segunda-feira, 26 de março de 2018

China 'desbrava' África desafiando EUA?


Inauguração da base da China em Djibuti, no leste da África, no dia 1° de agosto de 2017

© AFP 2018/ STR

Opinião

11:57 26.03.2018(atualizado 12:23 26.03.2018) URL curta

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Chefe do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes do Congresso norte-americano, Devin Nunes, declarou que o comitê planeja realizar uma investigação quanto ao reforço do potencial econômico e militar da China na África.

Nunes, citado pelo canal FoxBusiness, opinou que a China pretende investir nos portos e infraestruturas em todo o mundo não apenas para aumentar seu potencial militar, mas também para poder controlar e manipular os governos de países em que investe.

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CC BY 2.0 / Phil Whitehouse / Australia Day

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A China anunciou o início da construção de uma base militar em Djibuti em fevereiro de 2016. A cerimônia de inauguração decorreu em 1º de agosto do ano passado. As autoridades chinesas não revelam a quantidade dos efetivos que tencionam lá instalar, mas segundo algumas informações se trataria de cerca de 10.000 militares. Wu Qian, representante do Ministério da Defesa chinês, declarou que a base será usada principalmente para missões de patrulhamento, operações humanitárias, descanso e reabastecimento dos efetivos que participam das operações no golfo de Áden e perto da Somália.

Vladimir Terekhov, especialista em assuntos da região Ásia-Pacífico, destacou para o serviço russo da Rádio Sputnik que Pequim ajuda os países africanos a resolver seus problemas, enquanto os norte-americanos não tem pressa em fazer isso.

Analista frisou que faz tempo que China está "desbravando" o continente africano e que para o gigante asiático a África é um território muito importante e prospectivo.

"Já cinco anos atrás ficou bem claro que a China é o principal parceiro comercial dos países africanos e investidor nos seus projetos. A China ajuda os africanos a resolverem seus graves problemas econômicos que fazem fugir suas populações para outros países, inclusive para a Europa", explicou.

Presidente da Comissão da União Africana Moussa Faki Mahamat, à esquerda, posa ao lado do ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Wi, à direita. Encontro aconteceu em Pequim, no dia 8 de fevereiro de 2018.

© AP Photo/ Greg Baker

Como China e Estados Unidos disputam influência na África

A China é o líder evidente no comércio com os países africanos e planeja duplicar o volume do comércio durante os próximos dez anos e investir em aproximadamente 3.000 projetos de infraestrutura, destacou Terekhov.

"Mas o componente comercial é reforçado pelo militar. A China está aumentando sua presença no oceano Índico e criando bases de apoio para a sua Marinha. Assim, a China está desbravando metodicamente o continente africano. Claro que para o gendarme mundial, para os EUA, isto representa um desafio", disse o analista.

No entanto, segundo continuou, os americanos não parecem ter pressa em oferecer algo em troca aos países africanos. Como lembrou Terekhov, o AFRICOM, Comando das Forças Armadas dos EUA na África, existe já há dez anos e esta organização não tem dado nenhuns frutos.

"É a China quem ajuda os africanos a resolver os problemas, não dá para entender o que os EUA podem contrapor. Os EUA são como o gendarme que passeia perto do mercado, que tem uma vida própria, a qual não está ligada àquele que tem a arma", resumiu Vladimir Terekhov.

Fonte: https://br.sputniknews.com/opiniao/2018032610830563-eua-investigacao-china-africa/

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