quarta-feira, 16 de abril de 2014

Corporações europeias manifestam-se contra sanções anti-russas

 

ucrânia, rússia, sanções anti-russas, economia

Foto: RIA Novosti

A pressão sobre a Rússia por parte de Washington com ameaças de aplicar sanções traduz a vontade de diminuir o preço do gás para a Ucrânia e de enfraquecer as posições reforçadas de Moscou. Contudo, hoje é a economia e não a política que resolve tudo.

Companhias ocidentais mostram-se descontentes com os apelos para que sejam impostas sanções contra a Rússia. Consórcios alemães já se recusaram a retirar ativos da Rússia. Quem poderá seguir seu exemplo, levando em consideração que a cooperação econômica entre a Rússia e o Ocidente está crescendo? Por exemplo, os fornecimentos de gás à Inglaterra subiram em 40%. Quem vencerão nesta luta - políticos ou corporações? Será que elas estão dispostas a mostrar quem na realidade dirige o mundo?

Declarações temíveis são lançadas a partir de tribunas políticas europeias, mas a Europa está ligada à Rússia através de numerosos compromissos financeiros e interesses comerciais, estimados em centenas de bilhões de euros. A Europa não conseguirá cortar esses laços, considera o presidente do Centro de Comunicações Estratégicas, Dmitri Abzalov:

“O mercado russo é um dos maiores no mundo, que mostra a maior dinâmica de desenvolvimento na Europa. Os jogadores europeus, representados em primeiro lugar por companhias italianas, alemãs, francesas e holandesas, não pretendem abandonar o mercado russo. Os contatos militares com a França se expressam em sérios montantes e está claro que a Europa não pode concluir contratos militares com alguém à exceção da Rússia, porque a China, por exemplo, compra armamentos russos e a Índia – russos ou americanos. A Europa, por isso, tem que buscar contratantes. Ao mesmo tempo, o mercado russo é importante para companhias da metalomecânica (como, por exemplo, a Volkswagen), da esfera das altas tecnologias (Siemens, Philips), do setor da energia e combustíveis (ENI, Gaz de France), etc. Naturalmente, ninguém tem a vontade de reduzir principais vetores de sua atividade por causa de declarações políticas.

Grandes agentes econômicos não estão interessados em agravar seriamente as relações com a Rússia, sustenta o perito. A Rússia fornece à União Europeia cerca de 30% dos produtos energéticos. Para a Europa é desvantajoso reorientar o mercado russo para o Oriente, porque neste caso a Europa e os Estados Unidos irão deparar com um bloco econômico muito potente. Por outro lado, o gás russo é único combustível para vários países. Na Europa de Leste, por exemplo, a quota-parte de gás russo constitui, salvo raras exceções, de 60 a 90%, faz lembrar Dmitri Abzalov:

“Apesar de todas as declarações, são evitadas sérias sanções em relação à Federação Russa. A redução do preço do gás equivale ao suicídio político na etapa atual, sendo impossível fazê-lo com o modelo financeiro em vigor. (…) Por isso a UE irá proceder nesta esfera com muito cuidado. A meu ver, as relações econômicas vão atenuar após mais um salto da tensão política”.

A situação continuará complexa até as eleições presidenciais na Ucrânia, considera Dmitri Abzalov. A seguir, as paixões ficarão menos tensas:

“Atualmente, é Washington que estimula a pressão, mas isso não pode continuar durante muito tempo, como mostrou perfeitamente o caso da Geórgia. Nos próximos tempos, um mês antes das presidenciais, a situação continuará a ser bastante complexa. Mas, posteriormente, quaisquer passos econômicos sérios ou sanções paralisantes não serão empreendidos com certeza contra a Federação Russa”.

Não é menos importante o fato de a posição do empresariado europeu ter sido partilhada também pela sociedade civil na Europa. Ao mesmo tempo, os políticos não sempre pensam naquilo que falam, diz Dmitri Abzalov, referindo-se ao papel de Angela Merkel no desenvolvimento das relações entre a Rússia e a Europa:

“Destaque-se que existe ainda a posição civil. É muito difícil que as próprias corporações se manifestem contra algo. Apesar de duras declarações, Merkel foi uma das iniciadoras da construção do Nord Stream e do South Stream, defendendo os gasodutos na Comissão Europeia. Por isso podemos dizer que o empresariado se apresenta hoje com parceiro da Federação Russa, dispondo de um sério recurso político. Por outro lado, esses processos gozam de apoio social”.

Os problemas empresariais estão interligados estreitamente com a política. E mesmo tais casos como limitações parciais no serviço a dois bancos russos por sistemas Visa e Mastercard confirmam que a reação do empresariado não pode ser considerável mesmo sob uma pressão política. Por isso as declarações políticas continuarão a existir segundo as suas próprias regras, mas não conseguirão alterar a realidade.
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/2014_04_16/corporacoes-europeias-manifestam-se-contra-sancoes-anti-russas-7221/

Nenhum comentário:

Postar um comentário