quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A Imprensa brasileira é manipulada ou não?

O furacão Sandy e a imprensa

 

Nossa mídia, orientada, coordenada, dirigida pela Sociedade Interamericana de Prensa não está nem aí com estes cucarachos que o Sandy matou

12/11/2012

Vito Giannotti

Faz uma semana que jornais, rádios e TVs da mídia comercial/patronal se esforçam para fazer o Brasil chorar sobre a tragédia que atingiu os coitados EUA. Sim, é triste, muito triste pessoas terem morrido por causa deste maldito furacão. Até um brasileiro foi atingido e partiu para o céu. Vítimas são vítimas e nos solidarizamos com elas.

Mas vamos pensar um pouco sobre o papel da “nossa” mídia ao encher capas e páginas inteiras sobre este episódio. Quem se informou pela Globo, O Globo, Folha, Estadão, Zero Hora e todos os canais de informação quase nada soube do fato que este super furacão antes de atingir Nova Iorque e outros estados dos EUA tinha passado pela América Central e Caribe.

Lá também muitas pessoas morreram. Mas estes não interessam. Nossa mídia, orientada, coordenada, dirigida pela Sociedade Interamericana de Prensa não está nem aí com estes cucarachos que o Sandy matou. E assim, os informados por esta mídia ficam chorando sobre as vítimas de Manhattan ou Miami. Esta mídia empresarial/ comercial não fala dos mortos em escolas e hospitais arrasados na invasão do Iraque iniciada pelos EUA em 2003. E no Afeganistão? E os grevistas mortos nas minas da África do Sul? Estes não contam. Não são gente. Quando a mídia burguesa fala, o faz com uma ou outra linhazinha. Mas com o Sandy é diferente. Esta sim foi uma enorme tragédia! Aqui no Brasil, graças a Deus, que aliás dizem que “é brasileiro”, nós não temos furacão, ciclones, tsunamis. Graças a Deus. Mas morrem por ano mais de 50 mil pessoas assassinadas. A Folha de domingo (4/11) noticia mais 11 mortes em Sampa. Nada de novo. E quantos no Rio? A cada três semanas superam o número de mortos pelo Sandy nos EUA. E em Recife, BH, Salvador e por aí vai? Qual a razão destas mortes de pobres, negros, favelados ou descendentes de índios? Elas são capas de revistas e jornais? As rádios do sistema falam da segunda maior favela de SP, Paraisópolis. Quantas casas têm esgoto naquele “paraíso”? Ah, mas o furacão Sandy deixou os pobres americanos sem gasolina, estourou redes de água e esgotos. Coitados! E os moradores de Paraisópolis? E por falar em índios, como vão nossos índios Guarany- Kaiowá de Mato Grosso do Sul, que se suicidam desesperados com o eterno roubo das suas terras pela nossa bela civilização ocidental? Antes foi a coroa portuguesa, hoje é o agronegócio.

Meu refrão é um só: ou nós criamos nossa mídia para falar do que interessa aos trabalhadores ou vamos continuar a olhar as capas de revistas e jornais deles e escutar locutores quase chorando quando falam sobre o furacão Sandy, lá nos EUA.

Artigo originalmente publicado na edição impressa 506 do Brasil de Fato

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