segunda-feira, 8 de junho de 2015

O Porquê da caça ao PT, começa a aparecer

O “filtro” apressado ignora que o Nordeste é governado na maioria por partidos socialistas

Walter Santos

WALTER SANTOS 7 de Junho de 2015 às 09:14

A pressa de querer punir o PT a qualquer custo termina por produzir erros e atropelos estratégicos entre os próprios agentes anti-petistas nas grandes operações de apuração de novos escândalos

Aos poucos, os espaços de críticas dentro e fora da mídia vão abrigando, em análises sistemáticas, uma série de apontamentos provando que a opção feita pela oposição sectária ao modelo petista em vigência há 12 anos no País, combinada com estratégias bem engendradas envolvendo setores da grande mídia, do Judiciário, Ministério Público Federal e PF, não conseguiu despejar do poder quem, mesmo com erros crassos cometidos, tem sido autor de diversos avanços da sociedade, no caso o PT. Mas há no exame de agora um elemento adicional para reflexão, que é a dormência de não se querer identificar que, ultimamente, via eleições diretas, o Nordeste tem optado por partidos à esquerda.

Aqui não perderemos tempo em adjetivar grosseiramente as verborreias sobre o mensalão, petrolão etc, porque, conforme os fatos têm provado na História, se tratam, no frigir dos ovos, de grandes operações para em nome de se resolver graves problemas éticos, que precisam ser extirpados sem dúvidas, a opção feita foi tentar criminalizar e expurgar o PT da vida partidária nacional, mas em contrapartida ignorando por completo os graves escândalos do PSDB, PMDB, PTB, PP etc.

O caso mensalão facilmente pode ser posto em análise neste paradigma anti-PT porque o Judiciário puniu petistas como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu sem uma única prova real apresentada nos autos, uma vez que a condenação se deu com base na famigerada teoria do domínio do fato – artifício muito usado nos tempos do nazismo – mas que, até a presente data, o mesmo Judiciário tem poupado o PSDB e outros partidos com nomes identificados e flagrados em desvios.

A OPÇÃO SOCIALISTA DO NORDESTE

A pressa de querer punir o PT a qualquer custo termina por produzir erros e atropelos estratégicos entre os próprios agentes anti-petistas nas grandes operações de apuração de novos escândalos, alguns deles sem acompanhamento da mídia – HSBC, trensalão etc, gerando assim na sequência a miopia, a dormência e a ignorância sobre os fatos políticos concretos em curso, por exemplo, no Nordeste brasileiro, a partir das ultimas eleições estaduais.

Dos nove estados existentes, um deles é governado pelo PC do B na terra do oligopólio histórico dos Sarney (Maranhão), três têm como gestores/executivos filiados do PT (Bahia, Ceará e Piauí), dois por governadores socialistas (Paraíba e Pernambuco), enquanto três outros restantes pelo PMDB (Alagoas e Sergipe) e PSD (Rio Grande do Norte).

A conta é simples: dos nove estados do Nordeste, seis são governados por socialistas sabendo-se que nos demais há uma presença forte dos partidos do campo da esquerda.

Esta é a pura realidade.

MAIS DO QUE BOLSA FAMÍLIA

Não dá para ignorar os efeitos do Bolsa Família e outros programas sociais, entretanto, é a cadeia econômica produzida pelo movimento dos poucos reais desses programas que fez o consumo crescer assustadoramente, gerou ascensão social e nova consciência de cobranças cidadãs porque, como é o caso da Paraíba, o governador socialista venceu todas as forças políticas históricas do Estado. Neste e em outros casos, a Bolsa não o fez vencer as eleições, mas sim novo entendimento político em torno da realidade política regional.

É evidente que o Nordeste ainda está distante de um patamar decente de cidadania, mas nos últimos 12 anos não há como negar avanços cidadãos inexistentes se comparados a outros tempos, sem contar o impulso do comércio interno e a existência, enfim, de grandes equipamentos de infraestrutura nos diversos estados, antes somente instalados no Sudeste e Sul do País.

É sob esta percepção que muita gente ignora as mudanças em curso e, sendo assim, prefere o juízo de valor apressado contra o Nordeste, em especial os nordestinos, agindo através de agressões e atos típicos de violência inaceitável, esquecendo que para o Brasil dar saltos mais qualitativos, isto só se dará quando houver a redução das desigualdades regionais e o PIB do Nordeste supere a casa histórica do 13,8% da atualidade.

Do Brasil 247

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