutura, de forma a não onerar os fluxos
fiscais do tesouro nacional. A obtenção de crédito em bancos parceiros, como o
Banco dos BRICs, o BID, o CAF e o Banco de Desenvolvimento Asiático, é uma opção
que deve ser estudada.
Além disso, a utilização de uma parte pequena das reservas internacionais que
abundam e tendem a crescer no Brasil não deveria ser descartada, criando assim
um grande aporte de capital voltado para obras de infraestrutura e
desenvolvimento. Exemplos bem-sucedidos como o da China e da Bolívia, que usam
suas reservas com este objetivo, podem ser estudados, além do fato de que uma
redução das reservas pode contribuir para reduzir o custo implícito da dívida
pública e ajudar a controlar a desvalorização cambial, uma vez que os dólares
seriam transformados em reais no mercado interno. Este tipo de mudança, no
entanto, dependeria de mudanças legais e de um entendimento com o Banco Central,
gestor atual das reservas e que historicamente possui uma posição muito
conservadora quanto à sua utilização.
http://www.jb.com.br/economia/noticias/2016/01/13/fundo-brasil-china-comeca-a-sair-do-papel-e-pode-financiar-investimentos/
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