domingo, 8 de setembro de 2013

Equívoco, uma ova! & Diga-me com quem andas e direi quem és!

 

Publicado por Andrea Cortiano em 7 setembro 2013 às 13:58 em JORNAL CELESTIAL

 

CLUBE Militar faz crítica dura às organizações Globo por terem afir...

O blog de Lino Bocchini, da Carta Capital, traz post interessante sobre a reação do Clube Militar ao recente editoral de O Globo, publicado neste último sábado (31), no qual considera o apoio dado pelas organizações do Sr. Roberto Marinho ao Golpe de 64 um equívoco. Para entidade que reúne oficiais da ativa e ex-militares e promove comemorações da chamada “Revolução” todo dia 31 de março, “Declarar agora que se tratou de um ‘equívoco’ é mentira deslavada”.

Abaixo, o texto do post do Blog de Lino Bocchini.

CLUBE MILITAR CRITICA EDITORIAL “MEA CULPA” DE O GLOBO.
por Lino Bocchini – publicado originalmente 04/09/2013 | Blog do Lino

O Clube Militar, entidade que reúne oficiais da ativa da marinha, do exército e da polícia (e também ex-militares), soltou nestaquarta-feira 4 de setembro uma nota oficial ” Nossa Opinião – Equívoco, uma ova!”, condenando o editorial “Apoio editorial ao golpe de 64 foi um erro”, divulgado pelo jornal O Globo no último dia 31 de agosto. O texto do veículo da família Marinho afirmava que “as Organizações Globo reconhecem que, à luz da História, esse apoio [ao golpe militar] foi um erro”.

O Clube Militar reagiu com firmeza:

“o apoio ao Movimento de 64 ocorreu antes, durante e por muito tempo depois da deposição de Jango; em segundo lugar, não se trata de posição equivocada “da redação”, mas de posicionamento político firmemente defendido por seu proprietário, diretor e redator chefe, Roberto Marinho, como comprovam as edições da época”.

E foi além:

“não foi, também, como fica insinuado, uma posição passageira revista depois de curto período de engano, pois dez anos depois da revolução, na edição de 31 de março de 1974, em editorial de primeira página, o jornal publica derramados elogios ao Movimento; e em 7 de abril de 1984*, vinte anos passados, Roberto Marinho publicou editorial assinado, na primeira página, intitulado “Julgamento da Revolução”, cuja leitura não deixa dúvida sobre a adesão e firme participação do jornal nos acontecimentos de 1964 e nas décadas seguintes.”

* Na verdade o editorial foi publicado em 7 de outubro de 1984, e não em 7 de abril como afirmou o Círculo Militar. Nota de Hum Historiador.

Abaixo, repercutimos a íntegra da nota do Clube Militar, disponível da página da Instituição:

Nossa Opinião – Equívoco, uma ova!

Logotipo do Clube Militar

Logotipo do Clube Militar

Numa mudança de posição drástica, o jornal O Globo acaba de denunciar seu apoio histórico à Revolução de 1964. Alega, como justificativa para renegar sua posição de décadas, que se tratou de um “equívoco redacional”.

Dos grandes jornais existentes à época, o único sobrevivente carioca como mídia diária impressa é O Globo. Depositário de artigos que relatam a história da cidade, do país e do mundo por mais de oitenta anos, acaba de lançar um portal na Internet com todas as edições digitalizadas, o que facilita sobremaneira a pesquisa de sua visão da história.

Pouca gente tinha paciência e tempo para buscar nas coleções das bibliotecas, muitas vezes incompletas, os artigos do passado. Agora, porém, com a facilidade de poder pesquisar em casa ou no trabalho, por meio do portal eletrônico, muitos puderam ler o que foi publicado na década de 60 pelo jornalão, e por certo ficaram surpresos pelo apoio irrestrito e entusiasta que o mesmo prestou à derrubada do governo Goulart e aos governos dos militares. Nisso, aliás, era acompanhado pela grande maioria da população e dos órgãos de imprensa.

Pressionado pelo poder político e econômico do governo, sob a constante ameaça do “controle social da mídia” – no jargão politicamente correto que encobre as diversas tentativas petistas de censurar a imprensa – o periódico sucumbiu e renega, hoje, o que defendeu ardorosamente ontem.

Alega, assim, que sua posição naqueles dias difíceis foi resultado de um equívoco da redação, talvez desorientada pela rapidez dos acontecimentos e pela variedade de versões que corriam sobre a situação do país.

Dupla mentira: em primeiro lugar, o apoio ao Movimento de 64 ocorreu antes, durante e por muito tempo depois da deposição de Jango; em segundo lugar, não se trata de posição equivocada “da redação”, mas de posicionamento político firmemente defendido por seu proprietário, diretor e redator chefe, Roberto Marinho, como comprovam as edições da época; não foi, também, como fica insinuado, uma posição passageira revista depois de curto período de engano, pois dez anos depois da revolução, na edição de 31 de março de 1974, em editorial de primeira página, o jornal publica derramados elogios ao Movimento; e em 7 de abril de 1984, vinte anos passados, Roberto Marinho publicou editorial assinado, na primeira página, intitulado “Julgamento da Revolução”, cuja leitura não deixa dúvida sobre a adesão e firme participação do jornal nos acontecimentos de 1964 e nas décadas seguintes.

Declarar agora que se tratou de um “equívoco da redação” é mentira deslavada.

