Apesar do movimento, Feira do Livro tem perdido interesse dos pais
A mudança de uma simples capa ou a alteração de quatro ou cinco páginas em livros didáticos, de um ano para o outro, tem sido a manobra encontrada pelas editoras para evitar que alunos aproveitem os livros de irmãos ou que os mesmos sejam trocados ou vendidos em feiras que ocorrem todo início de ano nas principais cidades brasileiras.
A dura realidade já é sentida por pais de alunos e comerciantes na chamada Feira do Livro da Praça dos Leões. Em anos anteriores, a economia com os livros usados chegava até 80%, segundo os comerciantes locais. Hoje, os pais conseguem, no máximo, um desconto de 20% em relação ao preço cobrado nas livrarias.
“Antigamente, eu trabalhava com livros seminovos e o lucro era bom. Hoje, eu sou obrigado a comprar livros novos para revender aos pais de alunos por um desconto de 10% em relação ao preço das livrarias. Mesmo com um material novo, meu lucro foi reduzido. A continuar assim, o livro passará a ser um produto descartável, de um ano para o outro. Quem lucra são as editoras e as livrarias de grande porte. Mas acho que esse é o jogo que interessa às editoras”, comentou para o Blog do Eliomar um comerciante na Praça dos Leões, na manhã desse sábado (26), que não quis ser identificado.
“Crescente inadequação”
Um projeto de lei (PLS 311/06) de autoria da então senadora cearense Patrícia Saboya (PDT), que ainda aguarda apreciação em caráter terminativo na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, prevê a regulamentação da adoção de livros didáticos.
Segundo a proposta de Patrícia Saboya, a intenção é limitar a substituição aleatória dos livros de um ano para o outro, assim como a supremacia de autores do Sul e do Sudeste. Em sua justificativa, a então senadora cearense disse que “há uma crescente inadequação entre o caráter geral dos conteúdos dos livros distribuídos em massa e a preocupação com a autonomia de cada escola para adaptar o ensino à sua proposta pedagógica específica”.
O Conselho Nacional de Educação (CNE) seria o responsável por sugerir livros para as escolas e delimitar prazos para a adoção dos títulos, tanto para o uso dos estudantes como para os acervos das bibliotecas.
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