Agência Brasil: STF começa a julgar réus do Núcleo 4 da trama golpista nesta terça

 

Réus são acusados de organizar ações de desinformação sobre eleições
André Richter - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 14/10/2025 - 06:53
Brasília
Brasília (DF) 11/04/2023 Fachada do palácio do Supremo Tribunal Federal (STF) Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta terça-feira (14) o julgamento da ação penal contra o Núcleo 4 da trama golpista ocorrida durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Os integrantes do colegiado vão se decidir se condenam sete réus acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de organizar ações de desinformação para propagar notícias falsas sobre o processo eleitoral e promover ataques virtuais a instituições e autoridades, em 2022.

Fazem parte deste núcleo Ailton Gonçalves Moraes Barros (major da reserva do Exército); Ângelo Martins Denicoli (major da reserva do Exército); Giancarlo Gomes Rodrigues (subtenente do Exército); Guilherme Marques de Almeida (tenente-coronel do Exército); Reginaldo Vieira de Abreu (coronel do Exército); Marcelo Araújo Bormevet (policial federal) e Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (presidente do Instituto Voto Legal). 

Eles respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

Sessão

A sessão de julgamento está prevista para começar às 9h. O primeiro dia será destinado às sustentações das defesas e da acusação, que será feita pela PGR. A votação ocorrerá nas sessões seguintes.

Foram reservadas mais três sessões para a finalização do julgamento, a serem realizadas nos dias 15, 21 e 22 deste mês.

O colegiado é formado por Alexandre de Moraes, relator do caso, e os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Cármen Lúcia.

Prisão

Os acusados que forem condenados pelo STF não serão presos automaticamente. As defesas poderão recorrer da eventual condenação.

Outros núcleos 

Até o momento, somente o núcleo 1, formado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus, foi condenado.

Além do núcleo 4, serão julgados ainda neste ano os núcleos 2 e 3. O julgamento do núcleo 3 está marcado para 11 de novembro. O grupo 2 será julgado em dezembro. 

O núcleo 5 é formado pelo empresário Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente da ditadura João Figueiredo. Ele mora dos Estados Unidos e não apresentou defesa no processo.  Ainda não há previsão para o julgamento. 

domingo, 12 de outubro de 2025

Brasil247: Lula adota discurso duro contra crime e destaca operações da Polícia Federal

 

Presidente reforça pauta da segurança pública, tema que lidera preocupações no país

Ricardo Lewandowski (à esq.) e Lula (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Guilherme Levorato avatar
Conteúdo postado por:

247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou a incorporar de forma mais enfática o combate à criminalidade em suas declarações públicas, em um momento marcado por operações de grande porte da Polícia Federal. Em recentes discursos, Lula destacou ações contra o PCC e contra redes de exploração sexual infantil, alinhando-se a uma demanda crescente da sociedade pela ampliação da segurança.

De acordo com o jornal O Globo, a guinada de Lula no discurso ocorre num contexto em que a violência desponta como a maior preocupação nacional. Pesquisa Genial/Quaest divulgada na última semana aponta que 31% dos brasileiros veem a segurança como o principal problema do país — o índice mais elevado em um ano. Entre os eleitores que se identificam como lulistas, o número é ainda maior, chegando a 36%.

Segurança ganha espaço na agenda do governo

O contraste com o cenário de quatro anos atrás é significativo. Durante o primeiro mandato de Jair Bolsonaro (PL), em meio à pandemia e à crise econômica, apenas 2% da população apontava a violência como questão central, enquanto economia (44%) e saúde (24%) dominavam as preocupações. Hoje, com a escalada da criminalidade, o tema ganha protagonismo no debate público e pressiona o governo federal.

Lula tem aproveitado o espaço para enfatizar o trabalho da Polícia Federal. Na última quarta-feira, após uma megaoperação conjunta com 16 estados contra a exploração sexual infantil, o presidente afirmou: “O que não falta é gente safada nesse país para fazer coisa errada. Essa gente tem que ir para a cadeia”. Em agosto, ao comentar ação contra o PCC, classificou a iniciativa como “a maior resposta do Estado ao crime organizado de nossa história até aqui”.

Ações ampliam protagonismo do governo

A atuação do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, tem sido constante após as operações, e até o Ministério da Fazenda, comandado por Fernando Haddad, foi envolvido no tema. A Receita Federal criou uma delegacia especializada no combate ao crime, reforçando a integração institucional.

Antes, aliados criticavam a pouca atenção de Lula ao tema da segurança, mesmo diante da relevância para a sociedade. O cientista político Marco Antonio Teixeira, professor da FGV, avaliou a mudança de postura: “É uma pauta que a esquerda sempre teve dificuldade de tocar, mas agora o governo está tocando com resposta de política pública. Há uma convergência entre a pauta e o que a sociedade espera”.

Embates com Tarcísio de Freitas

A nova abordagem também tem ampliado a disputa política com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O episódio mais evidente foi durante a operação contra a lavagem de dinheiro do PCC, quando União e estado disputaram protagonismo em coletivas de imprensa simultâneas e nas redes sociais. Em outra ocasião, divergiram sobre o suposto envolvimento da facção no escândalo do metanol, hipótese levantada pela PF, mas descartada pelo governo paulista.

São Paulo também recusou a colaboração da PF nas investigações do assassinato do delegado Ruy Ferraz, em Praia Grande. Essas tensões reforçam a disputa pela narrativa da segurança pública, pauta que tradicionalmente beneficiou a direita e agora é incorporada pelo governo federal.

