terça-feira, 14 de julho de 2015

Nós pagamos a conta sem direito a opinar ou contestar

Com reajustes, deputado custará R$ 2 milhões por ano

Este é o valor que o contribuinte pagará pelo mandato de cada um dos 513 deputados após o “pacote de bondades” autoconcedido pela Câmara. Estimativa é de que gasto anual crescerá mais de R$ 150 milhões em relação a 2014

por Edson Sardinha | 28/02/2015

Zeca Ribeiro/Ag. Câmara

Reunião da Mesa que liberou voo para mulher de deputado e aprovou aumento no valor dos benefícios do mandato

O pacote de bondades autoconcedido pela Câmara esta semana vai elevar para R$ 2 milhões o gasto anual com cada deputado federal. Na média, cada parlamentar custará aproximadamente R$ 170 mil por mês. Os valores variam de acordo com o estado de origem do congressista, a utilização integral ou não da verba para custear o mandato e do uso do auxílio-moradia. No ano passado, antes do reajuste de todos os benefícios, o custo mensal de cada deputado era de aproximadamente R$ 145 mil e o anual, de R$ 1,77 milhão. Com isso, a estimativa de gasto com os 513 parlamentares, que girava em torno de R$ 908 milhões em 2014, passará a ser de R$ 1,06 bilhão – um aumento anual de R$ 157 milhões (cerca de 17%).

A lista dos benefícios de um deputado após os aumentos

Com os novos valores, a despesa mensal por mandato poderá chegar a R$ 177 mil. Essa cifra poderá ser alcançada por um deputado de Roraima que fizer uso do auxílio-moradia e utilizar toda a verba a que tem direito para o exercício da atividade parlamentar (Ceap), mais conhecida como cotão. Nesse caso, cada um dos oito representantes de Roraima custará até R$ 2,15 milhões por ano.

Os dados são de levantamento do Congresso em Foco. Uma estimativa que considera os novos valores dos 13 salários anuais, da verba de gabinete, do cotão, do auxílio-moradia e de uma ajuda de custo equivalente a dois salários extras – um no começo e outro no final da legislatura. Com o pagamento da primeira parcela dessa ajuda de custo, cada parlamentar receberá em fevereiro R$ 67,4 mil apenas em vencimentos.

Com exceção do salário de R$ 33,7 mil, em vigor desde o início do mês, os valores reajustados dos demais benefícios – verba de gabinete, cotão e auxílio-moradia – passarão a valer em abril. Segundo a direção da Câmara, apenas os reajustes desses três benefícios vão ter impacto de R$ 112,7 milhões nos cofres da Casa no restante de 2015. Essa diferença deve passar dos R$ 150 milhões a partir do ano que vem.

Outra realidade

Um aumento que, segundo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), será compensado com cortes do mesmo montante sobre outras despesas. Ou seja, mesmo que não haja aumento, a Casa não fará esforço para economizar e se enquadrar na política de ajuste fiscal patrocinada pelo governo federal e parte dos governos estaduais diante do cenário de agravamento da crise econômica e de déficit nas contas públicas.

Os parlamentares vivem outra realidade. A sucessão de “boas notícias” para os congressistas começou em dezembro, ainda no final da legislatura passada, quando a Câmara e o Senado aprovaram o aumento de 26% de seus vencimentos. Desde 2010, os parlamentares recebiam R$ 26,7 mil. A remuneração pelos próximos quatro anos será de R$ 33,7 mil. Ou seja, apenas em vencimentos, cada parlamentar receberá R$ 1,8 milhão ao longo do mandato – 13 salários anuais e outros dois extras no período de quatro anos.

Ao acabar com os chamados 14º e 15º salários, que cada congressista recebia por ano até 2013, o Congresso decidiu instituir uma “ajuda de custo”, correspondente a um mês de salário, para o primeiro e o último mês de mandato. O argumento utilizado para a benesse é que os parlamentares têm despesas extras nesses dois períodos com a mudança de cidade. Mas os reeleitos, que já têm estrutura montada na capital federal, também têm direito à regalia.

Promessas de campanha

O aumento no valor dos benefícios faz parte da lista de compromissos assumidos com os deputados por Eduardo Cunha durante sua campanha à presidência. Parte das promessas ele cumpriu na quarta-feira (25), quando a Mesa Diretora aprovou, além do pacote de aumento dos benefícios, a liberação a esposas e maridos de parlamentares para voarem com a cota de passagens aéreas asseguradas a deputados para o exercício do mandato. Alguns congressistas reclamaram de ter de tirar do próprio bolso dinheiro para pagar o voo de suas companheiras. Por normas internas, o uso está restrito ao deputado e a assessores em viagem de trabalho desde 2009, quando o Congresso em Foco revelou a “farra das passagens“.

A verba aérea sai do cotão, que cobre despesas dos parlamentares com locomoção, refeição, hospedagem, telefone, aluguel de escritório, contratação de consultoria e divulgação do mandato, entre outras. O cotão teve aumento de 8,7%, o que deve onerar os cofres públicos de abril a dezembro em R$ 14,6 milhões, segundo a Câmara. O menor benefício é pago a deputados do Distrito Federal, que devem passar a receber R$ 30,4 mil por mês. A quantia mais elevada é garantida aos deputados de Roraima, que poderão gastar depois de abril até R$ 45,2 mil por mês.

Mais de R$ 753 milhões

Na legislatura passada, o cotão consumiu mais de R$ 753 milhões da Câmara e do Senado, como mostrou a Revista Congresso em Foco. Dinheiro que saiu dos cofres públicos sem licitação. Com esse montante, daria para erguer mais de 11 mil casas popu­lares ou 115 escolas públicas para atender aproximadamente 500 alunos. Ou construir 40 hospitais com uma centena de leitos. Na maioria dos casos, o parlamentar apresenta a nota fiscal e é ressarcido imediatamente pela Câmara. Alguns já foram denunciados no Tribunal de Contas da União (TCU) e na Justiça por mau uso dessa verba pública, já que os controles de conferência são frágeis. Por suspeitas de mau uso do benefício, o Ministério Público Federal cobra que parte dessas despesas seja alvo de licitação.

Já a chamada verba de gabinete permite a cada deputado contratar até 25 funcionários. Com o aumento de 18%, saltará de R$ 78 mil para R$ 92 mil por mês. Nesse caso, o impacto será de R$ 97,3 milhões.

O auxílio-moradia teve reajuste de 11,92%; passou de R$ 3,8 mil para R$ 4,2 mil. Este benefício não é usufruído por todos os deputados. Parte deles vive em amplos apartamentos funcionais, recentemente reformados pela Câmara. A Casa ainda não atualizou, em sua página na internet, o número de parlamentares que utilizam essas unidades neste começo de legislatura. Mas também nesses casos há gasto público para a manutenção dos imóveis. A estimativa da Câmara é que a elevação do valor do auxílio vai gerar gastos extras de R$ 805,5 mil até o final deste ano.

Sob demanda

Com exceção do salário, os demais benefícios são usados de acordo com a demanda. Um deputado pode, por exemplo, economizar na verba de gabinete ou no cotão e não utilizar todo benefício a que tem direito ou mesmo abrir mão do auxílio-moradia e do apartamento funcional, caso tenha imóvel em Brasília. Os valores não utilizados ficam na conta da Câmara.

A lista de benefícios dos deputados ainda contempla itens de difícil mensuração. Além de plano de saúde, os parlamentares têm à disposição os serviços prestados pelo Departamento Médico da Câmara. Eles ainda podem ser reembolsados com suas despesas médico-hospitalares casos os serviços tenham sido prestados fora da Casa.

Diferentemente do Senado, onde cada senador tem um veículo oficial à sua disposição; na Câmara, os carros oficiais estão restritos a 11 ocupantes de cargos de direção, como o presidente da Casa, os integrantes da Mesa Diretora, o chefe do Conselho de Ética, entre outros. Todos os deputados deputado têm direito a uma série de materiais de impressão, como 5 mil cartões de visita por ano e quantidades generosas de resmas de papel e blocos de anotação, entre outros itens de papelaria.

http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/com-reajustes-cada-deputado-custara-r-2-milhoes-por-ano/

Viagem de Eduardo Cunha e 13 deputados a Israel e Rússia custou R$ 395 mil

 

Estadão Conteúdo Em Brasília

  • Ed Ferreira/Folhapress

    Em junho de 2015, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e outros 13 deputados viajaram por Israel, pelo território palestino e pela Rússia

    Em junho de 2015, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e outros 13 deputados viajaram por Israel, pelo território palestino e pela Rússia

A viagem de nove dias do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e outros 13 deputados por Israel, pelo território palestino e pela Rússia, em junho deste ano, custou cerca de R$ 395 mil aos cofres públicos. As despesas foram com passagens aéreas, taxas de embarque e diárias para hospedagem e alimentação. Alguns deputados utilizaram o dinheiro da cota parlamentar destinada a despesas com passagens aéreas e, por isso, a Câmara calcula que os custos da missão são de R$ 347 mil.

A Câmara informou não ter pagado as despesas das sete mulheres dos parlamentares, inclusive a de Cunha, e de amigos deles que acompanharam a missão. A Casa disse ainda que a parte turística da viagem foi paga pelos anfitriões.

Além de Cunha, levaram suas mulheres os deputados Átila Lins (PSD-AM), Beto Mansur (PRB-SP), Bruno Araújo (PSDB-PE) e Rubens Bueno (PPS-PR). Os líderes Leonardo Picciani (PMDB-RJ), Maurício Quintella (PR-AL), Jovair Arantes (PTB-GO) e Mendonça Filho (DEM-PE), Gilberto Nascimento (PSC-SP), segundo-suplente da Mesa Diretora, foram desacompanhados. Os líderes André Figueiredo (PDT-CE) e Arthur Oliveira Maia (Solidariedade - BA) integraram a comitiva com suas mulheres apenas na Rússia. Também participaram da viagem os deputados André Moura (PSC-SE) e Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Também participaram da viagem um assessor de imprensa, um agente de segurança e o primeiro-secretário da Assessoria Especial de Assuntos Federativos e Parlamentares do Ministério das Relações Exteriores, Renato Pinheiro do Amaral Gurgel.

Na época da viagem, a Câmara informou que faziam parte da "delegação acompanhante" o Pastor Everaldo (PSC), ex-candidato à Presidência da República e amigo de Cunha. Gustavo Carvalho dos Santos e Arnon Velmovitsky são, segundo o presidente da Câmara, membros da comunidade judaica no Brasil e arcaram com as próprias despesas.

De acordo com a Câmara, o valor de R$ 394.836,13 refere-se à soma dos valores totais de passagens (R$ 271.577,88), diárias (R$ 113.462,85) e adicional de embarque e desembarque (R$ 9.795,40), o que totalizou R$ 394.836,14. No entanto, ainda de acordo com a Câmara, cinco deputados - Leonardo Picciani, Maurício Quintella, Jovair Arantes, Arthur Oliveira Maia e Rodrigo Maia - utilizaram recursos da cota parlamentar para pagar parte de suas passagens. A Câmara informou que, com isso, R$ 346.763,49. Eduardo Cunha disse ter dispensado as diárias, mas gastou R$ 32.996,50 com passagens na classe executiva.

Turismo

Além de reuniões oficiais com políticos israelenses palestinos, o roteiro da viagem incluiu visita ao Museu do Holocausto, a Jerusalém Oriental e Belém e passeio de um dia inteiro na região norte de Israel (Mar da Galileia, Lago Tiberíades, Nazaré).

Na Rússia, a delegação mesclou a agenda do encontro de parlamentos do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, com programação turística, que incluiu visita ao Kremlin, à Galeria Tretiakov, sessão do Balé Lago dos Cisnes, no teatro Bolshoi, e passeio de barco pelo rio Moscou. A presidência da Câmara informou que as atividades culturais foram realizadas no final de semana e a convite dos anfitriões, que montaram a agenda.

