Foto: UNE O
Brasil será palco nesta sexta-feira (1º) de uma ampla jornada de
mobilizações populares contra a entrada em vigor da tarifa de 50% sobre
exportações brasileiras para os Estados Unidos, anunciada pelo
presidente norte-americano Donald Trump. Na visão das entidades
estudantis, das centrais sindicais e de outros movimentos que organizam
os atos, o tarifaço pode agravar o desemprego e impactar setores
estratégicos da economia, além de representar uma tentativa de
“chantagem imperialista”.
A União Nacional dos Estudantes (UNE),
em conjunto com as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, está à frente
da mobilização, que deve ocorrer especialmente em capitais e grandes
cidades brasileiras. Segundo a presidenta da UNE, Bianca Borges, é uma
resposta direta “à tentativa de submissão do Brasil aos interesses
econômicos e políticos dos Estados Unidos”.
“Trump achou que
ficaríamos de joelhos. Mas, desde o dia 10 de julho, o povo brasileiro
tem se levantado contra essa agressão”, declarou Bianca ao Portal Vermelho.
Os
atos estão confirmados para ocorrer ao longo do dia 1º de agosto em ao
menos 12 capitais, com possibilidade de ampliação para outras
localidades. Santos, no litoral paulista, também está na lista. Em
Curitiba, a manifestação ocorre no sábado (2). Confira os locais e
horários:
- São Paulo (SP): às 10h no Consulado dos EUA
- Santos (SP): às 17h na Estação da Cidadania
- Salvador (BA): às 15h no Campo Grande
- Rio de Janeiro (RJ): às 18h no Consulado dos EUA
- Brasília (DF): às 9h em frente à Embaixada dos EUA
- Porto Alegre (RS): às 18h na Esquina Democrática
- Belo Horizonte (MG): às 17h na Praça Sete
- Manaus (AM): às 16h na Praça da Polícia com caminhada até a praça do BK
- Recife (PE): às 15h30 na Praça do Derby
- São Luís (MA): às 15h na Praça Deodoro
- Fortaleza (CE): às 15h30 na Praça da Bandeira
- Florianópolis (SC): às 19h30 na Praça da Alfândega
- Curitiba (PR): às 10h30 na Boca Maldita (sábado, 2/8)
A
UNE orienta que os participantes levem bandeiras do Brasil e do
movimento estudantil, megafones e água – e que usem maquiagens e
símbolos nas cores do Brasil para reforçar a defesa da soberania
nacional.
Pautas vão além das tarifas
Além da defesa da soberania, os manifestantes irão às ruas com uma pauta social e econômica mais ampla, que inclui:
- Fim da escala de trabalho 6×1
- Isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil
- Taxação dos super-ricos
- Redução da jornada de trabalho
- Rejeição ao PL da devastação ambiental
- Contra a pejotização irrestrita
- Fim do genocídio em Gaza
Denúncia contra interesses imperialistas
Para
os organizadores, o pacote de tarifas anunciado por Trump não se limita
a uma disputa comercial, mas expressa uma ofensiva geopolítica e
ideológica. Segundo a UNE, a medida visa pressionar o governo brasileiro
a ceder nos campos político, econômico e estratégico — sobretudo no que
diz respeito ao controle de recursos como as terras raras, minerais
essenciais à indústria bélica e tecnológica global.
A entidade
lembra que o Brasil é o segundo maior produtor mundial desses minérios,
atrás apenas da China, o que o torna alvo de interesses internacionais.
“A chantagem dos EUA também busca enfraquecer tecnologias nacionais como
o PIX, que tem ameaçado lucros de empresas de cartão de crédito
norte-americanas”, afirmam os organizadores.
Defesa da democracia e críticas ao bolsonarismo
Os
ataques de Trump também são vistos como um gesto de apoio ao
ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado declarado do republicano. “Trump
tenta usar o Brasil como palco de sua guerra ideológica, inclusive para
blindar Bolsonaro, que responde por tentativa de golpe de Estado. Mas
quem governa o Brasil é o povo brasileiro”, afirmou Bianca Borges.
A
UNE denuncia a submissão da família Bolsonaro aos interesses de
Washington e recorda episódios em que o ex-presidente chegou a oferecer a
exploração da Amazônia a empresas norte-americanas. A entidade completa
88 anos em 2025 e, segundo sua presidenta, honra o legado de
resistência dos estudantes desde a luta contra o nazifascismo até os
“caras-pintadas” dos anos 1990. “Hoje, diante da nova face da extrema
direita mundial, não será diferente. Vamos às ruas por um Brasil livre,
justo e soberano”, concluiu Bianca Borges.
Fonte: https://vermelho.org.br/2025/07/30/nesta-sexta-1-13-cidades-se-manifestam-em-defesa-da-soberania-contra-tarifas-dos-eua/