Por Gabriela Valente (valente@bsb.oglobo.com.br) | Agência O Globo
O Comitê de Política Monetária (Copom) não surpreendeu e decidiu, por unanimidade, nesta quarta-feira, cortar a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, como esperado por quase a totalidade dos analistas do mercado financeiro. Com isso, os juros básicos brasileiros - que já estavam no menor nível da história - caíram para 8% ao ano e reforçaram a ideia de que quando for preciso subir os juros no futuro dificilmente ultrapassará a casa dos dois dígitos.
"O Copom considera que, neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação. O Comitê nota ainda que, até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária", afirmou o colegiado em comunicado distribuído ao final de reunião.
- A sinalização do Copom já estava dada desde a reunião anterior: não há limites para a queda dos juros - analisa o economista-chefe do Conselho Federal de Economia, Júlio Miragaya.
Os economistas já diminuíam as previsões para a taxa de juros por causa dos sinais de fraqueza das grandes economias mundiais, do crescimento no Brasil muito aquém do esperado e da inflação que não tem oferecido riscos. Pesa nessa conta a hipótese de o impacto da crise mundial ser bem maior que o esperado antes. Na ata da reunião anterior do Copom - divulgada no início do mês passado - o comitê retirou a parte que previa que a crise atual só teria o tamanho de um quarto do que a grande turbulência de 2009.
Tanto na visão do BC quanto na da maior parte dos analistas do mercado, a desaceleração do crescimento da economia brasileira foi potencializada pela fragilidade da economia global.
- Era muito difícil botar um pé no freio por causa da incerteza do cenário externo - afirmou o economista da MB Associados, Sérgio Vale, que já revisou sua expectativa para os próximos cortes e aposta que o BC pode levar os juros básicos até 6,5% ao ano.
Essa é a oitava queda consecutiva da Selic, na reunião de segunda etapa que foi a mais longa desde desde agosto do ano passado, quando o comitê surpreendeu o mercado e inverteu o rumo das decisões, reduzindo a taxa sem antes optar por uma manutenção.
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