Em Israel, o grupo ficou hospedado no hotel Waldorf Astoria de Jerusalém, cujas diárias variavam entre US$ 530 a US$ 1.450 - algo em torno de R$ 1.650 e R$ 4.500 à época. Na Rússia, a hospedagem foi no Hotel Marriott-Aurora, onde as diárias variavam ao equivalente, naquele momento, entre R$ 645 e R$ 7.770.

Outro lado

De acordo com a Câmara, o que ultrapassou o valor da diária (algo entre US$ 428 e US$ 500) foi pago pelo próprio parlamentar. A Câmara nega que o fato de os deputados estarem acompanhados pelas mulheres encareça a missão. "Não há gastos indiretos. O valor da diária não muda se o parlamentar estiver acompanhado. Ele terá que arcar com os custos de acompanhantes", informou a Casa em nota.

"Sobre custos, ressaltamos que a Câmara dos Deputados, neste ano, apresenta o menor gasto acumulado comparado com anos anteriores. Nesta linha, duas missões foram conciliadas numa única viagem para maior economicidade", disse o comunicado da Câmara.

Ainda de acordo com a Casa, a missão oficial marcou dois importantes momentos da diplomacia parlamentar, pois, além dos encontros com líderes internacionais, houve assinatura de documentos como a 1ª Declaração do Brics no âmbito do Legislativo, através da qual os parlamentos dos cinco países se comprometeram a defender a reforma de mecanismos globais de segurança. Também foi anunciada a criação de uma comissão mista no Brasil para acompanhar assuntos relacionados ao bloco econômico.

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2015/07/10/viagem-de-eduardo-cunha-e-13-deputados-a-israel-e-russia-custou-r-395-mil.htm

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Partido de Putin apresenta ‘bandeira heterossexual’ para honrar valores tradicionais russos

 

Contornos de homem e mulher de mãos dadas com três crianças puderam ser vistos no Dia da Família, do Amor e da Fidelidade


Bandeira teve seu lançamento oficial no parque Sokolniki em Moscou na tarde desta quarta-feira- Reprodução

RIO - O partido do presidente da Rússia, Vladimir Putin, criou uma “bandeira heterossexual” para honrar os valores familiares tradicionais do país, afirmou o jornal “Izvestia” nesta quarta-feira. Cópias da bandeira, que apresentam os contornos de um homem e uma mulher de mãos dadas com três crianças, foram mostradas para a publicação por Andrei Lisovenko, vice-chefe da sucursal da Rússia Unida em Moscou. Elas também foram impressas com a hashtag “Uma Família Real” em russo.

De acordo com Lisovenko, a bandeira teve seu lançamento oficial no parque Sokolniki em Moscou na tarde desta quarta-feira, onde centenas de pessoas se reuniram para um comício da Rússia Unida em honra do Dia da Família, do Amor e da Fidelidade, que o país celebra anualmente no dia 8 de julho.

A decisão do partido de apresentar uma “bandeira heterossexual” surge depois que a Suprema Corte dos EUA decidiu legalizar o casamento homossexual no final de junho. No dia em que a medida foi anunciada, a Casa Branca foi iluminada com as cores da bandeira do arco-íris tradicionalmente associadas com a comunidade LGBT.

“Esta é a nossa resposta para o casamento do mesmo sexo, a esta paródia do conceito de família. Temos que alertar contra a febre gay em casa e apoiar os valores tradicionais em nosso país”, Lisovenko teria dito ao “Izvestia”.

A homossexualidade não é ilegal na Rússia, mas uma lei aprovada em junho de 2013 proíbe a promoção de relações sexuais “não-tradicionais” a menores. Uma pesquisa realizada pelo instituto de pesquisas independente Levada-Center em maio encontrou que 37% dos russos acham que a homossexualidade é uma doença que precisa ser curada.

O Dia da família, do Amor e da Fidelidade é uma celebração relativamente nova na Rússia, tendo sido introduzida apenas em 2008. Em homenagem ao feriado, os divórcios foram proibidos para o dia em quatro regiões da Rússia - Tula, Amur, Kaluga e Kurban -, de acordo com o site de notícias Lenta.ru.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/partido-de-putin-apresenta-bandeira-heterossexual-para-honrar-valores-tradicionais-russos-16714185#ixzz3fpNQdLfT
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sexta-feira, 10 de julho de 2015

“Se a Alemanha não pagou as dívidas, por que a Grécia deve pagar?”

 

por : Pedro Zambarda de Araujo

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A Grécia, sob o governo do partido de esquerda Syriza, decidiu por referendo popular não pagar as dívidas neste dia 5 de julho de 2015. Dias antes, em 27 de junho, o economista francês Thomas Piketty deu uma entrevista ao jornal alemão Die Zeit, de Hamburgo.“A Alemanha nunca pagou suas dívidas”, disse o autor do livro “O Capital no Século XXI”.

Em uma entrevista feita pelo jornalista Georg Blume, Piketty relembrou seus estudos a respeito da desigualdade econômica e aprofundou sua crítica aos planos de austeridade na União Europeia recorrendo à história recente.

“O passado da Alemanha, neste contexto, deveria ter um grande significado para os alemães de hoje. Olhe para a história das dívidas nacionais: Reino Unido, Alemanha e França já estiveram na mesma situação da Grécia atualmente, e eles já estiveram até mais endividados. A primeira lição que podemos tirar da história do endividamento governamental é que nós não estamos enfrentando um problema novo. Há muitas formas de pagar dívidas, e não apenas uma que Berlim e Paris quer que os gregos acreditem”, frisou o economista.

Piketty sinalizou que o povo grego não deveria se submeter aos interesses da Europa e especificamente dos alemães, que representam o maior interesse do bloco, baseando-se em seu próprio estudo de 200 anos de história macroeconômica em diferentes regiões globais, incluindo o Brasil. O calote dado não é, necessariamente, uma novidade. Piketty critica o excesso de concentração de renda, que pode ser prejudicial ao crescimento dentro do capitalismo.

“O que me afetou justamente quando eu estava escrevendo é que a Alemanha é realmente o melhor exemplo singular de um país que, no decorrer de sua história, nunca pagou sua dívida externa. Nem depois da Primeira ou da Segunda Guerra Mundiais” diz.

“No entanto, é frequente a pressão para que outros países paguem, como aconteceu depois da Guerra Franco-Prussiana de 1870, quando o Estado francês precisou de inúmeros reparos e os recebeu. O governo francês sofreu por décadas com essa dívida. A história das dívidas públicas é cheia de ironias. Raramente segue nossos ideais de ordem ou justiça”.

O economista reconhece que os gregos cometeram erros na condução econômica, mas considera as demandas alemãs de austeridade fiscal uma “piada”. Quando Hitler foi derrotado em 1945, a dívida pública da Alemanha era de 200% do seu PIB. Na década seguinte, em 1953, a conta caiu para 20% com o perdão de inúmeros credores, incluindo a própria Grécia e o Reino Unido. Do montante de dinheiro, o pagamento de 60% chegou a ser cancelado, com a renegociação do restante.

O economista se diz “vacinado do comunismo” porque é crítico com experiências como foi a União Soviética, mas ele não perde a oportunidade de questionar os modelos neoliberais ou excessivamente conservadores.

O DCM teve a oportunidade de entrevistar Piketty em novembro de 2014. “É justo alguém votar em Dilma porque recebe o Bolsa Família”, disse para mim o autor de O Capital do Século XXI, embora tenha reconhecido que faltam transparência no estado brasileiro e taxação das grandes fortunas.

Se a Alemanha não pagou dívidas, por que a Grécia deve pagar? O economista aponta que o perdão das dívidas é uma forma de preservar instituições democráticas que ele acredita fundamentais para garantir o futuro da sociedade. Essa preservação inclui a própria União Europeia e o euro, a unidade monetária que permanece ameaçada depois de praticamente sete anos de crise econômica no continente, que não afeta somente os gregos, mas também espanhóis e portugueses.

Para ele, a Alemanha lucra com grandes empréstimos que custam altos impostos aos países. A solução que se apresenta hoje seriam reuniões diplomáticas como as que ocorreram no final da Segunda Guerra.

A recessão grega, segundo os estudos de Thomas Piketty, foi de 25% do PIB, o que equivale à situação da França e da Alemanha entre 1929 e 1935, antes mesmo da ascensão de Adolf Hitler e da devastação da Europa.

“Não podemos impor que as novas gerações paguem por décadas pelos erros de seus pais. Os gregos, sem dúvida alguma, cometeram grandes erros. Nós temos que olhar para a frente. A Europa foi fundada no perdão das dívidas e no investimento do futuro, não numa ideia de penitência infinita. Precisamos nos lembrar disso”.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/piketty-se-a-alemanha-nao-pagou-as-dividas-por-que-a-grecia-deve-pagar/

PMDB SE REÚNE PARA AFINAR DISCURSO ANTI-GOLPE

 

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Rio 247 – A bancada de 62 deputados do PMDB foi convidada pelo diretório do partido no Rio de Janeiro a passar dois dias na cidade. O motivo oficial é a visita às obras dos Jogos Olímpicos de 2016, com a hospitalidade do prefeito, Eduardo Paes. Mas será uma oportunidade para que os parlamentares, na companhia de líderes como Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, e Michel Temer, vice-presidente e articulador político do governo, afinem o discurso do partido.

De um lado, uma ala da legenda já procurou o PSDB para uma aliança no cenário em que Temer assume a presidência, no caso remoto de a presidente Dilma Rousseff, alvo de ações no Tribunal de Contas da União e no Tribunal Superior Eleitoral, ser cassada e deixar o poder, após movimentações insistentes por parte da oposição, liderada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG). De outro, lideranças históricas da sigla vêm reafirmando o apoio ao PT e à presidente Dilma.

Em entrevista ao Valor Econômico nesta quinta-feira 9, o ex-ministro do governo Dilma Moreira Franco, atual presidente da Fundação Ulysses Guimarães, ligada ao PMDB, afirmou: "o PMDB não trai, não somos golpistas". No mesmo dia, Michel Temer saiu em defesa da presidente, argumentando que "está na mesma canoa" e que o PMDB "é aliado" da petista. Questionado sobre até quando o PMDB vai segurar a presidente em meio à crise política, respondeu: "Ninguém precisa segurar Dilma. Ela não cai".

Para o líder do PMDB na Câmara, o encontro dos deputados no Rio "é uma oportunidade de afinar o discurso. Há consenso no PMDB de que o presidente Temer é a principal liderança do partido, e a legenda vê com preocupação a possibilidade de desgaste dele nessa tarefa de articulador político do governo". Outra função da reunião dos peemedebistas seria testar a aceitação do nome de Paes como possível candidato à presidência da República pelo partido em 2018. A candidatura própria já é algo que vem sendo tratado como concreto por muitos integrantes do partido.

Brasil 247

CRÍTICAS CHEGAM A SER 'ESQUIZOFRÊNICAS'

 

Isaac Amorim/MJ:

247- O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta sexta-feira (10) que não está surpreso com a convocação para depor na CPI da Petrobras e que não vê problema na convocação. Segundo ele, as críticas a sua postura chegam a ser "esquizofrênicas".

"Recentemente tive um episódio que envolvia cartel nos metrôs de São Paulo e alguns parlamentares de oposição estavam dizendo que eu estava instrumentalizando a Policia Federal. Alguns acham que eu estou instrumentalizando e outros acham que eu não controlo. Nem uma coisa nem outra. Esse não é meu papel", afirmou.

