domingo, 30 de agosto de 2015

Era dos telefones inteligentes

 

Bruno Peron

Muitos usuários de tecnologias novas – confesso que eu inclusive – resistíamos a algumas mudanças de hábitos previstas no acesso a redes sociais (Facebook, LinkedIn, etc.) e na compra de telefones inteligentes (smartphones). Achávamos que haveria mais malefícios que benefícios, e que portanto seria mais prudente apegar-se às tecnologias e formas de interação social com as quais já estávamos habituados. Esta é a visão avessa a mudanças que muitos ainda têm, por incrível que pareça.

No entanto, alguns motivos levam-nos a experimentar tecnologias mais atuais para avaliar se são tão boas quanto parecem e quanto propagandeiam. Na maioria das vezes, surpreendemo-nos com a agilidade de comunicação em ferramentas como Facebook e Twitter. E impressionamo-nos também com a celeridade como telefones inteligentes substituem computadores em termos de portabilidade e uso mais fácil.

Desde que muitos de nós abrimos uma conta no Facebook (entre outras redes sociais) e passamos a usar aplicativos de telefones inteligentes, não imaginamos nossas vidas sem esses recursos sociais e técnicos. A primeira vantagem é a da comunicação, que ficou mais barata, ampla e rápida. A segunda é a personalização, que permite a instalação de aplicativos e a configuração de ícones na tela desses equipamentos eletrônicos de acordo com as necessidades de cada usuário.

É verdade que tudo tem seu preço. Essa quantidade enorme e essa variedade de recursos eletrônicos alcançam-nos em telefones inteligentes a troco de menos privacidade e mais publicidade. Por isso, é importante que se leia a lista de permissões antes de instalar qualquer aplicativo, pois empresas costumam ter acesso à nossa lista de contatos, nossas fotos e outros conteúdos armazenados nos aparelhos ditos inteligentes. Há conceitos como armazenamento de dados e marquetingue eletrônico que têm tomado a vez de métodos mais tradicionais de cadastro e comércio.

Após esta avaliação breve dos prós e contras no uso de telefones inteligentes, há pesquisas que indicam crescimento considerável do número de seus usuários. Comento aquela que se realizou por Flurry, que é uma empresa dos Estados Unidos pertencente ao Yahoo desde meados de 2014. Flurry tem monitorado o uso de telefones inteligentes e chegou a dados consistentes relativos a seus usuários em locais vários do mundo.

Flurry indicou que, entre 2014 e 2015, houve crescimento de 60% do número de pessoas viciadas em telefones inteligentes. Para entender esses dados, a pesquisa desta entidade classificou três usuários: os de uso regular (regular user), uso frequente (super user) e uso viciado (mobile addict). O primeiro abre um aplicativo até 16 vezes por dia, o segundo entre 16 e 60, e o terceiro mais de 60.

É curioso que, entre 2014 e 2015, o aumento maior da porcentagem (60%) tenha sido em relação aos viciados em telefones inteligentes. O número era de 176 milhões em 2014 e chegou a 280 milhões em 2015. Enquanto usuários abrem aplicativos dez vezes por dia em média, um viciado acessa aplicativos mais de sessenta vezes por dia (principalmente os de mensagens e redes sociais como Facebook e WhatsApp).

Apesar de que a sede da Flurry é nos Estados Unidos, a pesquisa que acabo de mencionar indica que o aumento no uso de telefones inteligentes não é um fenômeno restrito a estadunidenses e sua febre por tecnologias. Essa pesquisa teve acesso a informações armazenadas em aplicativos em 1,8 bilhão de telefones inteligentes em vários lugares do mundo.

Esses dados sugerem que os telefones inteligentes têm ganhado espaço no mercado até entre os mais desconfiados e os de renda baixa. Compras a crédito facilitam que mais pessoas adquiram telefones inteligentes. A perda de privacidade, portanto, não intimida os usuários, já que há benefícios em comunicação e recursos que ultrapassam os malefícios.

Telefones inteligentes potencializam atividades que, em momentos anteriores, eram realizadas com custos mais altos (ligações telefônicas, que hoje podem ser feitas através de Skype, Viber e WhatsApp), uso de aparelhos grandes para recursos audiovisuais (ouvir música, assistir a filmes e vídeos, brincar com jogos eletrônicos), e ida ao banco (trâmites bancários). Tais telefones reúnem todas essas tarefas e possibilidades em equipamentos que, apesar de inteligentes, cabem no bolso com folga.

http://www.brunoperon.com.br

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