domingo, 24 de maio de 2015

O que mudaria com o “distritão” e por que ele é tão criticado

 

por : Diário do Centro do Mundo

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Publicado na BBC Brasil.

A proposta de reforma do sistema eleitoral com mais chance de ser aprovada atualmente na Câmara dos Deputados é também a mais criticada por especialistas e até por muitos políticos.

Estava agendada para esta terça-feira a votação, em uma comissão especial, do relatório final da proposta, cujo ponto principal é a mudança na forma como votamos em deputados federais e estaduais: o atual sistema proporcional seria substituído por um majoritário, o chamado “distritão”.

Na manhã desta terça, o presidente da comissão, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), adiou a votação do relatório, sugerindo que ela ocorra na semana que vem. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse preferir que o tema seja votado diretamente no Plenário.

O sistema proposto pelo “distritão” é simples: seriam eleitos os deputados mais votados em cada Estado.

Entre os principais defensores do modelo estão Cunha e o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP).

Mas o próprio relator da comissão especial da reforma política, o deputado federal Marcelo Castro (PMDB-PI), opina que o sistema é “pior do que o que temos hoje” e agravará os problemas políticos do país.

Entenda, ponto a ponto, a possível mudança política e por que ela causa tanta polêmica.

Como votamos hoje?

Hoje, a eleição de deputados federais e estaduais é proporcional: para ser eleito, o candidato depende não apenas dos votos que recebe, mas também dos votos recebidos pelo partido ou coligação. Os assentos parlamentares são distribuídos conforme essa votação partidária.

O sistema, porém, traz incongruências: um candidato com votação significativa pode acabar não sendo eleito caso seu partido não atinja o chamado “quociente eleitoral”; e um candidato que não receba tantos votos assim pode acabar sendo eleito caso seu partido tenha um “puxador de votos”, ou seja, um candidato muito bem votado que acabe elevando o quociente partidário de sua coligação.

É o que ficou conhecido como “efeito Tiririca”, quando o candidato a deputado Tiririca (PR-SP) conquistou 1,3 milhão de votos e carregou consigo outros três candidatos menos votados de seu partido à Câmara dos Deputados.

O que mudaria?

A proposta em discussão na comissão especial da Reforma Política propõe trocar o sistema proporcional pelo majoritário: entre os candidatos, seriam eleitos os receptores do maior número de votos.

No Estado de São Paulo, por exemplo, que tem 70 cadeiras na Câmara, seriam eleitos os 70 candidatos com o maior número de votos individualmente.

Defensores do sistema argumentam que ele é simples de ser entendido e aplicado, reduzirá o número de candidatos e acabará com a figura dos “puxadores de voto”.

“(O sistema) segue o princípio constitucional de eleger os candidatos mais votados”, disse recentemente em evento o vice-presidente Michel Temer (PMDB).

“Só se candidatará quem souber que tem chance de se eleger. Isso vai diminuir sensivelmente o número de candidaturas de cada partido e tornará a fala dos candidatos mais programática.”

Em artigo ao jornal O Estado de S. Paulo, o vice-presidente afirmou que “hoje o sistema proporcional prestigia o partido político em detrimento da vontade da maioria popular”.

Mas o modelo “distritão” – que atualmente vigora apenas no Afeganistão, na Jordânia e em alguns pequenos países insulares – é também um dos mais criticados por especialistas e até por parte da classe política. Muitos acreditam que o modelo traz problemas ainda maiores do que os do sistema proporcional atual.

“(O modelo) não é usado por nenhuma democracia consolidada, então inclusive há poucos casos concretos para se estudar na ciência política”, diz à BBC Brasil Yuri Kasahara, doutor em ciência política pelo Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro) e pesquisador de estudos internacionais e de América Latina no Instituto Norueguês de Pesquisas Urbanas e Regionais. “O Japão chegou a adotar o modelo no pós-guerra, mas mudou no final dos anos 1980.”

O relator da comissão de reforma política, deputado Marcelo Castro, diz que, entre os cientistas políticos e especialistas ouvidos pela comissão especial, nenhum recomendou a adoção do sistema majoritário.

Quais são as críticas ao ‘distritão’?

A primeira crítica é de que a mudança beneficiaria os candidatos já conhecidos do grande público, capazes de atrair grande número de votos, em detrimento de candidatos novos ou representantes de minorias, por exemplo.

E, ao mesmo tempo em que o modelo daria força aos candidatos individualmente, tenderia a enfraquecer os partidos.

“O sistema favorece a personalização das campanhas, porque o que conta é o desempenho dos candidatos individualmente”, diz Kasahara.

“Isso acabaria com qualquer incentivo ao esforço (partidário) coletivo e com o voto na legenda. Os partidos seriam incentivados a apresentar candidatos com forte base regional, apelo individual e posições extremas e capacidade de arrecadar fundos. Se favorece a individualização, enfraquece ainda mais a ideia de uma campanha séria e baseada em propostas. Acredito que haverá uma queda na qualidade do debate eleitoral.”

Ele acha que o próprio partido terá dificuldades em coordenar sua campanha para eleger o maior número possível de candidatos.

“Será que um candidato que tem potencial de receber 50 mil votos será eleito? E o eleitor também terá dificuldades. Sei que o candidato A não é tão popular. Voto nele mesmo assim (e corro o risco de desperdiçar o voto)? Ou voto no B, que é superpopular e sei que ele será eleito de qualquer forma?”

Isso leva à segunda crítica: o desperdício de votos.

“Quando se fala que o distritão é um bom sistema, pois garante a eleição dos mais votados, cabe perguntar para onde vai o voto de milhões de eleitores que votaram em nomes que não se elegeram. Seriam simplesmente jogados fora”, escreveu em artigo à Folha de S. Paulo o cientista político Jairo Nicolau, professor da UFRJ.

No sistema atual, só se perdem os votos em candidatos cujos partidos não elegeram ninguém.

“Hoje, como votamos em partidos, praticamente todos os nossos votos são aproveitados (na determinação do equilíbrio de forças do Legislativo). É uma característica do sistema proporcional que se perderia”, explica Kasahara.

O ‘distritão’ vai reduzir custos de campanha e número de partidos?

O vice-presidente Michel Temer diz que sim, sob o argumento de que os partidos serão mais seletivos quanto ao número de candidatos (já que o sistema privilegia os de grandes votações). Isso levaria à redução dos custos de campanha e do número de partidos.

Mas não há consenso a respeito.

O relator do projeto, Marcelo Castro, acredita que o modelo incentiva campanhas mais caras – já que até mesmo candidatos do mesmo partido terão de disputar votos entre si – e isso tornaria os partidos ainda mais pulverizados.

“Se hoje os partidos não valem nada, isso vai se acentuar”, disse Castro à BBC Brasil. “Vamos ter 50 partidos no futuro (pelo fato de o modelo favorecer a personalização em torno do candidato, em vez do partido), criando uma ingovernabilidade no país.”

E se o ‘distritão’ tivesse valido nas últimas eleições?

O pesquisador Márcio Carlomagno, da UFPR, simulou como teria ficado a Câmara dos Deputados caso o sistema “distritão” tivesse valido nas eleições do ano passado, em vez do proporcional.

A mudança não teria sido tão drástica: 45 cadeiras de 513 (ou 8,77%) seriam ocupadas hoje por outros deputados federais, que não os que entraram pelo atual sistema proporcional.

O modelo também teria mudado pouco a configuração partidária: alguns partidos grandes teriam ganho no máximo 5 cadeiras; alguns pequenos teriam perdido ou ganhado uma cadeira.

“A chamada ‘distorção’ do atual sistema seria de apenas 8,77%, se comparado ao novo sistema proposto. Então podemos dizer que o ‘distritão’ está propondo resolver um problema que praticamente não existe”, explica Carlomagno.

“O atual sistema já dá conta que, em sua larga maioria, os mais votados sejam os eleitos. O chamado ‘fenômeno Tiririca’ é uma pequena exceção, não a regra.”

O ‘distritão’ é o mesmo que voto distrital?

Não exatamente, apesar de ambos serem modelos de voto majoritário.

No sistema distrital puro, adotado em países como Reino Unido, o país é dividido em pequenos distritos, e cada um deles elege um representante ao Parlamento. Os partidos postulam um candidato por distrito e somente o vencedor da eleição conquista a cadeira.

No “distritão”, cada Estado seria considerado um grande distrito, cada qual com seu número pré-determinado de assentos na Câmara. São Paulo, por exemplo, seria um distrito com 70 cadeiras.

Que outros modelos existem?

O modelo mais defendido por especialistas costuma ser o distrital misto de inspiração alemã.

Neste, metade da Casa é eleita pelo voto distrital – em que vence o candidato mais votado em cada região – e a outra metade é escolhida proporcionalmente pelo voto no partido.

No Brasil, a proposta é historicamente defendida pelo PSDB e ganhou apoio do PT.

Outro modelo existente (e inicialmente defendido pelo PT) é o sistema proporcional de lista fechada, em que vota-se apenas no partido – e cada partido oferece uma lista de candidatos que serão eleitos de acordo com a votação recebida pela legenda.

Kasahara explica que esse modelo é usado em alguns países europeus, como a Noruega, mas com lista semiflexível, em que o eleitor pode propor mudanças na ordem de candidatos apresentada pelos partidos.

Além do sistema eleitoral do Legislativo, o que está em debate na reforma política?

Outros pontos principais que são parte do relatório a ser votado nesta terça são o possível veto à reeleição de presidentes, governadores e prefeitos; o mandato de cinco anos para cargos eletivos; limites para gastos de campanha; cláusula de desempenho (só partidos que tenham recebido no mínimo 2% dos votos válidos à Câmara teriam direito a dinheiro do fundo partidário e propaganda gratuita de rádio e TV); entre outros itens.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-que-mudaria-com-o-voto-distrital-e-por-que-ele-e-tao-criticado/

Ex-espião da União Soviética: Nós criamos a Teologia da Libertação.

 

Published on maio 22, 2015 by Fim dos Tempos.Net ·

ACI – Ion Mihai Pacepa foi general da polícia secreta da Romênia comunista antes de pedir demissão do seu cargo e fugir para os EUA no fim da década de 70. Considerado um dos maiores “detratores” de Moscou, Pacepa concedeu entrevista a ACIDigital e revelou a conexão entre a União Soviética e a Teologia da Libertação na América Latina. A seguir, os principais trechos da sua entrevista:

Em geral, você poderia dizer que a expansão da Teologia da Libertação teve algum tipo de conexão com a União Soviética?

Sim. Soube que a KGB teve uma relação com a Teologia da Libertação através do general soviético Aleksandr Sakharovsky, chefe do serviço de inteligência estrangeiro (razvedka) da Romênia comunista, que foi conselheiro e meu chefe até 1956, quando foi nomeado chefe do serviço de espionagem soviética, o PGU1; Ele manteve o cargo durante 15 anos, um recorde sem precedentes.