De acordo com o ministro, a ida de seus assessores ao Congresso faz parte de um "procedimento padrão", para sugerir que qualquer informação devida possa ser dada também por meio de convite ou visita de uma comissão de deputados ao ministério.

"Sempre acontece isso. Algumas vezes situações de convocação ensejaram uma vinda de deputados para falar comigo. Várias vezes já aconteceu", disse. "Em outros casos foi convite, agora é convocação. No meu posicionamento nada altera. Se o parlamento preferir convocação, que seja convocação. Se preferir vir aqui, que venham. E se for um convite, eu vou. Não vejo absolutamente problema nenhum", completou.

O ministro negou que a falta de articulação política do governo tenha sido responsável pela situação.

"Não me considero surpreso. É absolutamente normal. Se querem esclarecimentos, se há coisa a esclarecer irei com grande prazer", disse. "Temos que perder essa mania de que ministros não devem ir ao Parlamento. Tenho dever de esclarecer a opinião pública. Se alguém tem alguma dúvida que eu passa esclarecer, se posso contribuir em uma investigação, tenho que falar. É meu dever", defendeu.

Perguntado se o depoimento pode acabar por prejudicar o PT, o ministro respondeu de forma genérica.

"Aquilo que está sob sigilo eu não tenho conhecimento. O que não está, eu tenho conhecimento e os senhores também têm. Não vejo o que eu possa, sob esse aspecto, fazer juízo de valor sobre esse partido ou qualquer outro. Ninguém deve temer nunca a verdade", afirmou

Cardozo disse também que não se sente abandonado pelo partido.

"Tenho visto pelo jornal que algumas pessoas não se agradam e acham que eu perdi o controle. Acho engraçado porque só se perde algo que se tem. Eu não devo controlar a Polícia Federal no mérito da investigação, mas a supervisão hierárquica de eventuais desmandos administrativos", explicou. "Já recebi da bancada de deputados do PT um manifesto de apoio."

Cardozo também afirmou que é conhecido por ser duro nas punições disciplinares quando lhe cabe, mas que não decide quem deve ser investigado e quem não deve. Ele também diz que o Ministério da Justiça deve permitir a autonomia das investigações.

"Cumpro meu papel: garantir autonomia para investigação da Polícia Federal. O que eu posso fazer é diante de indícios de abusos, determinar investigações. Como é o caso das escutas. A escuta ilegal é abuso de poder. Ou não houve? Quem fez? Quem não fez? Sempre que isso acontece eu intervenho", afirmou. "Essa é minha opinião, minha posição e, enquanto estiver no Ministério da Justiça, permanecerei atuando nessa linha", concluiu.

O ministro acrescentou que desconhece qualquer ação da Polícia Federal na Operação Lava Jato que não tenha decorrido de ordem judicial expressa, salvo as que estão sob investigação. Assim, segundo ele, se houve situação abusiva e diante da ordem judicial, cabe aos tribunais rever as decisões. 

Brasil 247

NOVA LEI ELEITORAL FAVORECE MAIS RICOS E DESPOLITIZA

 

Luis Macedo / Câmara dos Deputados:

Por Tereza Cruvinel - Rodrigo Maia foi um esforçado relator da lei eleitoral aprovada hoje pela Câmara, a chamada legislação infra-constitucional. Ouviu seus pares, tentou aproximar-se da média do pensamento da Câmara. Mas a votação comandada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, podia ter esperado pela conclusão da aprovação em segundo turno da emenda que constitucionaliza o financiamento privado de campanhas. Ainda há um destaque do PC do B suprimindo esta forma de financiamento, com poucas chances de ser aprovado, é verdade, mas terá que ser votado.

O texto básico já aprovado, entretanto, peca em alguns aspectos. A ver.

1. Limite de gastos – Quando o projeto fixa o limite de gastos das campanhas de deputados em 70% do custo da campanha mais cara havida na eleição passada, isso nivela os gastos por cima. A campanha mais cara em 2014 foi a de uma deputada do Piauí, que custou R$ 7 milhões. Então, em 2018 cada candidato a deputado poderá gastar até R$ 4,9 milhões. Isso é um absurdo! É estimular o encarecimento das campanhas, a busca desenfreada por doações e tudo que disso deriva. É excluir da disputa os mais pobres e os que não têm o apoio de empresas ou de corporações, como sindicatos e associações de classe.

2. Limitação do tempo de campanha no rádio e na televisão. A Abert e as empresas de radiodifusão privada agradecem. Estavam no salão verde fazendo lobby e ganharam. A campanha eletrônica será reduzia de 45 dias para 35 dias. A campanha como um todo também é reduzia de 90 dias para 60 dias Isso reduz custos mas ajuda a despolitizar o eleitorado. Discute-se menos a campanha, as propostas, as candidatura, o futuro. Em campanhas vapt-vupt, ganham os mais abonados.

3. Formato dos programas – Ficam proibidos os recursos audiovisuais (infográfico e animações, por exemplo) e gravações externas. Isso também empobrece os programas, afastando o telespectador-eleitor. Programas mais baratos, porém mais pobres, menos interessantes, menos pedagógicos. Não seria possível reduzir custos de outra forma?

Há outros pontos, como estes discutíveis. Mas todos eles são objeto de destaques que ainda serão votados na próxima semana.

http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/188358/Nova-lei-eleitoral-favorece-mais-ricos-e-despolitiza.htm

A vã tentativa de moldar uma outra Dilma

 

A fase instável e aguda da atual conjuntura política, num clima predominantemente fabricado, sintetizado na pergunta feita à presidenta, na sua entrevista para o jornal Folha de S.Paulo — "parece estar todo mundo querendo derrubar a senhora (...)", demonstra como a estupidez e a ignomínia atingiu tal nível de ataque a esta mulher, presidenta da República Federativa do Brasil. A presidenta foi eleita, com base na força da soberania popular, apesar das tentativas golpistas — desde as vésperas do pleito de 2014 — para reverter o resultado alcançado. O regime é presidencialista aprovado e re-aprovado em dois plebiscitos pelo povo brasileiro. Portanto, confere à chefe do executivo a certeza do mandato fixo, ao contrário do parlamentarismo.

Destarte, mais ainda, o mandato da presidenta Dilma completa apenas seis meses, e como acontece sempre e universalmente em tal situação, deve-se dar um crédito de confiança ao governo que inicia. Um programa de governo não se aplica intempestivamente.

E numa potencialização ainda maior de dificuldades, é preciso distinguir o contexto do segundo governo Dilma: momento muito difícil da vida do país – situação que pode ocorrer na trajetória de qualquer nação – que une fatores conjugados, relativos à grande crise do capitalismo iniciada em 2007 e 2008 que, continua, e impacta fortemente os países em via de desenvolvimento; e depois de 12 anos de grandes conquistas no Brasil, agora se impõe novo ciclo, ou uma nova etapa constituída de reformas estruturais para o desenvolvimento nacional democrático, que garanta a soberania e o progresso social.

Assim estamos diante de uma transição no mundo e no Brasil, que, também não se concretiza imediatamente. É um processo relativamente prolongado, mesmo que fosse impulsionado por forte mobilização popular.

É nessa situação singular que as forças conservadoras, elites reacionárias e revanchistas — num contexto de dominância sistêmica da oligarquia financeira globalizada — se aproveitam do curso de transição, portanto ainda em definição, e de certos erros que se acumularam, para tentar truncar a qualquer preço o avanço da quarta vitória das forças democráticas e progressistas em nosso país.

A direita se juntou numa grande conspirata em marcha, sobretudo setores do consórcio oposicionista comando pelo candidato derrotado, Aécio Neves, a buscar qualquer pretexto para dar forma à preparação golpista. Usam todo arsenal, em conluio com a mídia monopolista para confundir, desacreditar e desmoralizar a presidenta e as forças que lhe apoiam. Estão procurando subverter a ordem democrática para impor de forma absolutista sua alucinada vontade.

Contudo, eles não estão levando em conta, como sempre, a força das massas trabalhadoras e populares, ainda reduzida e aparentemente imóvel. Mas, uma lei objetiva da luta social comprova que as grandes mobilizações do povo irrompem através de um detonador muitas vezes imprevisível. O golpe ou sua incessante tentativa pode incendiar a "lenha seca".

E, desatinados, desconhecem quem é Dilma Rousseff. Chegam a imprimir uma falsa noção, que se amplia, para infundir um clima de desalento, reeditando ao extremo como verdadeiro: "Dilma é incompetente", "cometeu muitos erros", "está acuada, não governa, é responsável direta pela corrupção", "está prestes a jogar a toalha", e até que "já tentou suicídio". Uma anti-biografia da presidenta da República. Uma ignomínia perante a nação.

Afirmo convictamente o inverso. Dilma é decidida e tem dado mostras de ser detentora de profundas convicções de um novo tempo para construção soberana, democrática, solidária e de progresso social para nossa grande nação; de maior integração com os vizinhos da nossa região e por uma nova ordem mundial de cooperação e solidariedade entre os povos, de paz e desenvolvimento. É consciente da transição atual a seguir para uma retomada do crescimento em um novo ciclo. Empenha-se dia e noite neste sentido. Desde o final do seu primeiro governo, com o esgotamento do ciclo iniciado em 2003, já começou a fazer tentativas na busca de nova alternativa na linha do desenvolvimento com inclusão social.

A presidenta Dilma faz parte de uma geração de lutadores da época da ditadura militar de 1964. E sempre faz questão de assinalar com orgulho a sua corajosa experiência. À frente do PCdoB, na minha relação política com a presidenta, encontrei uma mulher e líder atenciosa, criteriosa em seu juízo de valor, longe de qualquer promiscuidade de cedência dos seus conceitos e de seus compromissos.

A montagem de uma anti-biografia, invertida da real personalidade e capacidade da presidenta Dilma, conjugando deformações e destacando ao máximo aspectos negativos é resultado da radicalização política em curso, de uma direita alucinada, de setores extremados, que usam qualquer expediente e instrumento para galgar seus objetivos para interromper o mandato constitucional da presidenta da República. Esse clima fabricado e continuado, que inclui também o preconceito de gênero, influenciou até mesmo parcelas da base do governo. Não é fortuita, a surpresa de muitos, provocada pelo desassombro da recente entrevista concedida pela presidenta Dilma ao jornal Folha de S.Paulo. A vida, em maior ou menor tempo, fará transparecer a razão e a verdade.

Brasil 247

quarta-feira, 8 de julho de 2015

PT: AÉCIO DEVERIA SE INSPIRAR MENOS EM LACERDA E MAIS EM TANCREDO

 

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Líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), leu em plenário nota da bancada do partido contra o golpismo do PSDB e seu presidente, senador Aécio Neves (MG): "Se o PSDB quer criminalizar doações legais e transparentes de campanhas feitas ao PT, quando se sabe que aquele partido oposicionista recebeu, em valores maiores, doações feitas pelas mesmas empresas, isso é golpe, sim. O Estado Democrático de Direito não admite o uso cínico, hipócrita e oportunista da moral de ocasião e a utilização despudorada dos 'dois pesos e duas medidas', como aconteceu no caso do mensalão do PSDB”, afirma a nota; "Aécio Neves, que parece cada vez mais inspirado pelo espírito golpista da UDN de Carlos Lacerda, deveria se inspirar mais na figura democrática e visceralmente antigolpista de seu avô, Tancredo Neves", diz ainda o texto

8 DE JULHO DE 2015 ÀS 05:21

Mariana Jungmann - Repórter da Agência Brasil

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), leu ontem (7), em plenário, uma nota da bancada do partido com críticas ao PSDB e seu presidente, senador Aécio Neves (MG), por uma postura que classificou de “golpista” em relação ao governo da presidenta Dilma Rousseff. Em resposta, Aécio foi à tribuna e disse, em discurso, que se Dilma não conseguir cumprir seu mandato, "não será por culpa da oposição, será porque burlou a lei”.

