segunda-feira, 19 de setembro de 2011

EUA - Economia e Militarismo

 

Mesmo sob crise em suas finanças, os EUA mantêm mil bases militares no exterior

 


Estado de Minas
Toda a turbulência vivida pela economia mundial tem origem nos Estados Unidos, que ainda não se refez da crise iniciada em setembro de 2008 e que contaminou mercados das potências europeias e de muitos países emergentes, inclusive o Brasil, embora em grau de intensidade menor aqui. Mas ao mesmo tempo em que sua dívida atinge um montante equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB), de US$ 14 trilhões, os EUA insistem em manter cerca de 1 mil bases militares mundo afora, das quais 268 na Alemanha e 124 no Japão, depois de 66 anos do término da Segunda Guerra (2/9/1945). Outros países que abrigam a ostensiva presença norte-americana são Cuba, Paraguai, Colômbia, Iraque (mais de 100 bases), Afeganistão (80), Coreia do Sul, Austrália, Egito, Barein, Grécia e Romênia, entre cerca de 70 nações.

O custo militar dos EUA em 2010 passou dos US$ 800 bilhões, acrescidos de despesas extraordinárias inseridas no orçamento daquele ano pelo presidente Barack Obama no valor de US$ 1 trilhão, o que no total equivale a aproximadamente 13% do PIB do país. Os gastos militares norte-americanos representaram cerca de 45% das despesas globais em 2010. Seus aliados despenderam aproximadamente 28% dos aportes em defesa. Washington e eles, que são normalmente Estados clientes, muitos deles hoje vivendo grave momento econômico (Grécia, Itália e outros), responderam por 73% dos dispêndios militares globais em 2010.

Quando a crise foi tida como séria, no fim de 2008, os EUA mantinham aproximadamente 550 mil soldados no exterior, excluídos os serviços prestados por contratados em alguns países, como no Iraque. Esse número é 10% superior ao de 1985, no auge da chamada Guerra Fria, o que demonstra que o complexo industrial militar norte-americano encontrou justificativas para a manutenção e mesmo expansão do poderio bélico do país, ainda que em fase de distensão do quadro político internacional. Hoje, as Forças Armadas dos EUA contemplam comandos do Pacífico (de olho na China), da Europa (foco na Rússia e na África), central (monitorar e intervir no Oriente Médio) e do Sul (criado em julho de 2008, logo depois do anúncio das grandes descobertas do pré-sal no Brasil).

O historiador inglês Paul Kennedy, em The rise and fall of the great powers (1986), afirma que o grande teste da longevidade do poderio hegemônico no mundo seria no futuro igualmente aplicável aos EUA. Dez anos depois dos atentados de 11 de setembro, com a capacidade de endividamento esgotada e obrigados a emitir moeda para comprar os títulos de sua própria emissão, os EUA hoje dependem financeiramente de países como a China, Brasil e Rússia, fora do G-7. Até quando tais países aceitarão financiar a manutenção de um complexo militar tão oneroso, mantido por um país cuja economia estando, como está, em situação vulnerável, ameaça levar consigo muitas outras ao redor do planeta? Tomara que os EUA, com 46,2 milhões de pobres, consigam se livrar desse imbróglio com as próprias pernas.

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