segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Empresas vão retirar e exportar água de lago do Alasca

Um lago de água tão pura que não precisa nem ser tratada para ser bebida vai servir de fonte para um projeto que pode confirmar as previsões de que este recurso natural será cobiçado como o petróleo.
Cercado de florestas e alimentado pela neve e o derretimento de glaciares, o Blue Lake (Lago Azul) está localizado próximo à cidade de Sitka, no Alasca. Dele, duas empresas pretendem retirar nos próximos meses cerca de 320 milhões de litros que serão transportados em um tipo de navio semelhante a um superpetroleiro até uma fábrica na Índia, onde a água será engarrafada e depois levada para países sedentos o Oriente Médio, justamente de onde vem a maior parte do petróleo consumido pelo mundo.
Uma das empresas, a True Alaska Bottling, comprou o direito de usar até aproximadamente 12 bilhões de litros de água anuais do lago. Já a segunda, a S2C Global, é responsável pela construção e operação do centro de processamento da Índia. Caso seja bem-sucedida, a associação vai criar uma indústria que renderá US$ 90 milhões para a pequena Sitka, de apenas 10 mil habitantes, e alimentar a polêmica sobre a transformação em commodity - entregue nas mãos da iniciativa privada - da substância que é a base de toda a vida na Terra.
- Essa transformação de um recurso natural tão fundamental em uma commodity bruta é um desrespeito tremendo a qualquer ação de negócio que vise a sustentabilidade - considera Paulo Costa, diretor comercial da H2C, consultoria especializada no uso racional da água. - Um projeto como esse me deixa chocado.
Ele não só reforça e apressa o processo de comoditização da água como banaliza todas as iniciativas de redução do desperdício e consumo responsável, numa postura que quase beira o terrorismo ambiental, sem falar no perigo de causar danos irreversíveis a um ambiente que já sofreu e sofre muito com abusos.

 

Fonte: O Globo.com

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