quarta-feira, 23 de julho de 2014

Novo avanço da China na América Latina

 

China, América Latina

Foto: AP/Ismael Francisco

A China alcançou um novo avanço no hemisfério ocidental. Durante as visitas do presidente chinês Xi Jinping a diversos países da América Latina, foram assinados 15 acordos de cooperação com o Brasil, 19 com a Argentina, 38 com a Venezuela e 30 com Cuba.

A China irá investir nas novas explorações petrolíferas na Venezuela 4 bilhões de dólares, em projetos na Argentina – 7,5 bilhões de dólares e em projetos de infraestruturas na América Latina e Caraíbas – 35 bilhões de dólares.

Em ano e meio como chefe de Estado, Xi Jinping visitou por duas vezes a América Latina. No ano passado ele esteve no México, na Costa Rica e em Trinidad e Tobago. Estes países são três vizinhos e três parceiros econômicos próximos dos EUA. Dessa vez a viagem de Xi Jinping tinha um caráter puramente econômico. No entanto, muitos observadores viram nessa turnê uma ingerência da China na zona dos interesses norte-americanos e um desafio político aos EUA.

Na altura essas eram apenas suposições. Contudo, a atual visita já é um claro golpe sério contra os EUA, considera o vice-diretor do Instituto da América Latina Nikolai Kalashnikov:

“A China já queria entrar na América Latina há muito tempo. Atualmente, ela já lá entrou e ocupa uma posição bastante sólida, tendo empurrado seriamente os Estados Unidos. Esse é um fato. Essencialmente, a viagem de Xi Jinping permitiu reforçar essa tendência. De cada vez as posições da China na América Latina saem mais reforçadas. Os EUA dificilmente estão satisfeitos com isso, mas já não podem fazer nada para o contrariar. Eles têm de estruturar sua política na região partindo das realidades atuais. A China se tornou no principal concorrente econômico dos EUA dentro dos seus próprios antigos domínios.”

O Brasil e a Argentina são os principais parceiros da China no continente. Cuba e Venezuela são seus satélites incontestáveis. Os acordos e contratos assinados irão impulsionar seu desenvolvimento econômico, tecnológico e de infraestruturas. Em troca, a China irá aí desenvolver rapidamente seus interesses e alargar seu acesso aos mercados locais do petróleo, do cobre, do molibdênio, da celulose e da soja.

Na concorrência econômica, os EUA estão perdendo para a China a luta pela América Latina, entretanto o avanço da China nessa região, por mais paradoxal que pareça, também poderá dar frutos às empresas norte-americanas, considera o economista Alexander Salitsky:

“Vamos chamar as coisas pelos seus nomes: se trata apenas de uma expansão econômica da China. O fato de Pequim ajudar a desenvolver os mercados desses países irá, numa série de casos, fazer com que corporações norte-americanas também ganhem com isso. Nós já assistimos a isso em África. A China começou sua penetração em África muito antes dos outros continentes. Ainda nos anos de 1963-1964. Quando ela começou ajudando ativamente África a resolver seus problemas socioeconômicos de forma muito ativa no novo século, os velhos colonizadores começaram regressando – os ingleses, os franceses e os norte-americanos. O mesmo pode ocorrer em breve na América Latina, o que fará aumentar ainda mais a concorrência entre a China e os EUA no mercado local.”

Entretanto a China tem uma vantagem concorrencial incontestável que funciona muito bem tanto em África, como na América Latina, considera Nikolai Kalashnikov:

“A China limita seus interesses à esfera estritamente econômica e não penetra especialmente nos aspetos de política externa. Isso permite-lhe investir em toda a parte em que o pode fazer, sem o balizar por quaisquer condicionalismos políticos. Os interesses econômicos acima de tudo. Aí reside o pragmatismo da política chinesa.”

Esse pragmatismo, entretanto, permite à China atingir de forma rápida e eficaz seus objetivos políticos. Xi Jinping acordou, por exemplo, com o Brasil e a Argentina realizar as respetivas transações nas moedas locais, o que irá reforçar a tendência para a internacionalização do yuan. Ele prometeu ajudar a Argentina a ultrapassar as preocupações relacionadas com a restruturação de sua dívida externa e Buenos Aires terá de compensar a China por isso com dividendos políticos.
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_07_23/Novo-avanco-da-China-na-America-Latina-5513/

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