247 - O grupo 'Manifesto Coletivo' lançou um abaixo-assinado intitulado "Anistia Nunca Mais", que conta com o apoio de mais de 50 entidades progressistas e já soma mais de 6 mil assinaturas, pedindo ações do novo governo Lula (PT) contra os crimes de Jair Bolsonaro (PL) durante sua gestão na presidência.
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Quem responde pelo coletivo é o professor da USP Vladimir Safatle. No texto da petição, o Manifesto Coletivo ressalta os problemas gerados no Brasil pelo "esquecimento" e o não julgamento dos crimes da Ditadura e convoca a população "à luta pela instalação de um Tribunal Popular que tem como função forçar o debate público e a ação do novo governo."
"Essa ação deve ser acompanhada de outra, tão urgente quanto necessária. Por isso, este chamado é também para juntarmos forças e exigirmos a desmilitarização imediata do Estado brasileiro. Isso significa tanto o afastamento dos militares das instâncias de decisão e administração do Estado quanto o afastamento de toda a cúpula do comando militar envolvida com o governo anterior. Que todos eles passem para a reserva", complementa.
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Diversas personalidades progressitas, incluindo jornalistas, acadêmicos, economistas e artistas apoiam o abaixo-assinado. Para assinar a petição, clique aqui.
Confira o texto da campanha 'Anistia Nunca Mais' na íntegra:
O Brasil criou seus impasses por meio do esquecimento. Como se não falar, não julgar, não elaborar, pudesse nos garantir alguma forma de paz. Foi assim em vários momentos de sua história, criando uma verdadeira compulsão de repetição. As violências coloniais nunca foram objeto de elaboração devida. Da mesma forma, as violências da ditadura militar foram caladas através de uma anistia que, longe de ter sido resultado de algum "acordo nacional", foi fruto de uma imposição dos próprios militares e da conveniência de seus aliados civis. Este é um país de silêncio.
Só que agora está claro para quem quiser ver que esse silêncio nos custa caro. Ele custa nosso futuro. Pois um país que ignora a força histórica, da justiça e da reparação condena-se a estar sempre acorrentado ao seu próprio passado. Ele não pode nunca ver o passado passar, porque aqui não há luto, não há dolo, não há responsabilização.
A partir do começo de 2023, o país ganhará tempo para se fortalecer diante dos embates que virão. A extrema direita brasileira, apoiada na ressurreição do fascismo nacional, demonstrou força enorme e, contrariamente ao pensamento mágico de alguns, não desaparecerá. Combatê-la passa por nomear seus crimes e exigir verdade e justiça. O país não aguenta mais um pacto extorquido e nem merece mais uma farsa dessa natureza.
Os mesmos que não foram responsabilizados pelos crimes perpetrados pela ditadura militar voltaram para "gerir" o país em um de seus momentos mais dramáticos, a saber, diante da pandemia mundial que levou ao menos 700 mil pessoas entre nós. Esse número aterrador não foi uma fatalidade, mas sim fruto da negligência criminosa e da indiferença atroz. O que ocorreu entre nós foi um crime de Estado e deve ser tratado como tal. Por isso, chamamos todes à luta pela instalação de um Tribunal Popular que tem como função forçar o debate público e a ação do novo governo.
Essa ação deve ser acompanhada de outra, tão urgente quanto necessária. Por isso, este chamado é também para juntarmos forças e exigirmos a desmilitarização imediata do Estado brasileiro. Isso significa tanto o afastamento dos militares das instâncias de decisão e administração do Estado quanto o afastamento de toda a cúpula do comando militar envolvida com o governo anterior. Que todos eles passem para a reserva. Nos últimos quatro anos, os militares chantagearam continuamente a sociedade brasileira, com ameaças de golpe e intervenções diretas nos processos políticos nacionais. Isso não pode passar impune. Em uma democracia, os militares não existem politicamente. Eles não falam, não agem e não intervêm sob circunstância alguma. Uma das maiores aberrações da Constituição de 1988 foi definir as forças armadas como "guardiãs da ordem". Em uma democracia real, quem defende a sociedade é a própria sociedade e não necessita de qualquer força exterior a si mesma para tanto. Está na hora de nos defendermos de nossos "defensores".
Convidamos a todes para essa dupla luta. Mostremos de forma clara o que não aceitamos mais e consolidemos uma força ofensiva que obrigue os que nos governam a terminar, de uma vez, com a espiral de silêncio que marcou até hoje nosso país.
Manifesto Coletivo
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Entidades cossignatárias:
PT Barueri
Raiz Movimento Cidadanista
Arte pela Democracia
International Gramsci Society (IGS-BR)
Xilomóvel Ateliê Itinerante
GT Mulher da ASSUFRGS
Comissão Diocesana do Serviço da Caridade - Diocese de Santa Cruz do Sul
Grupo de Estudos e pesquisas em cultura, diversidade e educação
Aliança de Batistas do Brasil
Obirin Odara - Grupo de Estudos e Danças Afro-diaspóricas.
