terça-feira, 20 de setembro de 2016

O Brasil perdeu a ideia de Nação

KEINY ANDRADE Fundador do PSDB e ex-ministro de José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira mostra que o ódio da classe média às medidas para diminuir as desigualdades, somadas a erros do governo, levaram ao impeachment. Ele critica a atual política econômica, que nada faz para conter os juros e desvalorizar o câmbio, mas prevê uma ruptura entre Temer e o PSDB
Por Mauricio Puls, na Brasileiros, via Brasil Debate
Coautor de um recém-lançado livro em que sistematiza a teoria do novo desenvolvimentismo, o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira sustenta que a crise atual decorre de uma política econômica equivocada, baseada na conjugação de altas taxas de juros com o câmbio valorizado. Isso beneficia os investidores estrangeiros, os financistas e a classe média, mas deprime a taxa de lucro e os investimentos, e condena o Brasil ao baixo crescimento.
Para superar a estagnação, Bresser propõe a adoção de medidas para que o País desvalorize o câmbio e volte a exportar manufaturados. Isso aumentaria a taxa de lucro das empresas, estimularia os investimentos e, a médio prazo, promoveria o desenvolvimento nacional.
Para Bresser, o impeachment foi articulado por essa coalizão rentista, que se rebelou contra as iniciativas adotadas pelo governo Dilma Rousseff de tentar reduzir os juros e desvalorizar a taxa de câmbio. Essa política gerou uma reação emocional que ele nunca tinha visto antes: em 1964, a classe média apoiou os militares por medo do comunismo; agora, aderiu ao golpe por ódio à redução das desigualdades sociais. Mas o PT, diz ele, também contribuiu para a crise: os erros na condução da política econômica e a falta de habilidade política da administração petista fragilizaram o governo num momento em que o PSDB passou a pedir o impeachment.
A partir daí, o PMDB de Eduardo Cunha e Michel Temer vislumbrou a possibilidade de assumir o poder. O partido adotou um discurso neoliberal para obter o apoio da elite, mas, segundo Bresser, não vai cumprir o que prometeu, por não ter apoio suficiente no Congresso e por não estar convicto das maravilhas do neoliberalismo. A economia deve se recuperar, mas muito lentamente, porque o governo insiste em manter a mesma política econômica. Após o golpe, a coalizão que derrubou o PT deve se desfazer, mas ainda é cedo para fazer previsões para 2018.
A crise atual, de acordo com o ex-ministro, tem suas raízes na alta preferência da população pelo consumo imediato e na perda da ideia de nação, que se acelerou na década de 1990. Esses traços legitimam uma taxa de câmbio apreciada, pois todos, da direita à esquerda, querem o dólar barato e desprezam a importância do Estado na promoção dos investimentos.
“Macroeconomia Desenvolvimentista” expõe as medidas para que o País volte a crescer. O problema reside em saber quem poderia levar a cabo um programa que contraria os interesses da coalizão rentista que tomou de assalto o poder. Bresser deposita suas esperanças em Ciro Gomes, do PDT: “Eu vejo uma esperança em Ciro Gomes. Ele amadureceu muito”.
Brasileiros – O senhor está lançando um livro?
Luiz Carlos Bresser-Pereira – Sim, se chama Macroeconomia Desenvolvimentista. Foi escrito por mim, Nelson Marconi e José Luis Oreiro (UFRJ). É uma tese que venho desenvolvendo desde 2001. A partir de então, venho tratando sistematicamente, de um ponto de vista macroeconômico, a taxa de câmbio e a taxa de juros a partir da percepção de que, no Brasil, a taxa de juros era muito alta e a taxa de câmbio, muito frequentemente apreciada, e não havia nenhuma teoria sobre isso. Confesso que não achei uma boa teoria econômica para explicar por que a taxa de juros é tão escandalosamente alta no Brasil. A única explicação que faz sentido é que essa taxa é alta devido ao poder político que os capitalistas rentistas, incluindo uma ampla classe média que se beneficia desses juros altos, têm no Brasil.
Agora, em relação à taxa de câmbio, há um vazio na teoria econômica. O câmbio é um preço. A verdade é que existem cinco preços macroeconômicos: a taxa de lucro, que motiva os empresários a investir; a taxa de juros, que é o preço do capital; a taxa de câmbio, que é preço da moeda estrangeira; a taxa de salários, que é o preço da força de trabalho; e a taxa de inflação, que é a variação do preço de todas as coisas. Você só tem equilíbrio macroeconômico e condições para crescer com estabilidade e com distribuição de renda se esses cinco preços estiverem no seu lugar. O mercado não tem condição de manter certos esses preços. E é por isso que vivemos de crise em crise, porque esses preços não ficam no lugar. E o preço que mais sai fora do lugar em países em desenvolvimento é a taxa de câmbio.
Nesses países, há uma tendência à sobreapreciação cíclica e crônica da taxa de câmbio. Entre 2007 e 2014, a taxa de câmbio no Brasil permaneceu em torno de R$ 2,50 por dólar a preços de hoje, enquanto a taxa de câmbio que torna as boas empresas nacionais competitivas é de R$ 3,90. Essa diferença de R$ 2,50 para R$ 3,90 é uma apreciação brutal. Uma desvantagem enorme. Qual é o papel do Estado no plano econômico? Ele precisa garantir as condições gerais para o investimento privado, que deve ser 80% do investimento total. Então, preciso estimular o investimento privado. Para isso preciso não apenas ter uma taxa de lucro satisfatória e uma taxa de juros baixa, mas também que a taxa de câmbio esteja no lugar. Porque se houver uma taxa de câmbio apreciada, a taxa de lucro dos empresários fica deprimida. Mas às vezes usa-se a taxa de câmbio apreciada para tentar controlar a inflação.
“DILMA FOI CRITICADA POR USAR A PETROBRAS PARA SEGURAR A INFLAÇÃO; MAS CONTROLAR A INFLAÇÃO SEGURANDO O CÂMBIO É MUITO MAIS GRAVE”
Como se está fazendo agora.
Como se está fazendo agora. Por que a taxa de câmbio tem essa tendência à sobreapreciação cíclica e crônica? São dois tipos de causa. Uma é estrutural, todos os países da América Latina têm: é a doença holandesa. Ela decorre do fato de que as nossas commodities agrícolas e minerais têm uma produtividade que permite que sejam exportadas a uma taxa de câmbio substancialmente mais apreciada do que a taxa de câmbio necessária para que as empresas industriais competentes se tornem competitivas. Isso é a doença holandesa. Vamos supor que no Brasil a taxa de câmbio de equilíbrio industrial seja de R$ 3,90. A doença holandesa traz a taxa de câmbio para R$ 3 porque são as commodities que definem essa taxa. Mas o que leva essa taxa de R$ 3 para R$ 2,50? A responsabilidade é de três políticas que os países em desenvolvimento adotam, com o apoio dos economistas heterodoxos populistas e dos economistas ortodoxos populistas, chefiados pelo FMI e pelo Banco Mundial. Eles propõem que o Brasil tenha um déficit em conta corrente porque propõem que o País cresça com “poupança externa”. Você financia isso com investimento externo direto ou com empréstimos. No Brasil, 80% do financiamento do déficit em conta corrente é feito por investimento externo direto. Para os economistas de todas as correntes isso é o paraíso. Um equívoco completo. Eles acreditam que a poupança externa se somaria à poupança interna e você estaria investindo mais. Mas quando você aprecia o câmbio, desestimula o investimento. Em vez de somar-se a poupança interna, a poupança externa substitui a interna. Esses déficits, em vez de financiarem o investimento, financiam o consumo. O dinheiro que vem inclusive sob a forma de investimento externo direto financia o consumo no Brasil, na sua maior parte.
Veja o que aconteceu em 2014. Tivemos 4,6% de déficit em conta corrente, uma loucura. Investiu-se um pouco mais? Nada disso. O investimento estava lá embaixo. Foi tudo para o consumo. A primeira razão para que haja essa tendência à apreciação da taxa de câmbio é a política de crescimento com poupança externa. A segunda é o uso da taxa de câmbio para controlar a inflação, a chamada âncora cambial. É uma violência adotada por essa ortodoxia populista. Ao defenderem o crescimento com poupança externa e ao defenderem o uso da taxa de câmbio para controlar a inflação, eles estão sendo populistas cambiais. Dilma foi fortemente criticada por ter usado os preços da Petrobras para controlar a inflação. Isso foi visto como um escândalo. Também acho. Mas entre controlar a inflação segurando os preços da Petrobras e controlar a inflação segurando o câmbio, o segundo crime é muito mais grave que o primeiro. A terceira política habitual que aprecia o câmbio são as altas taxas de juros, porque elas atraem capitais. Eles dizem que esses juros ajudam a controlar a inflação, mas não entendo por que precisamos ter uma taxa de juros real de 6% enquanto outros países têm taxa de 1%. A grande maioria dos países ricos tem taxas de quase 1% real negativo para empréstimos de dez anos. Por que acontece isso? Uma taxa de juros alta interessa aos rentistas, que são muitos. Não só os muito ricos. Isso também interessa à classe média.
A classe média que aplica em fundos de investimento, em fundos de pensão?
Isso. E interessa também aos financistas, que ganham comissões administrando os recursos dos rentistas. E a quem interessa o câmbio apreciado? Exatamente às mesmas pessoas. Os rentistas querem uma taxa de juros real, e a inflação reduz o juro real. Para eles é bom que se use o câmbio para controlar a inflação. Agora, isso interessa profundamente também aos países mais ricos e poderosos que tentam nos controlar, que tentam ocupar nosso mercado interno. Uma taxa de câmbio apreciada permite a eles exportar mais para nós do que nós para eles. Quando digo que o Brasil deve ter uma taxa de câmbio que torne competitivas as nossas boas empresas, estou dizendo que o Brasil deveria ter como meta um pequeno superávit em conta corrente. Precisamos de uma taxa de câmbio de R$ 3,90. Não temos uma meta de inflação? Devemos ter também uma meta de câmbio. E essa meta deve ser de um pequeno superávit em conta corrente, coisa de 1% do PIB. Nesse caso, a nossa taxa de câmbio girará em torno da taxa que torna o nosso setor industrial competitivo.
Para isso, é preciso neutralizar a doença holandesa. Como? Por meio de uma retenção sobre o preço das exportações das commodities. Se a taxa de câmbio estiver em R$ 3 e eu preciso de R$ 3,90, coloco um imposto de R$ 0,90 sobre cada dólar exportado, por exemplo, de soja ou minério. Através do deslocamento da curva de oferta, a taxa de câmbio vai para R$ 3,90. O produtor de soja ou de minério não perde nada: ele iria receber R$ 3 com a taxa de câmbio mais baixa, pagou R$ 0,90 de retenção e recebeu de volta R$ 3,90 com a taxa de câmbio mais alta. O que ele iria receber antes recebe depois. 100%. Isso neutraliza a doença holandesa. O Brasil adotou esse caminho por 60 anos, de 1930 a 1990, com grande êxito. Mas ainda tem aquelas três políticas habituais que reduzem a taxa de câmbio de R$ 3 para apenas R$ 2,50. Tenho que rejeitar aquelas três políticas: não ter um déficit em conta corrente financiado por investimentos diretos, não usar a taxa de câmbio para controlar a inflação e pôr uma taxa de juros decente na economia.
Durante o governo Dilma, até 2012, houve uma tentativa de desvalorizar o câmbio e baixar os juros, e isso despertou uma oposição feroz da classe média, que aplica em fundos de investimento, em fundos de pensão, que quer o dólar barato para viajar para Miami.
Como se explica isso? No governo Lula-Meirelles a taxa de câmbio caiu de R$ 6 para R$ 2,20. Dilma recebeu de Lula uma missão impossível. Ela teria de desvalorizar o real em 50% para tornar a indústria competitiva. Ela não tinha poder para isso, não tinha apoio nem entre os empresários nem entre os trabalhadores. O que ela fez? A partir de 2011, baixou os juros e, em consequência, a taxa de câmbio depreciou. Mas depreciou 20%, e não 50%. Estava longe do necessário. Mas, quando você deprecia a moeda, precisa fazer ajuste fiscal. O capitalismo tem suas regras: depreciação precisa ser feita com ajuste fiscal. Como Dilma não fez isso, a inflação subiu um pouquinho, e o crescimento baixou para 1%. Então você tem um juro baixo deixando a classe média e os rentistas indignados. A inflação sobe um pouquinho sem haver nenhum crescimento. Surgiu espaço para uma oposição violenta. Ou seja, naquele momento começou a se romper o pacto político que Lula e Dilma tentaram fazer com os industriais.