Equívoco, uma ova! Trata-se de revisionismo, adesismo e covardia do último grande jornal carioca.

Nossos pêsames aos leitores.

Para melhor compreensão do assunto que está sendo abordado, abaixo disponibilizamos a Capa de O Globo com o editorial dando vivas ao movimento dos militares, e o texto na íntegra do editorial de 1964 (Fonte: Pragmatismo Político).

Editorial de O Globo, um dia após o Golpe Militar de 1964.

Editorial de O Globo de 02 de abril de 1964, um dia após o Golpe Militar.

“Ressurge a Democracia”

Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.

Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ser a garantia da subversão, a escora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade, não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada.

Agora, o Congresso dará o remédio constitucional à situação existente, para que o País continue sua marcha em direção a seu grande destino, sem que os direitos individuais sejam afetados, sem que as liberdades públicas desapareçam, sem que o poder do Estado volte a ser usado em favor da desordem, da indisciplina e de tudo aquilo que nos estava a levar à anarquia e ao comunismo.

Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez.

Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéis ao dispositivo constitucional que as obriga a defender a Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua relevante missão com a servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes, o Executivo.

As Forças Armadas, diz o Art. 176 da Carta Magna, “são instituições permanentes, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade do Presidente da República E DENTRO DOS LIMITES DA LEI.”

No momento em que o Sr. João Goulart ignorou a hierarquia e desprezou a disciplina de um dos ramos das Forças Armadas, a Marinha de Guerra, saiu dos limites da lei, perdendo, conseqüentemente, o direito a ser considerado como um símbolo da legalidade, assim como as condições indispensáveis à Chefia da Nação e ao Comando das corporações militares. Sua presença e suas palavras na reunião realizada no Automóvel Clube, vincularam-no, definitivamente, aos adversários da democracia e da lei.

Atendendo aos anseios nacionais, de paz, tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.

Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais. Aliaram-se os mais ilustres líderes políticos, os mais respeitados Governadores, com o mesmo intuito redentor que animou as Forças Armadas. Era a sorte da democracia no Brasil que estava em jogo.

A esses líderes civis devemos, igualmente, externar a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional, na mais ampla acepção da palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém. É da Pátria, do Povo e do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular, contra qualquer idéia que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais, objetive o bem do povo e o progresso do País.

Se os banidos, para intrigarem os brasileiros com seus líderes e com os chefes militares, afirmarem o contrário, estarão mentindo, estarão, como sempre, procurando engodar as massas trabalhadoras, que não lhes devem dar ouvidos. Confiamos em que o Congresso votará, rapidamente, as medidas reclamadas para que se inicie no Brasil uma época de justiça e harmonia social. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luto. Sejamos dignos de tão grande favor.”

Por fim, o Hum Historiador também gostaria de adicionar ao post, o referido editorial de 07 de outubro de 1984, assinado pelo Sr. Roberto Marinho, e que foi referido pelo Clube Militar em sua resposta a O Globo para destacar a defesa que o proprietário das Organizações Globo fazia do “movimento revolucionário” mesmo 20 anos após o Golpe ter sido perpetrado.

Abaixo a transcrição na íntegra do editorial de Roberto Marinho, publicado na edição de 7 de outubro de 1984 de O Globo.

Detalhe da capa de O Globo, de 7 de Outubro de 1984. Fonte: O Globo.

Detalhe da capa de O Globo, de 7 de Outubro de 1984. Fonte: O Globo.

JULGAMENTO DA REVOLUÇÃO
Roberto Marinho

PARTICIPAMOS da Revolução de 1964, identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada. Quando a nossa redação foi invadida por tropas anti-revolucionárias, mantivemo-nos firmes em nossa posição. Prosseguimos apoiando o movimento vitorioso desde os primeiros momentos de correção de rumos até o atual processo de abertura que deverá consolidar-se com a posse do futuro presidente.

TEMOS permanecido fiéis aos seus objetivos, embora conflitando em várias oportunidades com aqueles que pretenderam assumir a autoria do processo revolucionário, esquecendo-se de que os acontecimentos se iniciaram, como reconheceu o Marechal Costa e Silva, “por exigência inelutável do povo brasileiro”. Sem povo, não haveria revolução, mas apenas um “pronunciamento” ou “golpe” com o qual não estaríamos solidário.

O GLOBO, desse a Aliança Liberal, quando lutou contra os vícios políticos da Primeira República, vem pugnando por uma autêntica democracia e progresso econômico e social do País. Em 1964, teria de unir-se aos companheiros de jornadas anteriores, aos “tenentes e bacharéis” que se mantinham coerentes com as tradições e os ideais de 1930m aos expedicionários da FEB que ocupavam a Chefia das Forças Armadas, os quais se congregaram sob a pressão das grandes marchas populares, mudando o curso da nossa história.