Em 26 de outubro de 1959, Sakharovsky e seu novo chefe, Nikita Khrushchev, chegaram à Romênia para as chamadas “férias de seis dias de Khrushchev”. Ele nunca tinha tomado um período tão longo de férias no exterior, nem foi sua estadia na Romênia realmente umas férias.

Khrushchev queria ser reconhecido na história como o líder soviético que exportou o comunismo à América Central e à América do Sul. A Romênia era o único país latino no bloco soviético e Khrushchev queria envolver os “líderes latinos” na sua nova guerra de “libertação”.

Eu me investiguei sobre Sakharovsky, vi os seus escritos, mas não pude encontrar nenhuma informação relevante sobre sua figura. Por que?

Sakharovsky era uma imagem soviética dos anos quentes da Guerra Fria, quando os membros dos governos britânico e israelense ainda não conheciam a identidade dos líderes do Mossad e do MI-6. Mas, Sakharovsky desempenhou um papel extremamente importante na construção da história da Guerra Fria. Ele ocasionou a exportação do comunismo a Cuba (1958-1961); ele manipulou de maneira perversa a crise de Berlim (1958-1961) criou o Muro de Berlim; a crise dos mísseis cubanos (1962) e colocou o mundo na beira de uma guerra nuclear.

A Teologia da Libertação foi de alguma maneira um movimento ‘criado’ pela KGB de Sakharovsky ou foi um movimento existente que foi exacerbado pela URSS?

O movimento nasceu na KGB e teve um nome inventado pela KGB: Teologia da Libertação. Durante esses anos, a KGB teve uma tendência pelos movimentos de “Libertação”. O Exército de Libertação Nacional da Colômbia (FARC –sic–), criado pela KGB com a ajuda de Fidel Castro; o Exército de Libertação Nacional da Bolívia, criado pela KGB com o apoio de “Che” Guevara; e a Organização para Libertação da Palestina (OLP), criado pela KGB com ajuda de Yasser Arafat, são somente alguns movimentos de “Libertação” nascidos em Lubyanka – lugar dos quartéis-generais da KGB.

O nascimento da Teologia da Libertação em 1960 foi a tentativa de um grande e secreto “Programa de desinformação” (Party-State Dezinformatsiya Program), aprovado por Aleksandr Shelepin, presidente da KGB, e pelo membro do Politburo, Aleksey Kirichenko, que organizou as políticas internacionais do Partido Comunista.

Este programa demandou que a KGB guardasse um controle secreto sobre o Conselho Mundial das Igrejas (CMI), com sede em Genebra (Suíça), e o utilizasse como uma desculpa para transformar a Teologia da Libertação numa ferramenta revolucionária na América do Sul. O CMI foi a maior organização internacional de fiéis depois do Vaticano, representando 550 milhões de cristãos de várias denominações em 120 países.

O nascimento de um novo movimento religioso é um evento histórico. Como foi construído este novo movimento religioso?

A KGB começou construindo uma organização religiosa internacional intermédia chamada “Conferência Cristã pela Paz”, cujo quartel general estava em Praga. Sua principal tarefa era levar a Teologia da Libertação ao mundo real. A nova Conferência Cristã pela Paz foi dirigida pela KGB e estava subordinada ao respeitável Conselho Mundial da Paz, outra criação da KGB, fundada em 1949, com seu quartel geral também em Praga.

Durante meus anos como líder da comunidade de inteligência do bloco soviético, dirigi as operações romenas do Conselho Mundial da Paz (CMP). Era estritamente KGB. A maioria dos empregados do CMP eram oficiais de inteligência soviéticos acobertados. Suas duas publicações em francês, “Nouvelles perspectives” e “Courier da Paix”, estavam também dirigidas pelos membros infiltrados da KGB –e da romena DIE2–. Inclusive o dinheiro para o orçamento da CMP chegava de Moscou, entregue pela KGB em dólares, em dinheiro lavado para ocultar sua origem soviética. Em 1989, quando a URSS estava à beira do colapso, o CMP admitiu publicamente que 90 por cento do seu dinheiro chegava através da KGB3.

Como começou a Teologia da Libertação?

Eu não estava propriamente envolvido na criação da Teologia da Libertação. Eu soube através de Sakharovsky, entretanto, que em 1968 a Conferência Cristã pela Paz criada pela KGB, apoiada em todo mundo pelo Conselho Mundial da Paz, foi capaz de manipular um grupo de bispos sul-americanos da esquerda dentro da Conferência de Bispos Latino-americanos em Medellín (Colômbia).

O trabalho oficial da Conferência era diminuir a pobreza. Seu objetivo não declarado foi reconhecer um novo movimento religioso motivando os pobres a rebelar-se contra a “violência institucionalizada da pobreza”, e recomendar o novo movimento ao Conselho Mundial das Igrejas para sua aprovação oficial. A Conferência de Medellín alcançou ambos objetivos. Também comprou o nome nascido da KGB “Teologia da Libertação”.

A Teologia da Libertação teve líderes importantes, alguns deles famosas figuras “pastorais” e alguns intelectuais. Sabe se houve alguma participação do bloco soviético na promoção da imagem pessoal ou dos escritos destas personalidades? Alguma ligação específica com os bispos Sergio Mendes Arceo do México ou Helder Câmara do Brasil? Alguma possível conexão direta com teólogos da Libertação como Leonardo Boff, Frei Betto, Henry Camacho ou Gustavo Gutiérrez?

Tenho boas razões para suspeitar que havia uma conexão orgânica entre a KGB e alguns desses líderes promotores da Teologia da Libertação, mas não tenho evidência para comprová-la. Nos últimos 15 anos que morei na Romênia (1963-1978), dirigi a espionagem científica e tecnológica do país, e também as operações de desinformação destinadas a aumentar a importância de Ceausescu no Ocidente.

Recentemente vi o livro de Gutiérrez “Teologia da Libertação: Perspectivas” (1971) e tive a intuição de que este livro foi escrito em Lubyanka. Não surpreende que ele seja considerado agora como o fundador da Teologia da Libertação. Porém, da intuição aos fatos, entretanto, há um longo caminho.

http://fimdostempos.net/ex-espiao-da-uniao-sovietica-nos-criamos-a-teologia-da-libertacao.html

Dilma sobre impeachment: 'A mim não atemorizam'

 

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24 de Maio de 2015 às 16:20

247 - Ciente de que não há base legal que a ameace, a presidente Dilma Rousseff afirma que está tranquila quanto ao movimento capitaneado pelo PSDB que pregava impeachment contra ela. Em entrevista ao jornal mexicano La Jornada, ela disse que "essa discussão tem viés de uma arma política" e reafirmou que não tem por quê temer.

"Eu acho que tem um caráter muito mais de luta política, entende? Ou seja, é muito mais esgrimido como uma arma política. Agora, a mim não atemorizam com isso. Eu não tenho temor disso, eu respondo pelos meus atos. E eu tenho clareza dos meus atos".

Dilma comentou temas da política brasileira, como o esquema de corrupção de empreiteiras em contratos com a Petrobras, e assuntos internacionais, como o relacionamento entre Brasil e México, onde ela tem agenda vasta nesta semana.

Ao destacar a relevância da Petrobras, "tão importante para o Brasil como a seleção", a presidente falou da Operação Lava Jato e reconheceu envolvimento de funcionários da empresa no esquema de corrupção.

"A Petrobras tem 90 mil funcionários, quatro funcionários foram e estão sendo acusados de corrupção. Ninguém pode falar antes de ser condenado, mas todos os indícios são no sentido de que são responsáveis pelo processo de corrupção".

Os quatro acusados a quem ela se refere são os ex-­diretores Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Renato Duque, e o ex-­gerente Pedro Barusco.

Em âmbito internacional, Dilma defendeu o financiamento do BNDES na construção do Porto de Mariel, em Cuba, e ponderou haver "certo exagero" na análise de que há um quadro de instabilidade em governos da América do Sul.

"Eu não acredito que a democracia engendre situações de paz dos cemitérios. A democracia engendra manifestações de rua, reivindicações, expressão de descontentamento. E nós, na América Latina, temos de cuidar muito, porque a raiz golpista sempre perpassa a cultura política dos países. Não dominantemente mais. Não, eu não acredito nisso".

Dilma foi questionada ainda sobre a política na América Latina, a recente aproximação entre Estados Unidos e Cuba e as denúncias de espionagem da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) contra o governo brasileiro. Para a presidente, esse tema "está concluído".

"O presidente Obama (...) abriu um processo de discussão em que eles tiraram várias resoluções. Entre essas resoluções, eles tiraram uma resolução de que não tem cabimento espionar países amigos, não é? (...) No marco do que eles fizeram, eles nos responderam".

Do Brasil 247

Amaral denuncia a fusão PSB-PPS: é pró-Alckmin

 

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24 de Maio de 2015 às 18:10

Pernambuco 247 - Depois de renunciar à presidência do partido o qual fundou, o PSB, por decisão da maioria de apoiar o candidato do PSDB, Aécio Neves, à presidência da República em 2014, Roberto Amaral, agora, vê a legenda mais uma vez tomar decisão que ele considera "uma tragédia", a de se fundir com o PPS, legenda que faz oposição ferrenha ao governo no Congresso.

Para Amaral, o verdadeiro objetivo da junção das siglas é o de pavimentar o caminho do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB, rumo às eleições presidenciais de 2018.

"Na verdade, o PSB de hoje virou um pasto na disputa interna do PSDB às eleições presidenciais de 2018, da ala tucana ligada ao governador Geraldo Alckmin, na tentativa de fortalecê-lo na disputa interna com Aécio Neves", disse Amaral, em entrevista ao Broadcast Político, da Agência Estado.

Além de ser "uma tragédia, uma burrice e uma traição ao socialismo", Roberto Amaral avalia que a fusão do PSB com o PPS é compatível com a visão pragmática da nova direção da legenda, que privilegia o crescimento aritmético em detrimento da política.

"É lamentável que, em vez de se tornar um desaguadouro dos quadros descontentes da esquerda, o PSB tenha optado por ser um ator secundário da direita". Ele reforça que a fusão já está sendo arquitetada há muito tempo, com a finalidade de alçar Alckmin à cabeça de chapa do PSDB em 2018.

Amaral afirma que "infelizmente a fusão das duas siglas já está dada". "A renúncia ao socialismo já foi feita, não é mais o partido de João Mangabeira, Miguel Arraes e Jamil Haddad." Apesar da decepção, ele afirma que por ora não está decidido a sair do PSB.

Do Brasil 247

sábado, 23 de maio de 2015

Câmara aprova a criação do banco de desenvolvimento do BRICS

 

BRICS

 

BRICS: organização do futuro (60)

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (21) a criação de um banco de desenvolvimento com atuação internacional ligado ao BRICS – bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Cerimônia de assinatura do Banco Asiático de Investimento de Infraestrutura (AIIB)

© AFP 2015/ Takaki Yajima /POOL

Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura deve colaborar com o Banco do BRICS

O objetivo é financiar projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável (públicos e privados) dos próprios membros do bloco e de outras economias emergentes. A informação foi publicada no site oficial da Câmara dos Deputados.