Fazer um pacto desenvolvimentista como Getúlio fez, como Juscelino fez, como os militares conseguiram a partir de 1967. Esse pacto começou a se romper em 2012 porque, ao mesmo tempo que o crescimento era pequeno e a inflação subia, o lucro dos empresários caiu violentamente. Por quê? Temos de voltar ao final do governo FHC. Na época, a taxa de câmbio se desvalorizou até chegar a R$ 6. Os empresários voltaram a exportar. Depois o câmbio começou a apreciar, até chegar a R$ 2,20. Os industriais perderam o mercado exterior, mas, como tinha um boom de commodities e como Lula aumentou o salário mínimo, aumentou o crédito e criou o Bolsa Família, com tudo isso o mercado interno aumentou. Mas aquele mercado interno do Lula vazou para as importações. Quando chegou em 2011, o Brasil foi inundado por bens importados. E a taxa de lucro caiu, chegou em 2014 em apenas 4%. Devido à apreciação cambial, o lucro das empresas foi desaparecendo, mas elas continuaram se endividando. Em 2015, elas, que já tinham parado de investir em 2012, começaram a pagar dívidas, começaram um processo de desalavancagem, que é um sinal da crise: você não só não investe, mas também não compra. O maior erro da Dilma foi quando ela resolveu fazer as desonerações em 2013. Elas criaram uma crise fiscal e não estimularam o investimento.
Mas todo esse setor industrial tão afetado pelo endividamento, paradoxalmente, parece ter aderido em bloco ao discurso da coalizão que defendia o aumento dos juros.
Essa é uma discussão antiga sobre a burguesia nacional. Desde os anos 1960, defino a burguesia como uma burguesia nacional-dependente. A burguesia dos Estados Unidos ou da França, no século XIX, ou a burguesia dos países asiáticos, no século XX, usaram o Estado para defender seus interesses, para proteger seu parque industrial. A nossa é nacional-dependente. Isso é um oximoro, uma contradição interna. A dependência ideológica dos brasileiros é maior que a dos asiáticos. Quando você vai se desenvolver 200 anos depois da Inglaterra ou 100 anos depois da Alemanha, vê que os países desenvolvidos se tornaram democráticos, liberais, e escondem o seu nacionalismo de forma astuciosa. Continuam nacionalistas, mas não demonstram isso. E transformam o nacionalismo em palavra feia. Isso facilita nossa dependência ideológica. É fácil você se render. Em certos momentos os empresários brasileiros são nacionalistas. Entre os anos 1930 e 1980, com um pequeno intervalo nos anos 1960, eles foram nacionalistas. Com Lula, eles estavam ficando nacionalistas. Mas em 2012 a coisa degringolou e eles abandonaram o barco.
O senhor vê grandes diferenças entre o golpe de 1964 e o golpe deste ano?
As diferenças são grandes por que o golpe atual é um golpe dentro da democracia, por assim dizer. Você faz uma violência ao princípio democrático e impede um governante sem razões constitucionais e legais para isso. Mas mantém a democracia, não suspende os direitos. O regime sofreu um arranhão grave, mas continua democrático. Porque as duas características fundamentais da democracia ainda continuam. O conceito mínimo de democracia exige duas coisas: os direitos civis e o sufrágio universal. Essas duas coisas estão presentes. Mas foi um golpe, não para encerrar o princípio democrático, mas para derrubar um governo.
Mas os setores sociais que articularam os dois golpes são diferentes?
Não, são os mesmos setores. A grande diferença que vejo é que naquele momento havia um medo real do comunismo por parte da classe alta e da classe média. É evidente, para quem pensasse minimamente, que o João Goulart não era comunista. Mas havia Cuba, a revolução havia ocorrido recentemente, em 1959, e havia uma esquerda no mundo e na América Latina que estava apostando na revolução. Então a direita ficou com medo no mundo inteiro. Agora não existe o medo, mas apareceu uma coisa que não havia naquela época, que é o ódio.
“NUNCA TINHA VISTO ISSO. É MUITO GRAVE. O ÓDIO É PRÓPRIO DE REGIMES EM QUE OS PROBLEMAS ERAM RESOLVIDOS PELA GUERRA E PELO ASSASSINATO”
Qual é o fundamento desse ódio?
Para mim, o fundamento desse ódio é um elitismo muito violento dos brasileiros, que vem ainda da escravidão, e especialmente da classe média. A classe média viu que tinha sido esquecida no governo Lula. Os muito ricos estavam ganhando muito dinheiro, e o governo tinha uma clara preferência pelos pobres. Eles viram que tinham ficado excluídos e viam a ascensão social desses pobres, que andavam de avião com eles, entravam nos shopping centers com eles, entravam nas universidades. Todos aqueles elementos que distinguiam essas pessoas dos escravos e seus descendentes. As elites brasileiras só admitem a ascensão isoladamente, muito individualmente. Mas uma coletiva é inaceitável. Há ainda outro fator. De repente apareceu o mensalão, um escândalo político grave exatamente no partido que estava promovendo essa política que as incomodava tanto. Então, o ódio teve um destino: virou um ódio ao PT e ao Lula, e a Dilma depois. Nunca tinha visto isso na minha vida. É muito grave. Porque a política só é viável numa democracia, porque a política é a arte de negociar e persuadir para governar. Fora da política, só resta a violência. Nas sociedades pré-capitalistas os problemas eram resolvidos assim: fora do palácio, eram resolvidos pela guerra; dentro do palácio eram resolvidos pelo assassinato. É só ver as tragédias. O ódio é próprio desse tipo de regime. Não da democracia. Na democracia há adversários, não inimigos. Quando você transforma o adversário em inimigo, as coisas ficam muito ruins. Lá se foi a tolerância.
O senhor foi um dos fundadores do PSDB. O partido, no início, não tinha esse radicalismo dos cabeças negras.
Todos nós éramos do PMDB até que foi criado o PT, em 1980. Eu não fui para o PT porque não queria fazer parte de um partido revolucionário. Não acreditava em revolução, sempre fui um social-democrata. Então, fiquei no PMDB. Mas o PMDB aqui em São Paulo se corrompeu, e a principal razão foi o Orestes Quércia. Então nós saímos e fomos para o PSDB. Aí surgiu a discussão sobre o que o partido devia ser, se ele devia ser um partido social-democrata. Franco Montoro era contra, mas ele foi derrotado. Só que o PT se transformou num partido socialista e nos empurrou para a direita. Aconteceu já na campanha do Fernando Henrique em 1994 quando, contra a minha vontade, fez o acordo com o PFL. Ele não precisava ter feito aquele acordo. No governo o PSDB se revelou um partido liberal-conservador. A questão do interesse nacional, isso o PSDB não tem a menor ideia do que seja.
E o governo Temer? Quando assumiu, houve promessas de cortes de gastos e privatizações. Depois aumentaram a meta do déficit para R$ 170 bilhões. Várias coisas anunciadas não foram implementadas, e foram concedidos reajustes salariais ao funcionalismo. O governo assumiu com uma retórica neoliberal, mas na prática não tem cumprido o que prometeu.
Pense assim: Dilma foi eleita em 2014 com o apoio dos pobres, mas sem nenhum apoio na sociedade civil: os ricos e bem educados votaram em massa no Aécio e na Marina, e depois no Aécio, que perdeu. Ele é a representação das nossas elites liberais-dependentes. E autoritárias. Foi Aécio quem propôs o impeachment de cara. E aí surgiu um segundo grupo, que demorou a se formar, que foi o grupo dos oportunistas, que agora tem o nome de centrão. É liderado pelo Eduardo Cunha, que se associou ao Temer, e perceberam que essa era a oportunidade deles. Mas para isso era preciso que tivessem um discurso tão liberal e dependente quanto aquele discurso que as elites e seus ideólogos estavam fazendo. Foi a forma de obterem o apoio daquelas elites. Agora, o governo Temer vai fazer aquelas políticas que ele prometeu? Não vai. Não vai porque não tem apoio suficiente, ele já disse que não governa sozinho, que o Parlamento faz parte do governo. Mas também não vai fazer porque não está convicto das maravilhas de uma política estritamente liberal. Temer é um constitucionalista, um homem do meio termo, equilibrado. Não é um típico liberal.
A coalizão que se formou contra o PT já começou a se fragmentar?
Não, só depois do impeachment é que isso vai se desmontar. Ela vai desmontar porque temos logo em seguida as eleições municipais. Aí o quadro político vai ficar mais claro. Para mim, Temer quer ficar na história como o presidente que superou uma crise brasileira. Ele não quer ficar como um golpista. Agora, ele só vai contar com o apoio do centrão, que é essa coisa meio informe. O centrão só vai assumir uma posição nas eleições presidenciais muito perto delas. Temer precisa administrar o centrão. A economia está começando a ter uma recuperação, mas é lenta.
Por quê?
Três problemas estão atrasando fortemente a nossa recuperação. Primeiro, a taxa de câmbio voltou a se apreciar, como prevê a minha teoria. Segundo, o forte endividamento das empresas. Isso exigiria que o Estado ampliasse fortemente o crédito para eles, para superar esse problema. Mas o Estado está imobilizado, eles não fazem nada. O Nelson Barbosa estava tentando encontrar soluções para o endividamento das empresas. Estava absolutamente certo. E o terceiro problema são os juros escandalosamente altos, que o Banco Central ainda não se dignou a baixar. Então esses três problemas estão sendo mal resolvidos. Mas vai haver uma modesta recuperação. Tenho uma tese cultural sobre a crise brasileira: uma alta preferência pelo consumo imediato da sociedade como um todo, do povo às elites, e a perda da ideia de nação, que começou a ocorrer nos anos 1980 e se acelerou na década seguinte. Essas duas coisas se somam. Vamos pensar a partir de 1994. Dada a alta preferência pelo consumo imediato, você quer câmbio apreciado, porque aumenta o consumo no curto prazo. No plano fiscal, o grande problema do investimento é estimular os empresários a investir. E precisamos que o Estado invista pelo menos 20% do total de investimentos. O Estado tem investido menos da metade disso. Por quê? Porque nem a direita nem a esquerda querem que o Estado invista. A direita não quer porque acha que o setor privado resolverá tudo. A infraestrutura foi abandonada no governo Fernando Collor e continuou abandonada no governo Fernando Henrique Cardoso.
“O CÂMBIO APRECIADO INTERESSA AOS PAÍSES RICOS QUE TENTAM NOS CONTROLAR. NÃO TEMOS META DE INFLAÇÃO? DEVEMOS TER UMA META DE CÂMBIO”
E a esquerda?
A esquerda quer aumentar a receita tributária, sim, mas quer gastar tudo no social. Não quer gastar em outra coisa que não no social, porque quer distribuir renda. A diferença no orçamento público é que a direita não quer gastar dinheiro: quer cortar o orçamento público e continuar não investindo nada. E quer diminuir imposto. A esquerda não: quer manter e até elevar os impostos. Mas o que vier ela quer gastar no social. Não vai para investimento. E aí vem a perda da ideia de nação. A quem interessa o câmbio apreciado? Aos interesses estrangeiros, fundamentalmente. Eles ficam felicíssimos com a nossa preferência pelo consumo imediato. Isso atende plenamente à vontade deles de ocupar o nosso mercado. Essa preferência pelo consumo imediato significa populismo fiscal e populismo cambial: o Estado gastar mais do que arrecada irresponsavelmente e a nação gastar mais do que arrecada irresponsavelmente. E a perda da ideia de nação é fundamentalmente o populismo cambial. O populismo venceu amplamente no Brasil, tanto pela esquerda como pela direita. A diferença é que a esquerda gosta dos dois populismos, fiscal e cambial, e a direita não gosta do populismo fiscal.
O senhor vê uma esperança?
Se elegermos um líder competente, pode ser que ele consiga isso. Porque a sociedade está desesperada por alguma coisa. Está claro que o País está sem rumo. Vejo uma esperança em Ciro Gomes. Ele fez uma conferência duas semanas atrás e fiquei impressionado. Ele amadureceu muito. Sabe tudo sobre o Brasil, conhece muito economia, tem posições equilibradas. Pode ser um líder desse tipo. Vamos ver se ele consegue apoio para isso. Já na esquerda o candidato vai ser Lula. Só que Lula está sem discurso, seu discurso se esvaziou.
Cada governante cumpriu um papel histórico: FHC, inflação; e Lula, distribuição de renda?
Não, a inflação foi controlada pelo mais importante presidente que o País teve após a redemocratização: Itamar Franco, um homem modesto, não era uma sumidade jurídica nem econômica. Mas foi um político muito competente, sério, e tinha uma qualidade invejável: era um republicano. Ele estava atrás do que acreditava. Isso é importante porque o político precisa fazer concessões, mas precisa ter uma noção clara do que quer. Ele não entendia nada de economia, mas trocou quatro ministros até acertar.
Dilma é criticada por ter características semelhantes.
Não, mas o Itamar era um bom político. Ele sabia fazer compromissos. Ele tinha espírito republicano, mas era capaz de negociar. É uma arte muito difícil. Dilma infelizmente não estava à altura do cargo em que foi colocada. É uma mulher republicana, mas não é tão hábil como Itamar. E não é tão humilde, porque Itamar sabia que não sabia economia. E, se você não sabe, precisa confiar em quem sabe. Dilma não, ela ditava a política econômica.
http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/256124/Bresser-o-Brasil-perdeu-a-ideia-de-Nação.htm