No texto, o líder petista diz que o partido de oposição tenta dar um golpe quando se une à imprensa para tentar criminalizar o PT e a presidenta no Tribunal de Contas da União por “ações contábeis normais, que sempre foram feitas em suas administrações”.

A alegação se refere ao relatório do TCU que aponta como ilegais manobras fiscais feitas pelo governo no ano passado, que vêm sendo chamadas de “pedaladas” e pelas quais a presidenta Dilma Rousseff pode ter a prestação de contas rejeitada pelo Congresso.

Humberto Costa também classificou como “moral de ocasião” a postura dos tucanos ao tentarem criminalizar as doações de empresas ao PT nas últimas eleições, quando o PSDB também teria recebido doações das mesmas empresas.

“Se o PSDB quer criminalizar doações legais e transparentes de campanhas feitas ao PT, quando se sabe que aquele partido oposicionista recebeu, em valores maiores, doações feitas pelas mesmas empresas, isso é golpe, sim. O Estado Democrático de Direito não admite o uso cínico, hipócrita e oportunista da moral de ocasião e a utilização despudorada dos 'dois pesos e duas medidas', como aconteceu no caso do mensalão do PSDB”, afirma a nota.

Em critica direta ao senador Aécio Neves, derrotado em segundo turno por Dilma nas últimas eleições, a nota dos senadores petistas o acusa de estar numa “busca frenética pelo “quanto pior, melhor” e pela ingovernabilidade da presidenta.

“Aécio Neves, que parece cada vez mais inspirado pelo espírito golpista da UDN de Carlos Lacerda, deveria se inspirar mais na figura democrática e visceralmente antigolpista de seu avô, Tancredo Neves”, diz o texto lido em plenário pelo líder do PT.

Logo após a conclusão da leitura por Humberto Costa, foi a vez de o presidente do PSDB subir à tribuna para responder as acusações. Aécio Neves ressaltou que seu partido quer apenas a independência das instituições de controle e fiscalização do governo, como TCU e a Polícia Federal, e que não trabalha por uma crise institucional no país. “Nós dissemos com todas as letras que o PSDB não é e jamais quererá ser protagonista de qualquer movimento de instabilidade da vida pública brasileira”, afirmou.

Ele lembrou que as denúncias sobre o pagamento de propina por meio de doações de campanha não foram feitas pelos senadores do PSDB, mas por um “antigo companheiro de jornada” do PT, fazendo referência aos delatores da Operação Lava Jato, como o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, entre outros. Segundo Aécio Neves, foram essas delações que apontaram que o caixa da campanha petista em 2010 foi “irrigado por recursos desviados da Petrobras”.

“Não somos golpistas, se a presidente tiver condições de cumprir o seu mandato presidencial, que o faça. Essa é a regra. E, se não conseguir cumpri-lo, não será por culpa da oposição, será porque burlou a lei”, afirmou.

Ressaltando que agirá “dentro dos limites da legalidade”, o senador tucano disse que irá “defender o país” e acusou o PT de ter “tomado de assalto” a maior empresa do país, de onde saiu o maior caso de corrupção da história brasileira.

“Ao refutar de forma veemente as insinuações do líder do governo Humberto Costa, tranquilizo os brasileiros, porque se somos hoje minoria nesta Casa, somos ampla maioria no seio da sociedade brasileira. Uma sociedade que não acredita mais na palavra da sua presidente da República, que se sente enganada, lesada por um partido político que tomou de assalto a nossa maior empresa e institucionalizou ali o maior caso de corrupção da nossa história contemporânea”, concluiu Aécio Neves.

https://www.brasil247.com/pt/247/poder/188012/PT-A%C3%A9cio-deveria-se-inspirar-menos-em-Lacerda-e-mais-em-Tancredo.htm

CÂMARA APROVA EM 2° TURNO TEXTO-BASE DA REFORMA POLÍTICA

 

GUSTAVO LIMA:

Foram 420 votos a favor, 30 contra e 1 abstenção; entre os temas aprovados estão o fim da reeleição, a possibilidade de empresas doarem a partidos políticos, o voto obrigatório, a manutenção do sistema proporcional e das coligações para o Legislativo; Pessoas físicas podem doar para a legenda e para o candidato. Ficou mantida a distribuição de recursos do Fundo Partidário e serão ainda definidos os limites de gastos e de doações

8 DE JULHO DE 2015 ÀS 05:34

Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil

O plenário da Câmara aprovou há pouco, em segundo turno, por 420 votos a favor, 30 contra e 1 abstenção, o texto-base da proposta de reforma política. Entre os temas aprovados estão o fim da reeleição, a possibilidade de empresas doarem a partidos políticos, o voto obrigatório, a manutenção do sistema proporcional e das coligações para o Legislativo.

Um acordo de líderes deixou a votação dos destaques ao texto para a próxima terça-feira (14). Os destaques, de caráter supressivo, podem retirar do texto temas aprovados em primeiro turno.

Hoje (8), a Câmara deve analisar o texto infraconstitucional para regulamentar alguns pontos da reforma, como o que trata do financiamento de campanhas por empresas. A Constituição não tem regra sobre o financiamento de campanhas.

Pela matéria aprovada, essas doações ainda estão permitidas, mas só podem ser endereçadas aos partidos. Pessoas físicas podem doar para a legenda e para o candidato. Ficou mantida a distribuição de recursos do Fundo Partidário e serão ainda definidos os limites de gastos e de doações.

A votação da reforma política começou no fim de maio e foi concluída, em primeiro turno, no dia 16 de junho. Entre os pontos mantidos está a manutenção do sistema proporcional. Pelo modelo, deputados e vereadores são eleitos de acordo com a votação do partido ou da coligação. É feito um cálculo para que cada legenda ocupe as vagas entre as mais votadas. Também foi aprovado, por uma maioria de 452 deputados, o fim das reeleições para prefeitos, governadores e presidente da República.

Além da Câmara, o Senado está também debatendo a reforma política. Um ponto de divergência entre deputados e senadores é o que muda para cinco anos a duração de todos os cargos, inclusive de senador, a partir de 2020. De acordo com o texto aprovado em primeiro turno, os eleitos em 2016 e em 2018 terão mandatos de quatro anos. A transição prevê ainda mandato de nove anos para senadores eleitos em 2018.

Hoje, após reunião com o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), relator da reforma na Câmara, e Romero Jucá (PMDB-RR), o relator no Senado, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que há a possibilidade das duas Casas do Congresso terem entendimentos diferentes sobre os mesmos temas. “Há propostas do Senado que vão tramitar separado e que virão para cá, para ser apreciada à parte da nossa emenda constitucional. A nossa emenda, eles podem escolher parte ou total; a parte que eles acolherem será promulgada e a outra parte vai tramitar em separado” disse.

http://www.brasil247.com/pt/247/brasilia247/188011/C%C3%A2mara-aprova-em-2%C2%B0-turno-texto-base-da-reforma-pol%C3%ADtica.htm

terça-feira, 7 de julho de 2015

Michel Temer manda recado a oposição “GOVERNO DILMA SÓ ACABA DAQUI A TRÊS ANOS E MEIO “

De acordo com o vice-presidente Temer, Dilma não está preocupada com as movimentações sobre um possível impeachment, e que considera isso “algo impensável”.
Ele disse a jornalistas no Palácio do Planalto que vai permanecer na articulação política, estando designado pela presidente para ocupar o cargo ou não.

“Não temos crise política, porque significaria o fato de o governo não ter apoio do Congresso Nacional. […] Vocês veem que temos tido apoio do Congresso”, disse.

Temer rebateu a afirmação do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que o governo da presidente Dilma Rousseff pode chegar ao fim “talvez mais breve do que imaginam”.

“Todos nós esperamos que seja só daqui a três anos e meio [o fim do governo], quando haverá novas eleições”, afirmou Temer.

http://pensabrasil.com/michel-temer-manda-recado-a-oposicao-governo-dilma-so-acaba-daqui-a-tres-anos-e-meio/

DATAFOLHA: 74% SÃO CONTRA FINANCIAMENTO PRIVADO

 

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6 DE JULHO DE 2015 ÀS 19:36

247 – Pesquisa Datafolha encomendada pela Ordem dos Advogados do Brasil e divulgada nesta segunda-feira 16 aponta que 74% dos entrevistados são contra doações de empresas a campanhas eleitorais. Das 2.125 pessoas que responderam às perguntas, apenas 16% são favoráveis ao financiamento privado, enquanto 10% não opinaram.

Ainda segundo o levantamento, 79% acreditam que a corrupção é estimulada por doações de empresários para o financiamento de campanhas. Para 12%, não há essa relação, enquanto 3% responderam que combate a corrupção e 6% não tem opinião formada a respeito. As perguntas foram feitas em 135 municípios de todas as regiões do Brasil entre os dias 9 e 13 de junho. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

A OAB é autora de uma ação no Supremo Tribunal Federal que pede o fim do financiamento privado de campanha. O julgamento está travado desde abril do ano passado, quando o ministro Gilmar Mendes pediu vistas do processo. Desde então, diversos protestos pediram para que o ministro devolva o caso para ser julgado no plenário, que já havia decidido a matéria, por 6 votos a 1 contra o financiamento privado.

"As suspeitas sobre a origem do dinheiro que abasteceu campanhas, conforme revelado em delações premiadas da Lava Jato, reforçam a necessidade de mudanças no sistema eleitoral brasileiro. O atual sistema contém brechas que permitem a eventual 'legalização' de recursos ilícitos através de doações formais a campanhas eleitorais", ressaltou o presidente da OAB, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, segundo reportagem da Folha.

De acordo com ele, "o mais adequado para limpar o Brasil, além da devida punição de eventuais culpados, respeitada a Constituição e o amplo direito de defesa, é acabar com o investimento empresarial em eleições e tornar crime a utilização do dinheiro não contabilizado, o chamado caixa dois".

http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/187822/Datafolha-74-s%C3%A3o-contra-financiamento-privado.htm

segunda-feira, 6 de julho de 2015

A mídia alternativa está incomodando? Mas que ótimo sinal!

 

Daniel Quoist

DANIEL QUOIST 6 de Julho de 2015 às 17:07

A luta não é por meros R$ 0,03 por visitante único. É por uma mídia decente e plural

É no mínimo curiosa a abordagem do jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, sobre a destinação da publicidade do Governo aos meios noticiosos em 2014.

Curiosa porque destaca a mídia por ele chamada alternativa como sorvedouro do dinheiro público direcionado à propaganda, deixando nas entrelinhas ser um mau negócio para o governo aplicar R$ 1.474.438 neste Brasil 247 e R$ 209.629,00 no Diário do Centro do Mundo (DCM) enquanto aplica somente R$ 14.683.519,00 no seu portal, o Uol, e R$ 13.514.359,00 no Portal G1 (Globo.com).

O ex-colunista da Folha de S.Paulo apresenta projeções também para os "alternativos" Brasil de Fato, Luís Nassif, Carta Maior, PHA, Fórum, Kennedy Alencar e Brasil Econômico. Para este artigo trato apenas do Brasil 247 e do DCM versus Uol e G1.

No raciocínio de Rodrigues direcionar propaganda para os alternativos "não seria um bom negócio" para o Governo. É que ele busca respaldo de seu raciocínio – a meu ver, torto – usando a velha matemática para aferir o custo por "visitante único" a cada noticioso digital.

Segundo a empresa de medição de acessos Nielsen, considerando o montante aplicado pelo governo federal (e suas empresas estatais) saltaria aos olhos o seguinte: No Brasil 24/7 custaria R$ 0,15 por visitante único enquanto no UOL esse custo baixaria para R$ 0,03; no DCM o custo seria de R$ 0,02 e no G1 o custo seria igual ao do Uol, R$ 0,03.