ACOMPANHAMOS esse esforço de renovação em todas as suas fases. No período de ordenação da economia que se encerrou em 1967. Nos meses dramáticos de 1968 em que a intensificação dos atos de terrorismo provocou a implantação do AI-5. Na expansão econômica de 1969 a 1972, quando o produto nacional cresceu à taxa média anual de 10%. Assinale-se que, naquele primeiro decênio revolucionário, a inflação decrescera de 96% para 12,6% ao ano, elevando-se as exportações anuais de 1 bilhão e 300 mil dólares para mais de 12 bilhões de dólares. Na era do Impacto da crise mundial do petróleo desencadeada em 1973 e repetida em 1979, a que se seguiram aumentos vertiginosos nas taxas de juros, impondo-nos uma sucessão de sacrifícios para superar nossa dependência externa de energia a deterioração dos preços dos nossos produtos de exportação e a desorganização do sistema financeiro internacional. Essa conjugação de fatores que violentaram a administração de nossas contas externas obrigou-nos a desvalorizações cambiais de emergência que teriam fatalmente de resultar na exacerbação do processo inflacionário. Nas respostas que a sociedade e o governo brasileiros deram a esses desafios, conseguindo no segundo decênio revolucionário que agora se completa, apesar de todas as dificuldades, reduzir de 80% pra menos de 40% a dependência externa na importação de energia, elevando a produção de petróleo de 175 mil para 500 mil barris diários e a de álcool, de 680 milhões para 8 bilhões de litros; e simultaneamente aumentar a fabricação industrial em 85%, expandir a área plantada para produção de alimentos com 20 milhões de hectares a mais, criar 13 milhões de novos empregos, assegurar a presença de mais de 10 milhões de estudantes nos bancos escolares, ampliar a população economicamente ativa de 29 milhões e 500 mil para 45 milhões 797 mil, elevando as exportações anuais de 12 bilhões para 22 bilhões de dólares.

VOLVENDO os olhos para as realizações nacionais dos últimos vinte anos, há que se reconhecer um avanço impressionante: em 1964, éramos a quadragésima nona economia mundial, com uma população de 80 milhões de pessoas e uma renda per capita de 900 dólares; somos hoje a oitava, com uma população de 130 milhões de pessoas, e uma renda média per capita de 2.500 dólares. 

* * *

O PRESIDENTE Castello Branco, em seu discurso de posse, anunciou que a Revolução visava “a arrancada para o desenvolvimento econômico, pela elevação moral e política”. Dessa maneira, acima do progresso material, delineava-se o objetivo supremo da preservação dos princípios éticos e do restabelecimento do estado de direito. Em 24 de junho de 1978, o Presidente Geisel anunciou o fim dos atos de exceção, abrangendo o AI-5, o Decreto-Lei 477 e demais Atos Institucionais. Com isso, restauravam-se as garantias da magistratura e o instituto do habeas-corpus. Cessava a competência do Presidente para decretar o fechamento do Congresso e a intervenção nos Estados, fora das determinações constitucionais. Perdia o Executivo as atribuições de suspender direitos políticos, cassar mandatos, demitir funcionários civis e reformar militares. Extinguiam-se as atividades da G.G.I. e o confisco sumário de bens. Desapareciam da legislação o banimento, a pena de morte, a prisão perpétua e a inelegibilidade perene dos cassados. Findava-se o período discricionário, significando que os anseios de liberalização que Castello Branco e Costa e Silva manifestaram e diversas ocasiões e que Médici vislumbrou em seu primeiro pronunciamento finalmente se concretizavam.

ENQUANTO vários líderes oposicionistas pretenderam considerar aquelas medidas fundamentais como “meros paliativos”, o então Deputado Tancredo Neves, Líder do MDB na Câmara Federal, reconheceu que a determinação governamental “foi além do esperado”.

AO ASSUMIR o Governo, o Presidente Figueiredo jurou dar continuidade ao processo de democratização. A concessão da anistia ampla e irrestrita, as eleições diretas para os Governos dos Estados, a posse dos eleitos, a colaboração federal com os novos Governos oposicionistas na defesa dos interesses maiores da coletividade são demonstrações de que o Presidente não falou em vão.

NÃO HÁ memória de que haja ocorrido aqui, ou em qualquer outro país, que um regime de força, consolidado há mais de dez anos, se tenha utilizado do seu próprio arbítrio para se auto-limitar, extinguindo os poderes de exceção, anistiando adversários, ensejando novos quadros partidários, em plena liberdade de imprensa. É esse indubitavelmente, o maior feito da Revolução de 1964. 

* * *

NESTE momento em que se desenvolve o processo da sucessão presidencial, exige-se coerência de todos os que têm a missão de preservar as conquistas econômicas e políticas dos últimos decênios.

O CAMINHO para o aperfeiçoamento das Instituições é reto. Não admite desvios céticos, nem a afastamentos do povo.

ADOTAR outros rumos ou retroceder para atender a meras conveniências de facções ou assegurar a manutenção de privilégios seria trair a Revolução no seu ato final.

Abaixo, link para página do Globo contendo a íntegra do recente editorial considerando um equívoco o apoio editorial ao Golpe.

Extraído de: http://umhistoriador.wordpress.com/2013/09/04/clube-militar-faz-cri...

Ficha Corrida

18/09/2011

Personalidades da Globo apoiam movimento de combate à corrupção só no governo federal

Arquivado em: Corrupção,Corruptores,Rede Globo — Gilmar Crestani @ 9:22 am

Roberto-Marinho-e-Figueiredo-e-ACM

Diga-me com quem andas e direi quem és!

Todas “personalidades” fotografadas e citadas pelas Organizações Globo são seus funcionários celetistas. Nenhuma palavra sobre a corrupção nos governos municipais ou estaduais. E quanto ao corruptores, sem quais não haveria corrupção? Silêncio sepulcral.

