terça-feira, 24 de julho de 2012

Brasil pode crescer 5% ao ano, afirma economista Dani Rodrik

 

 

 

 

 

 

 

 

O economista Dani Rodrik não embarcou na recente onda de pessimismo em relação à economia brasileira. Em entrevista ao jornal Valor, na última sexta-feira (20), o professor de economia política internacional da Universidade de Harvard (EUA), afirmou que o Brasil tem condições de crescer a taxas de 5% ao ano, mesmo no ambiente adverso que ele antevê para a economia global, de baixo crescimento por muitos anos, especialmente nos países desenvolvidos.
"O Brasil obviamente será afetado de modo negativo pelos acontecimentos na Europa e nos EUA e também pela provável desaceleração da China.

Mas o Brasil tem alguns pontos fortes", disse Rodrik, citando as finanças públicas em ordem e o regime democrático estável, mencionando também a grande classe média como um trunfo importante do País.
O economista turco será um dos principais convidados do seminário "O Brasil e o Mundo em 2022", promovido pelo BNDES em comemoração aos 60 anos do banco. O evento, que começou ontem, no Rio de Janeiro, terá hoje (24).
Rodrik vê o Brasil, ao lado de Índia e Coreia do Sul, como um dos países "relativamente mais bem posicionados" para enfrentar esse cenário externo adverso dos próximos anos - o crescimento depende mais da demanda interna do que das exportações, a dívida pública está controlada e a democracia é robusta. São vantagens importantes num mundo que, segundo ele, tem 50% de possibilidade de testemunhar a dissolução parcial da zona do euro nos próximos anos, além do risco de manutenção do impasse entre democratas e republicanos sobre a trajetória fiscal americana.
Rodrik tampouco é otimista quanto às perspectivas para a China, um país que não é democrático e ainda é muito dependente das exportações. Para o Brasil crescer a um ritmo de 5%, ele aponta como fundamental "sinalizar um ambiente em que serão mantidos os incentivos relativos para o investimento na indústria manufatureira e em outros setores tradables [comercializáveis internacionalmente]", o que requer juros
baixos e um câmbio relativamente competitivo.
"Se as políticas em curso conduzirem a essa combinação, já será uma grande ajuda", afirmou Rodrik, que vê ainda com bons olhos as iniciativas do governo de reduzir impostos para setores específicos e tentar impulsionar o investimento por meio do BNDES. "O que o Brasil está tentando fazer é um esforço que vale a pena, desde que seja pragmático e revisado à luz da evidência de seu impacto", diz ele, para quem o
verdadeiro teste desse tipo de política é saber desistir dos perdedores, não insistindo com setores, se ficar claro que as medidas não dão resultado.
"A própria experiência do Brasil no passado oferece muitas lições nesse sentido. Algumas políticas industriais não foram muito bem-sucedidas, como no setor de informática, mas outras, como no setor de aço e aviões, foram muito bem-sucedidas", disse Rodrik, um crítico da globalização exagerada.

Fonte: PT na Câmara dos Deputados

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