“A blogosfera brasileira é a mais forte do mundo”

"A produção intelectual antigolpe está crescendo. Pode-se dizer que já surgiu uma escola literária, acadêmica, científica, estética, contra o golpe, e seguramente reúne bem mais representantes da inteligentsia nacional do que a turma que defendeu o impeachment", diz Miguel do Rosário, editor do Cafezinho; ele aponta ainda um comentário de Pepe Escobar, um dos principais correspondentes internacionais brasileiros, sobre a força da mídia independente no País
Por Miguel do Rosário, editor-chefe do Cafezinho
A leitura do livro A Radiografia do Golpe, de Jesse Souza, me deixou mais tranquilo em relação às perspectivas do golpe. Agora eu sei que ele será derrotado.
A produção intelectual antigolpe está crescendo. Pode-se dizer que já surgiu uma escola literária, acadêmica, científica, estética, contra o golpe, e seguramente reúne bem mais representantes da inteligentsia nacional do que a turma que defendeu o impeachment.
As batalhas contra o impeachment já haviam mostrado isso. Os golpistas conseguiam, após meses de organização, trazer gente às ruas, com imenso apoio da mídia, simpatia da polícia e dos governos. Até a catraca do metrô era liberada em São Paulo. A Fiesp distribuía filet mignon aos participantes.
A esquerda, por outro lado, não só também conseguiu fazer grandes manifestações (sem ajuda da mídia), como fez uma quantidade muito maior delas. E não só manifestações: debates. Uma quantidade notável de debates, eventos e encontros de todo o tipo foram realizados com o escopo de resistir ao golpe. A mídia teve um trabalho monstruoso para esconder tudo isso. Mas a história não o fará.
Em Belo Horizonte, no ano passado, houve um encontro de blogueiros que reuniu milhares de pessoas. A direita não tem massa crítica para chegar perto disso.
É curioso que a Folha tenha, num editorial, mencionado fascistas nas marchas contra o golpe, porque havia meia dúzia de encapuzados - posteriormente disciplinados por sindicalistas, que sabem muito bem que a tática de violência acaba sobrando é para o próprio militante, já que o mascarado em geral consegue escapulir rápido.
Nas marchas coxinhas, todavia, víamos centenas, milhares de pessoas portando faixas pedindo intervenção militar, fazendo discursos de ódio, empunhando cartazes grotescamente fascistas como aqueles que lamentavam que a ditadura militar não houvesse matado todos os militantes de esquerda, e a Folha chama a manifestação da esquerda de fascista.
Eu li um post ontem no blog do Nassif interessante, em que ele fala da necessidade histórica dos acontecimentos, inclusive as tragédias políticas que vivemos no Brasil. O golpe tinha de acontecer, porque é ele quem deflagrará uma série de novas energias de resistência, que, de outra maneira, permaneceriam escondidas por muitos anos.
O golpe nos faz também perdoar, em parte, os erros do PT e do governo. Não por achá-los menores, ou entender que não é o momento de autocrítica. Ao contrário, acho que o melhor momento para autocrítica é sempre o agora, e considero a autocrítica, quando sincera, criativa, arrojada, uma excelente ferramenta de propaganda para qualquer organização política. Tenho visto, no PT, após tudo que passou, ainda o mesmo tolo pavor pela crítica, pela autocrítica, como se isso fosse prejudicar o partido.
Perdoamos os erros do PT e do governo porque agora ficou bastante claro a sua fragilidade, sobretudo diante dessas poderosas e diabólicas máquinas da mídia e dos aparatos jurídico-policiais. Às vezes, vemos críticas dizendo que o PT não mudou a cultura jurídica punitivista no país. De fato, muita coisa podia ser feita. Mas achar que um partido ainda tão novo, e que já nasceu criminalizado pelos órgãos do Estado e pela mídia, teria poder de provocar mudanças efetivas em estruturas e superestruturas seculares, é ingenuidade. E nem é questão de tempo. Às vezes, um governo pode mudar uma cultura política em uma gestão ou duas, mas é preciso que haja uma atmosfera propícia a isso. No Brasil, nunca houve essa atmosfera. Esses últimos 13 anos de governo foram uma sucessão ininterrupta de ataques: 13 anos de massacre diário, contínuo, brutal, da mídia contra o governo.
A criminalização do PT e de Lula, como se vê na Lava Jato, precisa criar uma imagem de poderio absoluto em torno deles que eles nunca tiveram. Esse lado humano, vulnerável, frágil, de Lula, por outro lado, é o que torna muito maior do que milhares de burocratas sem muita consciência de que agem como medíocres e raivosos cães de guarda da elite predadora nacional.
Mas tudo isso tinha de acontecer, exatamente do jeito que aconteceu. Por exemplo, esses anos todos de guerra política produziu, no Brasil, uma das blogosferas mais fortes do mundo inteiro. E quem afirma é o jornalista brasileiro mais poliglota e mais cosmopolita de todos, Pepe Escobar, conforme se pode assistir no vídeo abaixo, um trecho de 20 segundos que recortei de uma entrevista maior dele sobre o golpe. Ele cita vários blogs, mas esqueceu o Cafezinho. Não tem importância: os blogs sujos que ele menciona são primos nossos, é como nos citar também. A luta contra as mentiras da mídia hegemônica nos torna companheiros de armas.
É um orgulho ser elogiado por alguém como Pepe Escobar! Escobar é tudo que um jornalista coxinha gostaria de ser, mas nunca será: um sujeito extremamente culto, que reside em Paris, São Paulo e Ásia, um jornalista independente que escreve brilhantes análises em inglês, língua que domina com maestria positivamente diabólica (visto que é brasileiro), que fala fluentemente vários idiomas, que dá palestras em vários países sobre geopolítica. E, além de tudo, é um homem de esquerda, que sabe que o Brasil foi vítima de um golpe e que a partir de agora passará o resto de sua vida denunciando esse golpe, em diversas línguas, onde quer que escreva ou fale.
A blogosfera brasileira é forte, paradoxalmente, por causa do monopólio e das conspirações midiático-judiciais, fatores que a tem colocado sob uma pressão terrível há vários anos, pressão essa que age como uma forja natural, a produzir aço de puríssima têmpera!
Com o golpe, essa blogosfera tende a crescer, agora num contexto em que ela é vista como ainda mais independente do que antes, porque escapa da tradicional difamação da mídia corporativa, de que era uma blogosfera "chapa branca". Esses ataques agora ficam vazios, sobretudo porque a mídia brasileira, agente protagonista do golpe, precisa defender de todas as maneiras, mesmo que ainda tende disfarçar, como a Folha, o governo que pôs lá. O chapa-branquismo da imprensa brasileira hoje é nauseabundo.
Estreou há pouco, na Netflix, uma série intitulada Billions. Os dois personagens principais, que antagonizam um com o outro, são: um bilionário do mercado financeiro, interpretado por Damian Lewis (que fez o angustiado e ambíguo protagonista de Homeland); e o procurador geral do Estado, interpretado pelo extraordinário Paul Giamatti, a representação mais pura do sarcasmo inteligente do cinema contemporâneo.
Eu gosto muito de assistir essas séries jurídicas americanas, assim como curto filmes e romances sobre o tema.
É sempre interessante ver como os funcionários da procuradoria reiteram sempre que ganham pouco, e que os ambiciosos procuram mesmo a banca privada. Aqui é o contrário. Os ambiciosos procuram os salários de marajá do Ministério Público e do Judiciário.
Acho importante também para dessacralizar os representantes dessas instituições. Passamos tantos anos assistindo as novelas da Globo e as achando excelentes e agora descobrimos que fomos enganados: as novelas da Globo eram xaropadas alienantes, nunca mostraram a realidade política do país, nunca vimos trabalhadores sindicalizados, promotores que agem por vaidade, juízes ignorantes, toda gama de personagens que povoam, enfim, o teatro real da nossa democracia.
Pois bem, num dos primeiros episódios, o personagem de Giamatti, o procurador-geral, vai atrás de um repórter, de moral duvidosa, para tentar arrancar dele uma informação. O repórter responde com uma bravata ética que soa imediatamente falsa aos ouvidos do procurador, que rebate ironicamente:
- Ué, você é Glenn Greenwald agora?
Ora, a ficção aí se mistura à realidade, como acontece o tempo inteiro na dramaturgia norte-americana, para retratar a admiração social pelo jornalista que enfrentou o Tio Sam e seu serviço secreto e revelou ao mundo os segredos sujos da NSA.
Na mesma hora, eu lembrei dos jornalistas da Globo, incluindo o até então gentil Jorge Pontual, correspondente em Nova York, ofendendo publicamente Glenn, com vocabulário de baixo calão, por causa das posições políticas e reportagens de Glenn contra o impeachment. Numa entrevista a uma rádio, dada há algumas semanas, Glenn chegou a dizer que, tendo viajado muito e conhecido a imprensa de vários países, jamais testemunhou uma imprensa tão mentirosa como a do Brasil.
A mídia brasileira, com objetivo de dar sustentação ao golpe, criou um universo paralelo, um mundo de mentiras, em que ninguém chamava (ou chama) o impeachment de golpe, não havia debates sobre o tema, nem manifestos, nem manifestações; e a presidenta foi absolutamente sabotada durante todo o processo.
Esse processo, no entanto, foi oneroso para a mídia. Jamais me esquecerei da perplexidade de alguns correspondentes estrangeiros, como o Alex Escobar, um jornalista norte-americano do tipo moderado, convencional, muito mais próximo do estilo tradicional da imprensa corporativa do que da blogosfera por exemplo (até porque é empregado da Bloomberg e sua missão era escrever sobre bilionários), sendo colocados no mesmo saco que os "blogs pró-Dilma". Isso foi quase hilário.
Eles ficaram ofendidos, com razão, mas foi divertido assistir a ginástica da grande mídia, tentando pintar qualquer crítica ao impeachment como vindo de setores radicais e inconformados do "lulopetismo".
Todos esses ridículos excessos da Globo acarretaram uma desmoralização histórica. E não adianta agora, em pleno 2016, as forças conservadoras inventarem formas desesperadas de bloquear a informação crítica, como o projeto de Escola sem Partido. O máximo que a Escola sem Partido fará é criar organizações secretas (coisa que nunca tivemos) para difusão de informações políticas "subversivas", como ler poemas de Marighella ou os diários de Che Guevara. Será muito mais excitante para os alunos se a literatura política independente for criminalizada, porque aí ela terá o gostinho do fruto proibido.
Há uma dialética na vida que funciona como um anticorpo natural contra todos os tipos de autoritarismo. Esse é o materialismo dialético é que derrotará os dinossauros da nossa mídia corporativa.
Se prenderem o Lula, o que acontecerá? O próprio Lula respondeu, na coletiva que deu após o espetaculoso show dos procuradores de Curitiba num hotel de Brasília. O ex-presidente, emocionado, disse que não conseguia entender os objetivos do Ministério Público, pois eles não conseguiriam prender suas ideias.
De fato, a Lava Jato entra agora numa fase curiosa. As conspirações midiatico-judiciais que se iniciaram em 2005, com o escândalo do mensalão, prenderam uma grande quantidade de empresários e políticos. Eu os considero todos presos políticos, inclusive os publicitários e banqueiros presos no mensalão. Sempre achei que a esquerda errou ao não ver que era errado defender apenas uma ou outra liderança partidária. Todo o processo do mensalão e, agora, da Lava Jato, é corrompido. Os réus, publicitários, banqueiros, empreiteiros, políticos, doleiros, não são santos. Talvez tenham feito coisas ainda mais terríveis do que aquelas de que são acusados, mas o processo é viciado mesmo assim, tanto que as penas impostas a alguns deles são grotescamente desproporcionais. Algumas das penas são de décadas de regime fechado!
Não podemos subestimar a força da Lava Jato. Ela hoje representa, em sua essência mais cruel, mais brutal, o poder quase absolutista da casta jurídica, que é a casta jurídica, de longe, mais poderosa - e mais bem paga - do mundo inteiro.
Me parece claro que não dá para ser otimista. Estamos meio que condenados ainda a uma série de derrotas. Mas todas essas derrotas já começam a ter o gostinho antecipado da vitória, na medida em que são derrotas cada vez mais desmoralizantes para os vencedores, por causa das táticas sujas e truculentas que são cada vez mais obrigados a usar.
Derrubar as garantias constitucionais, ou seja, as liberdades políticas mais caras de um regime liberal, destruir grandes empresas nacionais, inclusive as maiores jóias da indústria brasileira, como a Odebrecht, apenas para prender Lula e criminalizar o PT?
O preço do golpe foi muito alto - e isso constitui uma derrota para eles. A partir de um momento, entenderam que não podiam mais recuar e foram em frente, gastando uma quantidade enorme de capital político e preparando, assim, o terreno para sua futura derrocada.
A desproporção entre os salários dentro do sistema nacional do funcionalismo público é um acinte ao espírito democrático. As diferenças entre os salários de um procurador e de um professor deveriam fazer corar de vergonha qualquer brasileiro, sobretudo porque não é assim no resto do mundo. Deveria haver muito mais equilíbrio no sistema, e são essas disparidades que estão por trás da crise política que vivemos hoje.
Deveríamos reduzir drasticamente salários e benefícios das castas jurídicas, políticos, etc, e aumentar o salário de professores, médicos, enfermeiros e engenheiros que trabalham para o Estado, sob salários de fome.
A contenção dos gastos estatais com a manutenção de um desembargador daria para melhorar a vida de uma centena de professores!
Câmaras de vereadores, a meu ver, poderiam ser extintas, sendo substituídas por conselhos de bairros sem custo para o Estado, mas com poder de revogar o mandato do prefeito e propor leis locais. Hoje, as câmaras de vereadores, assim como é a Câmara Federal, vivem de chantagear o poder executivo.
O Senado poderia ser extinto, acarretando outra grande economia para o Estado. Já basta uma Câmara Federal para vigiar o governo e reformar as leis.
Mas nada disso seria realmente necessário se fizéssemos uma reforma política, uma reforma tributária e, mais importante que tudo, uma reforma da mídia.
A esquerda terá de rever alguns dogmas, claro.
Por exemplo, é preciso que saibamos separar as demandas do alto funcionalismo público, em especial a casta jurídica, que traiu a sociedade com seu apoio ao impeachment, e as demandas do médio e baixo funcionalismo, que ainda enfrenta situações extremamente difíceis do ponto-de-vista salarial e das condições de trabalho.
Seja como for, os golpistas são tolos se pensam aprisionar a verdade. A economia não deslanchou. Temer e os políticos que apoiaram o golpe são escrachados sem dó em aeroportos, saguões, rua, etc.
Nenhum deles consegue viajar ao exterior sem que apareça um punhado de brasileiros dispostos a jogar na sua cara o que eles realmente são: usurpadores, que conspiraram abjetamente para derrubar uma presidenta honesta, provavelmente o presidente mais honesto que jamais tivemos, dando espaço para todos os tipos de tramoias neoliberais derrotadas em quatro eleições consecutivas.
Tudo isso tinha de acontecer, para que a nossa resistência se formasse, para que as nossas ideias pudessem ser batizadas novamente nas águas de uma oposição independente. Para que nossa capacidade de análise e luta continuasse a ser temperada no fogo das adversidades políticas.
O Brasil é grande demais, e a formação de núcleos cada vez mais fortes de oposição é um imperativo. A própria concentração de mídia asfixia o mercado brasileiro de publicidade na medida em que um percentual exagerado desses recursos são tragados pelo monopólio. Esse é o materialismo dialético a que eu me referi, e ao qual nenhum império escapa, nem a Globo: haverá interesses econômicos cada vez mais fortes em oposição à ela.
http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/256114/Pepe-Escobar-“a-blogosfera-brasileira-é-a-mais-forte-do-mundo”.htm

