domingo, 18 de maio de 2014

Aldeia de vampiros descoberta no Brasil (vídeo)

 

Aldeia de vampiros descoberta no Brasil (vídeo)

Foto: East News/Associated Press/Eraldo Peres

Tal como sabemos, através de histórias e lendas, os vampiros são seres que, acima de tudo, temem o sol. Os seus raios são capazes de os matar, por isso vivem durante a noite, sem poderem abandonar os seus esconderijos durante o dia. Talvez por isso é que os cientistas não os conseguiram encontrar durante tanto tempo...

Foi na aldeola de Araras, no estado de São Paulo no Brasil, que, há pouco tempo, os investigadores descobriram a maior colônia do mundo de pessoas-vampiros, que sofrem de uma rara doença hereditária, a xerodermia pigmentosa. O sol, derrete, literalmente, a sua pele, ou seja, estarem na rua à luz do dia poderá representar perigo de vida para eles.

As pessoas que sofrem desta terrível doença, registram um sério défice de enzimas UV-endonuclease, responsáveis pela reprodução do DNA do indivíduo afetado pelos raios ultra-violeta. Basicamente, quando uma pessoa normal apanha sol ou um escaldão, o seu organismo é capaz de recuperar os danos causados na pele pela atividade nociva do sol. Mas, o organismo de quem sofre de xerodemia pigmentosa não é capaz de o fazer. As queimaduras solares acumulam-se e, aos poucos, a pele começa a escamar, revelando camadas internas, começando a aparecer manchas e aftas. O nariz fica mais fino e a pele dos olhos incha e revira, causando grande sofrimento. Além disso, nas áreas danificadas, surgem verrugas e papilomas. Sendo que estes últimos, por norma, se transformam em carcinomas.

Atualmente, vivem em Araras cerca de 800 pessoas, 20 delas  sofrem de xerodemia pigmentosa. A proporção de enfermos é de 1 para 40 habitantes, tratando-se de um número recorde ao nível mundial. Tal como explicam os especialistas em genética, este número impressionante deve-se ao facto de, fruto do isolamento geográfico, se praticarem, na aldeia, casamentos entre familiares próximos. Algumas das famílias, que fundaram a aldeia há alguns séculos, eram, fruto do acaso, portadoras deste defeito genético.

O principal problema, para quem padece de xerodemia pigmentosa, é de não poder levar uma vida normal, nem ajudar a comunidade. Em Araras todas as famílias dependem da atividade agrícola. Trata-se do principal meio de subsistência. Djama Antônio Jardim, de trinta anos, sofre de xerodemia pigmentosa desde os nove e conta-nos o que tem sofrido ao longo destes anos:

“Trabalhei a vida inteira debaixo do sol. Dediquei-me à apanha de colheitas, semeei arroz e tomei conta de vacas. Consequentemente, o meu estado de saúde piorou tanto que agora já não posso trabalhar. Subsisto graças a subsídios estatais. Nenhum dos médicos que consultei sabia dizer qual era o problema de que padecia. Uns achavam que se tratava de uma doença de sangue, outros que era da pele. Só em 2010 fui diagnosticado corretamente”.

Se os médicos tivessem diagnosticado a doença mais cedo, Antônio Jardim não teria ficado inválido. Nos últimos anos ele teve que suportar cinquenta difíceis cirurgias para remover carcinomas do rosto. O sol danificou a sua pele de tal forma que o seu nariz, as bochechas, os lábios e os olhos praticamente descolaram. Agora tem de usar uma máscara cor-de-laranja especial, para tentar esconder as sequelas da doença.

A xerodemia pigmentosa só aparece se ambos os progenitores forem portadores do defeito genético, tal como aconteceu no caso dos pais de Antônio Jardim. A professora da aldeia, Glace Francisca Machado, cujo pai de 77 anos, José Cláudio Machado, e filho de 11 anos, Alison Machado, padecem da doença, fez um levantamento em arquivos locais e concluiu que esta doença persegue os habitantes de Araras, no mínimo, há um século. Para ajudar os seus vizinhos, ela organizou cursos para explicar a melhor forma de se proteger, bem como aos seus entes queridos, dos raios solares, e o quão importante é consultar um médico quando surgem os primeiros sintomas.

As terríveis sequelas podem ser evitadas, se, desde a tenra idade, for tomada profilaxia antimalária, pois este tipo de medicação reduz a sensibilidade cutânea face ao sol, bem como medicação anti-histamínica, não esquecendo os cremes com o mais elevado filtro de protecção UV, bem como o recurso a luvas, chapéus de aba larga e roupa folgada.

Os habitantes adultos da aldeia, que já sofrem com sequelas da doença, terão que se esconder do sol até ao fim dos seus dias, fazendo lembrar os míticos vampiros que habitam as trevas da noite.
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/2014_05_18/Foi-descoberta-no-Brasil-uma-aldeia-de-vampiros-v-deo-7257/

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