8 de dezembro de 2016
Nikolai
Litôvkin, Gazeta Russa
Estações submarinas farão varredura pelos vários oceanos do mundo. Sistema de
monitoramento será capaz de transmitir movimentações para central de comando.

Sistema permite observar áreas remotas e antes inacessíveis dos oceanos
Foto:Vitáli Ankov/RIA Nôvosti
O Ministério da Defesa da Rússia começou a implantar o sistema de
monitoramento acústico em águas profundas “Harmonia”, segundo o jornal
“Izvêstia”.
Depois de instalar por completo o novo equipamento em 2020, os militares
poderão visualizar o que acontece nas áreas mais remotas e antes inacessíveis
dos oceanos do mundo, incluindo os movimentos de navios e submarinos
estrangeiros.
A empreiteira encarregada pelo Ministério da Defesa, Spetsstroi, está
construindo um novo posto de comando para gerir o sistema no arquipélago Novaia
Zemlia, situado no Ártico. Além disso uma fábrica especial será construída na
cidade fechada de Severomorsk, na região de Murmansk, para produzir os
componentes do “Harmonia”.
Segundo dados levantados pelo “Izvêstia”, foram alocados quase 7 bilhões de
rublos (US$ 108 milhões) para o desenvolvimento do projeto.
Robôs subaquáticos
O sistema “Harmonia” é formado por uma rede de estações robotizadas dispostas
no leito oceânico que podem operar autonomamente a temperaturas entre 10ºC
negativos e 45ºC positivos. Tal estabilidade é obtida graças a baterias
especiais de polímero de lítio que contêm um sistema automático de controle de
consumo de energia.
Para conduzir a monitoração acústica dos oceanos, o “Harmonia” usará sondas:
ao detectar um objeto, o sistema enviará um sinal via cabo para uma boia
flutuante, que, por sua vez, transmitirá os dados para o posto de comando
através de um satélite.
Se necessário, a estação será capaz de fechar por si só e, em seguida,
capturada por um submarino nas proximidades.
Segundo os militares envolvidos no projeto, o sistema possibilitará controle
quase total das águas a centenas de quilômetros de distância.
Competição oceânica
“Estamos interessados em áreas onde os EUA, o Reino Unido e a França
posicionam seus submarinos estratégicos no oceano global, no Pacífico, no
Atlântico e no Ártico”, explicou à
Gazeta Russa uma fonte da indústria
russa de defesa.
A Rússia agirá de acordo com a Convenção das Nações Unidas Sobre o Direito do
Mar e não vai se intrometer ou realizar atividades militares em águas
pertencentes a outros países, garantiu a fonte.
“Os Estados Unidos estão implantando sistemas de reconhecimento semelhantes
no mar da Noruega e no de Barents, bem como no mar do Japão. Eles monitoram
nossos submarinos com a ajuda de sistemas marítimos, mas também com satélites.”
Para Víktor Litóvkin, especialista militar da agência de notícias TASS, a
implantação do novo sistema de monitoramento marítimo é parte da crescente
competição militar entre a Rússia e os EUA, que estaria “resultando em uma
corrida armamentista”.
“Embora a Rússia esteja tentando não se envolver nessa corrida e se limite ao
que considera ‘necessário e suficiente’, a evolução dos assuntos militares exige
que o país gaste pesado em novas tecnologias e serviços técnicos”, diz Litóvkin.
Submarinos
Dmítri Kornev, editor do projeto de internet “Rússia militar”, conta que o
primeiro transportador do “Harmonia” foi o submarino elétrico a diesel B-90
Sarov, que se tornou parte da frota no início de 2008.
No entanto, os submarinos nucleares parecem ser uma base mais adequada para
este sistema, acreditam os especialistas. Os modelos Khabarovsk e Belgorod, que
passarão a integrar a Marinha Russa antes de 2020, seriam mais adequados para a
função.
O Belgorod, por exemplo, está programado para entrar na água já no final
deste ano ou início de 2017. “Assim, a Marinha russa poderá começar a usar
parcialmente o ‘Harmonia’ em um futuro próximo”, diz o historiador militar
Dmítri Boltenkov.
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