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Risco de colapso econômico

Especialistas advertem as pessoas para se preparar para um colapso econômico catastrófico - China e Rússia estão se preparando para um sistema financeiro falido dos EUA

Sexta-feira,16 setembro, 2016

EXPERTS Warns

Peritos advertem as pessoas para Preparação para do colapso econômico catastrófico - China e Rússia estão se preparando para um sistema financeiro falido US

O dólar entrará em colapso em 2016 - Último Aviso Para a América

Este colapso será global e vai derrubar não só o dólar, mas todas as outras moedas, como elas são fundamentalmente diferente. O colapso das moedas vai levar ao colapso de todas as ativos de papel.

Quando você assistir a grande mídia ou ouvir banqueiros centrais, o ouro é constantemente considerado o enteado ruivo da indústria de investimento.

Em edições passadas, temos documentado bilionários cada vez mais preocupados com aviso econômicos perigosos. Muitos têm favorecido o ouro como uma repartição alternativa em um mundo onde US $ 13 trilhões de valor de dívida é, taxas de juros rendendo negativos são artificialmente reprimida e estamos à beira de grandes guerras.

VIA: forbes.com

Ao longo dos últimos anos, muitos especialistas vêm alertando para uma crise em nossa direção. Mais especificamente, as preocupações têm-se centrado sobre o colapso inevitável do dólar EUA. Uma dessas pessoas é o ex-congressista Ron Paul, que afirmou que ele acredita que o sistema financeiro EUA está no caminho para o desastre. Neste artigo, vou compartilhar alguns dos seus pontos de vista e discutir o que poderia acontecer se uma tal crise se materializar.

Crise de moeda

De acordo com o congressista Paul, uma crise cambial nos EUA é inevitável. Em um ponto na década de 1980, ao montar no Marine One com o presidente Reagan, o presidente disse: "Nenhum grande nação que abandonou o padrão-ouro já manteve uma grande nação." Algumas décadas atrás, o ex-presidente do Fed, Alan Greenspan afirmou "na ausência do padrão-ouro não há nenhuma maneira de proteger a poupança de confisco através da inflação." sem um padrão-ouro, não há nada para limitar os gastos do governo. Em suma, enquanto o governo é capaz de gastar mais, a dívida nacional será a norma e não a excepção.

Uma vez que o padrão-ouro foi abandonado, que está apoiando a nossa moeda? Confiança! Sem um bem difícil fazer o backup do dólar, que é suportado apenas pela "plena fé e crédito do governo federal." Se o mundo perdeu a confiança na moeda americana, o seu valor despencar e da vida como a conhecemos seria severamente e para sempre alterados. Como vamos saber quando a próxima crise está prestes a emergir?

O primeiro sinal de uma crise cambial, de acordo com Paul, será uma queda acentuada no valor do dólar. Um colapso na nossa moeda resultaria em um aumento da inflação. Ele também seria acompanhada por um aumento nas taxas de juros dos EUA. A previsão de Paul, embora bastante a dizer , é para o colapso de todo o sistema financeiro dos EUA. Se isto ocorrer, o risco sistémico seria enorme. Se o sistema financeiro EUA realmente entrou em colapso, levaria todo o sistema financeiro global com ele. Por quê? Porque há mais de US $ 18 trilhões em dívida EUA notável, com a China eo Japão sendo os maiores detentores. Um colapso EUA iria devastar todo o globo. Vamos voltar nossa atenção para a dívida nacional, uma questão que pesa sobre as mentes de milhões de americanos.

VIA : steemit.com
Rússia e China, em particular, têm sido compradores agressivos de ouro e é certamente possível que as vendas foram projetados para fornecer liquidez ao mercado e assegurar influência económica adicionais obtidos países BRICS.
Além da China de comprar metais preciosos física, eles também têm feito movimentos estratégicos para substituir bolsas de commodities ocidentais. Em abril, a troca de ouro Xangai lançou uma nova correção de preço de referência para o metal para desafiar o tempo estabelecido, Rothschild criado, referência em Londres, bem como a troca COMEX em Nova York.
A China não é o único país na Ásia nivelar o campo de jogo. Em julho, a troca TOCOM do Japão anunciar um novo mercado físico de ouro, onde os participantes do mercado pode negociar ouro em futuros e físicos a preços mais transparentes.
Como temos salientado várias vezes, as elites ocidentais estão trabalhando horas extras para "nivelar" as economias dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Na verdade, esta é uma das razões para a criação do BRICS - para deixar claro que não é uma alternativa formal para as economias ocidentais.
Deve ficar claro para qualquer um que analisa a posição dos BRICS perto - especialmente a China - que potências ocidentais têm desempenhado um papel extraordinário na elevação do poderio industrial desses países.
A idéia, claro, é para facilitar ainda mais o globalismo e, eventualmente, o governo do mundo. Mas provavelmente não todos os bancos centrais estão ansiosos para apoiar esta estratégia em detrimento da sua própria solvência.
Em outras palavras, os bancos centrais podem ter sido conteúdo para vender ouro no passado, mas agora confrontados com um furacão financeiro que se aproxima eles estão tendo segundos pensamentos - assim eles deveriam.
Na verdade, pode ter ocorrido a banqueiros centrais que a solvência de suas próprias instituições foi propositadamente prejudicado porque um banco central global provavelmente terá pouca necessidade de as locais e regionais.
Com o ouro atingindo cerca de US $ 70 em um ponto durante as negociações de hoje, hoje o meteorologista principais tendências no mundo advertiu King World News que o crash mundial de 2016 será duas vezes tão devastador como o colapso de 2008.
Gerald Celente: "Bem, as pessoas devem estar morrendo de medo de deflação. E é mais do que os preços do petróleo que estão deflação. De acordo com o Índice de Mercadorias Bloomberg, as commodities já caiu para 1991 níveis. Eric, este deflação é realmente uma depressão global ....
"Estamos agora a olhar para o Pânico de 2016 e a segunda volta do que foi educadamente chamado de" Grande Recessão ". E para muitos países que vai ser uma depressão profunda. É por isso que os preços estão mergulhando em todo o mundo, juntamente com os mercados de ações em todo o mundo. "
Ele está começando a ser tempos muito interessantes quando os bancos centrais estão a falsificação suas próprias moedas e comprar ações de mineração de ouro com o produto! Temos vindo a comprar estoques de ouro e ouro por anos porque sabíamos que ia chegar a esse ponto no tempo quando as coisas começaram a ficar louco. A loucura está apenas começando, a propósito, e ainda há um longo caminho a percorrer, e esperamos que os estoques de ouro e ouro a ser muito, muito maior nos próximos anos.
Minhas sugestões são estes: Mantenha um olho sobre o preço do ouro. Preste atenção para um aumento nas taxas de juros, especialmente para o título do Tesouro EUA de 10 anos. Antecipar o início de uma forte correção no mercado de ações. Procure por uma queda acentuada nos preços dos títulos associados com a venda de pânico. Outra QE pode ser tentado, mas não vai restaurar a confiança a próxima porvir . O dinheiro perdido no mercado de urso vir em títulos será muito superior ao muito grandes perdas que irão ocorrer no mercado de ações. Tumulto certamente virá para Wall Street e para além dele.