O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) será uma instituição aberta a qualquer membro das Nações Unidas. Os sócios fundadores, no entanto, manterão um poder de voto conjunto de pelo menos 55%. Além disso, nenhum outro país individualmente terá o mesmo poder de voto de um membro dos BRICS.

No total, o acordo autoriza o banco a operar com um capital de 100 bilhões de dólares. Esse valor pode ser alterado a cada cinco anos pelo Conselho de Governadores, órgão máximo da administração do NBD, formado por ministros dos países fundadores.

Com sede em Xangai (China) e escritórios nos demais países, o banco terá capital inicial subscrito de 50 bilhões de dólares. Este valor será dividido da seguinte forma: 10 bilhões de dólares em ações integralizadas (dinheiro que será efetivamente colocado pelos acionistas, ao longo de sete anos), e 40 bilhões de dólares em ações exigíveis (a incorporação no capital será condicionada à demanda do NBD por mais recursos para empréstimos).

O poder de voto de cada membro no banco deverá ser igual ao número de suas ações subscritas no capital social.

Bandeiras nacionais dos países membros do BRICS

© Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Ministro: Banco dos BRICS começará a funcionar até julho

O texto pactuado pelos BRICS determina que o Conselho de Governadores elegerá um presidente, proveniente de um dos fundadores. O órgão vai se reunir uma vez por ano ou sempre que ele próprio decidir ou for convocado pelo Conselho de Diretores, instância imediatamente inferior e responsável pelo dia-a-dia da instituição.

Além dos empréstimos, o NBD poderá fornecer assistência técnica para a preparação e implementação de projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável aprovados pela instituição; criar fundos de investimento próprios; e cooperar com organizações internacionais e entidades nacionais, públicas ou privadas.

http://br.sputniknews.com/brasil/20150521/1086914.html

BRICS não dão vez aos EUA na América Latina

 

Bandeiras nacionais dos países membros do BRICS

 

© Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Os países do grupo BRICS, principalmente a China e a Rússia, estão pouco a pouco promovendo a reorganização do comércio e da infra-estrutura em toda a América Latina, acredita o observador e analista político Pepe Escobar.

Na sua opinião, os EUA observam esses processos não apenas com desconfiança, mas também com medo, já que e a Doutrina Monroe, formulada pelos EUA ainda em 1823 como uma política para limitar a influência de potências europeias na América Latina, está separada por oceanos de distância da atual política de países da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).

Dilma e primeiro-ministro chinês durante assinatura de atos

© Marcelo Camargo / Fotos Públicas

Brasil e China assinam 35 acordos em visita do primeiro-ministro Li Keqiang

Dentre os recentes eventos mais marcantes, Escobar destaca o pacote de acordos entre a Rússia e a Argentina, firmado durante a visita da Presidente Cristina Kirchner à Moscou, e o “boom” de acordos de investimento no valor de 53 bilhões de dólares, alcançado durante a visita do primeiro-ministro da China Li Keqiang ao Brasil.

Segundo Escobar, o capital chinês tem participação no financiamento de praticamente todos as principais projetos de infra-estrutura na América Latina. O mais marcante destes projetos é a construção de uma ferrovia de 3500 quilômetros de extensão, que atravessando a Floresta Amazônica e a Cordilheira dos Andes ligará o Rio de Janeiro, banhado pelo Oceano Atlântico, à costa do Peru, em pleno Oceano Pacífico. Na opinião do especialista, a ferrovia será lucrativa principalmente ao Brasil e seus produtores.

Rio de Janeiro e São Paulo vistas da EEI

© AFP 2015/ NASA/ HANDOUT

Brasil e China vão desenvolver satélite em conjunto

Além disso, Escobar lembrou que uma empresa de Hong-Kong começou a construir em Nicarágua, no ano passado, um canal mais extenso, largo e profundo do que o canal do Panamá, o projeto devendo ser concluído até 2019.

O observador destaca, no entanto, que a ampla interação econômica entre o grupo BRICS e os países da América Latina se dá em meio a processos políticos bastantes complicados. Três grande países da região – Argentina, Brasil e Venezuela – foram sujeitos por diversas vezes a tentativas de desestabilização, os suspeitos por isso sendo sempre os mesmos – “saudosos pelos antigos tempos de dependência de Washington”, escreve Escobar.

O simbólico botão de reset apresentado ao Ministro das Relações Exteriores russo Sergei Lavrov pela ex-secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton.

© AFP 2015/ ALEXANDER NEMENOV

Opinião: EUA perceberam que não adianta isolar a Rússia

Segundo ele, os governos desses países sofrem pressão de fora: Venezuela enfrenta sanções norte-americanas, a presidente da Argentina sofre constantes ataques diplomáticos, as relações entre o Brasil e os EUA estão praticamente congeladas desde setembro de 2013.

E a ira de Washington recai igualmente sobre a Rússia e a China. Mas, segundo Escobar, ambos os países conseguem manter a calma, mantendo o jogo sob controle.

http://br.sputniknews.com/opiniao/20150523/1102274.html

EUA acordam para Nova Ordem Mundial

 

O Governo Obama parece que compreendeu que a estratégia de isolamento da Rússia está esgotada: Moscou não vai ceder em dois pontos primordiais.

 

Por Pepe Escobar, no Information Clearing House

wikipedia

Os verdadeiros Mestres do Universo nos EUA não podem prever o tempo, mas sem dúvida começam a sentir para que lado o vento está soprando.
A História poderá registrar que tudo começou com a viagem esta semana a Sochi, na Rússia, liderada pelo garoto de recados e Secretário de Estado John Kerry, que se reuniu com o Ministro das Relações Exteriores Lavrov e, em seguida, com o Presidente Putin.

Foi possivelmente uma imagem o que acordou os verdadeiros Mestres do Universo: o Exército de Libertação Popular marchando na Praça Vermelha no Dia da Vitória lado a lado com os militares russos. Nem sob a aliança Stalin-Mao as tropas chinesas haviam marchado na Praça Vermelha.
A marcha é um sinal quase tão eloquente quanto os sistemas de mísseis russos S-500. Qualquer adulto em Washington deve ter feito as contas e concluído que Moscou e Pequim estão prestes a assinar protocolos militares secretos como no pacto Molotov-Ribbentrop. A nova rodada da dança das cadeiras certamente deixará apoplético Zbig Brzezinski, cientista político obcecado pela Eurásia.
E, de repente, em vez da demonização implacável e de a OTAN reclamar da “agressão russa", vemos Kerry dizer, a cada dez segundos, que a única saída para a Ucrânia é respeitar o acordo Minsk-2, e que iria repreender o vassalo Poroshenko por se vangloriar de ter bombardeado o aeroporto de Donetsk e arredores para recuperar o território de volta para a "democracia" ucraniana.

Já o sempre equilibrado Lavrov descreveu o encontro com Kerry como "maravilhoso", e o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov falou que os novos entendimentos EUA-Rússia eram "extremamente positivos".

O Governo Obama, que se autodefine como um governo "Não cometa nenhuma estupidez", parece finalmente compreender que a estratégia de isolamento da Rússia está esgotada – e que Moscou simplesmente não vai ceder em dois pontos primordiais: a Ucrânia não vai entrar na OTAN e não há possibilidade de as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk serem esmagadas, seja por Kiev, pela OTAN ou por quem quer que seja.

O que foi realmente discutido – mas não vazou – em Sochi foi como o Governo de Obama poderia salvar as aparências ao se retirar da bagunça geopolítica que se tornou a fronteira ocidental da Rússia, onde os EUA se enfiaram sem ninguém ter convidado, aliás.


Sobre os mísseis


A Ucrânia é hoje um estado falido, totalmente convertido em colônia do FMI. A UE nunca vai aceitá-lo como membro, ou pagar suas contas astronômicas. O interesse real, tanto para Washington quanto Moscou, é o Irã. Não por acaso, o extremamente suspeito Wendy Sherman – que foi negociador-chefe dos EUA nas negociações nucleares P5 1 – fazia parte do séquito de Kerry. Um acordo abrangente com o Irã não será obtido sem a colaboração essencial de Moscou em todos os pontos, desde o descarte de lixo nuclear ao fim imediato das sanções da ONU.

O Irã é um ator-chave no projeto liderado pela China da Nova Estrada da Seda (New Silk Road). Então, os verdadeiros Mestres do Universo devem ter finalmente entendido que toda a questão diz respeito à Eurásia, que, inevitavelmente, foi a verdadeira estrela no desfile do Dia da Vitória, em 9 de maio. Após sua parada em Moscou, tão cheia de significados – 32 acordos foram assinados – o presidente chinês, Xi Jinping, foi fazer negócios no Cazaquistão e na Bielorrrússia.

Bem-vindos à Nova Ordem Mundial da Seda; de Pequim a Moscou em trem-bala; de Xangai a Almaty, Minsk e além; da Ásia Central para a Europa Ocidental.

Hoje sabemos que esta via expressa de comércio e geopolítica – incluindo o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, liderado por Pequim e apoiado por Moscou, e o Banco de Desenvolvimento dos BRICs – não pode ser bloqueada. Ásia Central, Mongólia e Afeganistão – onde a OTAN acaba de perder uma guerra – estão sendo inexoravelmente puxados para esta órbita de comércio e geopolítica, que engloba toda a Eurásia central, do norte e do leste.

O que pode ser chamado de Grande Ásia já está tomando forma – não só de Pequim a Moscou, mas também do centro de negócios de Shanghai até a “porta para a Europa” que é São Petersburgo. É a consequência natural de um processo complexo que venho examinando há algum tempo – o casamento do Cinturão Econômico da Estrada da Seda, liderado por Pequim, com a União Econômica da Eurásia (EEU), liderada por Moscou. Putin fala de "um novo nível de parceria."

Os verdadeiros Mestres do Universo também podem ter notado as estreitas conversas entre o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu e o diretor do Conselho Militar Central da China, general Fan Changlong. Rússia e China vão realizar exercícios navais no mar Mediterrâneo e no Mar do Japão e darão prioridade à sua posição comum sobre a defesa antimísseis global americana.

Há a questão nada insignificante de o Pentágono ter "descoberto" que a China tem até 60 mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs) baseados em silos –CSS-4 – capazes de atingir quase todos os EUA, com exceção da Flórida.

Por último, mas não menos importante, há o novo sistema defensivo de mísseis ultra-sofisticados S-500 – programado para proteger a Rússia contra um Ataque Global Imediato (Prompt Global Strike – PGS). Cada míssil S-500 pode interceptar dez ICBMs em velocidades de até 15.480 milhas por hora, em altitudes de 115 milhas e alcance horizontal de 2.174 milhas. Moscou insiste que o sistema só estará operando em 2017. Se a Rússia for capaz de dispôr de 10 mil mísseis S-500, poderá interceptar 100 mil ICBMs americanos mais ou menos na mesma época em que os EUA terão um novo inquilino na Casa Branca.