A Globo, como se sabe, não quer combater a corrupção. O fim da corrupção acabaria com a Globo. Afinal, até hoje ainda não ficou devidamente esclarecido como se deu a consolidação da Rede Globo, durante a ditadura. A participação da Time-Life foi legal? A compra da TV Tupi foi com documentos falsificados? Ah, sim, o que foi mesmo o Caso da Proconsult? E a bolinha de papel que atingiu Serra que virou objeto contundente?

Se algum destes se negasse a dar apoio à causa da Rede Globo e da direita brasileira, não seriam boicotados pela Globo, como fez com Brizola?

Se vem da Globo, só pode ser golpe!

Personalidades apoiam movimento de combate à corrupção no governo federal

Publicada em 17/09/2011 às 19h22m

O Globo (opais@oglobo.com.br)

RIO – A sociedade civil começa a se mobilizar para dar apoio e respaldo a ações de combate à corrupção. Senadores de diversos partidos lançaram a Frente Suprapartidária Contra a Corrupção e a Impunidade e convocaram a população para participar. Uma empresária já organiza no Facebook um ato contra a corrupção no Rio , que começa a se espalhar pelo Brasil e foi notícia até no jornal espanhol "El País" . O GLOBO publica diariamente o depoimento de uma personalidade sobre a importância do movimento e da mobilização da sociedade.

Glória Maria, jornalista

"Em outros lugares do mundo está acontecendo um sufoco por causa da miséria e as pessoas se manifestam contra isso. No Brasil, nós temos que nos mobilizar contra a corrupção. Isso porque tudo o que mexe com a alma do brasileiro acontece. Temos aí vários exemplos, como as Diretas Já, o impeachment, etc., e a população foi às ruas. Nós tínhamos que fazer a maior manifestação que o país nunca viu, em todas as partes e cantos do país. Se a gente não disser realmente que basta, a corrupção não vai ter fim."

Cacá Diegues, cineasta

"A corrupção é uma coisa que já acontece no Brasil há muitos séculos. Desde o descobrimento, na verdade, quando Pero Vaz de Caminha, na carta que enviou à Corte, pedia emprego para o genro, num exemplo claro de tráfico de influência. Depois, se formos ler as pregações do Padre Antônio Vieira, vamos ver denúncias de histórias fantásticas de corrupção. Na verdade, este problema é resultado do paternalismo do Estado. A ideia de que o Estado pertence a quem está no poder e acha que pode fazer o que bem entender com o dinheiro é fruto deste paternalismo."

"Hoje, pela primeira vez eu vejo a corrupção, que sempre foi tratada como tema de oposição, se transformar numa causa nacional, independente de partidos. A corrupção agora se tornou uma causa nacional assim como foi a escravidão no final do século XIX. Deixou de ser uma queda de braço entre partidos e o governo está no centro desta discussão. Eu vejo todo este movimento anticorrupção como uma boa notícia. Não digo que vá resolver o problema da sociedade brasileira, mas o certo é que a sociedade não aguenta mais este problema. E esta mobilização é um indício de que vem coisa boa por aí."

Eduardo Dussek, cantor

"A corrupção é a maior prova da ignorância, ela é contagiosa. É absurdo achar que roubando você está construindo uma vida maravilhosa. Enquanto isso, você mata gente no Nordeste, mata gente nas estradas… A corrupção é destruição, é guerra. Por isso é que eu acho que deveria haver uma regulamentação na profissão de político. Para você ser médico ou engenheiro, tem que ter diploma, não é? Então, por que os políticos não são exigidos em termos de saber, de técnica? Tem que acabar com essa mania de botar qualquer pessoa no poder só porque ela tem carisma. A maior parte dos políticos, eu não contrataria para nada."

Paulo Miklos - Foto de divulgação

Paulo Miklos, músico

"Eu fiquei bastante esperançoso com a grande manifestação do Sete de Setembro, em que quase 25 mil pessoas saíram às ruas. Só a sociedade mobilizada, só um movimento muito grande pode mudar algumas práticas, como o nosso jeitinho. As pessoas podem mudar o curso das coisas. E, agora, as datas comemorativas do país estão servindo para isso, para que o nosso país realmente mude. Vem aí também o 15 de novembro, e podem surgir outros protestos.

Mas ainda temos um longo caminho, temos que fazer muitas coisas, como uma reforma política eficiente. Estamos esbarrando sempre nas mesmas pessoas. Parece que a alternância de poder já não adianta, que não há tanta mudança. Sempre há a exigência de negociação com as mesmas pessoas, quer dizer, parece que a política fica refém das mesmas pessoas. Mas vejo com muita esperança essas manifestações, que podem começar a mudar as coisas".

Dicró, cantor e compositor

"A corrupção, do meu ponto de vista, começa lá em Brasília. Exemplo: agora, o governo está querendo voltar com o CPMF para dar mais dinheiro para a Saúde. Antes, já disseram que roubavam tudo. Vão continuar a roubar agora. Mas isso é bom para os velhinhos, que vão recuperar a audição, a visão e vão ficar atentos para que não exista nenhum problema ou desvio de dinheiro".

