terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Brasil e Uruguai reforçam posições frente ao dólar

 

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Foto de arquivo

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No segundo mandato presidencial de Dilma Rousseff, a economia do Brasil terá certo apoio do Uruguai. O acordo sobre o Sistema de Pagamentos em Moeda Nacional (SML), assinado em outubro e aprovado em 26 de novembro deste ano, visa facilitar operações comerciais internacionais e pagamentos nestes países vizinhos sem a interferência das taxas de câmbio.

O SML entra em vigor a partir desta segunda-feira, dia 1 de dezembro.

Segundo o documento publicado pelo Banco Central do Brasil, será viabilizada a realização em moeda nacional de “operações de comércio internacional de bens e serviços associados a essas operações”, “operações de comércio internacional de serviços diversos não sujeitos ao registro de que trata a Resolução n.º 3.844, de 23 de março de 2010”, e “aposentadorias e pensões e demais transferências unilaterais correntes descritas no Anexo V n.º 3.690, de 16 de dezembro de 2013”.

Os preços em ambas as moedas serão combinados a partir das taxas SML de conversão do dia do registro da operação.

O acordo favorece também a ambas as partes. Segundo o economista Javier de Haedo, citado pela Globo, o novo presidente eleito desse país, Tabaré Vázquez terá que lidar com três desafios principais: o do setor fiscal, o dos preços relativos e o do mercado de trabalho. De acordo com o economista, esses assuntos se devem a “um contexto mundial de transição para um mundo menos amigável para as economias emergentes” que surge no fim da época geralmente positiva do seu antecessor, José Mujica.

O problema da eventual crise econômica ganhou peso de novo durante a corrida eleitoral, com especulações analisando o possível impacto na economia nacional das manifestações de 2013 e 2014 e das altas taxas de inflação e pequenas, de crescimento.

Ambos os países, segundo diversas análises, enfrentam um ano tenso economicamente em 2015.

A autoridade econômica uruguaia, chefiada por Alberto Graña, sublinha que a implementação do acordo vai minimizar o prazo para o processamento de operações e facilitar a inclusão financeira tanto de pessoas físicas, como de empresas.

Por seu turno, a parte brasileira, representada pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, destacou que o sistema vai profundizar os mercados do real e do peso uruguaio e reduzir os custos de transação.

Dólar é prescindível

A esperança geral é que o SML, semelhante ao acordo anteriormente assinado com a Argentina, em 2008, ajude na criação de um espaço econômico independente do dólar estadunidense, eterna aspiração da comunidade latino-americana .

Para a Argentina, o sistema permitiu demostrar que o dólar não é imprescindível. A adesão do Uruguai já separa uma região no mapa do Cone Sul, consolidando um espaço econômico que aspira a ser inovador.

Na América Latina houve outras tentativas de retirar o dólar do comércio regional. Em novembro de 2008, um mês depois da assinatura do acordo com a Argentina, a Aliança Bolivariana para as Américas (ALBA) instituiu o SUCRE, Sistema Unitário de Compensação Regional. Atualmente, nove países fazem parte desta iniciativa. O SUCRE não é propriamente uma moeda, pelo menos hoje em dia (portanto, existem planos relativos a isso), mas um sistema de transações com uma unidade de conta, principalmente virados para o comércio internacional. A Antígua e Barbuda, Bolívia, Cuba, Dominica, Equador, Nicarágua, São Vicente e Granadinas e Venezuela participam desse sistema, como também o Uruguai que, sem ser membro da ALBA, liberou o seu peso para ser convertível para o SUCRE, em 2013.

Deste modo, o Uruguai já tem proteção dupla contra o dólar.

Outras agrupações econômicas que existem no continente, como o Mercosul (Mercado Comum do Sul) e a CAN (Comunidade Andina de Nações), atuam como uniões aduaneiras, com facilitações sociais e econômicas, mas sem moeda própria. Contudo, também agem em prol da integração. Vale lembrar a transferência da presidência rotativa do Mercosul para Buenos Aires, em claro sinal de apoio à Argentina na sua luta contra os “fundos abutre”.

Uniões econômicas que buscam afugentar o dólar não só existem na América Latina. A União Aduaneira, da qual formam parte atualmente a Rússia, a Bielorrússia e o Cazaquistão, está desenvolvendo um sistema de comércio mais livre entre os países membros. Já a Rússia e a Bielorrússia, por sua parte, formam, desde 1996, a entidade que se chama União da Rússia e Bielorrússia, que tem projeto de adotar o rublo como moeda comum.
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_12_01/Brasil-e-Uruguai-refor-am-posi-es-frente-ao-d-lar-2832/

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