O que faltou combinar para dar razoabilidade à alentada matéria "antimídia alternativa" é o tipo de jornalismo praticado pela mídia tradicional bem representado pelo Uol/G1 e aquele realizado pela mídia plural/progressista/alternativa como são considerados o 247/DCM.

Ora, um leitor com olhos calejados de ver quão podre pode ser a mídia tradicional, oligopolizada, propriedade de meia dúzia de abastadas famílias e que não tem outra missão salvo a de desejar pautar, a ferro e a fogo, o debate público em temas tanto da política quanto da economia, logo observa que tem algo de muito podre em tal mídia.

E ao constatar isso não abdicará de seu direito de acessar uma imprensa plural, diversificada, com vários matizes do pensamento próprios de uma sociedade moderna, complexa e cada vez mais conectada digitalmente. É aqui que surge a importância imprescindível da mídia alternativa que tanto parece incomodar Fernando Rodrigues.

Não são poucos os estudiosos da comunicação no Brasil que consideram estar com os dias contados a mídia tradicional tal como temos hoje: partidária de oposição a governos com viés de alta inclusão social, ciosa de manter o status quo de seu perverso monopólio midiático, patrimonialista e simpática a teses que se mostram conservadores embora sejam em sua essência nada mais que obscurantismo e retrocesso civilizacional.

Boa parte de estudiosos do tema são pragmáticos: jornais e revistas impressas irão acabar simplesmente porque não têm como concorrer com o avanço vertiginoso dos meios virtuais, aqueles em que as notícias são atualizadas segundo a segundo, incluem vídeos, infográficos e imagens, trazem entrevistas com personagens centrais envolvidos em algo que é realmente notícia, que desperte o interesse público seja por sua relevância, seja por seu ineditismo/raridade ou mesmo por sua importância factual.

Mas voltemos ao raciocínio de Rodrigues.

De que adianta o governo federal pagar apenas R$ 0,03 ao Uol ou a G1 em anúncios por visitante único que a este tenha acesso se a esmagadora maioria do noticiário desses portais traz consigo aquele fétido defeito de origem que é a parcialidade e o escancarado partidarismo político e ideológico?

Avancemos mais.

Busquemos entender porque a Folha de S.Paulo, outrora um grande jornal, tem se transformado em principal bastião diário a bater no governo Dilma Rousseff tanto quanto bateu no governo Lula da Silva, a esconder as malfeitorias de próceres da oposição, a se fingir de morta no escândalo dos metrôs de São Paulo, a fazer uma pálida e quase inexistente cobertura da CPI do HSBC e menos ainda da Operação Zelotes.

Mesmo um estudante de jornalismo mediano não teria qualquer dificuldade de, ao cotejar edições da FSP de janeiro a junho de 2015, deparar com verdadeiros libelos pela queda da presidente Dilma Rousseff, a torcida cada vez mais escancarada por seu impeachment, claramente encampada por seus novos e obtusos colunistas e também aqueles famosos boxes informando dia, local e hora de participar de atos públicos contra a presidente.

O mesmo se pode dizer da revista Época (Grupo Globo) que, muito rapidamente, tornou-se irmã siamesa da revista Veja (Grupo Abril) ao publicar reiterados factoides para atacar a honra do ex-presidente Lula da Silva, do partido que ele fundou, o PT, e da sucessora que ele ajudou a eleger e a reeleger, Dilma Rousseff.

Pergunta-se: por que cargas d´água deveria o governo injetar publicidade em órgãos como a Folha de S.Paulo (que é dona do portal Uol), em Época (que é dos mesmos donos do portal G1) ou em Veja (do decadente Grupo Abril)?

Em todos os casos acima o governo só tem um retorno: o mal-estar, a irritação e a crítica ácida de boa parte dos 54 milhões de eleitores que em 2014 concederam um novo mandato à presidente Dilma Rousseff.

Todos estes clamam, dia a dia, em milhares de posts em redes sociais, e já estão roucos de suplicar, que o governo simplesmente reduza ao mínimo possível todo o aporte de recursos a título de publicidade institucional direcionada à mídia tradicional.

É que boa parte do eleitorado da base dos partidos que apoiaram a reeleição da presidente já descobriram que a mídia tradicional nada mais é que o braço mais forte da claudicante oposição que temos, essa que reúne maus perdedores como Aécio Neves, Aloysio Nunes, José Serra, José Agripino, Ronaldo Caiado. E são esses maus perdedores que encontram amplo respaldo midiático em suas investidas para inviabilizar o governo federal.

Enquanto isso vemos, com redobrada satisfação, o crescimento do número de visitantes únicos da chamada mídia alternativa em uma dúzia de seus portais na internet. E se a mídia alternativa está incomodando só podemos saudar isso como um ótimo, mais, um excelente sinal.

E mais, com o advento de veículos como o DCM, o 247, a Fórim e a Carta Maior, voltamos a sentir o sabor dos velhos tempos, aqueles em que dava gosto ler um texto bem escrito, bem embasado em fatos, com boas pitadas de bom humor e sempre com pautas plurais.

Ou seja, tudo bem ao contrário do que a mídia publica dia sim e dia não também: "só resta vir o impeachment", "a solução passa pela redução do mandato da presidente", "Temer deve renunciar ao cargo de articulador político", "a taxa de desemprego subiu bastante desde a última lua cheia de ano impar da segunda metade do século 20", "vale a pena ler o que o músico Lobão falou na última Flip", "o governo está mais frágil que Jânio Quadros dois dias antes de anunciar a renúncia", "foi um erro o financiamento ao porto cubano de Mariel", "Lula sabia, Dilma sabia: o PT não presta mesmo".

Qualquer pessoa sã, lúcida e que se debruça sobre a cena política nacional e seus desafios sabe muito bem que o governo tem apenas algumas poucas opções:

1. Partir para cima do monopólio midiático fazendo uma rápida reengenharia de como deverá ser destinada a sua publicidade, privilegiando sempre os veículos que privilegiam a pluralidade de pensamento, a imparcialidade ideológica e o não vínculo partidário;

2. Colocar em debate a regulamentação da mídia no Brasil, convocando novas conferências nacionais para envolver o maior número possível de pessoas e de associações populares em torno do assunto

3. Reforçar o seu apoio, com significativo aumento de publicidade federal (incluindo das estatais) a todos os meios que hoje compõem a mídia alternativa. E assim que surja muitos Brasil 247, muitos DCM, muitos Viomundo, muitas Fórum, muitos GCN, muitas Carta Maior e por aí vai.

Sim, a verdadeira luta, o verdadeiro debate que precisamos travar não é por visitantes únicos a R$ 0,03 em grandes portais e sim, por uma mídia inclusiva e não partidarizada. E não será a diferença de centavos que engendrará tal conquista para a sociedade brasileira

http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/187811/A-mídia-alternativa-está-incomodando-Mas-que-ótimo-sinal!.htm

O midiota

 

Lelê  Teles

LELÊ TELES 4 de Julho de 2015 às 18:42

Cada vez mais trancados em condomínios com cercas elétricas, presos nos carros com vidros fumês sempre fechados ou encurralados em camarotes vips, os midiotas se deram conta de que eles agora é quem vivem num gueto

hermenegildo é um midiota.

a midiotia, explico, é uma patologia social provocada por excesso de desinformação.

penso nisso, enquanto finjo ouvir música no meu celular, com fones no ouvido, aproveitando para ouvir a conversa mole de três garotas e um rapaz no parque da cidade, em Brasília.

ultimamente tenho usado minha condição de invisível social para bisbilhotar a conversa alheia.

voar e ficar invisível são dois sonhos humanos.

sou um pássaro sem asas, mas às vezes desapareço.

conheço Hermenegildo, trabalhamos juntos no banco do brasil antes de entrarmos para a universidade, ele não deu pela minha presença.

eu deitado na grama de papo pra cima, tendo a raiz do guapuruvu como travesseiro; os midiotas sentados sobre uma canga.

um casal de bem-te-vis se bicavam enamorados na copa da frondosa árvore. todo pássaro canta, pensei, mas nenhum deles compõe. e nenhum canta a música alheia, não se faz covers na natureza. anotei.

notei, com o rabo do olho, que Hermenegildo fez clareamento dentário e por isso ria de qualquer coisa.

das meninas, uma tinha clareado os cabelos, notava-se pela raiz escura; outra se autoelogiou por ter feito clareamento de pele para se livrar das manchas no rosto e a outra se chamava clara.

comentavam sobre o ataque racista à Maria Júlia Coutinho, a maju do jornal nacional.

acho que estão fazendo tempestade em copo d'água, afirmou clara, midioticamente. pra mim ela é a cara da globeleza, disse a do cabelo clareado, se o que ela quer é fama é só tirar a roupa e se requebrar.

todos riram, Hermenegildo careteou seus dentes clareados.

a terceira concordou e disse ainda que isso tudo era para promovê-la, um vitimismo calculado e marketeiro.

ah, eu acho que a globo inventou isso para livrar o Zeca Camargo do vexame que deu ao comentar a morte de Cristiano Araújo, pra desviar o foco, sentenciou o bom Hermenegildo.

todos concordaram, como não haviam pensado nisso? parecia mesmo possível na mente dos midiotas que a globo, para livrar um homem branco, jogasse às feras uma mulher negra.

o midiota tem dificuldade de compreender a realidade, ele vive no simulacro midiático.

o grupo falou ainda sobre a defesa da redução da maioridade penal, e da coragem dos dois brasileiros que insultaram Dilma nos esteites e da admiração do grupo pelo pequeno kim.

eles faziam uma enorme confusão conceitual sobre tudo o que falavam.

Hermenegildo usava uma camiseta de uma mão com quatro dedos. clara disse ter comprado o adesivo com a presidenta de pernas abertas. a do cabelo clareado já bateu panela na varanda de casa e a da pele maicoudjéquizada estava no maraca na abertura da copa das copas e xingou a presidenta.

enfim, quatro perfeitos midiotas. sorridentes e cheios de ódio.

não ficaria surpreso se Hermenegildo ou uma de suas colegas aparecessem nos comentários da fanpage do jornal nacional insultando maju.

o midiota fez do facebook uma rede antissocial. tudo pelos quinze segundos de infâmia.

é um comportamento de manada, mas tem uma razão. depois de séculos de escravidão e privilégios, a moçada se tocou que os filhos de porteiros não querem mais ser porteiros e que as filhas de domésticas estudam para serem patroas.

onde tudo isso vai parar?

o midiota é também um meritocrata, gaba-se por ter o mérito de ter nascido no lugar certo, com o sobrenome certo e com a cor correta.

havia um mundo todo planejado para ele se dar bem.

de repente vieram as cotas, o enem, o fies... há negros na publicidade, no cinema, na universidade, fazendo compra em shoppings e agora, veja que ousadia, aparecem até como garota do tempo no jornal nacional.

cada vez mais trancados em condomínios com cercas elétricas, presos nos carros com vidros fumês sempre fechados ou encurralados em camarotes vips, os midiotas se deram conta de que eles agora é quem vivem num gueto.

de tanto segregar o outro, acabou por promover a sua própria apartação social.

por isso eles fazem gozação com um atleta negro. para dizerem, olha, você está invadindo o meu espaço, ponha-se no seu lugar.

Por isso agridem a jornalista negra, porque só aceitamos negras nuas e se requebrando e somente durante o carnaval. deixamos vocês excitarem os nossos homens durante uma semana por ano, depois disso voltem à cozinha.

por isso xingam um goleiro negro de macaco. porque embora tenha ficado rico praticando esportes, não passa de uma criatura selvagem.

no meio da conversa, clara chamou a maju de macaca. eu me levantei, tirei os fones e cumprimentei Hermenegildo.

ouvi que falavam sobre a garota do tempo, se não me engano uma de vocês a chamou de macaca, eu disse.

