terça-feira, 26 de julho de 2011

Brasil virou o quinto maior destino de investimentos estrangeiros produtivos do mundo, diz Unctad

Os fluxos globais de investimento estrangeiro direto (produtivo) apresentaram no ano passado o primeiro crescimento anual desde a crise econômica de 2008, com a injeção de US$ 1,24 trilhão investimentos em todo o mundo, um crescimento de 5% em relação a 2009, segundo dados divulgados nesta terça-feira pela Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Comércio (Unctad, na sigla em inglês). O Brasil foi um dos mais beneficiados com a retomada desses aportes, com a entrada de US$ 48 bilhões, uma alta de 86,7% em relação ao ano anterior, o maior crescimento entre as economias desenvolvidas e os Bric. Com isso, o Brasil passou da 15ª posição para o quinto lugar entre os maiores recebedores de investimento estrangeiro no mundo, atrás de Estados Unidos, China, Hong Kong e Bélgica.

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A entidade ressalta, porém, que essa retomada ainda é tímida e que fatores como o agravamento da crise fiscal nos países desenvolvidos e o risco de superaquecimento nos em desenvolvimento podem retardar uma recuperação mais concreta. Para este ano, a previsão inicial da Unctad é de um fluxo entre US$ 1,4 bilhão e US$ 1,6 bilhão, valor que se aproximaria do US$ 1,97 trilhão de 2007 e US$ 1,7 trilhão de 2008.

- A mensagem do relatório é que o investimento global é muito insosso, baseado em poucos setores e ligado a lucros reinvestidos pelas subsidiárias das multinacionais, que não é capital novo. E baseado em alguns países, como o Brasil. Os investidores estão olhando novos mercados que eles perderam durante a crise - disse Luís Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), que divulga os dados da Unctad no Brasil.

Mas, diferentemente do que aconteceu no resto no mundo, no Brasil os setores de extrativismo mineral e de serviços foram as principais fontes de atração do investimento estrangeiro no ano passado, enquanto os aportes na indústria perderam a força.

- O crescimento do mercado de consumo do país, que deve adicionar 50 milhões de pessoas à classe C no período entre 2003 e 2014, foi um dos principais atrativos do investimento no Brasil, além das entradas de capital na exploração de petróleo - afirmou Lima. - No caso da indústria, esses números refletem uma perda de competitividade.

Pelos dados divulgados pela Unctad, a participação brasileira entre os fluxos globais de investimento passou para 3,9% em 2010, contra 2,2% no ano anterior. Esse percentual tende a crescer ainda mais neste ano, segundo a Sobeet. A projeção da entidade é que a entrada de capital estrangeiro some US$ 65 bilhões em 2011 e chegue a 4,3% dos fluxos mundiais de investimento, quase o dobro da fatia de 2009.

- No primeiro semestre do ano já temos contabilizados US$ 30 bilhões e no acumulado dos últimos 12 meses esse valor chega a US$ 63 bilhões. Não vejo nenhuma dificuldade de chegarmos a este número até o fim do ano - afirmou Lima.

O relatório também faz referência aos investimentos brasileiros no exterior, que apresentaram fluxo positivo de US$ 11,5 bilhões. Em 2009 o país havia registrado resultado negativo de US$ 10,1 bilhões neste tópico, representando desinvestimentos. Os aportes brasileiros no exterior estão ainda longe dos US$ 20,5 bilhões registrados em 2008.

De acordo com Lima, os investimentos brasileiros se concentram nos países vizinhos da América Latina. Segundo ele, houve um aumento dos aportes no setor de serviços, em especial de Tecnologia de Informação no último ano

Agencia O Globo

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