Alex Jones O dólar entrará em colapso 100% em 27 de setembro de 2016 .Último Aviso Para a América
Deixe as pessoas saberem que eles precisam para planejar e preparar. Sendo olhares preparados como - água, alimentos, remédios, armas de fogo, munição, armas, ferramentas, moeda alternativa, energia alternativa, curso alternativo, a auto-suficiência, o cultivo de alimentos, ser saudável e ser informado. - A sua vai ficar ruim ..!
Que o crash Mundial de 2016 vai ser duas vezes tão devastador quanto o de 2008. Os bancos centrais do mundo têm construído uma bolha enorme dívida de mais de US $ 225 trilhões, e agora que a bolha explodiu. O dano não só irá sacudir os mercados globais, que vai bater todos. E o caos vai se espalhar ampla e distante. As pessoas se preparar melhor para isso. Eles melhor aprender a sobreviver e prevalecer. "Reequilibrar uma ou duas vezes por ano. Isso significa que regularmente penhora lucros de qualquer classe de ativos que tem crescido substancialmente. Que irá proteger você de ir perdendo a maior parte de suas economias em uma crise econômica.
Você está preocupado com o seu futuro? Você está preocupado com as muitas catástrofes que você enfrenta em sua vida cotidiana? Não se preocupe mais. The Lost Ways vem para resolver seus problemas. Este programa foi criado por Davis Claude e seu papel principal é preparar e ensinar-lhe como lidar com os piores cenários usando a menor independência. Este programa irá, portanto, motivá-lo a proteger a sua família e amigos durante o pior período sem a ajuda da tecnologia moderna.
Lembre-se, calamidades estão por toda parte: no trabalho, em casa, na escola e muitos outros lugares. Estas calamidades causar tensão e leva a uma diminuição da produtividade. Esta pode finalmente conduzir a uma redução da vida útil. Felizmente, o maneiras perdeu revisão irá fornecer soluções para essas situações. Ele vai te dar as dicas para preparar-se quando nada parece ir como esperado.
Geralmente, a maioria das pessoas são otimistas. Isso os torna despreparados para o fracasso. No entanto, a melhor coisa é se preparar para piores momentos. É importante dizer a seus filhos sobre terremotos, focos de incêndio, condições meteorológicas extremas e outras calamidades. Diga-lhes como lidar com essas calamidades, caso eles ocorram.
Fonte:http://www.prepperfortress.com
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sábado, 10 de setembro de 2016

Deixando de lado o dólar: Rússia, China estão a criar novo Mercado de Ouro

Enquanto os bancos ocidentais principais estão artificialmente restringindo os preços do ouro para dar vida ao sistema de dólar diluído e desvalorizado, Rússia, China e outras economias emergentes estão envolvidos em "movimento genial" para estabelecer um mercado de ouro totalmente diferente, F. William Engdahl ressalta.
bancos chave centrais, em particular a Reserva Federal e do Banco da Inglaterra, e os jogadores de mercado ocidentais têm sido acusados ​​de manipulação clandestina preço do ouro destinado a preservar o papel do dólar ", como primus de reserva mundial em moeda", o pesquisador econômico americano-alemão e historiador F. William Engdahl escreve.
"O mercado de futuros de ouro COMEX em Nova York e no Over-the-Counter (OTC) negoceia apuradas através da London Bullion Market Association fazer preços fixos, que são seguidas mais amplamente no mundo. Eles também são mercados dominados por um punhado de grandes jogadores, os seis London Bullion Market Association compensação ouro bancos - o corrupto banco JP MorganChase; o banco UBS dominada pelo escândalo de Zurique; O Bank of Nova Scotia - ScotiaMocatta, o mais antigo banco bullion do mundo, que começou como banqueiro para a Companhia Britânica das Índias Orientais, o grupo que correu as Guerras do Ópio China; o dominada pelo escândalo Deutsche Bank; o dominada pelo escândalo Barclays Bank de Londres; HSBC de Londres, o banco casa dos cartéis mexicanos da droga; e o escândalo e fraude-montado Société Générale de Paris, "Engdahl narra.
Além disso, os bancos ocidentais estão a emitir numerosos papel "ouro-futuros" e outros contratos especulativos que são na verdade desconectado do ouro físico real.
Barras de ouro China e Rússia
Gold bars China RussiaEm uma palavra, as operações com o metal precioso em Londres e Nova York estão nas mãos questionáveis, o pesquisador econômica observou.
O objetivo final do Ocidente é preservar o monopólio do dólar no mercado respirando assim a vida no sistema financeiro global, liderada pelos Estados Unidos. Mas ninguém gosta monopolistas.
Previsivelmente, o atual estado de coisas não pode satisfazer economias emergentes, como a China, a Rússia e outras potências emergentes.
No entanto, "em vez de gritar e chorar" fraude "para os donos da COMEX / CME ou o London Bullion Market Association Big seis bancos de compensação, estes países estão envolvidos na jogada genial para criar um mercado de ouro totalmente diferente, que não JP MorganChase ou HSBC ou Deutsche Bank controle, mas que China, Rússia e outros de como o controle da mente, "Engdahl ressaltou.
Esta nova abordagem está ligado intimamente com o projeto Nova Rota da Seda levou-China e da infra-estrutura asiática com sede em Xangai Investment Bank (AIIB) .Em maio 2015 Pequim anunciou que tinha criado um fundo de investimento de ouro estatal, com o objetivo de reforçar o papel da China na comércio mundial de ouro. A nova iniciativa é uma parte da China ambicioso um cinto e um plano de caminho. O "Fundo de Ouro da Rota da Seda" vai investir em projetos de mineração nas regiões ao longo da estrada de New Silk encorajar os bancos centrais dos seus membros para aumentar suas participações no metal precioso.
"Como a China manifestou , o objetivo é permitir que os países euro-asiáticos ao longo da Rota da Seda para aumentar o lastro em ouro de suas moedas. Isso soa muito parecido com alguns lúcida e os governos de longo alcance está pensando em criar um grupo estável de moedas de ouro apoiado que facilitem o comércio ordenada livre de guerras cambiais Washington ", o pesquisador econômico elaborado.
E a Rússia está a cooperar ativamente com a China neste campo, destacou, acrescentando que apenas antes da criação do novo fundo de ouro da China dos países assinou um contrato para explorar as reservas de ouro da Rússia na Região de Magadan .Além dos últimos anos, a Rússia foi rapidamente reabastecendo seus cofres com lingotes de ouro. De acordo com dados oficiais, russos reservas de ouro físico atualmente totalizaram 1250.9 toneladas em junho de 2015.
Hoje a Rússia é considerada o terceiro maior produtor mundial de ouro com 245 toneladas produzidas em 2014, enquanto a China produz mais de 450 toneladas por ano.
"África do Sul, também membro dos BRICS, juntamente com a China e a Rússia, está a adicionar à nova energia em torno de um renascimento em ouro como um suporte das moedas sólidas, bem fundamentados para substituir o sistema de dólar diluído e desvalorizado", o pesquisador estressado.
De acordo com Engdahl, o Silk Road New Economic, integrado com nova União Económica da Eurásia da Rússia, são mais do que apenas a infra-estrutura energética e ferroviária: eles são o sistema nervoso central do futuro maior e mais rápido crescimento espaço económico em terra .Interessadamente suficiente, de acordo o relatório ANZ Research "East para El Dorado: Asia e o futuro do ouro" o preço do ouro pode subir tão alto quanto $ 2.000 por onça-troy em 2025. ANZ Research ressaltou que o ouro, apesar de sua queda atual, permanece tanto um investimento e uma ativo na defensiva. A ascensão das economias emergentes, como China e Índia facilitará a demanda por investimentos em ouro.
"Enquanto a maioria dos olhos estão fixos em COMEX ou o London Bullion Market Association listados correção do preço do ouro diária, o valor real do ouro como uma moeda de reserva e um padrão de solidez monetária está crescendo em valor a cada dia", Engdahl concluiu acrescentando que esta tendência é uma verdadeira dor no pescoço do Tesouro dos EUA, Reserva Federal e Wall Street.

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DETONOU: Advogado de Lula na ONU diz que Moro não tem condição “moral” para julgar ex-presidente



Em entrevista ao jornal chileno La Tercera, o advogado Geoffrey Robertson, que levou o caso do ex-presidente Lula ao Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas, diz que o juiz Sergio Moro deveria se afastar do caso por demonstrar “parcialidade”.
Ele também diz que Lula não possui contas secretas e que seu patrimônio imobiliário é o mesmo de quando chegou à presidência da República.
Confira, abaixo, a entrevista, em espanhol:
Geoffrey Robertson, abogado del ex Presidente brasileño ante la ONU: “Lula no tiene ninguna cuenta bancaria oculta ni propiedades más que su modesto departamento”
Por Fernando Fuentes
El pasado 28 de julio, el ex Presidente brasileño Luiz Inácio Lula da Silva anunció que apelaría ante la Comisión de Derechos Humanos de la ONU contra el juez federal Sérgio Moro, quien investiga el escándalo de Petrobras y los sobornos para financiar campañas políticas, por “persecución judicial”. La demanda fue encargada al abogado australiano-británico Geoffrey Robertson, quien resumió así los términos de la acción: “Los jueces no pueden ser acusadores”.
Especialista en derechos humanos, Robertson ha participado en la defensa del fundador de WikiLeaks, Julian Assange, del boxeador estadounidense Mike Tyson y del escritor indio Salman Rushdie frente a los tribunales de Ginebra. También tuvo un rol clave en la formación de los jueces que juzgaron a Saddam Hussein. En esta entrevista con La Tercera, el famoso abogado analiza el caso de Lula, su nuevo cliente.
¿Cómo se produjo el contacto con Lula? ¿Cuál era su opinión de él antes de llegar a ser su abogado?
Sus abogados se pusieron en contacto conmigo para pedirme considerar la equidad, en virtud de las normas internacionales, de los procedimientos legales a los cuales él estaba siendo sometido. Por supuesto, yo he actuado en una serie de casos relativos a los DD.HH. en países de América Latina. Por ejemplo, actué para Human Rights Watch en el Caso Pinochet y llevé a cabo la investigación por corrupción en contra de (los narcotraficantes colombianos, Gonzalo) Rodríguez Gacha y Pablo Escobar -ayudados por mercenarios israelíes- (en el caso de armas que involucró) al gobierno de Antigua. Mi libro “Crímenes contra la humanidad” inspecciona notorias violaciones de los DD.HH. en América Latina, y ha sido traducido al español. Así que cuando fui contactado por los abogados de Lula, estuve feliz de asesorarlo. No lo conocía, aparte de por su reputación: como hombre de Estado de considerable distinción, cuyas políticas habían sacado a millones de brasileños de la pobreza.
¿Por qué el caso de Lula debería ser discutido por el Comité de DD.HH. de la ONU?
Todos los países necesitan un tribunal de DD.HH. objetivo y externo que pueda de vez en cuando examinar sus procedimientos legales para garantizar que cumplen con los estándares internacionales básicos de justicia. En Europa, Gran Bretaña y España y el resto de los países tiene un tribunal de este tipo -la Corte Europea de Derechos Humanos- y se benefician en gran medida de la decisión de jueces internacionales que puedan asegurar que sus propios procedimientos cumplen con las normas internacionales. En Brasil, tienen algunos procedimientos no reformados que son obviamente injustos, por ejemplo, el juez de instrucción puede intervenir teléfonos de un sospechoso y luego liberar las interceptaciones a los medios de comunicación, lo que es una grave invasión de la privacidad. El juez puede poner a un sospechoso en la cárcel y no liberarlo hasta que confiese o “negocie los cargos”, que es un medio para confesiones poco fiables. El juez de instrucción, que llega a involucrarse profundamente en el proceso de enjuiciamiento, entonces se convierte en el juez de la causa, sin un jurado o asesores, y es obviamente sesgado. Así que estos son aspectos del procedimiento legal de Brasil que necesitan una reforma. Algunos han sido llevados a la Corte Interamericana, que, por ejemplo, ha condenado la publicación de escuchas telefónicas, pero el juez (Sérgio) Moro parece no hacer caso de sus decisiones. Así que espero que los jueces brasileños se guíen por una decisión de un tribunal de la ONU.
¿Cuáles son los principales cargos que usted ha presentado contra el juez Sérgio Moro?
Bueno, no son cargos en un sentido formal, pero hay una serie de quejas contra este juez por la forma en que ha actuado, por ejemplo, publicar escuchas telefónicas – incluso interceptaciones ilegales- y alentar a los medios de comunicación locales a demonizar a Lula antes de que haya tenido lugar cualquier juicio. El incluso ayudó a lanzar un libro que glorifica su investigación “Lava Jato” y sugiere que Lula es culpable y, sin embargo, aún reclama el derecho a actuar como juez de la causa a pesar de estar obviamente predispuesto contra él. Estos son temas de vital importancia en la persecución de la corrupción política, usted no puede procesar de manera efectiva a menos que enjuicie limpiamente. Eso es todo lo que Lula pide, él acepta que no está por encima de la ley, pero él tiene derecho a que la ley sea aplicada de manera justa y sin hostilidad política.
Los abogados brasileños de Lula dicen que Moro está animado a participar en las presidenciales de 2018 y que puede impedir la candidatura del ex mandatario si lo condena en un proceso judicial. ¿Usted comparte esa opinión?
Los abogados de Lula están señalando que el juez Moro ha alentado la publicidad que lo hace aparecer como un héroe y no ha desmentido estas historias de que se presentará a Presidente. Esto estaría bien si fuera un fiscal, pero él es un juez de primera instancia y debe en ese papel conducirse a fin de no dar la impresión de que ha prejuzgado Lula. El ha dado una percepción de parcialidad, y por lo tanto debería retirarse de cualquier juicio. Sin embargo, se ha negado.
Lula fue imputado recientemente por “obstrucción a la justicia” en el caso Lava Jato. ¿Esa decisión judicial puede influir en el análisis de la Comisión de Derechos Humanos de la ONU?
Lula ha sido catalogado como un acusado en un caso ante otro juez que no tiene nada que ver con los asuntos de la petición a la ONU. El está haciendo una solicitud para ser eliminado de la lista, sobre la base o la falta de cualquier evidencia creíble de que él no ha hecho nada para obstruir a la justicia.
¿Qué le diría a los que creen que Lula busca evadir a la justicia brasileña?
Eso no tiene sentido. El permanece sujeto a un proceso legal brasileño. Las quejas que hace a la ONU no se refieren a la sustancia de ningún cargo que se pueda interponer contra él, sino más bien al procedimiento para el manejo de ellos. Lula ha hecho hincapié en repetidas ocasiones que está dispuesto a hacer frente a cualquier alegación y a refutar cualquier acusación de corrupción. El no tiene ninguna cuenta bancaria en el exterior u oculta, ni propiedades más que su modesto departamento, y no hay recursos de sustancia más que el dinero que ganó por conferencias después de dejar el cargo. El ha desafiado a los fiscales de demostrar lo contrario, y permanecerá en Brasil para luchar contra sus alegatos, si alguna vez son llevados ante la Corte. El caso de la ONU es un intento sólo para asegurar que si son llevados a los tribunales serán juzgados limpiamente, es decir, no por el juez Moro.
¿Cuál es su opinión sobre el proceso de impeachment que enfrenta la Presidenta Dilma Rousseff? ¿Cree que este caso puede ser visto por la ONU?
No estoy en condiciones de formarme una opinión sobre el caso de Dilma. Sólo puedo advertir que el impeachment es un proceso torpe y arcaico, el cual ha sido prácticamente abandonado en Gran Bretaña y muchos otros países. Si un político es acusado de delito, incluso cuando está en el cargo, él o ella deben ser llevados a un tribunal penal ordinario como cualquier otra persona. Si, como en el caso de Dilma lo entiendo, ellos son acusados de engañar al Parlamento, deben enfrentarse a una moción de “no confianza” y renunciar si lo pierden. El impeachment es una forma de juicio por el Parlamento, y casi todos los parlamentarios serán parciales, miembros de su propio partido serán parciales en su favor, y aquellos que forman la oposición serán parciales en contra de ella. Pero la acusación en su contra, la cual se relaciona con el presupuesto de los últimos años, realmente no tiene nada que ver con Lula.
http://clickpolitica.com.br/brasil/detonou-advogado-de-lula-na-onu-diz-que-moro-nao-tem-condicao-moral-para-julgar-ex-presidente/

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Putin vs. Bilderberg: "Vocês querem outra crise dos mísseis cubanos?"

By Ruslan Ostashko
Fort Russ 5 September 2016
putin
O mais importante evento de informações de sexta-feira foi a entrevista de Vladimir Putin com a Bloomberg, no qual o presidente russo tocou em questões-chave na agenda global de informação. Estou certo de que dezenas de publicações estão indo ao longo desta entrevista e discutir cada pergunta e resposta na mesma, mas eu quero propor-vos, queridos amigos, a olhar para isso de um ângulo diferente.
O ponto é que John Micklethwait, o editor-chefe da Bloomberg que entrevistou o presidente russo, não é apenas um jornalista, mas um dos muitos jornalistas que participou por muitos anos nas reuniões do Clube Bilderberg como membro pleno deste grupo de interesse sombra cujas opiniões determinar as políticas dos países ocidentais. Eu acho que isso explica o formato incomum da entrevista e o fato de que Vladimir Putin chamou Micklethwait um "especialista" e debateu com ele mais como um político do que um jornalista ...


Para ver a entrevista Bloomberg clique em Vídeo


Se olharmos para a entrevista com Putin a partir deste ponto de vista, então vemos que isso pode ser considerado como a resposta de Putin à elite política ocidental. Aqui estão os pontos-chave que eu gostaria de destacar.
John Micklethwait investigou se Putin está pronto para trocar ou vender o Ilhas Kurilas e Kaliningrado, uma questão que imediatamente recebeu uma resposta afiada do presidente russo. A resposta sobre as ilhas Kurilas foi feito em estilo tradicional de Putin, afirmou no sentido de que "a Rússia não trocará territórios, mas olha para os acordos que atendam ambas as partes."
Quanto Kaliningrado, Putin descreveu a seguinte perspectiva para este representante de Bilderberg: se alguém começa a rever o resultado da Segunda Guerra Mundial, em seguida, a questão pode ser imediatamente levantada sobre territórios 'orientais da Alemanha , onde o Lvov pertence, e as fronteiras da Roménia e Hungria. Se alguém quer abrir "caixa de Pandora", como Putin colocá-lo, em seguida, " vão em frente com a bandeira na mão." John Micklethwait apressou-se a dizer o que ele estava brincando. Mas o intrevista em vídeo mostra que Putin não apreciou em nada a "piada".
O segundo ponto importante foi quando John Micklethwait perguntou a Putin sobre as reservas russas de ouro-moeda, os défices orçamentais, e os preços do petróleo. Ele, como muitos liberais russos, distorceram citação de Putin sobre a produção de petróleo caindo, se os preços do petróleo caírem abaixo de US $ 80 o barril. Mas Putin razoavelmente respondeu que temos reservas de divisas suficientes por todos os padrões e um défice orçamental moderado. Para a questão dos preços do petróleo, o presidente russo observou que os investimentos na produção de petróleo caíram acentuadamente dadas preços correntes. Isto é o que ele tinha em mente, não o que certos jornalistas são citar erroneamente como dizendo.
Aqui você pode ver no gráfico compilado por si só Bloomberg que, ironicamente, indica que o presidente russo é absolutamente certo.

Devido aos baixos preços do petróleo, ninguém está investindo na exploração de novas reservas, daí porque o número e o tamanho dos novos campos de petróleo em 2015 e 2016 caiu para zero. Isto significa que, no futuro, inevitavelmente esperam por uma escassez de petróleo e correspondentes preços mais elevados. A resposta de Putin pode ser interpretado como uma sugestão subtil para as circunstâncias económicas graves que os nossos parceiros ocidentais não vai encontrar ao seu gosto.
Devemos dar crédito ao representante do clube de Bilderberg - ele realmente tentou provocar o presidente russo para lhe dar as respostas que ele queria. Em particular, ele tentou apresentar Putin como um inimigo ferrenho da Europa que deseja o colapso da zona do euro, a destruição do Euro, e o colapso total do projeto europeu. Afinal, qual a melhor maneira de apoiar a propaganda anti-russa na Europa do que com as palavras do próprio presidente russo? Putin, como esperado, não mordeu a isca. Ele desejou que os europeus a melhor sorte na luta contra a crise e comentou que ele é crítico da política externa da UE, mas que a Rússia espera para a economia europeia a melhorar.
A segunda provocação não foi quando Micklethwait tentou forçar Putin a apoiar publicamente Donald Trump como candidato a presidente dos Estados Unidos, ou pelo menos admitir que a Rússia estava por trás do ataque de hackers em servidores do Partido Democrata. Essa provocação falhou, como Putin declarou a sua disponibilidade para trabalhar com qualquer presidente americano capaz de cumprir com os acordos. Para que isso seria menos doloroso para o entrevistador, ele acrescentou que ele entende por que o público americano estava tão surpreso com a informação de que hackers expostos. Traduzido do linguagem diplomática para o Inglês, o seu comentário soou tão: "Sim, todo mundo sabe que você tem um sistema político podre - o suficiente para garantir uma comédia fora dele."
E o elemento final importante: o presidente russo sublinhou que se alguém da liderança norte-americana tenta "se livrar de nós," vamos sobreviver e "quem sabe que vai perder mais com tal abordagem."
Em seguida, Putin quebrou o formato de entrevista e fez uma pergunta direta ao representante do Clube Bilderberg. Putin perguntou se eles querem repetir a crise dos mísseis cubanos. John Micklethwait rapidamente respondeu que "ninguém quer." Do meu ponto de vista, esta foi outra mensagem clara e inequívoca aos nossos parceiros ocidentais. Como se costuma dizer, uma palavra amável e uma arma nuclear pode conseguir mais do que apenas uma palavra gentil. Tudo o que resta é a esperança de que os nossos parceiros ocidentais irão tirar as conclusões corretas a partir de palavras do presidente russo.


A fonte original deste artigo é Fort Russ
http://undhorizontenews2.blogspot.com.br/