Hermenegildo, meu caro, você estudou antropologia e sabe que essa história de chamar um negro de macaco é um racismo abjeto.

todos nós, Hermenegildo, em todas as culturas urbanas, usamos termos para desumanizar o outro, por isso dizemos porco, galinha, jumento, burro, égua, cachorra, baleia, piranha, viado...

mas cada um destes termos, Hermenegildo, é dirigido a uma única pessoa a qual julgamos emitir um coportamento que nos lembra certo animal.

a maju, Hermenegildo, não está na tv comendo bananas sobre uma árvore, pendurada pelo rabo.

não há absolutamente nada nela que remeta a um macaco.

geralmente, Hermenegildo, a imagem do macaco que se usa para ofender os negros é a de uma chimpanzé.

mas você sabe, Hermenegildo, que o chimpanzé tem os lábios finos, típicos no homem branco. o chimpanzé, cara, tem pelos no corpo, típicos no homem branco. e o chimpanzé, Hermenegildo, você bem o sabe, tem a pele branca.

O chimpanzé é mais um branco que um negro.

por isso, Hermenegildo, porco, galinha e burro são sempre ofensas pessoais, individuais.

mas macaco, não.

quando chamamos um negro de macaco estamos a dizer que eles, e não ele, são todos quase humanos, porém são selvagens por natureza e naturalmente incivilizáveis.

e o que dizer de uma mulher, virei-me para clara, que usa um adesivo no carro que simula o estupro de outra mulher, ou que vai a um estádio mandar uma senhora sexagenária ir tomar no cu? O que dizer de um cabra que tripudia da deficiência física de uma pessoa?

em que escala, em que grau de civilidade vocês acham que estão seus midiotas?

oxe, não tem nada a ver o que você falou, cara, eu nem te conheço. quem você pensa que é? disse-me a clara clareada.

eu sou aquele que come lagartas pela manhã e arrota borboletas à tarde inteira.

e vocês, quem vocês pensam que são?

peidei alto e fui-me embora, dando as costas aos midiotas.

mal educado, gritou a outra.

e eu peidei de novo e continuei andando sem olhar para trás.

palavra da salvação.

http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/187630/O-midiota.htm

Diretor da PF ao Estadão: estamos prontos para o golpe

 

Miguel do Rosário

MIGUEL DO ROSÁRIO 6 de Julho de 2015 às 06:17

O Brasil deve ser o único país do mundo onde a polícia política conspira e trabalha contra o próprio governo. Enquanto isso, todas as grandes investigações da PF, notadamente aquelas ligadas à sonegação, sumiram do noticiário

O Fernando Brito, do Tijolaço, escreveu há pouco sobre a entrevista do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, ao Estadão.

Eu vou pegar o raciocínio de Brito e radicalizá-lo.

A entrevista de Daiello é típica da conjuntura atual, em que todas forças políticas de oposição, aí incluindo um setor aparentemente já hegemônico dentro da Polícia Federal, trabalham em harmonia para derrubar o governo.

Em resumo, Daiello disse o seguinte: "Estamos prontos para o golpe, e o ministro da Justiça não vai poder fazer nada".

E dá sinal verde para os delegados federais da seção Paraná desempenharem a sua parte no teatro da Lava Jato.

Sintomático que a entrevista se dê imediatamente após ao processo de auto-fritagem que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, protagonizou semana passada.

Cardozo deu entrevista, aos órgãos do golpe, em que fazia acusações a seu próprio campo político.

Ou seja, colaborou para o processo de criminalização do PT. E isso no auge da maior crise de imagem já vivida pelo partido.

Cardozo foi leviano, irresponsável e, sobretudo, traidor.

As críticas à maneira como a Lava Jato vem sendo conduzida não são apenas do PT.

Eu não sou do PT, por exemplo, e a critico.

A OAB não é petista e critica.

A comunidade jurídica não é petista e critica.

Um dos maiores penalistas do mundo, ex-ministro da suprema corte da Argentina, Raul Zaffaroni, não é petista e chamou a Lava Jato de golpe de Estado. Como a entrevista não foi publicada na Veja, nem no Globo, e sim na Carta Maior e no Cafezinho, o ministro da Justiça não deu bola.

Se um zé ruela acusar o ministro no Estadão, ele responde na hora, talvez com uma entrevista à TV Veja. Se o ex-ministro da suprema corte argentina e um dos maiores penalistas do mundo dá entrevista à mídia alternativa, Cardozo finge ignorar.

Até mesmo alguns setores da direita, que prefiro nem citar aqui, estão criticando o fascismo judicial por trás da Lava Jato.

Sergio Moro e os procuradores praticam chantagem e ameaça judicial, envolvendo até mesmo a família dos réus, para forçar delações premiadas, as quais são tratadas como provas e vazadas seletiva e ilegalmente à imprensa.

Réus são presos e depois a PF vai atrás de provas para incriminá-los. Qualquer coisa serve.

O ministro da Justiça lavou as mãos. E fez questão de fazê-lo na frente de todos.

Para cúmulo da cretinice, ainda vaza essa nota para Monica Bergamo, da Folha:

É como se Cardozo não tivesse sequer o pudor de afirmar ao mundo: sou covarde mesmo, e daí?

O ministro da Justiça é mostrado como fraco, sem apoio no próprio partido (e o partido é mostrado como vilão, pelo próprio ministro), e covarde, com medo de apupos de algum zumbi midiático.

Em seguida, o diretor da Polícia Federal é mostrado como forte, o que significa mais um passo na direção de um golpe branco, preparado nos mínimos detalhes, e com várias frentes de ataque.

TCU, TSE, PF, Procuradoria, grande imprensa, houve um recrudescimento brutal dos ataques golpistas nas últimas semanas.

Estão cercando o governo por todos os lados, tentando asfixiá-lo com objetivo de violar a soberania do voto.

Estão tentando fazer rigorosamente o mesmo que Eduardo Cunha: não aceitando a derrota eleitoral e dispostos a dar um golpe parlamentar.

O governo permanece mudo, amedrontado, cumprindo apenas agendas conservadoras, afastando, com isso, as forças que poderiam lhe apoiar, como os movimentos sociais, sindicatos, militância de esquerda e o povão.

Também não cria uma agenda criativa e inteligente voltada à classe média, tratada estupidamente como um capital "já perdido".

O resultado é a erosão do capital político do governo junto às suas próprias bases.

O Brasil deve ser o único país do mundo onde a polícia política conspira e trabalha contra o próprio governo.

Enquanto isso, todas as grandes investigações da PF, notadamente aquelas ligadas à sonegação, sumiram do noticiário.

http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/187711/Diretor-da-PF-ao-Estadão-estamos-prontos-para-o-golpe.htm

O ajuste tático da direita

 

Thiago Pará

THIAGO PARÁ 6 de Julho de 2015 às 09:47

As ações golpistas da direita vêm sendo amplamente divulgadas e patrocinadas pela grande mídia conservadora, e de forma mais explicita agora, com o apoio das ações seletivas do judiciário

A direita, logo após a derrota nas eleições de Outubro de 2014, decidiu por dois caminhos, que na prática se complementavam e convergiam para a derrubada do governo de Dilma Rousseff.

Por um lado, os parlamentares derrotados que permaneceram no parlamento, procuraram inviabilizar qualquer ação do governo, era a tática do "sangramento". Como afirmou Aloysio Nunes/PSDB-SP "não quero ver o impeachment, quero ver a Dilma sangrar". Era claro, procuravam , no parlamento, atacar todas as iniciativas do governo, chegando algumas vezes a "defender os trabalhadores" em discursos cínicos, hipócritas e vazios.

Por outro lado, nas ruas, os setores mais atrasados, conservadores e golpistas procuravam o convencimento da sociedade da necessidade imediata da derrubada do governo. Não havia qualquer mediação, tratava-se de impeachment. Chegaram mesmo a constranger os parlamentares da oposição, levando Roberto Freire/PPS-SP, a assumir publicamente esta posição e Aécio Neves/PSDB-MG ficar encolhido numa sinuca de bico.

É claro, por mais divergente que parecia ser estas duas vias, ambas convergiam para o golpe.

Recentemente, a ida da trupe de Aécio Neves à Venezuela, parece ter ajudado a reacender às aspirações golpista. Depois de uma aparente calmaria, na verdade um momento para avaliar como e por onde retomar o golpe, a direita brasileira volta à cena com posições golpistas.
Primeiro, os movimentos da direita como Movimento Brasil Livre, Vem Pra Rua e Revoltados OnLine, retomam as manifestações com dois ajustes precisos: a) convocam uma nova manifestação de rua para o dia 16 de agosto, a novidade aqui é a antecedência da convocação, diferente das vezes anteriores, procura-se maior tempo para mobilização; b) melhoram a pauta para atingir mais setores, a convocação para a manifestação passa a ser "contra o ajuste fiscal" e "não vamos pagar a conta do PT", mais popular que impeachment, ainda que este permaneça na pauta de reivindicação. Esperam com isso tornar mais massiva as intenções golpistas.

Segundo, a trupe parlamentar golpista, dá um passo a frente. Para quem antes não "cogitava dar passos antidemocráticos", volta numa feroz ofensiva. Primeiro com Cássio Cunha Lima/PSDB-PB, líder do seu partido no Senado, no dia 1 de junho, pede a "renúncia de Dilma". Na sequência, Ronaldo Caiado/DEM-GO, em estreia como articulista da Folha de São Paulo, prega abertamente "uma nova eleição", para as soluções do país. Por fim, na convenção do PSDB, que reelegeu Aécio Neves como seu presidente, temos uma série de pérolas golpistas, que vão desde a afirmação de FHC de que o "PSDB está pronto para assumir o país", até posições mais radicais como a de Carlos Sampaio/PSDB-SP.

Esse ajuste da direita, bem como suas ações desde o fim das eleições presidenciais passada, vem sendo amplamente divulgadas e patrocinadas pela grande mídia conservadora (leia-se Globo, FdSP, Estadão etc). E, de forma mais explicita agora, com o apoio das ações seletivas do judiciário.

Essas movimentações vão deixando mais claro as intenções golpista que estão em marcha. E ao mesmo tempo, vão deixando mais estreita a margem para romper com o cerco conservador de aniquilamento.

Para a esquerda, é cada vez mais urgente a construção de unidade, num espaço orgânico de debate e consolidação de um programa que mobilize as forças democráticas e populares, na sua grande maioria ainda em estágio de latência.

http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/187737/O-ajuste-tático-da-direita.htm

Autoritarismo e machismo são o pano de fundo das críticas a Dilma

 

Chico Vigilante

CHICO VIGILANTE 5 de Julho de 2015 às 05:53

O maior motivo do ódio das elites contra contra Dilma, Lula e o PT é exatamente por seu maior feito: ter conseguido fazer as senzalas invadirem e compartilharem das benesses da Casa Grande

Para grande parcela da sociedade brasileira a cultura machista ainda predomina e distorce o papel real que a mulher brasileira já alcançou na sociedade.

Muitos creem que ela é boa para ser dona de casa, cozinheira, faxineira, lavadeira mas não para ser engenheira, médica e muito menos para ser uma deputada, senadora ou dirigente política em altos escalões do governo.

A pouca quantidade de mulheres existentes hoje em cargos no Legislativo estadual e federal em relação ao que a própria lei eleitoral exige é prova disso. A lei não é cumprida porque os homens não fazem questão de terem mulheres na política. Apenas engolem a exigência.

