quinta-feira, 24 de março de 2011

LÍBIA: A ENCRUZILHADA DA VIOLÊNCIA

Diante dos ataques militares contra a Líbia, que começou a ser
perpetrado hoje por alguns países europeus e pelos EUA, o Partido
Humanista Internacional expressa sua rejeição total do uso da
violência, e exorta a comunidade internacional a trabalhar com
urgência para uma solução pacífica à guerra civil naquele país.
Da mesma forma que anteriormente rejeitamos a violência com que Kadafi
estava reprimindo os seus opositores e apontamos suas contradições,
agora rejeitamos esta alegada tentativa para acabar com a violência
usando violência.
Estamos conscientes de que a situação na Líbia é uma verdadeira
encruzilhada, e não podemos ficar indiferentes ao derramamento de
sangue que vem ocorrendo, já que, infelizmente, não pôde ser
canalizada a rebelião social e chegar a bom fim por meios pacíficos
como foi o caso com o Egito. A repressão violenta por parte do governo
de Kadafi, por um lado, e levantes armados de uma parte dos rebeldes,
por outro, alimentaram um ciclo de violência que ameaça terminar num
verdadeiro massacre.
Confrontado com esta situação complexa, a ONU tomou a decisão de
intervir, supostamente para proteger as vidas de civis, supostamente
limitando-se a ataques aéreos com essa finalidade. No entanto, temos
uma história de como, após os ataques aéreos, ruma-se à invasão por
terra. Temos uma história de como a ONU muitas vezes se disse
preocupada com os direitos dos civis e de interveio, quando há
petróleo envolvido, como é o caso da Líbia. Temos o histórico de como
os EUA e seus aliados sustentam ou toleram ditaduras sangrentas,
quando elas são benéficas para os seus interesses, então "descobrem"
que são ditaduras sangrentas quando seus interesses estão ameaçados.
A França foi o primeiro país a atacar, e Sarkozy argumentou que sua
motivação foi "para acabar com a loucura assassina de Kadafi." No
entanto, tanto a França como a Inglaterra e Itália, tiveram laços
muito estreitos nos últimos anos com o regime de Kadafi. Talvez agora,
depois do que aconteceu no Japão, onde a oposição popular à
proliferação de usinas de energia nuclear aumenta e França, que recebe
a maior parte de sua energia, mais do que nunca quer garantir acesso
ao petróleo da Líbia.
Como humanistas denunciamos durante a Marcha Mundial pela Paz e Não
Violência, que viajou o mundo no final de 2009, afirmamos que: nem as
Nações Unidas, muito menos seu Conselho de Segurança pode garantir a
paz no mundo. Como a ONU é precisamente manipulada pelas potências que
são as principais produtoras de armas, são as responsáveis por gerar a
maior quantidade de conflitos armados, e para garantir que seus
interesses econômicos sejam defendidos, não têm nenhuma hesitação em
apoiar ditaduras sangrentas quando lhes convém, ou  derrubá-las a
sangue e fogo quando elas não lhes mais convém. E sempre são as
pessoas, os povos, que sofrem a violência.
Nós só podemos escapar desta encruzilhada de violência, quando, em vez
de depender de resoluções da ONU, o mundo se organizar em uma
verdadeira Nação Humana Universal.
Enquanto isso, nós temos que fazer um maior esforço para destravar
esses conflitos, como da Líbia por meios pacíficos, e recordar as
palavras de Silo em Punta de Vacas, Argentina em 2004: "... com um
enfoque violento da violência, não se resultará a paz ... "

Francisco Linhares - 11 66957227

Partido Humanista Internacional - Brasil

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