Marcelo Madureira, humorista

Marcelo Madureira - Foto de Divulgação "Dou a maior força para este movimento porque a corrupção é, antes de tudo, antieconômica. Por exemplo: uma ponte que é para custar 100, custa 150, e por aí vai. O certo é que a corrupção no Brasil já foi longe demais. A corrupção é uma via de mão dupla. Não existe corrupção sem corruptor. O corrupto tem que ser mancomunado com o corruptor. O empresário, os grandes empreiteiros, desses ninguém fala. A corrupção está em contradição com a democracia, com a economia, com o bom senso e os bons costumes. Não existe ninguém que seja a favor destes corruptos.

Infelizmente, a Justiça só serve aos poderosos. Só o pobre vai preso, e as pessoas praticam estes atos de corrupção porque têm certeza da impunidade. Só existe democracia de verdade quando existe justiça de verdade. E quando você botar na cadeia tanto o corrupto quanto o corruptor, você vai lavrar um tempo importante. Em qualquer lugar do mundo tem corrupção. A diferença no Brasil é que a corrupção corre solta e não acontece nada. É uma responsabilidade nossa, do cidadão, de lutarmos contra este tipo de delito, porque este delito prejudica a sociedade como um todo. Quanto em dinheiro o país perde com a corrupção? É importante que as pessoas de bem deste país estejam juntas nesta luta, que é uma luta dura. Mas se a gente não lutar, não tem chance nenhuma de ganhar. Eu sugiro começarmos a luta invadindo a ilha de Curupu, do Sarney, para conquistarmos um pedaço do território inimigo. Vai ser uma boa briga!".

Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan

"Nós apoiamos porque a corrupção está incrustada no poder público brasileiro. E nós pagamos uma quantidade gigantesca de impostos. Ninguém aguenta mais não ter serviços proporcionais aos impostos recolhidos. Nós sabemos que grande parte dessa dificuldade que o Estado tem de prover os serviços públicos são em função da corrupção, do dreno de recursos que acontece na administração pública. Nós temos que dar um basta nisso. Nós temos que conclamar todos os brasileiros a se manifestarem a favor da moralidade pública.

Nós temos que chamar a sociedade, as instituições, os jovens para mostrar que isso que acontece não é mais possível, isso não é razoável, isso é um câncer que está matando a todos e está matando principalmente a esperança da juventude".

Marco Antonio Villa, historiador

"Eu fiquei impressionado com as manifestações organizadas no Sete de Setembro. Especialmente em Brasília, onde muitas pessoas foram às ruas. Eu sempre fico irritado quando ouço de alguns, e é pensamento corrente, que a corrupção está no DNA do brasileiro. Outro discurso de que não gosto é o seguinte: se a economia vai bem, então está tudo certo, ninguém se mobiliza. Esses discursos que não tem nada a ver e essas manifestações mostram que as pessoas estão indignadas. A grande dificuldade é encontrar um meio para que sociedade possa demostrar toda essa insatisfação. Nós somos uma sociedade invertebrada, difícil de canalizar algumas insatisfações.

O desafio, agora, é a continuidade. Como manter essas manifestações e pressionar? Aquela tese de que não estão nem aí, é tudo bobagem, lero-lero. Tenta-se até justificar a despreocupação com a carta de (Pero Vaz) Caminha, e associam também a corrupção a uma herança ibérica, mas não é assim. Pode ser que esse movimento inaugure uma nova forma de fazer política. Há um cansaço em relação às formas tradicionais. Os sindicatos e movimentos sociais, por exemplo, são todos beneficiados e atrelados ao governo".

Carlinhos de Jesus, coreógrafo

Carlinhos de Jesus em imagem de arquivo - Foto de Ari Kaye Gomes "A população tem que se organizar, sim. Tem que se juntar para dar um basta na corrupção. Na época do impeachment, a sociedade não se organizou, pintou os rostos e foi às ruas? É importante estar atento e lutar contra esse mal. Às vezes, acho que a sociedade não tem noção da força que tem. Com os impostos absurdos que pagamos, não é possível que aconteça o que acontece. Temos que entender que o dinheiro do contribuinte não pode ser usado da maneira que é. Pagamos e não há o mínimo respeito com a população. A população tem que se organizar e dar um basta. Isso é válido. O Brasil é conhecido em todo o mundo pelo esporte, pela música e pela corrupção. É desagradável. Não adianta nada o Neymar fazer gol, dançarmos e acontecer tudo que acontece com o nosso dinheiro".

Maurício Azêdo, presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

"O movimento tem a maior importância porque sem a mobilização popular nós não vamos ter uma modificação essencial nesse quadro a que assistimos, de ataque ao dinheiro público e de práticas fraudulentas na administração pública. A presença da ABI ao lado da OAB e da CNBB tem em vista procurar alastrar esse movimento para sensibilizar a opinião pública, que pode ter uma participação decisiva nessa questão.

É através dessa mobilização que vamos modificar essa leniência e essa contemplação com a corrupção que grassa na administração pública em todos os níveis e em todos os escalões da federação".

O biólogo Mário Moscatelli também apoia o movimento contra a corrupção. Foto: Pedro Kirilos Mário Moscatelli, biólogo

"É um compromisso apoiar os movimentos contra a corrupção. Ano que vem tem eleição e é uma oportunidade que o eleitor tem de fazer uma faxina em nível municipal. Do jeito que está, não dá mais. Se o mau gerenciamento do dinheiro público, a corrupção e a impunidade não forem resolvidos, esse país vai afundar. Os políticos têm que sentir medo da população. O mesmo medo que a gente sente quando vai ser atendido em um hospital público e quando vai andar de ônibus à noite. Com a união do povo, esses caras vão perceber que as coisas podem mudar. A sociedade vai começar a pressionar, e o instinto de sobrevivência deles vai falar mais alto. Assim, vão ter que parar de roubar".