Coletivo de Mulheres da Educação
Cia Mão Dupla Teatro de Bonecos
Pastoral Carcerária
MMC/MS - Movimento de Mulheres de Camponesas do Mato Grosso do Sul
Fraternidade Santa Dulce dos Pobres
ABRAT - Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas
Apufsc-sindical
Coletivo Butantã na Luta (CBL) e PSOL
Coordenador da Apeoesp/SBC
Ponto de Cultura Fuá de Quintal
Instituto Soma Brasil
APROFFIB - Associação de Professores/as de Filosofia e Filósofos/as do Brasil
Polo Social Cívico Brasilândia
Associação Brasileira de Estudos do Trabalho
Movimento das Fábricas Ocupadas
Centro de Cultura Social
Casa da Várzea
Instituto Gerar de Psicanálise
Diversitas
Brigada Longa Marcha
SINPRO Guarulhos - Sindicato dos Professores e Professoras de Guarulhos
Comissão Camponesa da Verdade
Coletivo USP pela Democracia
ANPUR - Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional
SINTET-UFU - Sindicato dos Trabalhadores Técnicos-Administrativos em Instituições Federais de Ensino Superior de Uberlândia
MUCB - Mulheres Unidas com o Brasil
SINTUSP - Sindicato dos Trabalhadores da USP
Latesfip/USP - Laboratório de Pesquisas em Teoria Social, Filosofia e Psicanálise
Sinasefe-SP - Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica
Seção SP do Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério Público da União
ASEMPT - Associação dos Servidores dos Ministérios Públicos do Trabalho e Militar
Pompéia Sem Medo
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil
Educação Científica Decolonial
Coletivo Educação Científica Decolonial
Ecoar - Juventude Ecossocialista
Coletivo 308
Consulta Popular
LATO - Laboratório Alagoano de Teatro do Oprimido
Coletivo Socialista e Revolucionário
Casa Laudelina de Campos Mello - Organização da Mulher Negra
Grupo Xingó
Instituto Astrojildo Pereira
Coletivo Unidades Nas Lutas/Conexão Periférica
Coletivo Triângulo da vida
CEDENPA - Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará
Clínica Pública de Psicanálise Rua do Rio
Cades Pinheiros
Centro Palmares de Estudos e Assessoria por Direitos
Apoiadores:
Adriano Diogo, Ex-deputado, PT-SP
Carla Rodrigues, Laboratório Filosofias do Tempo do Agora (Lafita/UFRJ)
Marcelo Ridenti, Professor da Unicamp
Christian Dunker, Psicanalista e Professor da USP
Paulo Betti, Ator
Antonio Grassi, Ator
Conrado Hübner, Jurista e Professor da USP
Octavio de Barros, Economista
Vladimir Safatle, Professor da USP
Dorrit Harazim, Jornalista e documentarista
Eliana Alves Cruz, Escritora
Vera Iaconelli, Psicanalista
Antonio Carrasqueira, Professor da USP
Fernanda Melchionna, Deputada Federal, PSOL-RS
Edson Teles, Professor da Unifesp
Leda Paulani, Economista e Professora da USP
Lilian Quintão, Instituto Sedes Sapientiae
Florencia Ferrari, Ubu Editora
Julian Fuks, Escritor
Breno Altman, Jornalista
Eliane Potiguara, GRUMIN
Michael Löwy, Pesquisador em Sociologia, CNRS, Paris, França.
Isabel Loureiro, Professora da Unesp
Ricardo Antunes, Professor da Unicamp
Debora Dubois, Diretora de teatro
Laymert Garcia dos Santos, Professor da Unicamp
Luiz Marques, Professor da Unicamp
Patricia Gama, Deputa Estadual, PSDB-SP
Tuca Munhoz, Cadeirante - Ativista direitos humanos - REDE-SP
Fernando Limberger, Artista Plástico
Iris Kantor, Professora da USP
Ari Meneghini, Publicitário
Débora Dubois, Diretora Teatral
Fabio Durão, Professor Unicamp
Fernanda Scalzo, Autora, roteirista e jornalista
Lia Zatz, Escritora
Romi Márcia Bencke , Pastora Luterana
Milly Lacombe, Jornalista
Fernanda Azevedo, Atriz
Fernando Kinas, Dramaturgo
Karen Worcman, Historiadora e Presidenta do Museu da Pessoa
Giles Eduar, Escritor
Maria Eduar, Consultora
Fonte: https://www.brasil247.com/brasil/abaixo-assinado-anistia-nunca-mais-que-pede-acao-contra-crimes-de-bolsonaro-ultrapassa-6-mil-assinaturas
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