Senador usa tribuna para dizer que deputado Gustavo Perrella não sabia que aeronave apreendida transportava 443 quilos de cocaína e acha normal abastecimento de combustível feito com verba pública
Por Redação RBA publicado 03/12/2013 19:15
Senador usa tribuna para dizer que deputado Gustavo Perrella não sabia que aeronave apreendida transportava 443 quilos de cocaína e acha normal abastecimento de combustível feito com verba pública
Marcos Oliveira/Senado
Perrella disse que o filho não sabia do destino nem da carga do helicóptero apreendido
São Paulo – O senador Zezé Perrella (PDT-MG) usou hoje (3) a tribuna da Casa para defender seu filho, o deputado estadual mineiro Gustavo Perrella (Solidariedade), que há dez dias teve um helicóptero de sua propriedade apreendido quando transportava 443 quilos de cocaína. Segundo o parlamentar, ex-presidente do Cruzeiro, seu filho não sabia da existência da droga. “A verdade é essa e foi dita, mas a imprensa, quando não quer entender, quer ver sangue, quer massacrar”, disse, alegando em seguida que a família faz campanha contra o uso de substâncias consideradas ilegais.
“O meu filho não conhece sequer droga. O piloto, que trabalhava para meu filho, prestou um depoimento em que disse que [Gustavo] não sabia de absolutamente nada. Que ele foi cooptado pelo co-piloto, que era um conhecido dele e que não trabalhava para o meu filho. E que ele receberia R$ 104 mil para fazer esse frete, dos quais ele ficaria com R$ 60 mil e o co-piloto, com R$ 44 mil”, declarou, no primeiro pronunciamento público desde que a Polícia Federal realizou a apreensão, em 24 de novembro.
O piloto Rogério Almeida Antunes era funcionário do deputado Perrella na Assembleia Legislativa desde abril deste ano, e recebia R$ 1.700. O advogado dele, Nicácio Pedro Tiradentes, declarou que seu cliente contava com toda a confiança do parlamentar e não fazia nada sem autorização.
Mas, para o senador, seu filho cometeu um único erro: confiar na pessoa errada. “Torço para que peguem os cabeças dessa organização, que essas pessoas apodreçam na cadeia”, disse, acrescentando que passa pelo momento mais difícil de sua vida e que não precisa da política para sobreviver.
Na tribuna, Perrella defendeu ainda como normal que o combustível da aeronave apreendida fosse bancado com dinheiro público. Segundo reportagem do jornal O Tempo, entre janeiro e outubro deste ano o parlamentar gastou R$ 14.071 com querosene para avião. O valor utilizado pelo gabinete de Perrela é suficiente para 2.814 litros, o bastante para percorrer 6.500 quilômetros. “Sugeriram, inclusive, que esse voo da droga, esse voo maldito, foi feito com abastecimento de dinheiro público. Eu, inclusive, como senador, já abasteci também. Não tenho o que negar. Usei R$ 14 mil durante o ano inteiro [para abastecer o helicóptero]. Poderia usar R$20 mil por mês. Se estiver errado, que se mude o Regimento”, argumentou Perrella.
Ele alegou ainda que seu filho autorizou o piloto do helicóptero a fazer um frete. Esta viagem valeria R$ 12 mil, mas, segundo Perrella, seu filho fora informado de que a viagem seria de Minas Gerais a São Paulo, e que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) não chegou a ser comunicada sobre a viagem ao Espírito Santo, onde foi apreendida a droga.
Na última semana, em São Paulo, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), aliado de Perrella, também saiu em defesa do deputado. “Ele tem que explicar. Até hoje não ouvi nada que o vinculasse a essa questão. Temos que dar a ele direito de defesa, mas é preciso que seja rapidamente esclarecido”, disse.
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