E essa visão não é disseminada apenas por homens mas compartilhada também por mulheres. O machismo e o autoritarismo estão tão arraigados na cultura deste país que muitas mulheres ainda não conseguem enxergar que criticar publicamente e gratuitamente uma presidente da república mulher significa contribuir para que as conquistas femininas retroajam na história.

Quando Dilma chegou ao poder, e se manteve nele mais um mandato, fez feliz a muitas mulheres que viram ai reconhecidos os seus valores femininos, mas desagradou a milhares de machistas que se acham no direito de não aceitar que uma mulher chegue ao cargo mais alto da direção de uma Nação.

Aliada ao machismo de fundo, a situação de Dilma fica mais crítica devido à visão autoritária da oposição que não aceita perder, que não aceita que os interesses das classes dominantes deste país sejam contrariados.

Iniciada bem antes das eleições para impedir a reeleição de Dilma, a estratégia de tirar Dilma do poder se encontra hoje totalmente enraizada em setores da imprensa, justiça e parlamento nacionais. Todos estão de acordo em encontrar uma vítima para levar à forca, à guilhotina, para acalmar os ânimos acirrados da turba insatisfeita.

Para a oposição, o que vem depois não importa, desde que não seja o PT, e a continuidade da defesa de crescimento do país com distribuição de renda. Distribuir pra que ? Não querem que seus filhos estudem com negros nas universidades, nem que seu porteiro se sente ao lado deles no mesmo avião.

A campanha da elite brasileira para enfraquecer, humilhar e ou derrubar Dilma levou milhares de despreparados politicamente as ruas pedindo a volta da ditadura e o impeachment da presidente. Como não são organizados o movimento arrefeceu em termos de multidão mas permanece gangrenando a imagem da presidente na internet e na grande mídia.

Cada dia que passa me surpreendo mais com o desrespeito galopante que toma conta das redes sociais contra a figura de Dilma como presidente - o que poderíamos considerar um posicionamento político - mas principalmente me assusta o desrespeito pela figura de Dilma como mulher, que poderia ser a mãe, ou a irmã de cada um de nós. Este é um desrespeito aceito pela cultura autoritária e machista que ainda é forte no Brasil.

Chamar Dilma de gorda é um comportamento machista puro e simples. Vi muitas pessoas repetirem isso, rindo. Depois que a presidente emagreceu e ficou mais bonita, não vi as mesmas pessoas elogiando este fato. Se estava gorda era gorda, se emagreceu está “acabada “.

No meio da crise econômica mundial, que obviamente tem desdobramentos no Brasil, um dos mais conhecidos chargistas deste país desenhou Dilma de joelhos sendo decapitada. Com certeza ele acha bonito os vídeos de algozes do Estado Islâmico cortando cabeças na internet. Ele devia se envergonhar disso.

Adesivos vendidos pela internet mostram Dilma num posto de combustíveis com a mangueira da bomba de gasolina entre as pernas abertas; Mesmo após a ministra da Secretaria de Política para as Mulheres, Eleonora Menicucci, ter pedido "ação urgente" ao Ministério Público e à Polícia Federal para "impedir a produção, veiculação, divulgação, comercialização e utilização do material" criminoso, vários sites na internet continuam anunciando o produto.

Entender como normal ou se calar diante a propagação desse tipo de mensagem é referendar a violência contra as mulheres como algo aceitável dentro dos padrões de nossa cultura.

Até mesmo Joaquim Barboza, ex presidente do STF, surge das cinzas com saudades dos holofotes e decide dizer que Dilma comete crime de responsabilidade ao atentar contra o andamento do judiciário.

Quando Dilma atentou contra o andamento do Judiciário? Por acaso não gostar de delatores é atentar contra o Judiciário? Enlouqueceu de vez.

Ao afirmar que “a Constituição não autoriza o Presidente a ‘investir politicamente’ contra as leis vigentes, minando-lhes as bases”, a intenção de Barboza é clara : enfraquecer a imagem de Dilma perante a opinião pública, ajudar a campanha difamatória da oposição contra Dilma e o PT.

Ainda bem que existem ainda homens e mulheres que percebem e se preocupam com o que está acontecendo no Brasil. Esta semana me identifiquei profundamente com uma carta enviada a Dilma por Julia Dworkin, uma moradora do Rio de Janeiro e que se diz não petista.

Ela diz: “apesar das divergências políticas que tenho com o governo, te admiro profundamente Dilma. Admiro sua história, sua postura, sua coragem. Sofro com você todas as vezes que te atacam de forma pessoal, cruel e criminosa. Dói em mim. Toda vez que me deparo com esses ataques, sempre penso em como você está se sentindo ao ver aquilo. E penso em todas as vezes que isso aconteceu comigo e com mulheres que gosto. Quando vejo a forma que falam de você, lembro-me de quantas vezes homens me olhavam com aquele mesmo olhar de desprezo, e quantas vezes falaram de mim de forma desrespeitosa e cruel. Seu rosto abatido da última semana me representa. Representa todas as mulheres atacadas, agredidas, silenciadas e humilhadas deste país”.

A situação é preocupante mas quando vejo mulheres comuns que que saem do silêncio para defender Dilma em meio de uma campanha de pregação do ódio contra a presidente, percebo que pelo Brasil afora existem muitas júlias, apesar dos Aécios, dos Barbozas, dos Cunhas ...

O virulento e desrespeitoso ataque verbal sofrido por Dilma durante visita a universidade de Stanford, nos EUA, por dois jovens brasileiros que furaram o esquema de segurança, foi criticado por Paulo Blikstein, professor daquela instituição.

Em carta enviada ao Painel do Leitor da Folha, Blikstein afirma que a ação dos dois jovens ( que tem fotos juntamente com Bolsonaro em seus facebboks ) lembra a virulência de grupos políticos fascistas que infelizmente proliferam pelo mundo.

O professor dá um alerta ao Brasil: Entre erros e acertos do governo e da oposição, há um que ambos devem evitar a todo custo: ignorar o perigo do crescimento desse tipo de ideologia violenta e fascista, normalmente acompanhada de homofobia e racismo.

Neste momento é importante e decisivo que os movimentos sociais provoquem e incentivem o debate em torno do fim da pregação do ódio e sobre a democratização da mídia. Assim teremos melhores canais para expor a verdade e os pontos positivos das ações governamentais.

Este deve ser o objetivo da sociedade. Se unir em torno de novas conquistas, e não se dividir em nome do ódio e da humilhação de sua presidente. Chega de autoritarismo. O Brasil tem leis conquistadas ao longo de décadas de lutas e elas devem ser cumpridas.

Abaixo o machismo secular das fazendas e senzalas. O maior motivo do ódio das elites contra contra Dilma, Lula e o PT é exatamente por seu maior feito: ter conseguido fazer as senzalas invadirem e compartilharem das benesses da Casa Grande. Isso eles não conseguem aceitar.

http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/187642/Autoritarismo-e-machismo-são-o-pano-de-fundo-das-críticas-a-Dilma.htm

Movimentos populares se levantam contra o golpe

 

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Em manifesto, militantes de movimentos populares, sindicais, pastorais e partidos políticos reagem ao golpismo da oposição contra a presidente Dilma Rousseff: “consideramos inaceitável e nos insurgimos contra as reiteradas tentativas de setores da oposição e do oligopólio da mídia, que buscam criar, através de procedimentos ilegais, pretextos artificiais para a interrupção da legalidade democrática”; grupo também denuncia ‘justiceiros’ do Judiciário, em referência à condução da Lava Jato pelo juiz Sérgio Moro e pela força-tarefa do MP: “mais grave, contudo, é a disposição que setores do Judiciário e do Ministério Público vem crescentemente demonstrando, de querer substituir o papel dos outros poderes, assumir papel de Polícia e desrespeitar a Constituição. Convocamos todos os setores democráticos a reafirmar as liberdades constitucionais básicas, entre as quais a de que ninguém será considerado culpado sem devido julgamento: justiça sim, justiceiros não!”

6 de Julho de 2015 às 06:38

247 - Em manifesto, militantes de movimentos populares, sindicais, pastorais e partidos políticos reagem ao golpismo da oposição contra a presidente Dilma Rousseff. O grupo também denuncia ‘justiceiros’ do Judiciário, em referência à condução da Lava Jato pelo juiz Sérgio Moro e pela força-tarefa do MP. 

Leia: 

Nós, militantes de movimentos populares, sindicais, pastorais e partidos políticos, manifestamos o que segue:

1. Não aceitaremos a quebra da legalidade democrática, sob que pretexto for.

2. O povo brasileiro foi as urnas e escolheu, para um mandato de quatro anos, a presidenta da República, 27 governadores de estado, os deputados e deputadas que compõem a Câmara dos Deputados e as Assembleias Legislativas, assim como elegeu para um mandato de 8 anos 1/3 do Senado Federal. Os inconformados com o resultado das eleições ou com as ações dos mandatos recém-nomeados têm todo o direito de fazer oposição, manifestar-se e lançar mão de todos os recursos previstos em lei. Mas consideramos inaceitável e nos insurgimos contra as reiteradas tentativas de setores da oposição e do oligopólio da mídia, que buscam criar, através de procedimentos ilegais, pretextos artificiais para a interrupção da legalidade democrática.

3. O povo brasileiro escolheu, em 1993, manter o presidencialismo. Desde então, a relação entre o presidente da República e o Congresso Nacional já passou por diversas fases. Mas nunca se viu o que se está vendo agora: a tentativa, por parte do presidente da Câmara dos Deputados, às vezes em conluio com o presidente do Senado, de usurpar os poderes presidenciais e impor, ao país, uma pauta conservadora que não foi a vitoriosa nas eleições de 2014. Contra esta coalizão eventual que no momento prevalece no Congresso Nacional – disposta a aprovar uma reforma política conservadora, a redução da maioridade penal, a violação da CLT via aprovação do PL 4330, a alteração na Lei da Partilha, dentre tantas outras medidas – convocamos o povo brasileiro a manifestar-se, a pressionar os legisladores, para que respeitem os direitos das verdadeiras maiorias, a democracia, os direitos sociais, os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, os direitos humanos, os direitos das mulheres, da juventude, dos negros e negras, dos LGBTT, dos povos indígenas, das comunidades quilombolas, o direito ao bem-estar, ao desenvolvimento e à soberania nacional.

4. A Constituição Brasileira de 1988 estabelece a separação e o equilíbrio entre os poderes. Os poderes Executivo e Legislativo são submetidos regularmente ao crivo popular. Mas só recentemente o poder Judiciário começou a experimentar formas ainda muito tímidas de supervisão, e basicamente pelos seus próprios integrantes. E esta supervisão vem demonstrando o que todos sabíamos desde há muito: a corrupção, o nepotismo, a arbitrariedade e os altos salários são pragas que também afetam o Poder Judiciário, assim como o Ministério Público. O mais grave, contudo, é a disposição que setores do Judiciário e do Ministério Público vem crescentemente demonstrando, de querer substituir o papel dos outros poderes, assumir papel de Polícia e desrespeitar a Constituição. Convocamos todos os setores democráticos a reafirmar as liberdades constitucionais básicas, entre as quais a de que ninguém será considerado culpado sem devido julgamento: justiça sim, justiceiros não!

5. A Constituição Brasileira de 1988 proíbe o monopólio na Comunicação. Apesar disto, os meios de comunicação no Brasil são controlados por um oligopólio. Contra este pequeno número de empresas de natureza familiar, que corrompe e distorce cotidianamente a verdade, a serviço dos seus interesses políticos e empresariais, chamamos os setores democráticos e populares a lutar em defesa da Lei da Mídia Democrática, que garanta a verdadeira liberdade de expressão, de comunicação e de imprensa.