Mais uma vez, os verdadeiros Mestres do Universo parecem ter feito as contas. Não é possível reduzir a Rússia a cinzas. Não podem vencer na Nova Ordem Mundial (da Seda). Poderiam, isso sim, sentar e conversar. Mas mantenham seus cavalos (geopolíticos) selados; eles ainda podem mudar de idéia.


Tradução de Clarisse Meireles

Fonte: http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/EUA-acordam-para-Nova-Ordem-Mundial/6/33530

'Musa do impeachment' serve champanhe e caviar ao próprio cachorro

 

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A socialite Ju Isen, que tentou ganhar seus 15 segundos de fama tirando a roupa nas manifestações de março e abril deste ano, fez um novo gesto para sair de sua obscuridade: postou fotos nas redes sociais dando champanhe e caviar a seu cachorro; a notícia serve, segundo o colunista Miguel do Rosário, "para a gente ter consciência de como essa gente é brega"

23 de Maio de 2015 às 15:43

Por Miguel do Rosário, no Tijolaço

(Atenção, a notícia abaixo não é do site Sensacionalista. É verdadeira).

Essa vai para a seção de humor do blog.

Um humor sombrio, com reflexos trágicos na sociedade.

Humor negro, enfim.

Mas humor.

Não é bem uma “notícia”. É uma sessão de fotos com algumas legendas. Eu publico aqui porque entendo que é uma reportagem que explica muita coisa.

Muita coisa mesmo.

Pra começar, para a gente ter consciência de como essa gente é brega, meu Deus!

Como são bregas!

Pai, mãe, obrigado por eu não ser assim!

Do R7

Musa da Manifestação serve champanhe e caviar ao cachorro: ‘Quero uma vida como a minha para todos’

Ju Isen ficou conhecida após aparecer com os seios à mostra em uma protesto em São Paulo

No momento em que o governo anuncia um corte de R$ 69,9 bilhões no orçamento da União, a “Musa da Manifestação” aproveita para ostentar a vida de luxo e “lamentar” a situação do País.

http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/182105/'Musa-do-impeachment'-serve-champanhe-e-caviar-ao-próprio-cachorro.htm

FUNCIONÁRIOS DA HONDA FAZEM HORA EXTRA PARA PRODUZIR HR-V

 

Segundo a montadora, mudança aumentou capacidade produtiva da planta de Sumaré (SP) para 652 veículos por dia

por MICHELLE FERREIRA, DE SUMARÉ (SP) Honda HR-V (Foto: Divulgação)Honda HR-V (Foto: Divulgação)

Os funcionários da fábrica da Honda em Sumaré (SP) têm feito uma hora e 40 minutos de hora extra diariamente, conforme afirma a montadora. A mudança, segundo a marca, veio depois da entrada do HR-V na linha de produção. Com isso, o volume diário aumentou de 540 para 652 veículos ao dia, dos quais 240 se referem ao novo SUV compacto. Com a ampliação da carga de trabalho, a fabricante japonesa afirma que a capacidade produtiva anual pode subir de 120 mil para 140 mil carros. Esse mesmo volume será visto na nova planta de Itirapina (SP), que começa a operar no final de 2015.

Apesar disso, a produção do Honda HR-V não aumentará com o início das atividades em Itirapina, conforme afirmou Carlos Eigi, vice-presidente industrial da marca, durante uma visita a Sumaré (SP) nesta quarta-feira (20). De acordo com o executivo, o principal motivo é a falta de componentes. "O HR-V não faz sucesso só no Brasil, mas também na China e na Tailândia, entre outros países. Não conseguimos aumentar a produção porque faltam componentes importados. Nossos fornecedores são globais", disse Eigi.

Honda Fit EXL (Foto: Fabio Aro/Autoesporte)Honda Fit EXL (Foto: Fabio Aro/Autoesporte)

Neste ano, o volume de fabricação do Fit teve que ser reduzido devido à alta demanda pelo HR-V. Segundo a montadora, essa situação será regularizada em 2016 com a inauguração da planta de Itirapina, para onde o Fit será totalmente realocado. No total, R$ 1 bilhão foi investido no espaço, que terá 160 mil metros quadrados. Até o fim do ano, as duas fábricas operarão em dois turnos e somarão 3.500 funcionários.
Lista de espera
De acordo com a Honda, a versão topo de linha do HR-V tem 100 dias de espera nas concessionárias. Batizada de EXL, custa R$ 88.700 e é responsável pela maior parcela do mix de vendas. A montadora diz também que a configuração de entrada, LX, de R$ 69.900, tem 30 dias de fila nas lojas autorizadas.

http://revistaautoesporte.globo.com/Noticias/noticia/2015/05/funcionarios-da-honda-fazem-hora-extra-para-aumentar-producao-do-hr-v.html

Agência Internacional mantém grau de investimento no Brasil e vê Dilma recuperando a credibilidade

 


A agência diz que Dilma será capaz de recuperar sua credibilidade política aos poucos, abrindo caminho para uma retomada no crescimento da economia
Por Redação - com informações do Info Money
A agência de risco Standard & Poor's reafirmou nesta segunda-feira (23) orating de crédito da dívida de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil em "BBB-" e o rating de crédito da dívida de longo prazo em moeda local em "BBB+".
Segundo a S&P, a perspectiva sobre os ratings segue "estável" e reflete a expectativa de que o "desafio político da correção em andamento das políticas vai continuar a reunir apoio da presidente, Dilma Rousseff, e no fim, do Congresso, restaurando de forma gradual a credibilidade política perdida e abrindo caminho para uma perspectiva de crescimento mais forte no próximo ano e depois".
A agência ainda afirma que Dilma "enfrenta um cenário político e econômico extremamente desafiadores, em meio a um acentuado declínio nas taxas de aprovação, contração econômico e investigações da corrupção na Petrobras". "A presidente encarregou sua equipe econômica a elaborar um considerável ajuste em várias políticas - não apenas fiscal - para restaurar a credibilidade perdida e fortalecer os agora enfraquecidos perfis fiscal e econômico do Brasil", disse a S&P em relatório.
A agência afirma que os ratings podem ser rebaixados se houver maior deterioração nos indicadores externos e fiscais, assim como recuo do compromisso do País com a correção das políticas em curso. Em suas projeções, a S&P vê a economia se contraindo 1% este ano, enquanto o PIB real deve expandir 2% em 2016 e 2,3% em 2017.
"O governo ainda tem de detalhar uma agenda de crescimento a médio prazo, mas esperamos que as medidas no final do ano, com uma ênfase renovada sobre a participação do setor privado em projetos de infraestrutura. Este é um outro componente chave para impulsionar o sentimento empresarial, que foi danificado nos últimos anos por decisões políticas irregulares e, atualmente, por incertezas associadas com repercussões econômicas da Petrobras e os riscos de racionamento de água e energia", dizem os analistas.
A S&P afirmou ainda que a nota brasileira reflete a visão de que as instituições brasileiras são bem estabelecidas e que há um amplo compromisso com políticas que mantenham a estabilidade econômica. O texto diz que, apesar do escândalo da Petrobras, as investigações da Operação Lava Jato destacam "a força do quadro institucional do Brasil, incluindo a independência do Ministério Público".

http://www.portalmetropole.com/2015/03/agencia-internacional-mantem-grau-de.html

sexta-feira, 22 de maio de 2015

A América Latina na dinâmica da guerra global

 

por Jorge Beinstein [*]

