domingo, 25 de setembro de 2011

Cuidado seu rei, plano sorvete não funcionam com as mulheres modernas

 
Em meio à revoltas no mundo árabe, governo anuncia que sauditas poderão concorrer e votar nas eleições municipais a partir de 2015

Foto de 29/4/2011 mostra saudita na tradicional dança Arda, ou dança da Guerra, durante o Festival de Janadriyah perto de Riad, Arábia Saudita
O rei Abdullah da Arábia Saudita anunciou neste domingo que pela primeira vez as mulheres do país terão o direito de votar e concorrer nas próximas eleições municipais. A mudança, que passará a valer a partir de 2015, acontece em meio às revoltas populares no mundo árabe e foi celebrada por ativistas que há anos pedem mais direitos às mulheres sauditas.

“Como nos recusamos a marginalizar as mulheres na sociedade em todos os papéis que estão de acordo com a sharia (código de leis do islamismo), decidimos envolvê-las como membros do Conselho da Shura”, afirmou, fazendo referência ao órgão que funciona como uma espécie de Parlamento, embora sem poderes legislativos. “As mulheres poderão concorrer como candidatas nas eleições municipais e até terão o direito de votar.”

A eleição municipal é a única realizada na Arábia Saudita , um país conservador onde as mulheres não têm permissão para dirigir ou viajar para o exterior desacompanhadas. A mudança não afetará a votação deste ano, marcada para quinta-feira, quando estarão em disputa metade das 285 cadeiras da Shura – a outra metade é nomeada pelo governo.

Em meio às revoluções que derrubaram líderes na Tunísia e no Egito, no início deste ano ativistas convocaram protestos também na Arábia Saudita.

Mas os tumultos não chegaram a ganhar repercussão no país principalmente porque o governo se apressou em anunciar benefícios sociais para a população.

De acordo com o jornal The New York Times, o reino está gastando US$ 130 milhões (cerca de R$ 205,5 milhões) para aumentar salários, construir moradias e financiar organizações religiosas, entre outras despesas que têm efetivamente neutralizado a oposição.

Assim, as reservas monetárias do rei, que aumentaram outros US$ 214 bilhões com os lucros que o país obteve do petróleo no ano passado, formam uma proteção para a família real contra os pedidos de mudança que tomam conta da região.

Repercussão

O governo dos EUA elogiou o anúncio do rei saudita. "Essas reformas reconhecem as contribuições significativas das mulheres na Arábia Saudita à sua sociedade, e oferecerão novas formas de participar das decisões que afetam suas vidas e comunidades", disse em comunicado o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Tommy Vietor.

"Os anúncios representam um importante passo para ampliar os direitos das mulheres na Arábia Saudita, e apoiamos o rei Abdullah e o povo da Arábia Saudita em seus esforços para realizar estas e outras reformas", disse.

*Com EFE

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