domingo, 19 de outubro de 2014

Dois maus exemplos de Aécio

 

 

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) deu dois maus exemplos na madrugada de sábado, no Rio: dirigia com a habilitação vencida e se negou a passar pelo teste do bafômetro. Sua Land Rover foi parada numa blitz na avenida Bartolomeu Mitre, no Leblon, às 3h, a poucas quadras de seu apartamento. Foi multado em R$ 957,70 por recusar o bafômetro e em R$ 191,54 pela habilitação vencida. Tão logo renove a sua carteira, ela já vem com sete pontos.

Aécio cultiva a imagem de bon vivant, especialmente quando está em sua segunda pátria — o Rio. Querem alguns que, de fato, é a primeira. Pouco importa para o caso. O fato é que um senador da República, pré-candidato à Presidência, carrega a força do exemplo.

Ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo, Aécio tampouco. Se não quer soprar o bafômetro, não sopra. Havendo sinais evidentes de embriaguez, a polícia pode até conduzir o motorista à delegacia. Resolveu-se tudo por ali mesmo. Ele teve a carteira apreendida e pediu a um motorista de táxi que conduzisse o carro até seu apartamento.

Vamos ver. Faz tempo que Aécio vive cercado de assessores. Dirigir com a carteira vencida, sendo quem é e quem foi até outro dia, não é coisa bonita. No caso do bafômetro, acho que a coisa piora um pouco. Até outro dia, governador de Estado, era ele o chefe da polícia que fazia esse tipo de abordagem em Minas, certo?

Sua assessoria procurou uma brecha para explicar a recusa. Parece fazer sentido, mas não faz. Como a carteira estava vencida e seria apreendida e como ele não poderia continuar dirigindo, então não haveria motivos para fazer o teste. Entenderam? Não? Ninguém entendeu! Tivesse se submetido ao aparelhinho e sido aprovado, os brasileiros que ele pretende governar um dia teriam ficado sabendo que a habilitação estava inabilitada, mas que o motorista permanecia hábil. Assim como ficou a história, vamos ser francos: quase ninguém acredita, não é mesmo?

Aécio é um senador da República. Tem o direito de se divertir. Mas continua titular de um mandato onde quer que esteja: na rua, na chuva, na fazenda, numa casinha de sapé ou no Leblon. Pode até iniciar um movimento para mudar o Código de Trânsito. É legítimo. Não pode é fazer o que fez sendo quem é..

“Ah, lá vai o Reinaldo pegar no pé de Aécio…” Eu? Há alguém que saiba defender uma coisa e outra? Nem ele próprio consegue. A nota da assessoria termina assim: “O senador cumprimentou a equipe policial responsável pelo profissionalismo e correção na abordagem feita aos motoristas durante a blitz.”

Por Reinaldo Azevedo

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