domingo, 4 de setembro de 2016

Volta ao passado: Brasil de costas para América Latina

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As reações do Itamaraty, chefiado por José Serra, às críticas ao golpe contra Dilma Rousseff aprofundam a crise diplomática entre o Brasil e a comunidade latino-americana, colocam o Mercosul num impasse ameaçador a seu futuro e restabelecem a política externa anterior à Nova República (1985), em que o Brasil vivia de costas para seus vizinhos e de frente para os países do Primeiro Mundo, em posição subalterna. Depois dos atritos com Venezuela, Bolívia e Equador, Serra chamou de volta o embaixador do Brasil em Havana. Seria sintomático o Brasil romper com Cuba justamente agora, quando até os Estados Unidos voltam seus olhos para a ilha, restabelecendo relações diplomáticas rompidas por 50 anos.
Acredito que pelo menos um peemedebista e aliado de Temer deve sentir-se desconfortável, o ex-presidente José Sarney. Foi em seu governo que a política externa brasileira fez uma forte inflexão em relação à América Latina. Em novembro de 1985, encerradas as ditaduras militares aqui e na Argentina, Sarney e o então presidente argentino Raúl Alfonsin firmaram a Declaração de Foz do Iguaçu, em favor da integração do Cone Sul, lançando as bases da chamada aliança estratégica entre os dois países e sepultando o passado de desconfianças recíprocas. Logo depois, em outra reunião, a convite do Brasil, em Itaipava, começou a tomar forma o Mercosul. Convidados, Uruguai e Paraguai se integraram ao bloco. Foi também no governo de Sarney que as relações diplomáticas com Cuba foram reatadas.
Tudo isso está indo por água abaixo pouco em pouco mais de 100 dias de governo Temer. E na contramão da Constituição de 1988, que em seu artigo 4º diz expressamente: “Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.” A comunidade tomou forma, com grande empenho do Brasil durante o governo Lula, com Celso Amorim no Itamaraty, através da criação da Unasul, cujo presidente, Ernesto Samper, está fazendo consultas aos demais integrantes sobre o afastamento definitivo de Dilma.
Ansioso por se apresentar ao mundo como presidente definitivo do Brasil, Temer está colhendo críticas, desprezo internacional e uma crise regional. Na quarta-feira, 31 de agosto, após a decisão do Senado, os governos da Venezuela, Bolívia e Equador decidiram chamar seus embaixadores para consultas, o que na diplomacia é um sinal amarelo. A Venezuela, com quem o caldo já vinha entornando por causa da presidência temporária do Mercosul, falou até em “congelar” as relações com o Brasil. Em nota, o Itamaraty lamentou as reações, afirmando que tais governos “ignoram os fundamentos de um Estado democrático de direito, como o que vige de maneira plena no Brasil”. Nesta quinta-feira, a reação foi mais forte em relação ao comunicado oficial de Cuba, também um tom acima de outras manifestações.
“O governo Revolucionário da República de Cuba rejeita energicamente o golpe de Estado parlamentar-judicial que se consumou contra a presidente Dilma Rousseff", diz a nota, afirmando ainda que Dilma foi deposta "sem que se apresentasse nenhuma evidência de crimes de corrupção nem crimes de responsabilidade", num “ato de desacato à vontade soberana do povo que a elegeu".
No plano regional, o novo governo foi reconhecido por Argentina, Chile e Colômbia, mas de forma fria e protocolar, sem o entusiasmo que era esperado. Os Estados Unidos emitiram um comunicado mais positivo de reconhecimento. O jornal mais influente do mundo, o New York Times, afirmou em seu editorial que "será uma vergonha se a História mostrar que ela (Dilma) estava certa". O texto lembra que muitos senadores que votaram pela cassação da ex-presidente são alvos de investigação, destaca os avanços do Brasil na era PT e aponta erros do partido e do governo Dilma. Outros jornais, mundo a fora, questionaram o impeachment, considerando-o pelo menos “polêmico”.
No caso de Cuba, se o atrito evoluir para um incidente mais grave, uma das consequências será em relação ao programa Mais Médicos, que conta com 11 mil profissionais cubanos atuando no interior do país. As prefeituras já fizeram apelos ao governo Temer, durante a interinidade, para que mantivesse o programa e os médicos cubanos, cujo atendimento é apreciado pela população. Recentemente, Cuba reivindicou correção nos contratos, em função da mudança cambial, concordando em prorrogar, até depois da Olimpíada e das eleições municipais, aqueles que venceriam em agosto. A renegociação dos valores, entretanto, não avançou. Uma nova reunião ficou marcada para este mês. Hoje o Brasil não é o único país que contrata médicos cubanos. Eles atuam em países africanos e árabes e a demanda internacional por seus serviços tem aumentado.
Já o Mercosul embrenha-se cada vez mais numa crise de difícil saída, gerada pela oposição de Serra à posse da Venezuela na presidência temporária do bloco, em sistema de rodízio previsto pelo Tratado de Ouro Preto. Como tudo tem que ser decidido por consenso, e o Uruguai não cederá, o Brasil não conseguirá expulsar ou suspender a Venezuela, ainda que tenha o apoio de Argentina e Paraguai. A Venezuela também não sairá espontaneamente, depois de ter adequado regras comerciais e tarifas para entrar no bloco. Justamente agora, quando a Bolívia estava para formalizar sua adesão. Nada será resolvido, nada avançará. Mas Serra, ninguém ignora, sempre foi crítico da existência e das regras do bloco integrador do Cone Sul, que poderia evoluir para uma construção regionalmente mais ampla, como a União Europeia. Mas isso era sonho de um tempo que acabou na quarta-feira.
http://www.brasil247.com/pt/blog/terezacruvinel/253060/Volta-ao-passado-Brasil-de-costas-para-América-Latina.htm

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Imprensa golpista brasileira pede repressão por parte do governo aos movimentos populares

Editoriais da Folha e do Estado pedem porrada nos manifestantes

Foto: Daniel Arroyo / Edição 247: 247 – Os jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo publicaram editoriais nesta sexta-feira 2 sugerindo ao governo Michel Temer que amplie a repressão contra manifestantes, que a Folha chama de "fascistas". "A polícia revela-se pouco preparada para manter a ordem e garantir que apenas os manifestantes violentos sejam coibidos. Não faltaram episódios em que policiais cruzaram os braços em face da baderna ou exorbitaram na repressão, atingindo inocentes", diz trecho do texto da Folha (leia a íntegra aqui).
"Grupelhos extremistas costumam atrair psicóticos, simplórios e agentes duplos, mas quem manipula os cordéis? O que pretendem tais pescadores de águas turvas? Quem financia e treina essas patrulhas fascistoides? Está mais do que na hora de as autoridades agirem de modo sistemático a fim de desbaratá-las e submeter os responsáveis ao rigor da lei", continua o editorial.
Já o Estado de S. Paulo defende que "cabe às autoridades constituídas reprimir a baderna" e afirma que Dilma Rousseff "incita os brasileiros à divisão, por todos os meios", depois de ter se "dedicado, com sua incompetência, arrogância e sectarismo, a levar o País à beira do abismo". Segundo o editorial, "os confrontos com a polícia são deliberadamente provocados pelos próprios baderneiros" (leia aqui)
"Cabe às autoridades constituídas reprimir a baderna e impedir que a desordem se torne rotina. É preciso saber distinguir o legítimo e democrático direito a manifestação no espaço público da baderna que atenta contra o direito da população de viver seu cotidiano em paz. No primeiro caso, o poder público tem o dever de oferecer aos cidadãos a garantia de se manifestar pacificamente. No segundo, tem a obrigação de impedir a ameaça potencial ou a ação daqueles que infringem a lei. A baderna nas ruas, longe de ser uma forma legítima e democrática de manifestação popular, é um grave atentado ao direito fundamental que os cidadãos, o povo, têm de viver em paz", diz um trecho do texto.
O editorial do Estado diz ainda que "o que se viu na quarta-feira nas ruas de São Paulo e ontem em pleno recinto do Senado Federal – onde baderneiros interromperam os trabalhos de uma comissão presidida pelo senador Cristovam Buarque – são exemplos de que os movimentos 'populares' estão a transgredir de forma abusiva os limites estabelecidos pela lei. Pois não há 'direito' que justifique a violência nas ruas ou a ela sobreviva".
Na noite do dia do impeachment de Dilma Rousseff, 31 de agosto, a fachada da Folha teve que ser protegida pela Polícia Militar para não sofrer um escracho.
http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/253127/Editoriais-da-Folha-e-do-Estado-pedem-porrada-nos-manifestantes.htm

Mujica: vimos no Brasil a consumação de um golpe de estado

Natacha Pisarenko: Uruguay's President Jose Mujica  speaks during a ceremony to launch a new catamaran ferry between Montevideo and Buenos Aires in Buenos Aires, Argentina,  Monday, Sept. 30, 2013. The ferry that will begin operating Oct. 2 and will cut the travel time betw “O que vimos foi a consumação de um golpe de Estado que estava anunciado já há algum tempo”, disse o ex-mandatário uruguaio José “Pepe” Mujica; aos 81 anos, ele afirmou ainda que já viu “muitos castelos de ilusões irem ao chão”, em referência à possibilidade de que a conjuntura possa levar ao fim dos programas sociais iniciados pelos governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff no Brasil
Da Carta Maior, com informações do jornal uruguaio El Observador – “O que vimos foi a consumação de um golpe de Estado que estava anunciado já há algum tempo”, disse o ex-mandatário uruguaio José “Pepe” Mujica, durante evento realizado na sede da organização PIT-CNT (Plenária Intersindical de Trabalhadores – Convenção Nacional de Trabalhadores, uma das mais importantes do país).
Mujica, de 81 anos, disse também que já viu “muitos castelos de ilusões irem ao chão”, em referência à possibilidade de que a conjuntura possa levar ao fim dos programas sociais iniciados pelos governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff no Brasil. Em referência a outras situações políticas conturbadas na América Latina e no mundo, o hoje senador uruguaio afirmou que “a humanidade está diante de um desafio de proezas”.
Durante o seu governo, Mujica manteve uma relação bastante próxima com a presidenta Dilma Rousseff. Ambos militaram na luta armada e foram presos políticos na época das ditaduras da segunda metade do Século XX, em seus respectivos países – Dilma fez parte da organização VAR-Palmares, sendo presa e torturada entre 1970 e 1972, enquanto Mujica foi integrante do grupo MLN, também conhecido como Tupamaros, e passou doze anos numa solitária, durante os anos da ditadura uruguaia (1973-1985).
“Pepe” Mujica expressou durante o encontro que “a luta pelo Brasil não é só uma questão de solidariedade, é uma questão de defesa dos interesses latino-americanos”.
Para ele, “esta luta pelo Brasil também é nossa, e nós vamos acompanhá-la”, sentenciou o ex-presidente e atual senador pelo partido MPP, que finalizou sua intervenção no evento indicando que a direita brasileira, que recuperou o poder no Brasil com a derrubada de Dilma, “não vai levar esse prêmio grátis, para eles tampouco vai ser fácil, sobretudo para convencer o povo a aceitar sua legitimidade”.
http://www.brasil247.com/pt/247/mundo/253087/Mujica-vimos-no-Brasil-a-consumação-de-um-golpe-de-estado.htm

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

NYT: Brasil pode se tornar vergonha mundial

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247 - O The New York Times, um dos jornais mais influentes do mundo, dedicou um de seus editoriais desta quinta-feira 1º para o cenário político brasileiro. "Será uma vergonha se a História mostrar que ela estava certa", diz o texto, em referência a Dilma Rousseff, afastada por 61 votos a 20 pelo Senado nesta quarta-feira.
O jornal lembra que muitos senadores que votaram 'sim' pelo afastamento da petista são alvos de investigação por corrupção. O NYT também relembra a trajetória do PT e "um transformando período de 13 anos" do partido no governo, mas também recorda o que considera erros de Dilma, como a nomeação do ex-presidente Lula para o ministério da Casa Civil.
Sobre Michel Temer, o jornal recomenda que ele não deve se colocar entre as investigações da Lava Jato, rejeitando "iniciativas do legislativo com o objetivo de minar o trabalho dos promotores". E aconselha o peemedebista a respeitar a plataforma aprovada pelos brasileiros no pleito de 2014, tomando cuidado com cortes do ajuste fiscal e redução em programas sociais.
Leia abaixo a íntegra do editorial, em português:
A presidente brasileira deposta
O Brasil teve quatro presidentes eleitos desde que a democracia foi restaurada, em 1985. Dois deles cumpriram seus mandatos. Na quarta-feira (31), Dilma Rousseff foi a segunda a ser deposta enquanto no cargo, em meio a um turbilhão político e denúncias de malfeitos.
Os senadores votaram por larga maioria no impeachment de Rousseff pelo uso de fundos de bancos estatais para sustentar o orçamento do governo antes de sua reeleição em 2014, o que eles consideraram um crime; alguns de seus antecessores usaram truques orçamentários semelhantes. A saída de Rousseff marca o fim de um regime transformador de 13 anos do Partido dos Trabalhadores, de esquerda, que usou as receitas do Estado geradas por um apogeu das matérias-primas para tirar milhões de pessoas da pobreza, mas perdeu o apoio quando a economia entrou em recessão nos últimos anos.
Rousseff denunciou o processo como um golpe de adversários políticos que a consideravam uma ameaça porque não impediu um inquérito sobre corrupção que envolvia dezenas de membros da classe governante do país. Rousseff comparou o caso contra ela com o período do regime militar, quando foi uma das centenas de pessoas detidas e torturadas.
"Hoje o Senado tomou uma decisão que entrará para a história como uma grande injustiça", disse ela em um discurso desafiador, depois que os legisladores votaram por 61 a 20 por seu impeachment. "Sessenta e um senadores reverteram a vontade expressa por 54,5 milhões de votos."
Rousseff prometeu combater o que ela descreveu como a tentativa de uma coalizão de políticos homens de direita, eles mesmos manchados por denúncias de corrupção, para sequestrar o processo político. "O projeto nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está sendo interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária", disse ela.
Será uma vergonha se a história provar que ela tem razão. Mas o legado de Rousseff, e os fatos que levaram a sua queda, são mais complexos do que ela admite. Rousseff tornou-se profundamente impopular quando a recessão se instalou e ela não conseguiu criar a coalizão necessária para governar com eficácia. Quando investigadores da corrupção se concentraram em seu antecessor na Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, ela abusou de sua autoridade ao lhe dar um cargo de ministro, para protegê-lo de um processo.
Há passos concretos que o governo pode dar para começar a restaurar a fé dos brasileiros em sua elite política assolada por escândalos. Michel Temer, que se tornou presidente interino em maio quando Rousseff foi afastada, deve permitir que continuem as investigações de corrupção e rejeitar as iniciativas legislativas destinadas a enfraquecer os promotores.
Desde que ele assumiu o cargo, a economia do Brasil melhorou modestamente, conforme os mercados reagiram positivamente a seus planos econômicos, que incluem a privatização de companhias estatais e a reforma do inchado sistema de aposentadorias do país. Equilibrar o orçamento exigirá cortes dolorosos, mas Temer deve ser judicioso ao reescalonar os programas sociais que deram popularidade ao Partido dos Trabalhadores. Até que os brasileiros possam eleger um novo presidente, em 2018, ele poderia honrar o processo democrático do país ao permanecer razoavelmente fiel à plataforma que eles aprovaram na última vez.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves, via UOL
http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/252929/NYT-Brasil-pode-se-tornar-vergonha-mundial.htm

Golpe 'made in USA': Queda de Dilma foi ordenada por Wall Street?