6. Um consórcio entre forças políticas conservadoras, o oligopólio da mídia, setores do judiciário e da Polícia trabalham para quebrar a legalidade democrática. Aproveitam-se para isto de erros cometidos por setores democráticos e populares, entre os quais aqueles cometidos pelo governo federal. Os que assinam este Manifesto não confundem as coisas: estamos na linha de frente da luta por mudanças profundas no país, por outra política econômica, contra o ajuste fiscal e contra a corrupção. E por isto mesmo não aceitaremos nenhuma quebra da legalidade.

7. Concluímos manifestando nossa total solidariedade à luta do povo grego por soberania, democracia e bem-estar, contra as imposições do capital financeiro transnacional.

Em defesa dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras!

Em defesa dos direitos sociais do povo brasileiro!

Em defesa da democracia!

Em defesa da soberania nacional!

Em defesa das reformas estruturais e populares!

Em defesa da integração latino-americana!

Brasil, 1 de julho de 2015

Entidades

domingo, 5 de julho de 2015

O Brics constrói uma Nova Ordem Mundial?

 

A represa de Bakun, em Sarawang, na Malásia, foi construída conjuntamente com capitais chineses e malaios. Foto: Malaysia China Hydro Inc.

A represa de Bakun, em Sarawang, na Malásia, foi construída conjuntamente com capitais chineses e malaios. Foto: Malaysia China Hydro Inc.

Por Daya Thussu*

Londres, Grã-Bretanha, 3/7/2015 – Os líderes dos cinco países que integram o grupo Brics terão sua cúpula anual entre os dias 8 e 10 deste mês, na cidade russa de Ufa, e seguramente a crise econômica na União Europeia e a situação da segurança no Oriente Médio dominarão sua agenda.

A sigla e o conceito do Bric foram criados em 2001 por Jim O’Neill, um executivo do banco de investimento Goldman Sachs e atual ministro no governo da Grã-Bretanha. A África do Sul aderiu em 2011, a pedido da China, com a consequente mudança do nome para o atual Brics.

Embora funcione como grupo desde 2006 e realize cúpulas anuais desde 2009, o Brics não recebe tanta atenção dos meios de comunicação internacionais, em parte devido às diferenças políticas e socioculturais e às díspares etapas de desenvolvimento de seus integrantes.

A aparição desse tipo de grupo coincide com o relativo declínio econômico do Norte industrializado. Isso permitiu a participação de potências emergentes, como China e Índia, nas estruturas de governança mundial, até agora dominadas pelos Estados Unidos e seus aliados. O centro de gravidade econômica está se deslocando do Ocidente, como reconhece o governo norte-americano de Barack Obama, para o qual o eixo da política externa se traslada para a Ásia.

No ranking das 500 maiores empresas do mundo, publicado pela revista norte-americana Fortune, Brasil, China, Índia e Rússia passaram de ter 27 transnacionais com sede em seus países, em 2005, para mais de cem em 2015.

A Huawei, uma empresa chinesa de equipamentos de telecomunicações, tem registrada a maior quantidade de patentes internacionais. A brasileira Petrobras é a quarta maior empresa petroleira do mundo, enquanto o grupo Tata se converteu no primeiro conglomerado da Índia a ter renda superior a US$ 100 bilhões ao ano.

Desde 2006, a China é o maior possuidor de reservas de divisas, cujo valor é calculado em US$ 3,8 trilhões em 2015. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o produto interno bruto chinês superou o dos Estados Unidos em 2014, por isso que é a maior economia mundial em função da paridade de poder aquisitivo.

Em termos mais gerais, os principais países do Sul global tiveram impressionante crescimento econômico nas últimas décadas. O informe de 2013 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, intitulado A Ascensão do Sul, prognosticou que em 2020 a produção econômica combinada de Brasil, China e Índia superará a produção acumulada de Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Itália.

Apesar das relações individuais entre os países do BricS e os Estados Unidos diferirem notavelmente, o grupo foi concebido como uma alternativa ao poder de Washington, e é a única agrupação importante que não inclui os Estados Unidos ou outro membro do Grupo dos Sete (G7) países mais ricos. Entretanto, e com a possível exceção da Rússia, nenhum dos cinco membros do Brics está disposto a enfrentar os Estados Unidos, país com o qual têm sua relação mais importante. De fato, a China é um dos maiores investidores nos Estados Unidos enquanto Brasil, Índia e África do Sul demonstram afinidades democráticas com o Norte industrial.

Embora a ideia do Bric tenha nascido na Rússia, a China se converteu na força impulsionadora do grupo atual. O escritor britânico Martin Jacques diz, em seu bestseller When China Rules the World (Quando a China Governar o Mundo), que Pequim opera “tanto dentro quanto fora do sistema internacional existente e, ao mesmo tempo, patrocina um novo sistema internacional centrado na China, que coexistirá com o sistema atual e começará a usurpá-lo”.

Uma manifestação de que esta mudança é a criação do Novo Banco de Desenvolvimento do Brics, com sede em Xangai, que financiará projetos de desenvolvimento alternativos aos do Banco Mundial e do FMI. A China fez o maior aporte ao banco, o que provavelmente aumenta seu predomínio no grupo.

Mas, além do Brics, Pequim também inaugurou o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, que já conta com 57 membros, entre eles Alemanha, Austrália e Grã-Bretanha, e no qual a China terá mais de 25% dos direitos de voto. Índia e Rússia são o segundo e terceiro acionistas do banco, respectivamente.

Essas mudanças repercutem nas comunicações. A China investiu milhares de milhões de dólares em suas comunicações externas, incluída a expansão de suas redes de radiodifusão, como a CCTV News e a televisão em inglês de Xinhua, a CNC World. A Rússia também entrou no mundo das notícias em inglês, em 2005, com a rede Russia Today, agora conhecida como RT, que também transmite 24 horas por dia em árabe e espanhol.

Entretanto, como revela o livro Mapping Brics Media (O Mapa da Mídia dos Brics), do qual sou editor juntamente com Kaarle Nordenstreng, da Universidade de Tampere, na Finlândia, há pouquíssimo intercâmbio midiático dentro do Brics, e seus países continuam recebendo notícias internacionais em grande parte dos meios de comunicação anglo-norte-americanos.

A crescente cooperação econômica entre Pequim e Moscou indica que existe uma nova equação econômica entre ambos, fora do controle ocidental. Dois acordos comerciais que estão sendo negociados e liderados por Estados Unidos, Associação Transatlântica de Comércio e Investimentos (TTIP) e Aliança Transpacífica (TPP) excluem os países do Brics, em parte como reação à competição da China. Por sua vez, Pequim parece ter utilizado o Brics para assinalar que está ascendendo “com o resto” de seus integrantes e, portanto, é menos ameaçadora para a hegemonia ocidental.

A cúpula do Brics acontecerá em conjunto com a reunião do Conselho de Chefes de Estado da Organização de Cooperação de Xangai (OCS). A única vez que as duas cúpulas aconteceram de maneira conjunta foi também na Rússia, em 2009, na cidade de Ekaterinburgo. Além de China e Rússia, membros do Brics, a OCS inclui Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão e Uzbequistão.

A organização não ampliou sua quantidade de integrantes desde que foi criada em 2001. A Índia tem status de “observadora” dentro da OCS, embora se fale que na cúpula de Ufa poderia obter a adesão plena. Se isso ocorrer, o “eixo” teria se trasladado mais um pouco para a Ásia. Envolverde/IPS

* Daya Thussu é professor de Comunicação Internacional na Universidade de Westminster, na Grã-Bretanha.

http://www.envolverde.com.br/rede/ips-rede/o-brics-constroi-uma-nova-ordem-mundial/

sábado, 4 de julho de 2015

Lista mostra que EUA grampearam 29 telefones do governo brasileiro

 

Documentos revelam que espionagens começaram em dezembro de 2010, antes do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff

O site WikiLeaks divulgou novas informações sobre a espionagem americana de integrantes do governo e de diplomatas brasileiros. A repórter Sônia Bridi conseguiu os nomes de quem foi grampeado e descobriu que as espionagens começaram em 2010, antes da posse da presidenteDilma Rousseff.

A espionagem americana montou um cerco à presidente Dilma. Grampeou quatro números de telefone do Palácio do Planalto, do gabinete da presidente, do assistente particular dela e da secretária. Nem no ar Dilma estava longe dos ouvidos eletrônicos da NSA.

O telefone por satélite do avião presidencial também estava sendo espionado, assim como o embaixador-chefe do cerimonial da Presidência e o ministro-chefe da Casa Civil no início do primeiro mandato, o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci.

A revelação foi feita pelo site WikiLeaks e publicada ao mesmo tempo pelo canalGloboNews. E veio na semana em que terminou a visita oficial da presidente Dilma aos Estados Unidos. A visita marcou a reaproximação dos dois países, que estava estremecida desde que Dilma cancelou a visita, dois anos atrás, quando o Fantástico revelou que ela era espionada pelos americanos.

Na época, o documento mostrava que eram espionados a presidente Dilma, seus principais assessores e os interlocutores deles. Só que os nomes dessas pessoas foram apagados. O número daquela operação: S2C42, o mesmo número que agora aparece na lista ao lado de vários nomes. Essa lista tem 18 nomes, além o da presidente, e 29 números de telefone.
O S2C42 é a operação para espionagem de questões políticas relacionadas ao Brasil. Entre os grampeados estão diplomatas de diferentes áreas do Itamaraty: André Amado, da Subsecretaria de Ambiente e Tecnologia; Valdemar Leão, assessor financeiro; Paulo Cordeiro, da Secretaria de Assuntos Políticos; Roberto Doring, então assessor do ministro das Relações Exteriores; o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, então subsecretário-geral de Meio Ambiente, era o negociador do Brasil nas questões do clima, depois foi ministro das Relações Exteriores e hoje é embaixador do Brasil em Washington.

Outros nomes do alto escalão da diplomacia brasileira: o embaixador Luiz Filipe de Macêdo Soares tinha grampeado o telefone da residência oficial dele em Genebra, onde era o representante permanente do Brasil junto à Conferência de Desarmamento; o embaixador do Brasil na França, José Maurício Bustani, que antes foi diretor da Organização Internacional para Proibição de Armas Químicas – ele foi afastado do cargo por pressão do governo americano; o embaixador Bustani tentava uma negociação com o Iraque como alternativa à invasão americana em 2002; e o embaixador Everton Vargas, que, na época, estava em Berlim.
A lista revela o grande interesse dos americanos na economia brasileira. Sob outro código, S2C51, o da operação que acompanha a evolução financeira mundial. É o mesmo que foi usado para espionar os três últimos presidentes da França, como o WikiLeaks revelou na semana passada.
No Brasil, a espionagem econômica teve como alvo o atual ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que então ocupava o cargo de secretário-executivo do Ministério da Fazenda; Luiz Balduíno, atual secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e o sub dele, Fernando Meirelles de Azevedo Pimentel; a procuradora da Fazenda Nacional, Adriana Queiroz de Carvalho. Do Banco Central, foi espionado Luiz Awazu Pereira da Silva, ex-diretor da área internacional.
A lista de espionagem tem as datas em que cada uma começou. A primeira foi ainda no período de transição, no dia 14 de dezembro de 2010, 17 dias antes da posse da presidente Dilma. O último grampo foi ativado no dia 31 de março de 2011.
A lista mostra que a operação começou a ser montada no final de 2010 e foi crescendo no primeiro trimestre de 2011. Não há registros que indiquem quando ela foi encerrada, e se foi encerrada, nem do conteúdo das conversas espionadas. Mas a escolha dos alvos e do momento dá uma boa pista sobre o que os americanos estavam tentando saber em primeira mão: era a transição do Brasil de Lula para o Brasil de Dilma e de formulações de novas políticas externas e econômicas.

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/07/lista-mostra-que-eua-grampearam-29-telefones-do-governo-brasileiro.html