Tudo ao mesmo tempo: em meados do mês de Março de 2015 os Estados Unidos deram um salto qualitativo de claro perfil belicista nas suas ações contra a Venezuela, também desenvolvem exercícios militares em países limítrofes com a Rússia na chamada operação "Atlantic Resolve", algumas dessas operações são realizadas a uns 100 quilómetros de São Petersburgo, além disso intensificam-se informações acerca de uma nova ofensiva do governo de Kiev contra a região do Donbass, aumenta a circulação de naves de guerra da NATO no Mar Negro, continuam as velhas guerras imperiais no Iraque e no Afeganistão às quais acrescentou-se a seguir a ofensiva contra a Síria (passando pela Líbia)... e muito mais...
Evidentemente o Império está lançado numa catastrófica fuga militar para a frente estendendo suas operações a todos os continentes, encontramo-nos em plena guerra global. Nem os grandes meios de comunicação, nem os dirigentes internacionais mais importantes registaram publicamente o facto, todos falam como se vivêssemos em tempos de paz, só em alguns poucos casos surgem alguns deles a advertir sobre o perigo de guerra mundial ou regional. Uma exceção recente é a do Papa Francisco quando afirmou que atualmente nos encontramos perante "uma terceira guerra mundial" que ele descreve como a desenvolver-se "por partes" ainda que sem designar os contendores e fazendo vagas referências à "cobiça" e a "interesses espúrios" com a linguagem confusa e jesuítica que o caracteriza.
A cada mês acrescenta-se algum novo indiciar que anuncia a proximidade de uma nova recessão global muito mais forte e extensa que a de 2009. O capitalismo, a começar pelo seu polo imperialista, foi-se convertendo velozmente num sistema de saqueio onde a reprodução das forças produtivas fica completamente subordinada à lógica do parasitismo. As elites imperiais e suas lumpen-burguesias satélites "necessitam" super-explorar até ao extermínio seus recursos naturais e mercados periféricos para sustentar as taxas de lucro do seu decadente sistema produtivo-financeiro.
As tendências globais rumo à decadência económica exprimem-se de múltiplas maneiras no dia a dia. Dentre elas, a volatilidade dos preços das matérias-primas, o petróleo por exemplo, chave mestra da economia mundial, cujo estancamento extrativo (que não conseguiu ser superado pelo show mediático em torno do "milagroso" petróleo de xisto) combina-se com desacelerações da procura internacional como ocorre atualmente. A isso somam-se golpes especulativos e geopolíticos que convertem os mercados em espaços instáveis onde as manobras de curto prazo impõem a incerteza.
O curto-prazismo especulativo hegemónico engendra pacotes tecnológicos depredadores como a mineração a céu aberto, a faturação hidráulica ou a agricultura com base em transgénicos acompanhados por operações políticas e comunicacionais que degradam, desarticulam sistemas sociais procurando convertê-los em espaços indefesos diante dos saqueios.
O optimismo económico da época do auge neoliberal deu lugar ao pessimismo do "estancamento secular" agora apregoado pelos grandes peritos do sistema. Eles indicam que a salvação do capitalismo não chegará a partir da economia condenada a sofrer recessões ou crescimentos insignificantes, o melhor é nem falar demasiado desses tristes temas. Então a guerra ascende ao primeiro plano, algum massacre protagonizado por tropas regulares ou mercenários, algum bombardeio, alguma ameaça de ataque na Europa do Leste, Ásia, África ou América Latina. Os meios de comunicação nos esmagam com essa notícias, contudo ninguém fala da guerra global.
Tudo acontece como se a dinâmica da guerra se houvesse autonomizado mas empregado um discurso embrulhado, difícil de entender. Mas assim como os super-poderes dos homens de negócios dos anos 1990 não eram independentes e sim compartilhados no interior de uma complexa trama de poderes (políticos, mediáticos, militares, etc) que em termos gerais costuma-se denominar como "classe dominante", também a aparente autonomia do militar dificulta-nos ver as redes mafiosas de interesses onde se borram as fronteiras entre os seus componentes. As elites da era neoliberal sofreram mudanças decisivas, experimentaram mutações que as converteram em classes completamente degeneradas que, cada vez mais, só podem recorrer à força bruta, à lógica da guerra. Não se trata portanto de a componente militar se autonomizar e sim, antes, de que as elites imperialistas se militarizam. Elas já não seduzem com ofertas de consumo mais algumas doses de violência, agora só propagam o medo, ameaçam com as suas armas ou utilizam-nas.
Progressismos latino-americanos
Dentro desse contexto global devemos avaliar os progressismos latino-americanos que se instalaram na base das crises de governabilidade dos regimes neoliberais.
Os bons preços internacionais das matérias-primas durante a década passada, somados a políticas de contenção social dos pobres, permitiram-lhes recompor a governabilidade dos sistemas existentes. Em alguns desses casos desenvolveram-se ampliações ou renovações das elites capitalistas e em quase todos eles prosperaram as classes médias. Os governos progressistas iludiram-se supondo que as melhorias económicas lhes permitiram ganhar politicamente os referidos sectores mas, como era previsível, ocorreu o contrário: as camadas médias iam para a direita e, enquanto ascendiam, olhavam com desprezo os de baixo e assumiam como próprios os delírios mais reacionários das suas burguesias. A explicação é simples, na medida em que são preservados (e ainda fortalecidos) os fundamentos do sistema e em que seus núcleos decisivos radicalizam seus elitismo depredador seguindo a rota traçada pelos Estados Unidos (e "Ocidente" em geral) produz-se um encadeamento de subculturas neo-fascistas que vão desde acima até abaixo, desde o centro até as burguesias periféricas e desde estas até suas camadas médias. Na Venezuela, Brasil ou Argentina as classes médias melhoravam seu nível de vida e ao mesmo tempo despejavam seus votos nos candidatos da direita velha ou renovada.
Estabeleceu-se um conflito interminável entre governos progressistas que tornavam governáveis os capitalismos locais e direitas selvagens ansiosas por realizar grandes roubos e esmagar os pobres. O progressismo, confrontado politicamente com essa direita qualificada de "irresponsável", cujos fundamentos económicos respeitava, chantageava aqueles na esquerda que criticavam sua submissão às regras do jogo do capitalismo utilizando o papão reacionário ("nós ou a besta"), acusando-os de fazerem o jogo da direita. Na realidade o progressismo é um grande jogo favorável ao sistema e em última análise à direita, sempre em condições de retornar ao governo graças à moderação, à "astúcia" aparentemente estúpida dos progressistas que por vezes conseguem cooptar esquerdas claudicantes cuja obsessão em "não fazer o jogo da direita" (e simultaneamente integrar-se no sistema) é completamente funcional à reprodução do país burguês e em consequência a essa detestável direita.
Agora o jogo começa a esgotar-se. Os progressismos governantes, com diferentes ritmos e variados discursos, acossados pelo arrefecimento económico global e pelo crescente intervencionismo dos Estados Unidos, vão perdendo espaço político. Em vários casos suas dificuldades fiscais pressionam-nos a ajustar despesas públicas (e de modo algum a reduzir os super lucros dos grupos económicos mais concentrados), a aceitar as devastações da mega-mineração ou a adoptar medidas que facilitam a concentração de rendimentos. No Brasil, o segundo governo Dilma colocou um neoliberal puro e duro no comando da política económica, encurralado por uma direita ascendente, uma economia oscilando entre o estancamento e a recessão e uma intervenção norte-americana cada vez mais ativa. No Uruguai o novo governo de Tabaré Vazquez mostra um rosto claramente conservador e no Chile a presidência Bachelet não precisa correr demasiado à direita, depois da sua rosada demagogia eleitoral afirma-se como continuidade do governo anterior e em consequência, passada a confusão inicial, herdará também a hostilidade de importantes faixas de esquerda e dos movimentos sociais.
Na Argentina, o núcleo duro agro-mineral exportador-financeiro e os grupos industriais exportadores mais concentrados estão mais prósperos do nunca enquanto a ingerência norte-americana amplia-se conduzindo o jogo de títeres políticos rumo a uma ruptura ultra-direitista. Na Venezuela a eterna transição rumo a um socialismo que nunca acaba de chegar não conseguiu superar o capitalismo ainda que torne caótico o seu funcionamento, forjando desse modo o cenário de uma grande tragédia. Por enquanto só a Bolívia parece salvar-se da avalanche, afirmando-se na maior mutação social da sua história moderna sem superar o âmbito do subdesenvolvimento capitalista mas recompondo-o integrando as massas submersas, multiplicando por mil o que havia feito o peronismo na Argentina entre 1945 e 1955 (de qualquer forma isso não a liberta da mudança de contexto regional-global).
Na América Latina assistimos a um processo de crise muito profundo onde convergem progressismos declinantes com neoliberalismo integralmente degradados, como na Colômbia ou no México, conformando um panorama comum de perda de legitimidade do poder político, avanços de grupos económicos saqueadores e ativismo imperialista cada vez mais forte.
A este panorama sombrio é necessário incorporar elementos que dão esperança, sem os quais não poderíamos começar a entender o que está a ocorrer. Por debaixo dos truques políticos, dos negócios rápidos e das histerias fascistas aparecem os protestos populares multitudinários, a persistência de esquerdas não cooptadas pelo sistema (para além dos seus perfis mais ou menos moderados ou radicais), a presença de insurgências incipientes ou poderosas (como na Colômbia).
Nem os cantos de sereia progressistas nem a repressão neoliberal puderam fazer desaparecer ou marginalizar completamente esses fantasmas. Realidade latino-americana que preocupa os estrategas do Império, que temem o que consideram como sua inevitável arremetida contra a região possa desencadear o inferno da insurgência continental. Nesse caso o paraíso dos grandes negócios poderia converter-se num grande atoleiro onde afundaria o conjunto do sistema.
Geopolítica do Império, integrações e colonizações
A estratégia dos Estados Unidos aparece articulada em torno de três grandes eixos; o transatlântico e o transpacífico que apontam num gigantesco jogo de pinças contra a convergência russo-chinesa centro motor da integração euro-asiática. E a seguir o eixo latino-americano destinado à recolonização da região.
Os Estados Unidos tentam converter a massa continental asiática e sua ampliação russo-europeia num espaço desarticulado, com grandes zonas caóticas, objecto de saqueio e super-exploração.
Os recursos naturais, assim como os laborais, desses territórios constituem seu centro de atenção principal, na elipse estratégica que cobre o Golfo Pérsico e a Bacia do Mar Cáspio estendendo-se em direção à Rússia encontram-se 80% da reservas globais de gás e 60% das de petróleo e na China habitam pouco mais de 230 milhões de operários industriais (aproximadamente um terço do total mundial).
A América Latina aparece como o pátio traseiro a recolonizar. Ali se encontram, por exemplo, as reservas petrolíferas da Venezuela (as primeira do mundo, 20% do total global), cerca de 80% das reservas mundiais de lítio (num triângulo territorial compreendido pelo Norte do Chile e Argentina e pelo Sul da Bolívia) imprescindível na futura indústria do automóvel eléctrico, as reservas de gás e petróleo de xisto do Sul argentino, fabulosas reservas de água doce do aquífero guarani entre o Brasil, o Paraguai e a Argentina.
Uma das ofensivas fortes do Império na década passada foi a tentativa de constituição da ALCA, zona de livre comércio e investimentos que significava a anexação económica da região por parte dos Estados Unidos. O projeto fracassou, a ascensão do progressismo latino-americano somado à emergência de potências não ocidentais, sobretudo a China, e o atolamento estado-unidense na sua guerra asiáticas foram fatores decisivos que em diferentes medidas debilitaram a investida imperial.
Mas a partir da chegada de Obama à presidência os Estados Unidos desencadearam uma ofensiva flexível de reconquista da América Latina: foi posta em marcha uma complexa mescla de pressões, negociações, desestabilizações e golpes de estado. Os golpes brandos com êxito em Honduras e no Paraguai, as tentativas de desestabilização no Equador, Argentina, Brasil e sobretudo na Venezuela (onde vai-se perfilando uma intervenção militar), mas também a tentativa em curso de extinção negociada da guerrilha colombiana e a domesticação de Cuba fazem parte dessa estratégia de recolonização.
A mesma é implementada através de uma sucessão de tentativas suaves e duras tendente a desarticular as resistências estatais e os processos de integração regional (Unasul, Celac, Alba) e extra-regionais periféricos (BRICS, acordos com a China e a Rússia, etc) assim como a bloquear, corromper ou dissolver as resistências sociais e as alternativas políticas mais avançadas, em curso ou potenciais. Tentando levar avante uma dinâmica de desarticulação mas procurando evitar que a mesma gere rebeliões que se propaguem como um rastilho de pólvora numa região atualmente muito inter-relacionada.
Sabem muito bem que em muitos países da região a substituição de governos "progressistas" por outros abertamente pró imperialistas significa a ascensão de camarilhas enlouquecidas que a curto prazo causariam situações de caos que poderiam desencadear insurgências perigosas. Alguns estrategas do Império acreditam poder neutralizar esse perigo com o próprio caos, desenvolvendo "guerras de quarta geração" instalando diferentes formas de violência social desestruturante combinadas com destruições mediático-culturais e repressões seletivas. Nesse sentido, o modelo mexicano é para eles (por agora) um paradigma interessante.
Temem por exemplo que um cenário de caos fascista na Venezuela derive numa guerra popular que os obrigaria a intervir diretamente num conflito prolongado, o que somado às suas guerras asiáticas os conduziria a uma super extensão estratégica ingovernável. É por isso que consideram imprescindível obter o apaziguamento da guerrilha colombiana, potencial aliada estratégica de uma possível resistência popular venezuelana.
O panorama é completado com o processo de integração colonial dos países da chamada Aliança do Pacífico (México, Colômbia, Peru e Chile). A isso somam-se os tratados de livre comércio de maneira individual com países da América Central e outros como o Chile e a Colômbia e o velho tratado entre EUA, Canadá e México.
Integração colonial e desarticulação, manipulação do caos e fortalecimento de pólos repressivos, Capriles mais Peña Nieto, Ollanta Humana mais Santos mais bandos narco-mafiosos... tudo isso dentro de um contexto global de decadência sistémica onde a velha ordem unipolar declina sem ser substituída por uma nova ordem multipolar. Tentativa de controle imperialista da América Latina submersa na desordem do capitalismo mundial.
O cérebro do Império não consegue superar as mazelas do seu corpo envelhecido e enfermo, os delírios reproduzem-se, as fugas para a frente multiplicam-se. Evidentemente encontramo-nos num momento histórico decisivo.


