sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

O cúmulo da desfaçatez: “roubei porque fui obrigado”, diz o ladrão Costa

 

4 de fevereiro de 2015 | 20:08 Autor: Fernando Brito

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A sessão diária de piadas mórbidas da Lava Jato não terminou.

Hoje, Paulo Roberto Costa, o ladrão-mor da Petrobras, apresentou uma defesa comovente.

Disse que “sucumbiu às exigências partidárias” e virou ladrão para poder ser diretor da empresa.

Tadinho.

“Infelizmente, infelizmente – eu me arrependo amargamente, porque estou sofrendo isso na carne, estou fazendo minha família sofrer –, infelizmente, aceitei uma indicação política para assumir a Diretoria de Abastecimento. Infelizmente. Estou extremamente arrependido de ter feito isso! Se tivesse oportunidade de não o fazer, não faria novamente isso.”

Chega a dar pena…

Qualquer hora vão dizer que Paulo Roberto Costa, consumido pelas amarguras e pelo sofrimento da família – afinal, não é desgostoso ver mulher, filhas e genros todos faturando alto em negociatas? – foi a um igreja e confessou-se ao padre.

Saiu dali decidido e foi, de braços estendidos, ao Juiz Sérgio Moro, pedindo: algeme-me, Excelência, eu pequei…

Ninguém rouba obrigado, senão sob a mira de armas ou porque a fome corta o estômago.

Muito menos rouba dezenas de milhões de reais, bota em contas no estrangeiro, vive à tripa forra.

O ladrão de um transeunte “merece” – não é Sheherazade? – ser linchado, mas o ladrão Costa é capaz de receber um monumento.

“Roubei obrigado para realizar meu sonho de ser diretor”.

Ora, vá plantar batatas, seu Costa.

Ao longo de sua história, a Petrobrás teve dúzias e dúzias de diretores que não roubaram.

Vá ver como vive o Guilherme Estrela, o homem que descobriu o pré-sal, vá!

Mas Costa não é o pior.

Pior que ele são os “homens honestos” que compactuam com esta pantomima.

Uma gente que apregoa a moral, mas se desmancha em rapapés a um canalha deste tipo.

Um ladrão e um ladrão que rouba o povo brasileiro e que faz este teatro nojento de se dizer “arrependido”, embora, claro – Deus nos livre! – não tenha se jogado pela janela.

Alguém aí quer apostar que Costa- logo, logo – estará livre, leve e solto?

Que não vai, como nós, mortais, ter de armar uma barraquinha de camelô, para dar de comer à família?

Não, tanto que pagou uma fiança de R$ 5 milhões para poder comparecer, livre, ao Juízo.

Paulo Roberto Costa está, escancaradamente, comprando a sua absolvição, na prática.

Que um bandido tente isso, é, reconheço, compreensível.

Que a Justiça do meu país e o jornalismo, que é minha profissão, aceite isso, candidamente, embrulha meu estômago.

Tijolaço

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