terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Lula adverte que Saúde só avançará com nova forma de financiamento

 

Antes de ler o discurso programado em cerimônia no hospital Sarah Kubitschek, realizada nesta segunda-feira, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um desabafo sobre o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, a CPMF, em 2007. “Em um ato de insanidade, em uma noite que não tem explicação, nos tiraram 40 bilhões por ano, que, se somados aos reajustes, ultrapassam os R$ 150 bilhões que o companheiro (ministro José Gomes) Temporão não teve para aplicar na Saúde”. E advertiu que o próximo ministro terá que arrumar uma forma de financiar a saúde.

Ao falar da “fatídica noite do fim da CPMF”, Lula não escondeu seus sentimentos: “Digo isso com uma certa mágoa, porque só existe uma explicação para terem tirado a CPMF do Orçamento da União: ódio, rancor e maldade”.

PAC da Saúde - Explicou que a queda da CPMF impossibilitou, por exemplo, o PAC da Saúde, estimado em R$ 24 bilhões. “Era uma coisa extraordinária, para recuperar a respeitabilidade da saúde pública brasileira”, lamentou. Para o presidente, o próximo ministro da Saúde terá de arrumar uma forma de financiamento para a área.“Ele tem uma tarefa imensa de organizar deputados e senadores para que a gente possa, sei lá de que forma, arrumar recursos para cuidar da saúde com muito mais carinho do que nós cuidamos”, disse.

Lula avaliou que “não existe hipótese de melhorar a saúde no Brasil, se a gente não pensar em uma forma de arrecadar mais recursos”. Observou que isto é necessário para que “as pessoas mais pobres tenham acesso à alta complexidade (de recursos médicos) que os ricos têm neste país”.

Comissão do Araguaia - No mesmo dia, durante a entrega do Prêmio Nacional de Direitos Humanos, Lula disse ter determinado ao ministro Nelson Jobim, da Defesa, a produção de um documento atualizado contendo todos os resultados, até o momento, sobre a busca dos corpos dos guerrilheiros mortos no transcorrer da guerrilha do Araguaia, no sul do Pará, no começo dos anos 1970, quando o país vivia sob a ditadura militar. Desde 1982 tramita ação judicial movida por suas famílias contra a União. Setenta pessoas teriam sido detidas, executadas e seus corpos queimados. O Brasil também é réu perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos devido ao caso.

“Quero, antes de deixar a Presidência, um relatório de como está a Comissão do Araguaia, para que a gente possa deixar tanto para a Maria do Rosário (nova ministra dos Direitos Humanos), como para a presidenta Dilma, o estado da arte em que está a situação. O trabalho não terminou, continuam ainda as buscas, mas eu quero entregar no estágio em que está”.

Ao final, Lula reiterou que, nos últimos oito anos, 28 milhões de brasileiros saíram da pobreza. E quase 33 milhões ascenderam na pirâmide da renda. E, além das estatísticas, interpretou o que ocorreu no Brasil como “uma sólida relação entre a democracia política e a democracia social”.

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