OPINE: Por que você também apoia o movimento de combate à corrupção?

EU-REPÓRTER : Grave um vídeo e expresse a sua opinião

Alexandre Coutinho Pagliarini, Professor de Relações Internacionais e especialista do Instituto Millenium

"Eu apoio totalmente os movimentos sociais, na rede, nas ruas, e rejeito qualquer forma de censura à mídia. Eu atribuo a corrupção a quatro fatores: ausência de disciplinas sobre democracia, Direitos Humanos e fundamentos do Direito no ensino básico e fundamental; falta de investimento do governo em todos os níveis de ensino, o que originou uma opinião pública inconsciente de seus direitos e deveres, e falta de democracia durante longos períodos. Se você olhar para os 500 anos de história do Brasil, há períodos ínfimos democráticos. Mas, não acredito que Dilma esteja fazendo uma faxina. Tudo o que está ocorrendo é por força da mídia".

Gustavo Borges, ex-nadador e medalhista olímpico

"Não há como vermos a corrupção no nosso país e não sentirmos indignação. Seria uma falta de ética da nossa parte não se indignar. Vivemos em um país com um potencial gigantesco e temos os nossos valores, como respeito e confiança, abalados. Temos que viver aquilo que acreditamos. É o ‘faça fora de casa o que você faz dentro’. Acredito, sim, que todas essas mobilizações podem trazer mudanças, desde que a população se envolva. Se isso acontecer, a gente consegue mudar as coisas".

Carlos Lessa, economista

"Toda e qualquer mobilização da sociedade é bem vinda, terá êxito se traduzir uma percepção latente no corpo social. No Brasil, a corrupção é histórica e faz parte da realidade corrente, reflete uma democratização insuficiente e uma cidadania com pouca musculatura.

Mudam os tempos e os termos, mas a corrupção foi ‘naturalizada’. A sonegação de impostos, a propina para apagar a multa de trânsito, a obtenção de um falso atestado médico para justificar falta ao trabalho ou à sala de aula, etc. são manifestações consideradas"naturais" e justificáveis pelo brasileiro comum. É positivo denunciar a macrocorrupção, desde que haja combate ao corrompido e ao corruptor. Há uma complacência com a microcorrupção, que deveria ser combatida ao nível de escola primária.

É preciso separar o joio do trigo. A Fiesp acha que o problema brasileiro é "excesso" de carga tributária e poderio burocrático. Isso tem grãos de verdade, mas não anulam a cultura antidemocrática e pouco praticante de cidadania. As decisões das agências reguladoras não são transparentes, nem explicitadas. Em muitos aspectos os temas regulados pelas agências são hoje áreas de desrespeito sistêmico aos "direitos" do cidadão. Talvez a Fiesp pense o Estado soberano como uma agência neoliberal de governança".

VÍDEO: Empresário Eike Batista apoia ação de Dilma contra a corrupção

MAIS DEPOIMENTOS: Brasileiros avaliam que Dilma precisa do apoio para desmontar esquemas

Nalbert Bitencourt, ex-jogador de vôlei e comentarista

"Esses movimentos de combate à corrupção estão crescendo, são muito importantes e têm o meu apoio. Antes, as pessoas só reclamavam e não tomavam atitude. Essa vigilância da sociedade ajuda a pressionar os corruptos. A Dilma entrou forte nessa guerra. Mas a gente sabe que não é fácil. Nós temos que lutar para que a impunidade, que é o grande problema, deixe de existir. Os políticos corruptos se sentem muito à vontade pelo fato de não acontecer nada, não serem punidos. Essa absolvição da Jaqueline Roriz, por exemplo, foi um absurdo, algo inacreditável".

Mauricio de Sousa, desenhista

Foto de arquivo de Mauricio de Sousa

"O movimento popular sempre vai dar em algum resultado, mesmo que seja pequeno, vai dar. Aos poucos, essas mobilizações vão se transformando em uma bola de neve. Eu não gosto muito do termo ‘faxina’ porque envolve motivações políticas. A gente não sabe muito bem o que está por trás disso. Eu prefiro o termo ‘movimentos popular’, que acontece a partir da conscientização que está se espalhando no nosso país, graças ao trabalho da imprensa, que, espero, não tenha nenhum tipo de bloqueio. O que importa, na verdade, é a nossa faxina, conduzida pelo povo, pelos agentes sociais. Nessa, sim, eu acredito".

Luiz Alfredo Garcia-Roza, escritor

"Eu sou favorável a qualquer campanha contra a corrupção. Acredito que elas podem, sim, trazer efeitos para o nosso país. Espero, sinceramente, que essas mobilizações, esses atos que estão sendo organizados pela sociedade, tanto na internet quanto nas ruas, tragam mudanças concretas. É uma oportunidade até para elas pegarem carona em mobilizações que estão acontecendo atualmente em outros países".

Sérgio Besserman, economista

"Corrupção não é só crime e desperdício de recursos públicos. Ela degrada os negócios, as instituições e é um obstáculo à democracia brasileira. Eu acredito em dois caminhos transformadores para reduzir a corrupção: transparência – que significa cada um dos três poderes disponibilizarem todas as informações para os cidadãos -, liberdade de imprensa; e participação popular fazendo força política em busca da ética.