Henrique Meirelles, ministro da Fazenda do governo provisório Temer

Em artigo publicado pela primeira vez em junho, mas reeditado neste 1º de setembro, um dia após a consumação do impeachment no Brasil, o renomado professor e economista canadense Michel Chossudovsky explica por que a queda de Dilma foi ordenada por Wall Street e tenta desmascarar “os atores por trás do golpe”.

“O controle sobre a política monetária e a reforma macroeconômica eram os objetivos últimos do golpe de Estado. As nomeações principais do ponto de vista de Wall Street são o Banco Central, que domina a política monetária e as operações de câmbio, o Ministério da Fazenda e o Banco do Brasil”, diz o artigo, ressaltando que, desde o governo FHC, passando por Lula e Temer, Wall Street tem exercido controle sobre os nomes apontados para liderar essas três instâncias estratégicas para a economia brasileira.
Henrique Meirelles
Valter Campanato/Agência Brasil
Reforma fiscal será aprovada até outubro, garante Meirelles
“Em nome de Wall Street e do ‘consenso de Washington’, o ‘governo’ interino pós-golpe de Michel Temer nomeou um ex-CEO de Wall Street (com cidadania dos EUA) para dirigir o Ministério da Fazenda”, diz o artigo, referindo-se a Henrique Meirelles, nomeado em 12 de maio.
Como observa o artigo, Meirelles, que tem dupla cidadania Brasil-EUA, serviu como presidente do FleetBoston Financial (fusão do BankBoston Corp. com o Fleet Financial Group) entre 1999 e 2002 e foi presidente do Banco Central sob o governo Lula, entre 1º de janeiro de 2003 e 1º de janeiro de 2011.
Antes disso, o atual ministro da Fazenda, que volta ao poder sob o governo Temer após ter sido dispensado por Dilma em 2010, também atuou por 12 anos como presidente do BankBoston nos EUA.
Já o atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, nomeado por Temer em 16 de maio, tem dupla cidadania Brasil-Israel e foi economista-chefe do Itaú, maior banco privado do Brasil. Segundo o artigo, Goldfajn “tem laços estreitos tanto com o FMI [Fundo Monetário Internacional] quanto com o Banco Mundial”.
“Goldfajn já havia trabalhado no Banco Central sob Armínio Fraga, bem como sob Henrique Meirelles. Ele tem estreitos laços pessoais com o prof. Stanley Fischer, atualmente vice-presidente do Federal Reserve dos EUA [além de ex-vice-diretor do FMI e ex-presidente do Banco Central de Israel]. Desnecessário dizer que a nomeação de Golfajn ao Banco Central foi aprovada pelo FMI, pelo Tesouro dos EUA, por Wall Street e pelo Federal Reserve dos EUA”, afirma o artigo.
Fraga, por sua vez, atuou como presidente do Banco Central entre 4 de março de 1999 e 1º de janeiro de 2003. Ele foi diretor de fundos de cobertura (hedge funds) por seis anos na Soros Fund Management (associada ao magnata George Soros), e também tem dupla cidadania Brasil-EUA.
“O sistema monetário do Brasil sob o real é fortemente dolarizado. Operações da dívida interna são conducentes a uma dívida externa crescente. Wall Street tem o objetivo de manter o Brasil em uma camisa de força monetária”, explica o professor canadense.
Por isso, afirma o artigo, quando Dilma Rousseff aponta um nome não aprovado por Wall Street para a presidência do Banco Central, a saber, Alexandre Antônio Tombini, cidadão brasileiro e funcionário de carreira no Ministério da Fazenda, é compreensível que os interesses financeiros externos se articulem aos interesses das elites brasileiras para mudar o quadro político no país.
Contexto histórico
No início de 1999, na sequência imediata do ataque especulativo contra o real, diz Chossudovsky, o presidente do Banco Central, Francisco Lopez (que havia sido nomeado em 13 de janeiro de 1999, a Quarta-feira Negra) foi demitido pouco depois e substituído por Armínio Fraga, cidadão americano e funcionário da Quantum Fund de George Soros em Nova York.
"A raposa tinha sido nomeada para tomar conta do galinheiro", resume o artigo, afirmando que, com Fraga, os especuladores de Wall Street tomaram o controle da política monetária do Brasil.
FMI predio
Karen Bleier/AFP
'Governo interino vai ouvir mais (de novo) o FMI'
Sob Lula, o apontamento de Meirelles para a presidência do Banco Central do Brasil dá seguimento à situação, diz o artigo, destacando que o nomeado já havia atuado anteriormente como presidente e CEO dentro de uma das maiores instituições financeiras de Wall Street. “A FleetBoston era o segundo maior credor do Brasil, após o Citigroup. Para dizer o mínimo, ele [Meirelles] estava em conflito de interesses. Sua nomeação foi acordada antes da ascensão de Lula à presidência”, escreve o autor.
Além disso, Meirelles foi um firme defensor do controverso Plano Cavallo da Argentina na década de 1990: “um ‘plano de estabilização’ de Wall Street que causou grandes estragos econômicos e sociais”, segundo o professor Chossudovsky.
De acordo com ele, “a estrutura essencial do Plano Cavallo da Argentina foi replicada no Brasil sob o Plano Real, ou seja, a imposição de uma moeda nacional conversível dolarizada. O que este regime implica é que a dívida interna é transformada em uma dívida externa denominada em dólar”.
Quando Dilma sobe à presidência em 2011, Meirelles é retirado da presidência do Banco Central. Como ministro da Fazenda de Temer, ele defende a chamada “independência do Banco Central”.
“A aplicação deste conceito falso implica que o governo não deve intervir nas decisões do Banco Central. Mas não há restrições para as ‘Raposas de Wall Street’”, diz o artigo, acrescentando que “a questão da soberania na política monetária é crucial” e que “o objetivo do golpe de Estado foi negar a soberania do Brasil na formulação de sua política macroeconômica”.
Senado faz avaliação e aprova economista Ilan Goldfajn para presidência do Banco Central
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Senado faz avaliação e aprova economista Ilan Goldfajn para presidência do Banco Central
De fato, sob o governo Dilma, a "tradição" de nomear uma “raposa de Wall Street" para o Banco Central foi abandonada com a nomeação de Tombini, que permaneceu no cargo de 2011 até maio de 2016, quando Temer assume a presidência interina do país.
A partir daí, Meirelles, no Ministério da Fazenda do governo interino, “aponta seus próprios comparsas para chefiar o Banco Central [Goldfajn] e o Banco do Brasil [Paulo Caffarelli]”, diz o artigo do Global Research, sublinhando que o novo ministro havia sido descrito pela mídia dos EUA como "market friendly" (“amigo do mercado”).
Conclusão
“O que está em jogo através de vários mecanismos – incluindo operações de inteligência, manipulação financeira e meios de propaganda – é a desestabilização pura e simples da estrutura estatal do Brasil e da economia nacional, para não mencionar o empobrecimento em massa do povo brasileiro”, afirma Chossudovsky.
Segundo a tese do renomado professor, “Lula era ‘aceitável’ porque seguiu as instruções de Wall Street e do FMI”, mas Dilma, com um governo mais guiado por um nacionalismo reformista soberano, não pôde ser “aceita” pelos interesses financeiros dos EUA, apesar da agenda política neoliberal que prevaleceu sob seu governo.
“Se Dilma tivesse decidido manter Henrique de Campos Meirelles, o golpe de Estado muito provavelmente não ter ocorrido”, afirmai o analista.
“Um ex-CEO/presidente de uma das maiores instituições financeiras dos Estados Unidos (e um cidadão dos EUA) controla instituições financeiras-chave do Brasil e define a agenda macroeconômica e monetária para um país de mais de 200 milhões de pessoas. Chama-se um golpe de Estado… dado por Wall Street”, conclui Chossudovsky.
Temer repassa interinamente a Presidência da República ao Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia
Carolina Antunes/PR
Como presidente em exercício, Rodrigo Maia já cumpre agenda no Palácio do Planalto
Michel Chossudovsky, escritor premiado, é professor (emérito) de Economia da Universidade de Ottawa, fundador e diretor do Centro de Pesquisa sobre a Globalização (CRG) e editor da organização independente de pesquisa e mídia Global Research. Ele lecionou como professor visitante na Europa Ocidental, no Sudeste Asiático e na América Latina, serviu como conselheiro econômico para governos de países em desenvolvimento e tem atuado como consultor para várias organizações internacionais. Ele é o autor de onze livros, publicados em mais de vinte línguas. Em 2014, foi premiado com a Medalha de Ouro de Mérito da República da Sérvia por seus escritos sobre a guerra de agressão da OTAN contra a Iugoslávia.
http://br.sputniknews.com/brasil/20160901/6212099/golpe-dilma-wall-street.html

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Bolívia, Venezuela e Equador convocam embaixadores após o golpe

: 247 – O governo da Venezuela, de Nicolás Maduro, anunciou nesta quarta-feira 31 que congelará suas relações com o Brasil sob a gestão de Michel Temer.
Venezuela, Bolívia e Equador anunciaram que irão convocar seus embaixadores no Brasil após o afastamento de Dilma Rousseff pelo Senado nesta tarde.
"O governo da República Bolivariana da Venezuela, em resguardo da legalidade internacional e solidária com o povo do Brasil, decidiu retirar definitivamente seu embaixador da República Federativa do Brasil e congelar as relações políticas e diplomáticas com o governo surgido a partir deste golpe parlamentar", diz comunicado publicado no site do governo venezuelano.
"Destituíram Dilma. Uma apologia ao abuso e à traição. Retiraremos nosso representante da embaixada. Jamais reconheceremos estes...", publicou no Twitter o presidente do Equador, Rafael Correa. Evo Morales também postou mensagens no Twitter condenando o processo antes da votação final (veja aqui).
Cuba, governada por Raúl Castro, também definiu o processo de impeachment como um "golpe de estado parlamentar e judicial", mas não convocou embaixador nem cortou relações com o novo governo.
Já Mauricio Macri, da Argentina, reiterou seu apoio ao novo presidente peemedebista. Os Estados Unidos também reconheceram o processo como legítimo e declararam que fortes relações com o Brasil continuarão após o impeachment de Dilma.
O porta-voz John Kirby disse a jornalistas que as instituições democráticas do Brasil agiram dentro da estrutura constitucional do país.
http://www.brasil247.com/pt/247/mundo/252806/Bolívia-Venezuela-e-Equador-convocam-embaixadores-após-o-golpe.htm