terça-feira, 10 de maio de 2011

OTAN deixou morrer de sede e fome, 61 imigrantes

Um barco com imigrantes clandestinos que tentava chegar à ilha italiana de
Lampedusa foi deixado à deriva no Mediterrâneo, apesar do pedido de ajuda às
autoridades.
Calcula-se que mais 30 mil pessoas tenham tentado chegar à Europa, este ano
A embarcação, que transportava um total de 72 passageiros entre os quais várias
mulheres, crianças e refugiados políticos, foi deixada 16 dias à deriva, depois
de as unidades européias e da NATO terem aparentemente ignorado os pedidos de
auxílio, revela o jornal britânico "The Guardian".
Os fatos remontam ao final do mês de Março, altura em que o barco zarpou de
Trípoli, na Líbia, com destino à ilha italiana de Lampedusa. Os pedidos de
auxílio foram feitos à guarda costeira italiana, a um helicóptero militar e a um
navio da NATO. Em vão, a ajuda nunca chegou.
Durante 16 dias, os 72 passageiros agonizaram à deriva no mediterrâneo, sem
comida e sem água. 61 morreram.
"Acordávamos todas as manhãs e encontrávamos sempre mais corpos. Esperávamos 24
horas antes de atirar os corpos à água", contou ao "The Guardian" Abu Kurke, um
dos nove sobreviventes da tragédia. "No final, já nem conseguíamos saber sequer
de nós próprios... Estávamos todos a rezar ou a morrer".
A legislação marítima internacional obriga todas as autoridades, incluindo as
militares, à resposta a todos os pedidos de auxílio e à prestação de ajuda
sempre que possível.
As organizações de defesa dos direitos dos refugiados pediram já a investigação
do caso, enquanto a agência das Nações Unidas para os Refugiados apelou à
cooperação entre as embarcações comerciais e militares, num esforço para salvar
vidas no Mediterrâneo.
"O Mediterrâneo não pode transformar-se no Oeste selvagem", disse a porta-voz da
organização, Laura Boldrini. "Os que não resgatarem pessoas do mar, não poderão
ficar impunes".
A tensão política e militar vivida este ano no Norte de África fez aumentar o
número de pessoas que tentam chegar à Europa por mar. Nos últimos quatro meses,
acredita-se que um total de 30 mil imigrantes tentaram a sorte, fazendo-se ao
Mediterrâneo.
Em Abril, mais de 800 pessoas de diferentes nacionalidades deixaram a Líbia, com
destino à Europa, nunca foram localizados. Presume-se que terão morrido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário