quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Avaliação do SUS não funciona mais como arma eleitoral

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Ao contrário do que exploram os jornalões, mais acentuadamente em campanhas eleitorais, os números da pesquisa Datafolha sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), divulgados 3ª feira, atestam avanços no mais bem elaborado sistema público de saúde no Brasil. É evidente que persistem problemas. Afinal, estamos falando de um dos maiores desafios, a solução da questão da saúde pública num país de 200 milhões de habitantes. Mas ninguém em sã consciência pode dizer que o governo federal cruzou os braços nessa área.

É só olhar o programa Mais Médicos, em pleno funcionamento e prestes a completar um ano (em setembro). E lembrar a garantia de que boa parte do dinheiro dos royalties do pré-sal irá para o setor, conforme a lei elaborada pelo governo da presidenta Dilma Rousseff e aprovada, ano passado, pelo Congresso Nacional.

Mas, como a mídia só aponta deficiências e falhas, ocultando o que realmente é o SUS, vamos lembrar que o sistema instituído pela Constituição de 1988 funciona mediante responsabilidade compartilhada entre governo federal, estadual e municípios. O que nem sempre ocorre na prática, como bem lembrou há dois dias a presidenta Dilma em entrevista no Jornal Nacional, quando observou que a União tem sido obrigada a bancar boa parte do funcionamento do sistema.

Por isso tem possibilitado alto acesso dos brasileiros ao SUS. Pela pesquisa Datafolha divulgada hoje, mais de 84% da população se socorreu e foi atendida pelo sistema de saúde pública na maioria dos tipos de serviços avaliados. O levantamento aponta que, nos últimos dois anos, 92% dos entrevistados buscaram serviços como consultas, cirurgias e vacinas e 89% deles tiveram acesso a isso, nos serviços de emergência e nos hospitais do SUS. Nos postos de saúde, 91,3% dos que procuraram conseguiram atendimento.

Avaliação

Em nota conjunta sobre a pesquisa Datafolha assinada pelo Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) e Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (CONASS), as três instâncias destacam que entre os pacientes que utilizaram o SUS, 74% avaliaram a qualidade do atendimento com nota superior a 5. Alertam mais: 1/3 dos entrevistados deram notas entre 8 e 10, as mais altas na consulta aos pesquisados.

A qualidade do atendimento foi considerada regular por 44%; boa ou excelente por 30% ; e ruim ou péssima por 26%. “Os números jogados no pé da matéria apontam para uma saúde “minimamente razoável” (ora, se 74% concordam que é de regular a bom, então é minimamente razoável)”, aponta o comentarista Wedencley Alves em artigo publicado no Jornal GGN, do jornalista Luís Nassif (confira aqui a íntegra do texto).

Nesta análise, Weden mostra como esses dados foram divulgados pela grande mídia – Rede Globo à frente – que tentam convencer o país que o índice de desaprovação é de 93%. Primeiro ele mostra que a pesquisa é velha e foi requentada, agora, para justificar a conclusão da Globo, de que a presidenta Dilma disse no JN que o sistema de saúde pública brasileiro não é nem razoável. E, apesar da comemoração da entrevistadora patrícia Poeta – “a senhora disse o que eu queria” – a presidenta não disse isso.

Observa, ainda, que na maioria das reportagens sobre a pesquisa, não foi feita a distinção entre os dados de saúde pública ou privada. Também foram somados os dados dos que consideram o sistema com “ruim” ou “péssimo” com os que o consideram “regular”. Além disso, não diferenciaram a opinião daqueles que usam “o sistema de atendimento em postos e hospitais, da opinião daqueles que não o utilizam para estes fins.”

O que não está nas matérias

Ele chama atenção, ainda, para o fato de que “para acentuar “a má avaliação” sobre o SUS, a Rede Globo em seu noticiário ouviu representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Paulista de Medicina (APM), duas das entidades corporativas que mais estiveram – e se mantém – na linha de frente contra o Mais Médicos, “contra a vinda de médicos do exterior para atender pessoas no interior e nas periferias”.

Desta análise – ou do que não foi dito -, vale destacar alguns aspectos como o fato de o SUS contar com pouco mais do dobro da receita das empresas privadas de saúde que atendem apenas 25% da população. Ele lembra que mesmo assim, houve um “aumento de 400% no número de reclamações (contra essas empresas). Mas, essas críticas ao setor privado foram ocultadas na pesquisa, como também o fato de que o governo federal vem tomando uma série de medidas contra isso.

O texto cita, ainda, programas do SUS bem avaliados pela população, como o Farmácia Popular, a universalização do sistema de vacinações e o SAMU; e lembra conquistas recentes decorrentes do funcionamento do sistema, como a redução da mortalidade infantil e maternal, o combate a AIDS, o sucesso das campanhas de vacinação, entre outros “reconhecidas em todo o mundo por agências internacionais”.

Como afirmamos no começo, evidentemente temos muitos desafios pela frente, dentre os quais citamos dois dos principais, mais visíveis e mais incômodos: enfrentar as filas e a demora nos atendimentos. E é preciso reconhecer, ainda, que o governo perdeu a batalha da comunicação no SUS. Difícil que fosse diferente, dada à má vontade da mídia com o sistema e seu empenho em denegri-lo. Mas, os dados do Datafolha não são negativos. Há muito a avançar, muito já foi percorrido e o Mais Médico é um passo importantíssimo neste caminho.

Não deixem de ler, também, a análise de Joana Saragoça sobre Como os governos do PT obtiveram avanços e conquistas na Saúde.

http://www.zedirceu.com.br/avaliacao-do-sus-nao-funciona-mais-como-arma-eleitoral/

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