Jorge Beinstein em resistir.info:

  • O regresso do fascismo – A propósito do Charlie Hebdo
  • Mudanças decisivas no sistema global
  • Capitalismo, violência e decadência sistémica
  • 2013: ponto de inflexão na longa decadência ocidental
  • Origem e declínio do capitalismo
  • A ilusão do metacontrole imperial do caos
  • Auto-destruição sistémica global, insurgências e utopias
  • No princípio de uma longa viagem
  • A crise na era senil do capitalismo
  • Rumo à desintegração do sistema global
  • A junção depressiva global (radicalização da crise)
  • Rostos da crise: Reflexões sobre o colapso da civilização burguesa
  • Inflação, agronegócios e crise de governabilidade
  • O naufrágio do centro do mundo: Os EUA entre a recessão e o colapso
  • No princípio da segunda etapa da crise global
  • Estados Unidos: a irresistível chegada da recessão
  • O declínio do dólar… e dos Estados Unidos
  • A solidão de Bush, o fracasso dos falcões e o desinchar das bolhas
  • A irresistível ascensão do ouro
  • O reinado do poder confuso
  • Os primeiros passos da megacrise
  • As más notícias da petroguerra
  • Pensar a decadência: O conceito de crise em princípios do século XXI
  • Os Estados Unidos no centro da crise mundial
  • A segunda etapa do governo Kirchner
  • A vida depois da morte: A viabilidade do pós-capitalismo
    [*] Doutorado em economia e professor catedrático das universidades de Buenos Aires e Córdoba, na Argentina, e de Havana, em Cuba. É autor de Capitalismo senil: a grande crise da economia global, publicado no Brasil pela editora Record (2001). Dirige o Instituto de Pesquisa Científica da Universidade da Bacia do Prata e publica regularmente em Le Monde Diplomatique (em castelhano).

    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
  • http://resistir.info/crise/beinstein_guerra_global_mar15.html

    Comprovado: irmão de Obama é ligado à Irmandade Muçulmana

     

    ESCRITO POR CRISTIAN DEROSA | 21 AGOSTO 2013
    ARTIGOS - GLOBALISMO

    obamaandmalik

    Um relatório egípcio trouxe evidências da ligação de Malik Obama, o meio-irmão do presidente americano, com a Irmandade Muçulmana, além de uma isenção de impostos vinda da Casa Branca que beneficiava a fundação de caridade Barack H. Obama Foundation, comandada por Malik.

    O relatório traz declarações da vice-presidente do Supremo Tribunal do Egito, Tehani al-Gebali que, em discurso televisionado recentemente, disse que gostaria de “informar o povo americano de que o seu presidente é um dos grandes arquitetos por trás dos investimentos na Irmandade Muçulmana”.

    “A administração Obama”, disse Gebali, “não pode nos parar, pois eles sabem que apoiaram o terrorismo. Vamos abrir os arquivos para mostrar ao mundo como colaboraram com o terrorismo”, disse, atribuindo a isso a causa de os EUA estarem lutando contra o Egito. Gebali chamou o relatório de “presente para o povo americano”, sinalizando que há ainda mais revelações a fazer.

    Walid Shoebat, pesquisador e ex-militante da OLP (Organização pela Libertação da Palestina), escreveu matérias sobre os escândalos envolvendo a organização islâmica Da’wa, também comandada pelo irmão de Obama, e afirma que o conteúdo do relatório egípcio está correto e pode ser comprovado por fontes confiáveis.

    Segundo Shoebat, Malik Obama é secretário executivo da IDO (Islamic Da’wa Organization), grupo criado pelo governo do Sudão, país considerado estado terrorista pelo Departamento de Estado dos EUA.
    obamas80

    Abongo "Roy" Malik mostra foto com seu irmão, o presidente dos EUA, tirada na década de 80.

    Um dos objetivos da IDO é espalhar o wahhabismo, variante islâmica praticada pela Al-Qaeda, por todo o continente africano. Esse foi o assunto da conferência da IDO ocorrida na capital do Sudão em 2010, com a presença de Malik Obama. O evento foi supervisionado pelo próprio presidente do país, Omar Al-Bashir, que é procurado pelo Tribunal Penal Internacional devido sete acusações relacionadas a crimes contra a humanidade.

    Malik Obama está “na cama com os terroristas”, afirma Shoebat. Afinal, trabalha em um estado terrorista à frente de uma organização criada por terroristas. E por falar em cama...


    Poligamia isenta de impostos
    Lois Lerner, diretor da divisão de isenção fiscal, atualmente sob investigação do Congresso americano, foi quem assinou a carta que dá status de isenção de impostos para a Barack H. Obama Foundation, comandada por Malik Obama. Walid Shoebat, em recente matéria de 22 páginas, detalha as acusações de que Malik teria desviado o dinheiro desta contribuição do governo para sustentar suas várias esposas no Quênia, além de investir diretamente na missão sagrada da IDO (link para o pdf).
    (Ver também http://shoebat.com/2013/08/19/egyptian-official-ties-obamas-brother-to-brotherhood/).

    Em maio, Andrew Malone entrevistou Sheila Anyano, a esposa mais jovem de Malik, de 35 anos, que contou ter passado os últimos três anos junto a outras três esposas do irmão de Obama, no complexo hoteleiro de restaurantes da Barack H. Obama Foundation no Quênia.

    Malik, que vive em Washington desde 1985, é acusado pela família, no Quênia, de violentar as esposas, além de ter seduzido a mais nova quando tinha somente 17 anos, o que é crime no Quênia, onde a idade de consentimento é 18.

    As duas fundações ligadas à família Obama controladas por Malik são oficialmente entidades de caridade. Mas não há, segundo Shoebat, nenhuma prova de que o dinheiro recebido do governo para essas obras tenham sido gastos efetivamente nisso.

    Os únicos indícios de que o dinheiro foi realmente gasto foram a construção do spa e complexo de restaurantes que abrigava 12 esposas de Malik, uma mesquita e uma madrassa (instituição de ensino islâmica).

    "Embora a construção de mesquitas seja legalmente considerado caridade, evidências mostram que o financiamento para elas veio diretamente de entidades e indivíduos da Arábia Saudita, Qatar e Bahrein", conta Shoebat. "Não há nada de natureza caridosa a prestar contas diante de todos os fundos que Malik levanta dos Estados Unidos. Até o momento, não há nenhuma evidência de construção de casas para os órfãos, viúvas e vítimas da AIDS em Kogelo ou em qualquer outro lugar no Quênia, como prometem essas entidades".

    Fonte: WND
    Cristian Derosa é jornalista.

    Fonte: http://www.midiasemmascara.org/artigos/globalismo/14437-comprovado-irmao-de-obama-e-ligado-a-irmandade-muculmana.html

    Aécio lança o “impeachment light” para tentar não perder apoio dos paneleiros

     

    Autor: Fernando Brito

    panelecio

    José Roberto de Toledo – colunista do Estadão e (bom) analista de pesquisas do jornal - escreve hoje ótimo artigo em que, ao avalisar o programa de TV do PSDB, onde, segundo ele “o PSDB foi à TV se afirmar como oposição ao PT. Como contraponto ao PT. Como o anti­PT. É a prioridade de seu presidente, Aécio Neves, que imagina um novo embate das duas siglas na sucessão de Dilma Rousseff em 2018, com ele à frente do time tucano”.

    E diz que há a razão ” é que, após as eleições do ano passado, o PSDB perdeu a primazia da oposição, seja na opinião pública, seja no Congresso. Nas ruas, movimentos há poucos meses desconhecidos assumiram a frente dos protestos contra Dilma, enquanto líderes tucanos assistiam da janela. Correm atrás do tempo perdido.”

    Perdido mesmo. Ainda hoje, os movimentos paneleiros, diz a Folha, afirmam que “Aécio traiu o Brasil” por não ter atirado mais fortemente o programa do seu partido à pregação golpista.

    A continuidade desta estratégia tucana se dá hoje, com o desesperado ato de apresentar, mesmo com base para lá de insólita, ação de responsabilidade contra a Presidenta, em tema que, já há tempos, o Ministério Público considerou juridicamente incabível.

    Não importa. Já antecipadamente – e qualquer advogado recém-formado sabe o quanto isso adianta contra o MP – diz que , se Janot não acolher a ação inepta, será o “engavetador da República”. Diz isso, aliás, sem pejo de que a expressão tenha sido criada para definir a blindagem com que se envolveu Fernando Henrique Cardoso.

    A estupidez e a hipocrisia, como se sabe, são diferentes, mas costumam caminhar juntas.

    Cultivam, nesta lama, os tucanos, a esperança de vicejar na insatisfação que se espalhou na classe média inoculada, em doses cavalares, pela mídia, pelo novo CCC – Crise, Corrupção, Comunismo – e ter o que lhe falta: voto.

    E, agora, até protagonismo, pois a dupla Eduardo Cunha – Renan Calheiros, a quem a imprensa, até por razões sanitárias, deveria estar usando luvas plásticas para lidar com o que fazem no Congresso e que o Ricardo Kotscho, outro dia, definiu bem como “esculacho”.

    Só que a histeria que os tucanos – ou parte deles, com Aécio e FHC, querem representar, diz bem Toledo em seu artigo, tem seus curtos limites.

    “Fora dos períodos eleitorais, a narrativa do confronto permanente só interessa aos contendores e à rede de assediadores digitais – de ambos os lados – que se nutre dela. Como as pesquisas mostram e as ruas confirmam, é uma história que cansa o público não diretamente envolvido no conflito – especialmente porque não tem fim nem resulta em benefício direto ao eleitor.”

    No quadro de hoje – que não é o de 2018 – é certo, para mim, que surgirá uma candidatura de direita – no padrão Sérgio Moro, Joaquim Barbosa ou até Jair Bolsonaro – para ser a voz do combate à corrupção e a defensora da “ordem”, como o papel que atribuíram em 1989 a Fernando Collor.

    E isso atingirá o PSDB em seu coração social – a classe média mais alta, a sua babugenta periferia acéfala e o conservadorismo sectário – e geográfico: São Paulo e, em boa parte, o Sul e o Centro Oeste do país.

    A terceira via não vai ser de Dudu nem Marininha.

    Dependendo do que suceda à dupla rena-Cunha, também aí o panorama não sorri aos tucanos: apanhados na Lava-Jato, se o forem mesmo, pesarão mais que empurrarão. Escapando, não hão de querer menos que o poder chantagista que hoje já detêm.

    Só há uma candidatura fincada, hoje, que, além das boas chances, está para o que der e vier é e um centro de aglutinação: a de Lula.

    É algo, aliás, que a própria Presidenta Dilma Rousseff precisa enxergar e, enxergando, considerar em cada opção que toma e na forma que toma.

    Na relação entre ambos, amizade à parte, Lula é credor.

    E dono de luz própria.

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=26900

    Manipulação com cotação do Real pode deixar Lava-Jato “no chinelo”. E o BC, vai agir?

