terça-feira, 1 de setembro de 2015

COMO A AUSTRÁLIA, CONSIDERADA O 2º CONTINENTE MAIS SECO, SUPEROU A FALTA DE ÁGUA NO PAÍS?

 

A resposta é simples: “Deu valor econômico à água”, afirma o secretário da Plataforma de Recursos Hídricos, Divisão do Solo e da Água, da FAO, órgão da ONU, Marlos de Souza, um dos palestrantes do seminário “Uso Sustentável da Água na Agricultura: Desafios e Soluções”, que ocorre hoje na sede da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)

Brasília (18/08/2015) – O clima na Austrália para quem gosta de Sol, dias claros, e céu azul, é incomparável com qualquer outro país do mundo. Lá simplesmente quase não chove. É considerado um dos países mais secos. Sua fonte de água é a Bacia Murray-Darling, com 5.890 quilômetros de extensão. Ambos nascem nos Alpes e desembocam na grande baía australiana, após atravessa­rem a mais importante região agrícola do país. Mas como o continente faz para produzir alimentos com pouca água?

Segundo o secretário da Plataforma de Recursos Hídricos, Divisão do Solo e da Água, da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Marlos de Souza, a água tem valor econômico. Essa é a grande resposta para a pergunta. O secretário comentou em sua palestra que a Austrália estabeleceu muito cedo valor econômico para a água. “Então sempre pensamos: onde podemos colocar essa água para ser mais produtiva?”, disse.

Souza observou que o país passou oito anos por uma crise chamada de Seca do Milênio, entre 1997 e 2009, que culminou com a intervenção gerencial do governo federal nos recursos hídricos dos estados. Apesar de ser uma federação igual ao Brasil, na Austrália os recursos hídricos são posse dos estados e o governo central não intervinha na questão. “Com isso a quantidade de água extraída passou a ser determinada por uma legislação federal. “A lei forçou uma situação de compra e venda de água igual ao modelo do mercado de ações. Onde o produtor pode alugar ou ter uma outorga”, explicou o secretário.

Com essa regulação da água, observou Marlos de Souza, o governo passou a arrecadar dois bilhões de dólares australianos por ano somente com impostos, que são revertidos em bens para a população, como escolas, saúde, transporte. “O uso da água é medido de acordo com o valor do seu produto. O agricultor não reclama. Ele sabe do valor da água”, complementou.

O secretário observou que além da intervenção do governo, a Austrália passou a investir muito em planejamento de forma eficiente, utilizando menos água e produzindo mais alimentos. “Hoje, temos programas de melhorias na eficiência de irrigação nas fazendas com investimentos na ordem de 5,8 bilhões de dólares. E assim o país vai aprendendo a ser cada vez mais eficiente”, comentou. E acrescentou: “a água tem valor econômico principalmente para agricultura. O brasileiro tem que entender esse valor e aplicá-lo”.

O seminário “Uso Sustentável da Água na Agricultura: Desafios e Soluções” é realizado nesta terça-feira (18/08) pelo Sistema da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), composto também pelo Instituto CNA e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), na sede da Confederação, em Brasília. O evento busca debater a escassez de água no mundo e discutir experiências de países que enfrentam a falta de recursos hídricos de maneira eficaz, tais como Austrália, Estados Unidos e Israel.

Exemplo brasileiro

No Rio Grande do Sul, no Município de Camaquã, o projeto de Irrigação do Arroio Duro é um exemplo de sucesso da parceria público-privado que vem diminuindo sustentavelmente por meio da irrigação o uso da água. Hoje, são irrigados 15 mil hectares de arroz por ano em uma área de 50 mil hectares, colhendo aproximadamente 2,3 milhões de sacos de 50 Kg de arroz, ou seja R$ 40 bilhões por safra. O Sistema foi executado pelo Governo Federal por meio do Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS). Hoje é administrado pela Associação dos Usuários do Arroio Duro (AUD).

De acordo com o assessor técnico da AUD, João Isidoro Viegas, o objetivo do projeto é o uso racional da água e aumento da área irrigada. O assessor explicou que para atingir essa meta é realizada a irrigação por inundação, que consiste em colocar uma lâmina de água em compartimentos formados no terreno, denominados de tabuleiros ou quadros, que são limitados por pequenos diques ou taipas (construção destinada a represar água). “Dessa forma, economizamos cerca de 15 milhões de metros cúbicos de água anualmente”, disse. O volume é suficiente para atender mais de 1,5 mil hectares. Segundo ele, a cada ano o uso da água diminui.

O seminário “Uso Sustentável da Água na Agricultura: Desafios e Soluções” é realizado nesta terça-feira (18/08) pelo Sistema da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), composto também pelo Instituto CNA e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), na sede da Confederação, em Brasília. O evento busca debater a escassez de água no mundo e discutir experiências de países que enfrentam a falta de recursos hídricos de maneira eficaz, tais como Austrália, Estados Unidos e Israel.

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