Virada em relação à corrupção e privilégios

Além de endurecer o discurso contra o crime, Lula tem adotado posição contrária a medidas vistas como benéficas à classe política. O presidente se opôs à chamada PEC da Blindagem, vetou mudanças na Lei da Ficha Limpa e rejeitou proposta para ampliar o número de deputados. A estratégia busca afastar o governo de pautas que desgastaram o PT no passado e consolidar imagem de enfrentamento à criminalidade e à corrupção.

Artigos Relacionados

Fonte: https://www.brasil247.com/brasil/lula-adota-discurso-duro-contra-crime-e-destaca-operacoes-da-policia-federal

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

VERMELHO: Barroso antecipa aposentadoria e Lula deve indicar novo ministro do STF em breve

 

Dentre os cotados estão o ministro Jorge Messias, da AGU; o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o ministro do TCU, Bruno Dantas. Entidades pleiteam que uma mulher ocupe a vaga

Foto: Antonio Augusto/STF

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu antecipar sua aposentadoria. O anúncio foi feito em sessão desta quinta-feira (9). Com isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá a possibilidade de indicar o terceiro nome deste mandato, o que, segundo noticiado, deverá acontecer mais rapidamente do que em outras ocasiões.

Com 40 anos de vida pública e 67 de idade, Barroso poderia ficar na Corte até 2033, quando completará 75, idade em que os ministros se aposentam compulsoriamente. Ele foi indicado para o STF em 2013 pela presidenta Dilma Rousseff, após a aposentadoria de Ayres Britto, e deverá ficar no cargo por mais uma semana para encaminhamentos finais.

Ao longo de sua trajetória na Corte, Barroso foi relator de ações de impacto social e, como presidente do STF e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), “atuou para aproximar o Judiciário da sociedade, divulgar informações e decisões em linguagem simples e aumentar a eficiência do Tribunal”, conforme destacou o próprio Supremo.

Leia também: STF julgará inconstitucionalidade da desoneração da folha na próxima semana

Entre os casos que relatou estão a autorização do transporte gratuito no segundo turno das eleições presidenciais de 2022 e a suspensão de despejos e desocupações em áreas urbanas e rurais durante a pandemia de covid-19.

Também foi designado redator do acórdão que reconheceu a violação massiva de direitos no sistema prisional brasileiro e relatou o processo sobre a omissão da União em alocar recursos do Fundo sobre Mudança do Clima (Fundo Clima). Barroso ainda presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no período de maio de 2020 a fevereiro de 2022, durante a pandemia.

A indicação do novo ministro deve acontecer em breve. Conforme noticiado, autoridades do entorno de Lula sinalizaram que o presidente deve agilizar a próxima escolha devido ao contexto político e ao fato de que 2026 é ano eleitoral. Ele deve se dedicar ao tema já na próxima semana, após retornar de viagem à Itália, onde participará do Fórum Internacional da Alimentação.

Dentre os nomes que têm sido ventilados estão os do ministro Jorge Messias, que está à frente da Advocacia-Geral da União (AGU); do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e do ministro do Tribunal de Contras da União (TCU), Bruno Dantas.

Entidades da área jurídica e em defesa da maior participação institucional das mulheres também têm cobrado uma indicação feminina — hoje, a única da Corte é a ministra Carmen Lúcia. Entre as magistradas levantadas estão Edilene Lobo, ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE); Maria Elizabeth Rocha, presidenta do Superior Tribunal Militar (STM) e Daniela Teixeira, ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Após indicação do presidente da República, o cotado para a vaga deve ser sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, depois, à votação no Plenário do Senado — devendo ter ao menos 41 dos 81 votos. Neste terceiro mandato, Lula indicou os ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino.

“É hora de seguir outros rumos”

Ao ler sua carta de despedida, o ministro Luís Roberto Barroso declarou: “Deixo o Tribunal com o coração apertado, mas com a consciência tranquila de quem cumpriu a missão de sua vida”. Ele prosseguiu dizendo: “Não foram tempos banais, mas não carrego comigo nenhuma tristeza, nenhuma mágoa ou ressentimento. E começaria tudo outra vez, se preciso fosse”.

O ministro justificou a antecipação de sua aposentadoria afirmando sentir que agora “é hora de seguir outros rumos. Nem sequer os tenho bem definidos. Mas não tenho qualquer apego ao poder e gostaria de viver um pouco da vida que me resta sem a exposição pública, as obrigações e as exigências do cargo”.

Durante sua passagem pelo STF — do qual foi presidente entre setembro de 2023 e setembro de 2025, quando foi sucedido pelo ministro Edson Fachin — Barroso teve de lidar com um dos momentos mais difíceis da Nova República: a continuidade dos sistemáticos ataques da extrema direita bolsonarista às instituições e o processo sobre a tentativa de golpe comandada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

O final de seu mandato ocorre pouco tempo após a condenação de Bolsonaro, ex-ministros e militares de alta patente pela Primeira Turma da Corte (da qual não fazia parte), o que reforçou o papel estratégico do Supremo na defesa da democracia nesse conturbado período.

Por isso, durante sua fala, o ministro reafirmou sua confiança de que o STF continuará sendo “guardião da Constituição e protagonista na preservação da estabilidade institucional e da democracia”.

Barroso ainda agradeceu a cada um dos ministros, procuradores e trabalhadores da Corte, bem como à presidenta Dilma Rousseff — “que me nomeou para o cargo da forma mais republicana possível, sem pedir, sem insinuar, sem cobrar”.

Também destacou sua sua gratidão ao presidente Lula, “por sua firme defesa do Tribunal quando esteve sob ataque. Com altivez, mas sem bravatas, cumprimos com honra nosso dever e nosso destino. A história nos dará o crédito devido e merecido”.

Fonte:  https://vermelho.org.br/2025/10/10/barroso-antecipa-aposentadoria-e-lula-deve-indicar-novo-ministro-do-stf-em-breve/