A França e a Agência da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) advertiram nesta sexta-feira, em Roma, para "riscos de tumultos" através do mundo, em razão da alta dos preços dos produtos alimentícios.
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"Existe um risco real de tumultos por causa de fome", declarou o ministro francês da Agricultura Bruno Le Marie, durante uma coletiva de imprensa conjunta com Jacques Diouf, diretor-geral da FAO, com sede em Roma.
"A finalidade da minha visita hoje foi estudar com a FAO e o Programa Alimentar Mundial (PAM) medidas de emergência que podemos tomar para evitar tais situações no âmbito do G20 (...)", acrescentou. A França assume atualmente a presidência do G20.
"Não é normal que tenhamos tido em 2008 manifestações contra a fome e que as medidas necessárias não tenham sido tomadas ainda", lamentou. "É importante que o G20 estude essas questões para respondê-las de forma mais rápida e concreta possível".
Jacques Diouf acrescentou: "não apenas há riscos, como já houve tumultos em alguns lugares do mundo por causa do problema da carestia".
"Os governos estão em situações difíceis e houve até um que foi derrubado por causa disso", disse, referindo-se à revolução tunisiana.
Voltando a reafirmar "o risco real de uma crise alimentar mundial", o ministro francês defendeu a adoção de "medidas de emergência", passando pela instalação de "estoques pré-posicionados nas regiões em maiores dificuldades".
Além disso, Le Maire deseja também "aumentar a transparência sobre a produção e estoques", favorecer a "coordenação entre Estados membros do G20" para implementar "dispositivos permitindo limitar as restrições às exportações de produtos agrícolas, lutar contra a especulação financeira sobre esses produtos e melhorar o funcionamento do mercado".
"A especulação sobre a fome no mundo é economicamente perigosa e moralmente inaceitável", afirmou o ministro, enfatizando a "determinação do presidente francês Nicolas Sarkozy, que dirige este ano o G20, em obter resultados favoráveis, em relação à volatilidade dos preços agrícolas".
A FAO anunciou na quinta-feira que os preços dos alimentos haviam atingido um nível histórico em janeiro e corriam o risco de continuar subindo, provocando distúrbios nos países pobres.
Os preços aumentaram em 3,4% em relação a dezembro de 2010, registrando 231 pontos no índice estabelecido pela FAO - ou seja, o "nível mais alto" desde a criação desta medição, em 1990.
Em 2007 e 2008, revoltas por causa da fome estouraram em vários países africanos, bem como no Haiti e nas Filipinas, quando os preços dos grãos haviam atingido níveis históricos.
Fonte: AFP
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