Os primeiros meses do governo Dilma demostraram que existe uma força majoritária na sociedade brasileira que quer a mudança do padrão de direção política no país. Eu apoio a aglutinação de todas as forças políticas que querem transformar o modo pelo qual o poder público é exercido no país".

Nelson Motta, produtor musical, jornalista, compositor e escritor Foto de arquivo de Nelson Motta. Foto: Leonardo Aversa

"Essa faxina da Dilma foi pontual e quem levantou isso foi a imprensa. Mas, a sociedade está começando a reagir. Temos no momento um ambiente favorável a essa reação. A opinião pública é quem de fato está derrubando ministros, pressionando, conquistando aquilo que antes parecia inatingível, como a Lei da Ficha Limpa. Um dos temas favoritos da minha coluna é a corrupção, que corrói a sociedade e os agentes públicos. A corrupção tem muitas faces, uma delas é essa dos políticos roubarem para os seus partidos. Desviar dinheiro público para o partido é roubar duas vezes. É pior do que roubar para si, porque corrompe o processo eleitoral".

Fábio Konder Comparato, jurista e professor emérito da Faculdade de Direito da USP

"A corrupção dos agentes públicos é um mal endêmico no Brasil e existe desde o início da colonização, abrangendo indistintamente todos os órgãos do Estado. Charles Darwin, quando passou pelo nosso país, observou: "Não importa o tamanho das acusações que possam existir contra um homem de posses, é seguro que em pouco tempo ele estará livre. Todos aqui podem ser subornados."

Trata-se, na verdade, de uma prática entranhada na mentalidade coletiva e que permeia os costumes ou modos de comportamento de todas as classes sociais. Sou, no entanto, bastante idoso para perceber que a situação começa a mudar. Hoje, ao contrário do que parece, a corrupção não aumentou em relação ao passado. O que aumentou é o número de pessoas que manifestam indiferença ou complacência para com ela.

Entendo que a atual presidente da República tem seguido, com coragem e determinação, no rumo certo: a intransigência com qualquer prática de corrupção no Poder Executivo, mesmo quando contamina ministros de Estado.

Não basta, porém, apoiar a presidente, como os meios de comunicação de massa, acertadamente, vem fazendo. Como a mentalidade coletiva não muda rapidamente, é indispensável montar uma política pública de longo prazo para combater a corrupção, comportando instituições adequadas e uma ampla campanha de educação cívica.

Dentre as instituições adequadas para lutar contra a corrupção, entendo que devemos criar instrumentos novos de atuação popular, como ouvidorias do povo, em todas as unidades da federação, e a instituição de ações populares, ou seja, ações judiciais propostas por qualquer cidadão em nome do povo".

Zeca Borges, superintendente do Disque-Denúncia Foto de arquivo de Zeca Borges. Foto: Marco Antonio Teixeira

"Hoje a sociedade tem instrumentos não só para se mobilizar, como para interagir. Não basta conscientizar a população, é preciso viabilizar instrumentos para ações, e o cidadão precisa usá-los, deixando de ser mero espectador. O efetivo combate à corrupção, tanto na área privada como no setor público, se dá pelo processo dos envolvidos. Não bastam exonerações. O importante é registrar e abrir inquéritos. Não se trata de vingança, é uma questão de pragmatismo.

As mídias sociais são válidas nessa luta. O disque-denúncia tem mais de 55 mil seguidores no Twitter, através do qual informamos aos cidadãos sobre locais de risco de assaltos, mapas de cracolândia… e os seguidores, por sua vez, interagem, enviando fotos, vídeos, informações, denunciando. Eu apoio a atuação da Dilma, ela está no caminho certo de não tolerar essas ações corruptas. A presidente está atraindo uma confiança muito grande, que acaba dando mais desenvoltura para outros agentes sociais nessa luta".

Tia Surica, integrante da Velha Guarda da Portela

"Eu apoio essa faxina que a Dilma está fazendo, que está mais do que certa. O país não aguenta mais tanta corrupção. A tendência dessa mobilização da sociedade é dar certo porque estamos todos cansados de tanta corrupção. Se todos entrarem de cabeça nessas manifestações que estão sendo organizadas, os efeitos vão surgir".

APELO: Senador Pedro Simon diz que sociedade tem que liderar o movimento

Renato Sorriso, gari passista

"Toda corrupção que acontece no Brasil e no mundo é por falta de educação familiar. Os corruptos são pessoas ambiciosas, que só pensam nelas mesmas, não pensam em dividir, só querem tirar proveito. Quem tem isso dentro de si não consegue enxergar um horizonte de honestidade. Vejo o movimento das pessoas que agora se unem para combater a corrupção como uma ação muito positiva. A população tem, sim, que ir para as ruas contra as pessoas desonestas e contra a política suja. Tem que lutar para garantir seus direitos sociais: educação, saúde, emprego. A Dilma está certíssima em fazer essa faxina, só que ela já era pra ter sido feita há muito tempo, antes de isso tudo acontecer. A limpeza tem que ser feita. É como dentro de casa. Se não limpar, a sujeira acumula".