     

    Autor: Fernando Brito

    barclays

    O ótimo trabalho do repórter Fernando Nakagawa, do Estadão, divulga, pela primeira vez no Brasil, o que desde ontem já se sabia nos círculos financeiros norte-americanos:

    Os grandes bancos internacionais, sobretudo o Barclays – mas também o Citibank, o JP Morgan (que opera no Brasil com a participação de Armínio Fraga), Royal Bank of Scotland (RBS), UBS e Bank of América – estavam envolvidos e pagarão US$ 5,6 bilhões manipularam, entre outras, a cotação da moeda brasileira, pelo menos durante a crise financeira de 2008/2009.

    Diz Nakagawa que “documento do órgão supervisor do Departamento de Serviços Financeiros de Nova York (DFS) mostra que negócios com a moeda brasileira em 2009 foram alvo da ação de operadores que queriam influenciar preços para aumentar lucros. “Operadores de câmbio envolvidos no mercado entre o dólar dos Estados Unidos e o real do Brasil conspiraram juntos para manipular os mercados”, diz o termo de compromisso de cessação de prática (consent order, em inglês) que envolve o Barclays”.

    Entre 2008 e 2012, os agentes de FX (Foreign Exchange, câmbio mundial, numa tradução livre) do Barclays comunicavam com os negociantes de FX em outros bancos para coordenar tentativas de manipular os preços de algumas moedas – a nossa, entre elas – através de comunicação online.

    O mercado de FX, preste atenção, não está escrito errado, movimenta um quatrilhão de dólares por ano. É, quatrilhão, mil vezes um trilhão. E os bancos envolvidos respondem por mais de 20% do total das operações, o que dá um poder de fogo imenso na cotação. E transforma décimos de centavos nas cotações em somas bilionárias.

    Diz a reportagem:

    “Uma indicação do esquema veio à tona com a troca de mensagens entre duas pessoas que negociavam a moeda brasileira. Em 28 de outubro de 2009, um operador do Royal Bank of Canada (RBC) conversava com um colega do Barclays. “Todo mundo está de acordo em não aceitar um agente local como corretor?”, questiona o funcionário do banco canadense via programa eletrônico de troca de mensagens. “Sim, menor competição é melhor”, respondeu o operador do banco britânico. Exatamente no dia da troca de mensagens citada no processo, o dólar fechou em alta de 0,6%, a R$ 1,7447, segundo dados do Banco Central. Naquela época, o mercado de câmbio do Brasil vivia o fim de um período de quase um ano de firme valorização da moeda nacional. Enquanto o mundo tentava se desvencilhar dos problemas da crise financeira que estourara um ano antes, o Brasil crescia e o fluxo de moeda estrangeira para o País fez com que o dólar caísse do patamar próximo de R$ 2,50 visto em dezembro de 2008 para R$ 1,70 em outubro de 2009. A manipulação do mercado brasileiro foi descoberta pela investigação que envolveu autoridades dos EUA e Reino Unido e revelou um grande esquema global que influenciou as cotações das principais moedas do planeta.”

    Nos EUA e no Reino Unido, as multas aos bancos superam US$ 5 bilhões (R$ 15 bilhões), quase o triplo do que – e com muito exagero – se consideram terem sido os prejuízos possíveis com a Lava-Jato. Só para o Barclays são US$ 2,4 bilhões: US$ 485 milhões para o Departamento de de Serviços Financeiros do Estado de Nova Iorque , US$ 400 milhões para a Commodities Futures Trading Commission , US$ 710 milhões para o Departamento de Justiça dos EUA, US$ 342 milhões ao Federal Reserve, o BC dos EUA, e e 284 milhões de libras esterlinas (aproximadamente US$ 441 milhões para os órgãos reguladores do Reino Unido.

    E isso é apenas o acordo de leniência firmado com os bancos,

    E nós com isso?

    Tudo, porque o Banco Central toma e liquida contratos em dólares, em bilhões de reais, porque opera a troca de moeda. E vende contratos de câmbio compromissados com valores que, agora, sabem-se manipulados.

    Embora seja virtualmente impossível apurar o valor exato das perdas, é certo que elas foram imensas, a confirmar-se que a manipulação durou anos. Mas o BC, o Itamaraty e a Procuradoria Geral da República têm de agir imediatamente, a começar pelo levantamento de todas as operações de câmbio fechadas por estes bancos, diretamente ou por intermediação com outros, durante aquele período.

    E, com isso, estimar as penalidades que devem ser aplicadas.

    A tal “mão invisível” do mercado, vê-se, também é dada a manipulações criminosas.

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=26904

    Eduardo Cunha, o senhor do caos

     

    por André Barrocal

    O presidente da Câmara continua a impor seu projeto pessoal de poder. Quem será capaz de detê-lo?

    Marcelo Camargo/Agência Brasil

    eduardo-cunha

    Depois da aprovação da PEC da Bengala, Cunha disparou: "Tenho o Supremo na mão"

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    Ovídio, poeta da Roma antiga, foi o primeiro a definir o caos, divindade grega, como sinônimo de desordem e confusão. As fronteiras do mundo eram então minúsculas e seria impossível, por maior que fosse sua criatividade, imaginar o Brasil dos dias de hoje. A ideia evoluiu com o tempo. Há, dizem os cientistas atuais, ordem no caos. Também é pouco provável que, ao defender essa tese, tenham pensado nestas plagas.

    Poderiam. Se o País vive o caos, um vácuo de lideranças e ideias, há quem reine sobre ele. No momento, o senhor da confusão, o deus da desordem, atende pelo nome de Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados.

    Quanto mais os poderes republicanos parecem à mercê da tempestade, mais o peemedebista assume o protagonismo na cena nacional. Como um buraco negro, Cunha parece empenhado em engolir qualquer luz ao redor. Nas últimas semanas, desentendeu-se com o colega de partido Renan Calheiros, presidente do Senado, voltou a importunar o governo Dilma Rousseff, enfrentou o procurador-geral, Rodrigo Janot, cogitou mudar as regras do jogo para reeleger-se ao cargo em 2017 e colocou na praça a ideia de construir um shopping nas imediações do Congresso, cujo custo é estimado em 1 bilhão de reais. A pergunta atual é se a expansão pantagruélica do poder do parlamentar encontrará em algum instante uma contraforça capaz de contê-la. Ou se sua influência se expandirá sem resistência como o Universo.

    As diatribes de Cunha já se tornaram clássicas. Depois da terceirização e do desengavetamento de vários projetos polêmicos, a Câmara aprovou a chamada PEC da Bengala, que estende a idade de aposentadoria dos ministros das cortes superiores de 70 para 75 anos. A nova regra vai na contramão do mundo desenvolvido. Na Europa, é cada vez mais limitado o tempo de permanência dos juízes nos tribunais, com a fixação de mandatos, forma de arejar o Judiciário. Sob o comando do presidente da Casa, os deputados aprovaram a nova regra na terça-feira 5. Sem possibilidade de veto do Palácio do Planalto, a lei foi inserida na Constituição dois dias depois.

    Com o congelamento das indicações ao Supremo Tribunal Federal, o peemedebista faz correr na Câmara uma proposta de alteração radical no sistema de nomeações. A escolha dos ministros deixaria de ser exclusividade do presidente da República. O Congresso ganharia uma cota.

    Além disso, a aprovação dos indicados passaria pelo crivo da Câmara, não só do Senado como hoje. Ao saborear o mais recente triunfo, Cunha afirmou a um interlocutor: “Tenho o Supremo na mão”.

    Com a aprovação da PEC da Bengala, o presidente da Câmara imagina ter conquistado alguns corações no STF, onde será decidido o seu e o futuro dos demais parlamentares envolvidos no escândalo da Petrobras. Quando resolveu, em almoço com aliados na terça-feira 5, concluir a bengalada, a Câmara tinha acabado de ser alvo de uma operação de busca e apreensão motivada por um inquérito cujo alvo é o peemedebista. Acompanhados de um oficial de Justiça, procuradores e peritos da Procuradoria-Geral da República foram ao departamento de informática da Câmara, algo sem precedentes na história recente. O objetivo era recolher material capaz de provar uma das principais linhas de investigação da conexão do peemedebista com os malfeitos na Petrobras: uma tentativa de forçar um lobista a retomar o pagamento de propina, conforme narrou o doleiro Alberto Youssef em sua delação premiada.

    A apreensão foi solicitada pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, após uma notícia de 28 de abril. Segundo a Folha de S.Paulo, os registros eletrônicos da Câmara apontam Cunha como o autor do arquivo que originou os requerimentos aparentemente usados para pressionar o lobista. Os requerimentos foram apresentados em 2011 pela então deputada Solange Almeida, sua aliada no PMDB do Rio de Janeiro. Miravam o Grupo Mitsui, implicado na Lava Jato, e seu lobista Julio Camargo. Cunha alega que o arquivo com seu nome tem data de um mês posterior aos requerimentos, insinuou ser vítima de fraude e demitiu o então diretor do centro de informática da Câmara, Luiz Antonio Souza da Eira.

    O ex-diretor fez chegar a Janot um recado de que estava disposto a contar o que sabia. Chamado, Eira disse que a explicação de Cunha não era plausível, que a discrepância entre as datas era algo absolutamente rotineiro neste tipo de situação e avisou: era melhor Janot correr logo atrás dos registros eletrônicos antes que Cunha ordenasse algum tipo de destruição. Respaldado pelas informações, o procurador-geral taxou a explicação de Cunha de “despropositada” e solicitou a apreensão de material na área de informática da Câmara.

    A apreensão foi autorizada na segunda-feira 4 pelo ministro Teori Zavascki, relator no Supremo do inquérito contra o deputado. Os investigadores ficaram satisfeitos com o resultado da apreensão. Solange Almeida, consideram, teria exercido a função de laranja de Cunha. Em depoimento à Polícia Federal em 18 de março, a ex-parlamentar demonstrou não ter muita noção sobre a natureza e o objetivo do requerimento assinado em 2011. Disse não se lembrar “de onde extraiu a motivação para formular o requerimento relativo à Petrobras”, “que o tema desse requerimento não se inseria em sua pauta de atuação parlamentar” e “que não conhece o Grupo Mitsui nem nada sabe a respeito”.

    Os assessores de Cunha talvez possam refrescar a memória da atual prefeita de Rio Bonito. O deputado admitiu a possibilidade de seu gabinete ter auxiliado Almeida a preparar a papelada. O presidente da Câmara recusou-se a depor à PF. Até agora, limitou-se a dar explicações na CPI da Petrobras, teatro armado por ele mesmo. Foi à comissão de forma espontânea, condição que o desobrigou de prestar o juramento de dizer só a verdade. Diante da plateia, foi enfático: “Eu não fiz qualquer requerimento a quem quer que seja”. Se a declaração colidir com os fatos, não terá motivo para se preocupar apenas com a Justiça.

    Surgiria a possibilidade de um pedido de cassação por quebra de decoro.

    Por ora, nenhum partido se animou a propor algo semelhante.

