segunda-feira, 26 de outubro de 2015

"Argentina realiza o primeiro segundo turno de sua história" 26.10.15

 

Os argentinos votarão, em 22 de novembro, no primeiro segundo turno de sua história para definir o próximo presidente entre o governista Daniel Scioli e o opositor de direita Mauricio Macri, o grande vencedor das eleições de domingo.Este fato inédito faz com que muitos analistas políticos questionem se isso não representa o fim de um ciclo no país."Este é o golpe mais violento que o kirchnerismo sofre em 12 anos desde que existe como força política", comentou o analista Rosendo Fraga.Apesar de Scioli ser o candidato mais votado com 36,86%, a pequena distância que o separa de Macri (34,33%), da frente Cambiemos, coloca o candidato de Cristina Kirchner no paradoxal papel de derrotado."O grande vencedor é o que ficou em segundo lugar", afirma Fraga, apesar de achar que o kirchnerismo ainda é capaz de ressurgir de suas cinzas para sobreviver além do dia 10 de dezembro, quando Cristina Kirchner concluir seu segundo mandato.Todos as pesquisas se equivocaram a dar Scioli como vencedor por uma diferença em média de oito pontos."O kirchnerismo sobreviveu a outras crises e a outras derrotas eleitorais. Dizer que o kirchnerimos acabou completamente talvez seja um pouco precipitado", afirmou Fraga.Gabriel Puricelli, sociólogo do Laboratório de Políticas Públicas, discorda. Em sua opinião, a inesperada mensagem dada pelos eleitores é, sem dúvida, "um fim de ciclo".

"É um golpe duro para a Frente para a Vitória (partido fundado por Kirchner). Se Scioli quiser ganhar, terá de reagir", afirmou Puricelli.Em sua opinião, se perder o segundo turno, "Scioli passará ao esquecimento em cinco minutos"."O sciolismo sem o governo não existe", enfatizou.No total de votos do Cambiemos pesou a vitória de sua candidata María Eugenia Vidal na província de Buenos Aires, onde Scioli governa desde 2007 e o kirchnerismo tem sua base mais radical.A derrota é um golpe muito duro para o governo neste distrito que concentra quase 38% do padrão eleitoral. Reza a lenda argentina de que quem vence na província de Buenos Aires, vence no país."A derrota na província de Buenos Aires tem um grande valor simbólico. Esse clima, sem dúvida, também favorece Macri", avalia o sociólogo Ricardo Rouvier, da consultoria de mesmo nome.Além do governo, o kircherismo perdeu muitas cargos que historicamente estavam nas mãos do peronismo", como na periferia da capital, onde milhares de pessoas recebem a ajuda social do governo."De qualquer forma, é preciso esperar pelo segundo turno. Não se pode desvalorizar a importância do peronismo quando se trata de uma disputa presidencial", assinalou Rouvier."Apesar de ter perdido nos números, o Cambiemos, na realidade, venceu, e isso pode ocasionar uma onda de votos a favor de Macri; agora e preciso ver se isso vai acontecer ou não", acrescentou Rouvier.Mesmo que o resultado contradiga as pesquisas, o analista acha que "confirma a tendência registrada desde as primárias (de 9 de agosto), quando houve um fortalecimento do setor opositor e um enfraquecimento relativo do oficialismo".Segundo Fraga, "sem o impacto de Vidal, dificilmente Macri teria o resultado que teve em nível nacional. Eu chamo isso de uma na da província de Buenos Aires que gerou um efeito político".O resultado surpreendeu a todos os analistas depois das pesquisas que circularam nos últimos meses e assustou até mesmo os militantes do Cambiemos."Todas as pesquisas davam um triunfo Scioli sim, mas por uma diferença maior. Nem mesmo a boca de urna aceitou. É preciso prensar seriamente no que está acontecendo na sociedade com este voto que representa uma virada para a direita", comentou Rouvier.Apesar de tudo, e como Fraga, Rouvier não acredita que a Argentina esteja às portas do fim de um ciclo."Quando se fala em fim de ciclo na política e se antecipa a morte simbólica de um partido, eu retrocedo. Na realidade, não há ninguém que possa antecipar isso", conclui.

http://inteligenciabrasileira.blogspot.com.br/

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