Marcelo Adnet/ Foto: Simone Marinho

Marcelo Adnet, apresentador e humorista

"A corrupção é o que o Brasil tem de pior. É um crime, mais do que um roubo, é um desfalque. Você, cidadão, parte do princípio que está sendo roubado. Você paga imposto, trabalha e vê que está sendo enganado. A corrupção é uma falha entre o Estado e o cidadão. A gente aprende desde cedo que o ‘jeitinho’ é a saída pra tudo. Desde pequenos, nos ensinam que o Estado é o nosso inimigo, que nos rouba. E acham que a forma de lutar contra isso é apenas burlando. Eu sou 100% favorável a essa faxina no governo. E isso de termos uma mulher no comando é muito legal porque a mulher é menos tolerante com esse conceito do ‘jeitinho’. A Dilma é uma mulher forte, séria, independente, a gente está vendo que ela não é a sombra do Lula. Ela priorizou a faxina em vez da manutenção da base. Mas, claro, ela não governa sozinha.

O Brasil está avançando, as coisas estão melhorando, mas não podemos esquecer que quem é muito pobre, continua muito pobre. O país não é só a classe média. Não acho que a juventude esteja mais mobilizada. Ela está mais virtualizada. Por estarmos muito nesse mundo virtual, vemos nele um meio de levantar movimentos. Isso é muito positivo, mas a internet foi quem mudou muita coisa, falta a gente mudar. Então, essa mobilização é muito boa, mas ainda é muito pouco. O brasileiro ainda é muito passivo, debate pouco, não tem o hábito de criticar, questionar".

Rodrigo Baggio, presidente e fundador do Comitê para Democratização da Informática

"Dou força e apoio total à presidente Dilma, para que ela amplie essa faxina. Cada brasileiro tem que se manifestar. A gente tem que dar o basta através desses atos que estão sendo organizados e utilizar as mídias sociais para mobilizar o Brasil. O sonho do brasileiro é acabar com a corrupção. Mas a ética tem que partir de cada um. Tem uma frase do Gandhi que diz ‘seja você a transformação que você quer ver no mundo’. A educação pelo exemplo é o que vai mudar o país. É o avô dando exemplo para o neto, o pai dando exemplo para o filho. E todos precisam usar as mídias, ir aos eventos, criar e reproduzir no Brasil, de forma organizada e sem violência, o fenômeno de mobilização em rede que aconteceu em outros países, como Chile, Espanha… Eu estarei no ato na Cinelândia, em setembro, e em outros que forem criados".

Cláudio Assis, cineasta O cineasta Cláudio Assis apoia o movimento contra a corrupção. Foto: divulgação

"A corrupção no Brasil é uma questão cultural, que vem desde os tempos do Império, não dos nossos índios, mas de quem nos colonizou. Infelizmente, ela é uma coisa que não acaba nunca. Sempre vai ter isso. É claro que é sempre muito bom que surja um movimento contra isso. Eu apoio qualquer movimento contra a corrupção e é bom que ele cresça, que as pessoas se mobilizem, porque a sociedade tem sido muito passiva em relação a essas práticas que parecem que estão na genética do brasileiro. Infelizmente. O pior é que se fala em faxina ética, se faz limpeza, mas uns corruptos se vão e outros chegam."

Marly da Silva Motta, historiadora e pesquisadora do CPDoc da FGV

"Movimento de combate à corrupção não é inédito no Brasil. No segundo governo Vargas existiu uma frente contra o roubo e a corrupção. Mas o debate político, nessa época, tinha um componente ideológico forte, diferente de hoje. Essa questão cresce porque tem apelo popular. E a sociedade tem que apoiar a "faxina", mas o Brasil não tem tradição de ir às ruas pedir punição para corruptores. Claro que pode ser a primeira vez.

Agora, o que tem diferente hoje é que antes esses movimentos ocorriam durante graves crises políticas (por ex, no governo Vargas, com JK e até na época do Collor) e agora não são para derrubar a Dilma. Então, os movimentos podem estabelecer novos padrões. A corrupção não está sendo vista como arma para derrubar presidente. Agora, instituições como AGU e CGU podem se mobilizar e aí a corrupção será tratada no lugar certo. Esse combate deve passar pelas instituições que o Estado possui. Mas espero que tudo não seja só panaceia, e sim um processo duradouro.

Sobre a Dilma, ninguém duvida que ela possa tomar a iniciativa (pra continuar com o movimento), o eleitorado já esperava uma atitude mais durona. Ela faz acreditar que o processo pode avançar."

Roberto DaMatta, antropólogo Antropólogo Roberto DaMatta. Foto: Mônica Imbuzeiro

"Um dos problemas de se acreditar no brasileiro é que aqui se governa com os amigos. Como você separa projetos que interessam à população de outros projetos que são muito mais de interesse de grupos, lobistas, pessoas incrustadas nos ministérios? Esse é o grande problema. O que o Senado está fazendo é muito bom. Representa um pouco da indignação diante do fato de que o Brasil melhora, mas não consegue mudar em relação às falcatruas. Entra governo de direita, sai governo de direta, entra governo de centro, sai governo de centro, entra Lula, sai Lula, entra Dilma e continua tudo a mesma coisa. E a coisa vai ficando cada vez pior. E os tribunais? As pessoas falaram que houve abuso no uso de algemas nos presos (na Operação Voucher, da Polícia Federal). Sim, e aí? Essas pessoas são criminosas ou não? Vão ser julgadas ou não?"

Personalidades apoiam movimento de combate à corrupção no governo f...

Extraído de: http://fichacorrida.wordpress.com/2011/09/18/personalidades-da-glob...

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