    Furioso diante dos acontecimentos, o presidente da Câmara chamou o procurador-geral para a briga. Disse existir uma “querela pessoal” por parte de Janot, passou a articular a convocação dele pela CPI da Petrobras, uma explícita tentativa de intimidá-lo, e agora defende que o procurador-geral não seja reconduzido por Dilma ao cargo, quando o mandato dele terminar, em setembro.

    Janot parece ter razão para desconfiar da sinceridade das explicações do peemedebista sobre o episódio dos arquivos eletrônicos. Às vezes, o deputado é acometido de certo desapego à verdade factual. Na última semana de abril, ele foi a um jantar com deputados correligionários e dois ministros indicados pelo partido, na casa do mineiro Newton Cardoso Jr. Ali, debochou dos petistas: “O PT não ganha uma votação, só quando a gente fica com pena na última hora”. A afirmação virou notícia em O Globo. O presidente da Câmara prontamente a desmentiu, pelo Twitter:

    “Não pronunciei o comentário a mim atribuído no jantar da bancada. Apesar das diferenças, sempre trato a todos com respeito”.

    Ele só não contava que, entre os comensais, houvesse um gravador ligado. O áudio com a declaração foi publicado pelo jornal na internet logo após o desmentido. Cunha retratou-se, também pelo Twitter: “Se me enganei e falei algo que não me lembrava e possa ter sido agressivo, ao PT peço desculpas”.

    A personalidade do deputado é um caso à parte até agora em seus três meses de reinado na Câmara. Ele tem tido uma atitude pouco habitual em Brasília. No comando das sessões, a portas fechadas ou em entrevistas, costuma ser ríspido, impaciente, soberbo e debochado, principalmente quando alguém ensaia contestá-lo. A votação da lei da terceirização foi um festival de insensibilidade. Com a voz monocórdica mesmo em situações tensas, revela pouco coração e nenhuma empatia. A insistência em dizer-se independente do governo e em pautar votações polêmicas sem muito debate indicam egoísmo, até uma velada incitação à intolerância.

    Sua postura monárquica tem intimidado deputados e espalhado terror entre funcionários da Câmara. Ele demitiu um diretor por dar declarações a jornalistas e anunciou a demissão de outro em meio a uma entrevista.

    Desconfiado, recusa-se a ser assessorado por servidores concursados, só nomeia gente da sua confiança, certo da fidelidade canina mesmo em situações duvidosas, e evita conversar ao telefone ou com aliados quando próximo de seguranças e motoristas.

    O peemedebista gaúcho José Fogaça foi constituinte, senador e prefeito de Porto Alegre e voltou neste ano a Brasília depois de 12 anos longe.

    Segundo ele, Cunha é quem melhor entende e explora o caótico sistema político atual, em que há partidos demais e consistência de menos. Sua inteligência acima da média dos colegas, o profundo conhecimento do regimento interno da Casa e a caneta de presidente da Câmara nas mãos facilitam seu trabalho. “Ele consegue construir maioria tanto com o governo quanto com a oposição”, diz o deputado, a apontar uma razão especial para a força do colega de bancada: “Nunca vi um governo tão desarticulado. O Palácio é isolacionista”.

    No PSDB, principal partido de oposição, o estilo de Cunha tem deixado muita gente ressabiada. Entre tucanos, é possível perceber certa cautela em análises a respeito do presidente da Câmara. Se, por um lado, o peemedebista é útil para dividir a base aliada e desgastar Dilma Rousseff, por outro, tem uma atitude e uma agenda merecedoras de reparos. Para Luiz Carlos Hauly, do Paraná, ele exibe uma “postura imperial” e uma pauta de votações “exagerada”. Marcus Pestana, de Minas Gerais, vê um “rolo compressor” em sua gestão e resume: “Nossa relação com ele é dialética, não vamos concordar em tudo o tempo todo”.

    Quem comanda a Câmara, a história ensina, funciona ou como líder da oposição ou como interventor do Planalto entre os deputados. Cunha tem sido um presidente do primeiro tipo, com a diferença de possuir um projeto próprio de poder, desvinculado de grupos tradicionais, na avaliação do sociólogo Adalberto Cardoso, diretor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

    Sua agenda conservadora, que mistura religião e poder econômico, diz Cardoso, atende a seu interesse pessoal, não do PMDB, uma das razões para o atrito com Calheiros. Armado dessa agenda e em busca de projeção nacional, o deputado poderá construir uma herança ideológica cujo desfecho natural seria uma candidatura à Presidência na próxima eleição.

    “Ele está imbuído de uma missão, tem maioria sólida na Câmara e o controle da agenda política no Congresso. Mas é um movimento de altíssimo risco. No Brasil, qualquer agenda radical assusta até o centro.”

    Historicamente mais conservador do que a Câmara, o Senado viu surgirem barricadas contra o deputado, algo incomum na convivência entre as duas casas. Uma das trincheiras é liderada pelo presidente do Senado. Renan Calheiros trava com o colega uma luta por poder no PMDB. Uma questão de sobrevivência para quem é igualmente alvo da Lava Jato. Quanto mais fraco se apresentar perante o mundo político e na mídia, mais Calheiros estará perto do cadafalso.

    Nos últimos tempos, o senador sempre aproveita a oportunidade para se diferenciar do correligionário. A lei da terceirização foi um desses casos. Calheiros imbuiu-se do papel de defensor dos trabalhadores e criticou abertamente o projeto. Segundo ele, o PMDB é historicamente de “centro-esquerda”, uma forma sutil de atacar o marcante conservadorismo de Cunha. Dias atrás, em reunião com senadores, disse que a bancada do partido na Câmara, Cunha à frente, sitiou o Palácio do Planalto em busca de cargos federais. Ao apontar tal cerco, aproveitou para criticar o vice-presidente da República, Michel Temer, chamado de “coordenador de RH”, motivo de uma arranca-rabo público entre os dois.

    Outra trincheira contra o “cunhismo” é a frente progressista formada por parlamentares de diversos partidos com o propósito de barrar iniciativas retrógradas da Câmara, que, sob a bênção do evangélico, possam ser aprovadas pelos deputados e enviadas aos senadores. O estopim da formação do grupo foi a lei da terceirização. Também estão na mira o Estatuto da Família, um ataque aos direitos já existentes em casos de união homoafetiva, a redução da maioridade penal para 16 anos e a revogação do Estatuto do Desarmamento, todos projetos patrocinados por Cunha. O lançamento da frente deu-se no gabinete do líder do PSB, João Capiberibe. Para o senador, o peemedebista tornou-se um problema para o País. “Ele estabeleceu uma relação clientelista com sua base na Câmara. No momento político que vivemos, um personagem como esse é muito arriscado para a sociedade.”

    A reação anti-Cunha igualmente se esboça nas ruas. Desde março, o peemedebista viaja pelo País quase toda sexta-feira, a bordo de jatinhos da FAB, para vender pelas capitais suas ideias, entre elas as doações empresariais de campanhas. O tour foi batizado de Câmara Itinerante, uma promessa da campanha à presidência da Casa. Seria uma tentativa de melhorar a imagem do Parlamento e, claro, torná-lo mais conhecido do eleitorado. As itinerantes aparições não têm rendido, porém, a glória esperada. Cunha costuma ser recebido com apitaços, ovos, vaias e beijaços gays. Em São Paulo, esperava-o a faixa “Fora Eduardo Cunha, corrupto, homofóbico”. Em Campo Grande, o epíteto de “inimigo número 1 da classe trabalhadora”.

    Em Porto Alegre, a Assembleia Legislativa teve de ser fechada e os manifestantes postos para fora. Em João Pessoa, o deputado ficou tão furioso ao ser obrigado a deixar a Assembleia debaixo de ovos e protestos, que atacou o PT, a CUT, o movimento LGBT e o próprio governador, Ricardo Coutinho, do PSB, a quem culpou de omissão em garantir sua segurança. “Não tenho culpa se as teses que o senhor Eduardo Cunha defende são impróprias e provocam esse tipo de reação”, reagiu Coutinho. “Eu já fui alvo de protestos, ele não pode? Ele deveria pedir desculpas à Paraíba.” Depois de tantos percalços, o presidente da Câmara resolveu parar de propagandear suas viagens com antecedência, uma tentativa de impedir a organização de protestos.

    Nada, porém, parece abalá-lo. Para cativar deputados aliados, ele acaba de tirar do papel um antigo plano de construção de um novo prédio para a Câmara, projeto estimado em 1 bilhão de reais. A ideia agrada a quase todos os partidos, pois daria mais conforto aos parlamentares. Na inauguração da capital federal, em 1960, havia 326 deputados. Hoje, são 513. De lá para cá foram construídos três anexos, mas ainda há uma sensação de aperto, pois, quando a ditadura acabou, havia cerca de 8 mil funcionários, entre concursados e cargos de confiança, e agora são 18 mil.

    Cunha quer fazer a licitação até o fim de seu mandato à frente da Câmara. Parece ter enxergado aí uma oportunidade para praticar seu conhecido tino comercial, ao aproveitar a força do Estado para estimular negócios privados. Seu sonho é botar de pé uma espécie de shopping ao lado do novo anexo, apesar de as regras de Brasília não admitirem prédios do gênero nas redondezas. O grande fluxo de visitantes e servidores e o elevado poder aquisitivo dos frequentadores indicam a existência de um “alto potencial comercial” na Câmara, segundo Beto Mansur, do PRB, primeiro-secretário da Casa.

    A construção do shopping é o motivo de o peemedebista estar decidido a tocar o projeto na forma de Parceria Público-Privada mesmo sem autorização expressa da lei para PPPs no Legislativo. Quando a ideia foi tornada pública pelo então diretor de Estudos Técnicos da Câmara, Mauricio da Matta, Cunha o demitiu. O deputado tentou arrancar a autorização para a PPP no fim de 2014, por meio de uma Medida Provisória da qual era um dos relatores. O dispositivo foi vetado por Dilma em janeiro, mas isso não o impediu de assinar, em março, um documento no qual divulgava a intenção da Câmara de buscar interessados em elaborar o projeto. Em breve tentará de novo inserir a autorização na lei.

    Na quarta-feira 6, saíram os nomes das cinco empresas habilitadas a entregar os croquis em 45 dias: Ceres Inteligência Financeira, Concremat Engenharia e Tecnologia, Planos Engenharia, Via Engenharia, Consórcio Emsa-Servi. Com base na construção de uma nova sede do governo do Distrito Federal, inaugurada no fim do ano passado, há quem calcule que a PPP planejada por Cunha pode significar um fluxo financeiro de uns 300 milhões de reais por ano. Ótimo negócio.

    Um shopping em região já demasiadamente engarrafada seria um símbolo perfeito do poder de Cunha, o senhor do caos.

    *Uma versão desta reportagem foi publicada na edição 849 de CartaCapital, originalmente com o título "Cunha e o caos"

    http://www.cartacapital.com.br/revista/849/cunha-e-o-caos-336.html